Título: Espaços Vazios
Resumo: Após o fim da guerra contra os kandorianos, Chloe e Oliver, assim como os demais da jovem Liga da Justiça, precisam encontrar um jeito de juntar seus pedaços e continuar... mesmo que seja mais difícil do que estavam imaginando.
Autoras: chloeas e dl_greenarrowResumo: Após o fim da guerra contra os kandorianos, Chloe e Oliver, assim como os demais da jovem Liga da Justiça, precisam encontrar um jeito de juntar seus pedaços e continuar... mesmo que seja mais difícil do que estavam imaginando.
Classificação: R
Linha de tempo: os acontecimentos se passam depois do episódio Salvation.
Trailer - Um - Dois - Três - Quatro - Cinco - Seis
Capítulo 1 - Empty Spaces
(Parte 5 de 6)
Aeroporto Internacional de Frankfurt, Alemanha - 16 de setembro de 2010
Depois do que pareceu uma vida inteira o avião aterrissou no aeroporto de Frankfurt, a forte turbulência que enfrentaram na última hora de vôo, fez com que Chloe saisse do avião aliviada por não ter sofrido uma concussão ou coisa pior. Ela levava seu laptop e sua bolsa, e sabia que era inútil insistir em carregar sua bagagem, então só assistiu o único membro da tripulação de Oliver, além do piloto, tirá-las da parte traseira do avião.
Respirando fundo, ela vestiu seu casaco, ainda era setembro, mas estava particularmente frio do lado de fora, ela devia ter checado a previsão do tempo. "Qual é o plano?", perguntou a Oliver, chegando bem perto dele por causa do barulho dos motores dos outros aviões.
Ele olhou em volta, depois pra ela, pegando a bagagem do tripulante. "Check-in no hotel", falou alto pra que ela pudesse ouvi-lo.
"Eu vou direto pro quarto", ela falou enquanto iam para o carro que os esperava. "É melhor repassar as informações antes de começarmos a procurar."
Oliver concordou e começou a guardar a bagagem no porta-malas do carro antes de dar mais uma olhada pra ela. "Parece bom pra mim." Sustentando seu olhar por um momento.
Chloe assentiu e deu um pequeno sorriso até que o motorista abriu a porta do carro pra ela entrar, o que ela fez rapidamente. Parte do motivo era o frio que sentia.
Ele respirou fundo, bem lentamente e suspirou, levando um momento para entrar no carro. Isso seria mais difícil do que ele imaginou.
***
Sede em Star City - 1º de julho de 2010
"Você não pode simplesmente parar de falar comigo..." Oliver cruzou os braços sobre o peito observando atentamente enquanto Mia se sentava na mesinha do quarto dela. "Você mora aqui e eu também. Nossos caminhos vão se cruzar, sabia?"
"Eu tenho que estudar Cálculo", respondeu de má vontade, sem tirar os olhos do livro.
"Estamos em julho, e a escola não começa antes de setembro. Tenta outra." Ele não se moveu da porta.
Mia parou e depois suspirou, fechando o livro com raiva mas não olhou pra ele. "Ela já chegou?"
"Não. Ainda não. O vôo chega daqui a uma hora." Ele olhava fixamente para a parte de trás da cabeça dela.
"Bem, não espere que eu seja legal com ela." Respondeu com firmeza, encostando na cadeira.
Oliver travou o mandíbula e entrou no quarto, fechando a porta atrás dele. "Precisamos conversar. Porque você não conhece toda a história."
Mia apertou os lábios e se virou pra olhar pra ele, cruzando o braço. "Não precisa, já sei o suficiente."
"Sim, precisa. Porque se não fosse por Chloe Sullivan, você e eu nem teríamos nos conhecido, e eu já estaria morto." Sua voz era grave, séria.
O jeito como ele falou fez Mia erguer um sobrancelha, só isso. Continuou em silêncio.
