Autoras: chloeas e dl_greenarrow
Classificação: R
Original
Estava quase acabando.
Seja lá o que isso significasse.
Àquela altura, de um jeito ou de outro, desde que eles tivessem o sol amarelo brilhando novamente, ela não se importava como tudo iria acabar, desde que acabasse. Havia sido um longo ano, um longo ano lutando contra os soldados de Zod, um longo ano vivendo como ratos, no subterrâneo, se escondendo, sobrevivendo do jeito que conseguiam, mas acima de tudo, resistindo. Pelo seu mundo. Porque mesmo com o abandono de Clark, o sumiço de Lois e a morte de Jimmy, ela sabia que de alguma maneira eles ainda conseguiriam parar Zod e os Kandorianos, desde que lutassem.
Reencontrar Oliver aumentou suas esperanças, um grupo de kandorianos estava prestes a escravizar alguns humanos e Chloe, junto com outros que ela já havia recrutado, conseguiu impedí-los. Essa foi a primeira vez que ela usou balas de kriptonita em kandorianos, ideia de um colega dos tempos de escola que ela pegou emprestada, o problema era que a maioria dos homens de seu grupo não estava acostumada a usar armas, mas mesmo assim, conseguiram libertar quinze humanos que estavam sendo mantidos em cativeiro pelos homens de Zod. Para sua surpresa, um deles não era ninguém menos que o próprio Oliver.
Fazia apenas dez meses, mas parecia anos. Tê-lo lutando a seu lado, ajudando a recrutar, treinando o time não só no arco-e-flecha, mas também a lutar e proteger uns aos outros, ela não tinha dúvidas que não teriam conseguido ir tão longe sem a ajuda dele.
Chloe observou enquanto Clark e Lois saíam da sala, ela ainda não conseguia confiar em Clark, ele já havia dado as costas antes, mesmo quando ela e Oliver foram atrás dele, depois dele ter perdido todos os poderes, para pedir sua ajuda, mas logo, isso não importaria mais, o sol amarelo ia nascer e a Terra teria Clark para defendê-la novamente, e os humanos que sobrassem iam acabar com os kandorianos e reconstruir o planeta.
Dobrando os mapas, ela olhou para Oliver. "Espero que ele não nos abandone de novo."
"Então somos dois", ele respondeu suspirando lentamente. Ele ficou em silêncio por um bom tempo, depois foi para o lado dela, ajudando a terminar de enrolar os mapas e guardá-los em segurança. Sua esperança era que não precisassem deles novamente. Sua única esperança era que amanhã, tudo mudasse e eles voltassem a ser livres. Mas parecia que as coisas insistiam em não acontecer do jeito que eles imaginavam.
Mercy estava morta.
Seu cérebro ainda não tinha processado isso totalmente. Uma parte dele sabia que ela mesma procurou a morte. Que Chloe fez o que ele não foi capaz de fazer porque ela significava muito pra ele. Mesmo assim ele se sentia vazio e frio. Se ele ficasse pensando nisso por muito tempo, com certeza não conseguiria se concentrar em outra coisa.
Em vez disso, ele segurou o braço dela. "Já fizemos tudo o que podíamos essa noite."
"Amanhã nós deixaremos os outros aqui, se não conseguirmos, eu quero que William e Sophia tomem a frente, eles sabem sobre a Watchtower, vou contar o plano pra eles amanhã antes de sairmos." Ela falou com convicção, eles precisavam de um plano B, não era possível saber o que ia acontecer, se eles não conseguissem chegar à Watchtower, outra pessoa teria que conseguir.
Ele assentiu levemente. Eles haviam aprendido nos últimos dez meses que era preciso ter sempre um plano B, e sempre uma única pessoa executava a operação. "Tudo bem."
Com um profundo suspiro, ela assentiu, olhando pra ele por um segundo antes de abrir o cinto enquanto ia para o quarto deles, durante a noite, ela não era mais a líder, todos os seus homens e mulheres estavam descansando, estavam todos escondidos e a base estava cercada por kriptonita, por agora, eles estavam seguros e ela podia ser apenas a Chloe. Ou o que sobrou dela.
"Pode terminar amanhã", ela falou baixinho quando já estavam dentro do quarto, ninguém iria incomodá-los a não ser que houvesse uma emergência, esse era o único lugar onde ela se permitia apenas ser, não tinha que ser corajosa ou forte, podia ter medo e ter dúvidas e imaginar se ainda estariam vivos para ver mais um dia.
Sem falar nada ele encostou atrás dela, deslizando seus braços por sua cintura e beijando suavemente sua cabeça. Ele fechou os olhos. "Assim espero", ele falou tão baixo quanto ela.