"Alguns meses antes de nos conhecermos, eu estava realmente muito mal. Estava fazendo coisas perigosas, estúpidas e egoístas. Não estava nem aí pra nada. Eu queimei meu uniforme. Eu quase..." Ele respirou fundo e olhou pra longe.
"Quase o quê? Se vai contar, conta tudo", ela falou franzindo a testa.
Oliver olhou pra ela atentamente. "Eu teria me matado. Eu tinha desistido", ele disse sem rodeios. "Eu estava sobre uma bomba, literalmente, num evento de acionistas da Luthorcorp. Eu fui avisado que se eu saisse da plataforma, eu seria destroçado, junto com todo mundo que estava ali. " Ele ficou tenso. "Quando todas as pessoas haviam saído, eu saí de cima da plataforma."
Mia arregalou os olhos mas permaneceu quieta, apesar da postura mais tensa. Ela sabia que se não fosse por Oliver, ainda estaria pelas ruas, quem mais ajudaria uma prostituta?
Ele prendeu a respiração e suspirou lentamente, encostando na porta. "Eu estava um desastre", ele falou mais calmo dessa vez, mas ainda muito sério. "Chloe... fez uma intervenção. Ela foi a única capaz de me convencer, porque ela me conhecia muito bem. E seja lá porque razão, depois de tudo o que aconteceu, ela ainda se importava." Ele a encarou. "Ela salvou minha vida, Mia. Literalmente. E independente de... tudo o que aconteceu depois..." Ele respirou fundo. "Eu nunca vou dar as costas pra ela. Eu não posso."
Ela parou por um momento considerando tudo o que Oliver falou, franziu a testa um pouco. "Bem, que bom que ela te deu um chacoalhão quando você precisava." Descruzou os braços deixando as mãos sobre o colo. "Mas isso não dá a ela o direito de te abandonar daquele jeito, você estava contando com ela pra te ajudar com tudo isso aqui, e ela simplesmente escolheu aquele grande bobalhão". Mia não conseguia entender porque ela fez essa escolha, o outro se movia rápido. E daí? Bart também. Ollie era tão melhor que Clark.
O olhar de Oliver se suavizou. Ele se sentou devagar na beira da cama, olhando pras mãos. "As coisas são complicadas. Eu deixei minhas emoções tomarem conta quando eu estava com ela... e isso não era parte do trato", ele admitiu.
"Que trato?", ela perguntou, inclinando um pouco a cabeça.
Ele respirou fundo sem olhar pra ela. "Nós tínhamos um... acordo... de não criar laços", falou baixinho.
Mia olhou pra ele e deu risada. "Ah, tá..."
Ele olhou pra cima. "Eu estou falando sério."
"Você não pode ter acreditado nisso", ela viu Chloe poucas vezes, mas ela via o jeito que ela olhava pra ele e vice-versa. "Eu vi o jeito que vocês se olhavam, havia laços."
"Esse é o problema", falou suavemente. "Não era pra ter. Era tudo o que ela não queria."
"É, mas era dos dois lados." Ela falou dando um olhar de quanto as coisas eram óbvias. "Eu realmente achei que ela viria com a gente quando você ligou do aeroporto." Ela admitiu.
Ele prendeu a respiração e falou devagar. "Eu não."
"Por que não?"
"Porque eu conheço ela tão bem quanto ela me conhece. E eu sabia que ela jamais deixaria Clark sozinho." Ele sorriu levemente, mas com tristeza.
"Por que não?" Mia repetiu, "Ela fez planos com você."
Ele ficou quieto por um tempo, pensando na pergunta. "Porque independente do que ela sinta por mim... Clark sempre será prioridade, Mia. E eu já deveria saber."
"Bem", Mia franziu a testa e cruzou os braços de novo. "Ela mereceu o que ele fez."
"Não, não mereceu." Ele falou baixinho. "Clark pode ser um grande herói, mas é um péssimo amigo." Havia raiva em sua voz.
"E ainda assim ela ficou com ele, se tivesse vindo com você, você nunca a abandonaria. Ela te deixou do mesmo jeito que Clark a deixou. Se você está com raiva do Clark, eu estou com raiva da Chloe."
"Não. É diferente, Mia." Ele balançou a cabeça. "Chloe é incrivelmente leal e... ama o Clark." Ele olhou nos olhos dela. "Eles são melhores amigos por uma década. Não é a mesma coisa."
"E daí? Você espera que eu esqueça que ela partiu seu coração, deixe ela pisar em você novamente e não fale nada?"
Oliver suspirou. "Eu não espero que você esqueça nada. Mas sim, eu não quero que você fale nada pra ela. Ela é uma boa pessoa, Mia. E ela também já passou por muita coisa."
Mia o encarou por um longo momento, suspirou irritada e revirou os olhos como uma boa adolescente de dezesseis anos. "Eu vou tentar, mas se ela te machucar mais, o primeiro chute é meu."
"Isso não será necessário", ele prometeu, se levantando.
"Vamos ver", ela respondeu.
Ele parou, olhando pra ela. "É apenas trabalho. Chloe e eu..." Ele balançou a cabeça. "Não existe mais Chloe e eu." O coração apertado. "Então vai ficar tudo bem. Mas eu agradeço sua preocupação", ele deu um leve sorriso.
Ela se controlou pra não revirar os olhos novamente, sabia que isso ia mudar no minuto que Chloe desse um sorriso diferente, e ele estaria na mão dela de novo. E se tinha uma coisa que Mia entendia era como os homens funcionavam. Oliver ia esquecer completamente tudo o que ele passou se Chloe o quisesse de volta. É melhor Chloe não achar que pode machucar Oliver de novo e ir embora numa boa.
"Eu vou me arrumar pra ir buscá-la." Ele falou suavemente. "Obrigado por ouvir", indo em direção à porta.
"É", Mia assentiu, "Divirta-se."
"Volto logo."
***
Hessischer Hof Hotel - Frankfurt, Alemanha - 16 de setembro de 2010
Chloe mudou o apoio da perna, arrumou a alça da bolsa do laptop enquanto assistia Oliver e o recepcionista do hotel discutindo em alemão, muito cansada para tentar entender o que eles falavam. A discussão já durava mais de cinco minutos, ela já havia recebido a confirmação das reservas por e-mail, então não entendia qual era o problema.
Oliver pegou as chaves com relutância, e suspirou, observando o recepcionista se afastar. Então lentamente se virou pra ela. "Houve uma confusão com os quartos."
"Uma confusão?", ela perguntou, erguendo as sobrancelhas.
Ele não conseguiu olhar pra ela. "Um quarto, duas camas... ao invés de dois quartos, uma cama."
"Oh?" Seus olhos se abriram e ela apertou os lábios. Ótimo. Como se não bastasse estarem viajando juntos e sozinhos depois de tudo... as coisas tinham que ficar ainda mais difíceis?
Oliver ficou calado por um tempo. "Podemos tentar outro hotel."
"Talvez seja melhor assim, temos que trabalhar juntos mesmo", ela falou, "Se você não se importar, por mim tudo bem." Na verdade não estava tudo bem, mas ela estava exausta e a noite ia ser longa.
"É, tá... quer dizer, somos adultos. Não é nada demais." Exceto que era. Felizmente, ele sabia disfarçar como ninguém.
E Chloe sabia o que ele estava realmente pensando, mas tinha consciência que ele também podia desvendar o que estava por trás de seu meio-sorriso. Pelo menos, eles estavam pensando a mesma coisa. "Ok, então vamos... levar nossas coisas pra cima."
"Certo. Vamos começar a trabalhar." Ele engoliu em seco, pegando a bagagem e indo para o elevador.
Chloe respirou fundo e o observou por alguns segundos, depois o seguiu. A estadia seria longa.
***
Aeroporto de Star City - 1º de julho de 2010
Oliver devia ter imaginado que fazer uma aparição no aeroporto ia chamar atenção, considerando que ele nunca esperou um vôo comercial. Não gostava dos olhares mas fazia o possível para ignorar. Seus ombros estavam tensos, a mandíbula travada enquanto ele tentava controlar a expectativa de ver Chloe depois de um mês e meio. Ele esfregou a mão na nuca quando as pessoas começaram a descer do avião que ela estava.
Chloe foi abrindo passagem pela multidão, depois de pegar sua bagagem e se arrependeu por não estar usando salto alto. Ela optou por um vôo confortável, mas sua altura realmente não ajudava a encontrar sua carona. Ela apertou os lábios ao passar por um casal que deveria arrumar um quarto logo se não quisessem ser presos. Sem saber ao certo por quem ela deveria procurar, ela olhou mais um pouco e então... ela o viu e sentiu como se o coração de repente estivesse na garganta. Ela devia ter imaginado que ele viria, e ele parecia mais desconfortável do que nunca.
Respirando fundo, ela pegou sua pesada mala e tentou chegar onde ele estava. Não reparando que a maioria dos olhares no salão também estavam nele.
Oliver a enxergou conforme a multidão se abriu por um momento e o ar ficou preso na garganta. Ele não sabia ao certo o que esperar. Que em um mês ela teria mudado drasticamente? Mas ela não mudou. Ela estava exatamente igual a última vez que se viram. Bonita, como sempre. "Ei", falou com suavidade quando ela se aproximou.
Ela suspirou e sorriu pra ele. "Ei... Não achei que ia estar tão cheio, férias de verão, eu acho."
Ele forçou um pequeno sorriso. "É, deve ser", ele concordou, pegando a bagagem dela.
"Obrigada", ela falou, deixando ele pegar apenas uma das malas. "Esta aqui não está tão pesada, eu consigo levar."
"Tem certeza?" Quando ela confirmou, ele prendeu a respiração. "Como foi o vôo?"
"Nada mal", falou enquanto se dirigiam até a saída, fazendo o possível para parecer casual, "Kansas tinha previsão de um tornado pra hoje a noite, então foi bom ter pego esse vôo mais cedo."
Oliver ergueu uma sobrancelha. "Você não terá que se preocupar com isso aqui. Não temos muitos tornados. São os terremotos e os incêndios que vão tirar seu sono." Ele deu uma pequena risada.
"Muito tranquilizador", ela respondeu, sorrindo levemente e erguendo as sobrancelhas.
"Sou eu", ele brincou.
Chloe o seguiu, trocando a mala que carregava de mão a cada meia dúzia de passos. "Como está todo mundo?"
Ele deu uma olhada pra ela e sem falar nada pegou a outra mala, antes que ela pudesse protestar. "Estão bem", falou calmamente. "Ainda se acostumando a viver todo mundo junto."
Ela suspirou. "Obrigada", mas não protestou, não havia razão. "Imagino que tem sido divertido."
"Ainda bem que você não disse 'aposto que tem sido divertido'." Ele forçou um pequeno sorriso.
"Sem apostas então", ela assegurou, tentando dar um sorriso também, mas seu peito estava tão apertado quando reparou no olhar dele.
"Tem sido... uma experiência." Especialmente considerando o fato de que a única pessoa com quem ele estava acostumado a viver junto era Mia, que morou na Torre do Relógio por alguns meses.
"Como está Mia?" Ela havia conversado com os outros membros da equipe uma vez ou outra, mas nunca teve contato com a adolescente.
Oliver ficou em silêncio por um minuto. "Está bem. Se acostumando rápido com a Califórnia."
"Ela gosta daqui, então." Mia estava muito empolgada com a viagem.
"Sim, acho que sim. Ela vai gostar um pouco menos quando a escola começar."
"Sem muito tempo pra praia", Chloe concordou, "Falta só um ano pra ela terminar, certo?"
"É. Em maio ela termina", ele falou enquanto saiam do aeroporto.
"Não falta muito então", ela completou com um aceno de cabeça, e não conseguiu evitar de se sentir um pouco triste por estarem falando de coisas tão sem importância, mas a felicidade era maior por ele estar conversando com ela, depois de tudo.
Ele a levou até o carro, guardou a bagagem no porta-mala, antes de abrir as portas. "É. Ela vai ficar bem feliz quando terminar, tenho certeza."
Chloe entrou pelo lado do passageiro e acomodou a bolsa no colo, respirando bem calmamente enquanto esperava Oliver entrar no carro.
"A sede ainda não está completamente pronta", ele admitiu. "Mas estamos chegando lá." E ligou o carro.
"Não vejo a hora de dar uma olhada", ela falou sinceramente enquanto colocava o cinto de segurança.
"Não é tão grande quanto a Watchtower", avisou, sem se preocupar com o cinto de segurança, simplesmente começando a dirigir.
"A Watchtower não tem a praia em frente, acho que o tamanho é o que menos importa", falou sorrindo.
"Espero", um pequeno sorriso surgiu nos lábios dele.
Chloe forçou um sorriso e virou para a janela, observando a praia, não sabia o que esperar de sua estadia em Star City, nem sabia ao certo quanto tempo ia ficar, mas o começo já havia sido melhor do que imaginou, "Obrigada por vir me buscar".
"Você não achou que eu ia fazer você andar, achou?", sua voz estava mais leve, mas as mãos continuavam apertadas no volante.
"Esse seria o caso de eu me desfazer das malas", tentando manter a voz leve também.
"É, e o que tem nelas afinal? Pedras?" ele brincou.
"Bem, a maior só tem sapatos", ela brincou, rindo, e na mesma hora se sentiu mais relaxada, até com vontade de tocar a mão dele.
"Um dia você vai ter que explicar a obsessão Sullivan-Lane por sapatos", ele riu.
Ela ergueu as sobrancelhas e balançou a cabeça, "Eu nem me comparo a minha prima", ela garantiu, "E quer saber a verdade? Aquele peso? A maioria são arquivos que eu imaginei que pudessem ser úteis para o caso", ela admitiu. Ela trouxe tudo já que a maioria estava no papel e ainda não havia sido digitalizada.
"Oh." De alguma forma ele não estava realmente surpreso. Ela poderia amar sapatos, mas quando a necessidade surgia, Chloe era prática, a mulher mais com o pé no chão que ele conheceu.
"Só não conte a Lois que eu escolhi os papéis aos sapatos", ela brincou, tentando manter o clima leve.
"Considerando que ela está do outro lado do planeta, não acho que você deva temer um ataque de fúria", ele brincou.
"Tenho quase certeza que ela me abandonaria pela internet", Chloe falou, rindo e observando a expressão dele pelo canto dos olhos.
"Tenho certeza que ela não abandonaria", Diferente de outras pessoas na sua vida.
Chloe notou a sutil mudança na expressão dele e respirou fundo. "Não, ela não faria isso", ela concordou e olhou de novo pela janela.
Oliver prendeu a respiração. "Está com fome? Posso parar em algum lugar pra almoçar."
"Eu belisquei alguma coisa no avião", o que não era uma completa mentira, café e um punhado de amendoins contam como comida, seu estômago ainda estava afetado pela tensão que começou no dia anterior, quando conversou com ele pelo telefone, "Mas se quiser parar em algum lugar, tudo bem."
"Café não conta como alimentação, Chloe." Ele deu olhada de lado, como quem sabe do que está falando. Quantas vezes eles tiveram essa conversa nos últimos seis meses.
Ela não podia deixar de sorrir à familiaridade dessas palavras. "Primeiro de tudo, eu falei beliscar, e, segundo, havia amendoins envolvidos..."
Ele fez uma careta. "Parece bem gostoso. De tirar o fôlego. Literalmente."
"Se você insiste em almoçar, eu posso tentar comer alguma coisa, mas vou te avisar que amendoins enchem, bem, quando não há a possibilidade de te matar", ela completou, sabendo que ele era alérgico.
Oliver deu risada. "Vou ter que acreditar na sua palavra, Chloe."
"Eu sei", ela riu de volta, "O que torna meu argumento imbatível."
"Traidora. Usando minha fraqueza contra mim." Ele deu uma olhada de lado.
"Só quando você implica com o meu gosto por café", ela falou, encarando ele e sorrindo. Ela sentiu muita falta dele nesse último mês, estava tão acostumada em tê-lo por perto, vendo ele ou ao menos conversando com ele uma vez por dia, mas só agora é que ela percebeu o quanto sentia falta de suas brincadeiras e implicâncias, mesmo com o coração apertado, o sentimento era familiar, confortável, considerando tudo o que não foi falado entre os dois.
"Vício", ele respondeu com um sorriso. "Seu vício em café. Mas você vai ficar feliz em saber que aqui temos vinte e dois, possivelmente vinte e três tipos de café estocados na sede, e uma máquina de capuccino", ele informou. É claro que antes de falar com ela ao telefone, eles tinham apenas uma pequena cafeteira e dois tipos de café: normal e descafeínado. Mas ela não precisava saber disso.
"Semântica", ela disse e ergueu as sobrancelhas lentamente, "Vocês têm?" Certamente que tinham, o resto da equipe tomava café de vez em quando, bem, mais a Dinah. Bart não podia tomar, não precisava de mais essa energia. Vic evitava porque o café o deixava um pouco 'enferrujado' e AC não gostava, como Ollie.
"Bem, Mia gosta de café", ele completou, achando que já estava falando demais.
"Oh", Chloe sorriu, fazia sentido, apesar de ser estranho ela gostar tanto assim de café com apenas dezesseis anos, mas era besteira, e depois, Mia já havia passado por tanta coisa que ela era bem mais madura que as outras da sua idade. "Eu não sabia disso."
Ele ficou em silêncio, imaginando que devia lhe dar um pequeno aviso. "Chloe..." Ele se mexeu desconfortavelmente no banco. "Mia está um pouco..."
Chloe ergueu um pouco as sobrancelhas e olhou pra ele, que de fato estava claramente desconfortável. "Um pouco...?"
Ele respirou devagar, e olhou pra ela. "Ela não está muito feliz com algumas... coisas."
"Oh", ela parou e franziu a testa por um momento. "Por... minha causa?" Porque por menos que elas tenham conversado, elas sempre se deram bem se unindo para tirar sarro e implicar com Ollie.
"Por tudo", ele disse com cuidado.
Chloe respirou fundo e assentiu com a cabeça olhando ao longe e depois de volta pra ele. "Talvez seja melhor eu ficar em outro lugar então, afinal lá é a casa dela e eu não quero deixá-la desconfortável."
"Não", ele respondeu calmamente, olhando pra ela. "Já preparamos um quarto pra você. Ela vai superar."
Apertando os lábios, ela olhou pra ele e suspirou, recostando-se no banco, a tranquilidade que estava começando a sentir, agora havia ido embora por completo.
"Eu expliquei as coisas pra ela da melhor maneira que eu consegui e acho que ela entendeu. Só achei... senti que era melhor te avisar."
"Obrigada por me contar."
"Claro", ele respondeu se concentrando na estrada e completando o caminho em relativo silêncio. Ele estacionou o veículo do lado de fora da construção que agora servia de base para a equipe, "Como eu disse, não é... nada parecido com a Watchtower."
Chloe olhou pela janela e sorriu, por fora parecia uma casa comum, dois andares, ela não conseguia ver muito mais do que isso. "Parece legal, aconchegante."
Oliver concordou com a cabeça. "Espero que você goste", falou fechando a porta do carro.
Ela saiu do carro e deu uma olhada ao redor. Já tinha vindo a Star City, depois que Jimmy foi atacado por Doomsday e isso parecia ter acontecido há um século. Ela não conseguiu conhecer mais do que o hospital e o aeroporto, então ela se sentia num lugar completamente estranho, não que pretendesse fazer turismo dessa vez, com tudo o que tinham pra fazer.
Ele deu a volta pra pegar a bagagem dela, e se encaminhou para a entrada da casa. "Coloque sua mão no painel. É um leitor de digitais."
Chloe fez o que ele pediu, e seu codinome apareceu na tela, seguido por uma luz verde e o som da porta sendo destrancada, ela foi entrando. "Vejo que o Victor andou ocupado..."
Oliver sorriu. "É. Ele está mesmo. Por outro lado, tenho certeza que ouvi Bart e AC combinando um aperto de mão secreto." Ele a seguiu para dentro da casa.
"Então aqui é exatamente como um acampamento de verão?" Ela brincou e parou dando uma olhada ao redor, observando a sala com atenção e se espantando um pouco. "Parece bem menor olhando lá de fora."
A primeira pergunta fez ele sorrir sinceramente. "Basicamente". Ele seguiu o olhar dela. "Me falaram que na verdade existem truques de decoração."
Chloe sorriu enquanto ia andando, chegando até a cozinha, era possível ver uma sala de treino do outro lado do corredor e uma outra sala que se abria para um jardim. "Está tudo tão quieto..." comentou olhando pra ele por sobre os ombros. Quieto, mas não como na Watchtower, não parecia vazio, toda a casa era decorada em cores claras e ela conseguia ouvir o barulho dos pássaros e do oceano lá fora, era um quieto tranquilizante, não um quieto solitário.
"Espere só alguns minutos. Alguém sempre está gritando", ele brincou, era uma meia-brincadeira. Ele acenou com a cabeça em direção às escadas. "Seu quarto é lá em cima, segunda porta à direita."
Ela balançou a cabeça e olhou ao redor um pouco mais antes de subir as escadas, agora ela já conseguia ouvir algumas vozes vindo do fim do corredor, mas ela seguiu as instruções de Oliver e entrou no quarto que seria o dela, abrindo a porta e arregalando os olhos de surpresa ao encontrar o quarto totalmente decorado, com cores brilhantes, basicamente laranja e verde, misturado com branco, não era enorme, mas era grande. Uma cama enorme em uma ponta, uma mesa realmente grande na outra, uma porta que Chloe imaginou ser para o banheiro e um enorme buquê de tulipas ao lado da cama. "Uau..."
Ele sorriu abertamente, as palavras bem-vinda à sua casa na ponta da língua, mas ele não se atrevia a dizê-las. Não sem ter certeza de como realmente as coisas ficaram entre eles. E sem saber como ela reagiria. Ele entrou no quarto e deixou a bagagem antes de olhar pra ela. "Há uma piscina no pátio, também. E você está do lado do quarto de Dinah. Eu estou no corredor à esquerda, terceira porta. AC e Victor ficam depois do meu, Bart fica aqui em frente e Mia de frente para Dinah."
Chloe colocou a bolsa e o laptop na mesa e olhou pra ele. "Obrigada", ela agradeceu sinceramente, olhando ao redor e depois pra ele. "É muito bonito, você não precisava ter feito tudo isso, Oliver." Ela sentia o peito apertado mas também se sentia um pouco oprimida por ele ter feito tudo isso pra ela, e ver que ele a conhecia tão bem que decorou o quarto exatamente como ela faria, sua vontade era de abraçá-lo mas ela segurou o desejo, não sabia como as coisas tinham ficado entre eles, e considerando que não conversaram por mais de um mês, concluiu que o 'acordo' que tinham estava acabado.
Por um breve momento, os olhos dele se encheram de tristeza, agonia, dor e perda, mas foi substituído quase que imediatamente pelo olhar mais brilhante do mundo. "Bem, não fui só eu. Quer dizer, os outros ajudaram também. Na verdade eles fizeram a maior parte."
A expressão dele mudava tão rapidamente, que ela não podia realmente saber o que ele sentia, mas ao ouvir a explicação, balançou a cabeça, ele não queria que ela soubesse que ele fez tudo isso sozinho porque não queria que ela entendesse errado. "Bem, eles também, é claro", ela falou com a expressão mais reservada e foi olhar pela janela. Os fundos da casa eram de frente para a praia e ela podia ver a piscina e o mar. "Vocês não precisavam ter tido todo esse trabalho."
Sim, precisávamos, ele pensou, seu coração cada vez mais pesado olhando pra ela. "Estamos felizes com você aqui", sua voz era gentil.
"Preciso ir falar com eles", ela disse depois de um longo tempo, finalmente se virando pra olhar pra ele. "Mas acho que é melhor eu me trocar primeiro, essas roupas não são muito confortáveis para a Califórnia", ela falou, apontando pra blusa que usava. Mas estava mentindo, suas roupas estavam perfeitamente confortáveis, na verdade ela precisava de um tempo antes de encarar todo mundo, ver Oliver trouxe tantos sentimentos de volta e ela precisava de um tempo para trancá-los novamente para que ninguém, especialmente Oliver, percebesse.
Essa era sua dica pra sair. "Sim, é claro. Eu vou... te deixar a vontade", ele a olhou por um momento, e abaixou os olhos antes de sair.
Ela sustentou o olhar um segundo, e também olhou pra baixo. "Obrigada, eu não vou demorar." Depois que ele saiu, ela respirou aliviada por estar sozinha, se sentou em sua incrivelmente confortável cama, muito parecida com a que Ollie tinha na Torre do Relógio, pois cada vez que ela dormia lá, ela falava pra ele que aquela era a cama mais confortável do mundo. É claro que ela sabia que a razão de dormir tão bem era porque estava dormindo com ele.
Chloe passou as mãos no rosto e balançou a cabeça para espantar os pensamentos que ela menos precisava naquele momento. Ela não estava lá por causa deles, ela estava lá por uma razão, uma missão e ela tinha que se lembrar disso para se concentrar no trabalho e só no trabalho se não quisesse continuar estragando as coisas.
Oliver ficou parado do lado de fora do quarto dela por um tempo, depois lentamente desceu as escadas, passando a mão pelo cabelo. Ele achou melhor começar a preparar o almoço antes que Bart tentasse inventar alguma coisa maluca com todos os ingredientes da cozinha. E mais, ia ajudá-lo a tirar Chloe dos seus pensamentos.
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PRÓXIMO
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oh não quero o resto... kkk
ResponderExcluirLetícia, tô digitando e já vou postando, aguenta o sofrimento aí...
ResponderExcluirEu estou totalmente viciada nessa fic!
ResponderExcluirNossa, nunca vi um Ollie tão fofo
Tá super meigo!
#)
Eu quero um pra mim! =X
Shann_S
Ai que vontade de espancar a Chloe e consolar o Ollie ^^
ResponderExcluirVilm@
Concordo totalmente com a Mia... Ollie, lindo de viver e Chloe agindo como uma tonta!!!
ResponderExcluir(Ai que vontade de espancar a Chloe e consolar o Ollie ^^) ²
Eu entendo totalmente a Chloe, cara. Ela não pode simplesmente largar tudo e ceder assim, ainda bem que ela continua centrada e focada, como na séria. Assim segue o padrão da temporada, sei lá. Só sei mesmo é que estou amando esse fiction *-*
ResponderExcluirEssa fic é maravilhosa mesmo, Beatriz, uma viagem!!!! :D
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