Cuidadosamente, ela deixou o cinto com as armas que carregava cair no chão, e encostou-se nele, fechando os olhos e suspirando lentamente. Eles mantinham o relacionamento em segredo e mesmo que algum dos homens tenha desconfiado, ninguém nunca disse nada. Era o único conforto que tinham, saber que os dois sobreviveram a mais um dia e que continuavam juntos, e eles não queriam dividir isso com mais ninguém.
Depois de um tempo, ela se virou e olhou pra ele. "Ainda teremos muito trabalho depois que tudo terminar."
Ele assentiu, olhando pra ela. "Uma coisa de cada vez", ele a relembrou, levando uma mão ao rosto dela e beijando sua testa. Ele fechou os olhos e inclinou sua cabeça sobre a dela e ficou assim por um tempo. "Agora, somos só nós dois." Era uma coisa que ele falava pra ela toda noite, parte do segredo, do ritual particular. A primeira noite que ele falou isso pra ela, foi na primeira noite em que fizeram amor. Ele nunca foi bom com as palavras, mas essa era a única coisa que ele falava que de alguma maneira conseguia acalmá-la um pouco.
Sempre dava certo, Oliver era a única ligação que ela tinha com a normalidade, a única conexão com a vida antes de Zod, a única pessoa que a conhecia realmente e que a enxergava como mais que uma líder, ele sabia tudo sobre ela e essa frase significava que ela podia ser ela mesma, que ele estava lá e mais ninguém. Ela assentiu levemente e colocou a mão no rosto dele enquanto o observava, ela não sabia o que ia acontecer depois que tudo terminasse, mas ela sentia que isso, eles, não mudaria mais. Eles sobreviveram ao inferno juntos, nada poderia ser mais forte do que essa ligação.
"Só nós dois", ela sussurrou, finalmente fechando seus olhos, isso também era parte do ritual, a reafirmação de que ele estava lá com ela, e que ela estava lá com ele e que naquele momento, não tinham que se preocupar com mais nada nem ninguém. Era uma bela mentira para se segurar, uma mentira que precisavam para sobreviver cada dia. Aquele momento de paz quando estavam sozinhos.
Ele inclinou a cabeça e beijou suavemente seus lábios, uma mão se emaranhando gentilmente em seu cabelo. "Só nós dois", ele repetiu, sua voz praticamente inaudível.
Chloe elevou sua mão até o ombro dele, e na ponta dos pés, chegou mais perto e o beijou novamente, devagar, suavemente, os pensamentos sobre Zod, Clark e até Lois desaparecendo de sua mente, tudo o que ela conseguia pensar, tudo o que ela queria se concentrar era no homem que estava ali com ela, porque ele era a única pessoa que ela sabia que não a abandonaria, que nunca a desapontaria.
Oliver a puxou mais perto, aprofundando o beijo mesmo enquanto andava de costas, até o colchão que estava no chão. Ele precisava desse tempo com ela, precisava dela esta noite mais mais do que nunca porque amanhã tudo estaria terminado de um jeito ou de outro. Havia pouca dúvida quanto a isso. "Chloe", ele murmurou. "Se acontecer alguma coisa comigo, eu quero que você saiba..."
Ela sentiu o peito apertar com essas palavras e prendeu sua respiração, fechando os olhos e o abraçando com mais força. "Eu sei." Ela sussurrou antes de abrir os olhos e olhar pra ele, olhar dentro dos olhos dele com intensidade. "Eu sei", ela repetiu.
Ele olhou pra ela com a mesma intensidade por algum tempo, assentindo levemente antes de deitá-la no colchão e cobri-la com seu corpo.
Eles não disseram as palavras, de fato, eles não falavam muito quando estavam sozinhos. Não havia muito o que falar e as palavras não significavam tanto quanto ter o braço um do outro para adormecer. Ela sabia, ele sabia. Não havia conversa sobre quando um perderia o outro, com a vida que levavam, não era uma questão de 'se' e sim de 'quando', então eles aproveitavam ao máximo o tempo que tinham, enquanto tinham.
Dessa vez, no entanto, ela sentia necessidade de conversar com ele sobre isso, o que nunca havia acontecido. "Espera", ela sussurrou, esperando ele olhar pra ela. Relutante e gentilmente, ela saiu de debaixo dele e se sentou, se ela tinha que lhe dar ordens, não podia fazer isso com ele em cima dela, e se isso acontecesse, ele tinha que seguir o plano que estava se formando em sua mente.
O que quer que fosse, era obviamente sério, pela expressão no rosto dela. Ele se sentou, silenciosamente observando-a. "O que foi?"
"O anel", ela falou, virando o rosto pra ele. "Oliver, se falharmos amanhã, se não conseguirmos hackear as torres, ainda teremos o anel e não importa o que aconteça, um de nós precisa tirá-lo de Zod, podemos voltar no tempo, mudar as coisas", ela ficou em silêncio olhando pra ele. "Talvez até impedir que tudo isso aconteça."
Ele engoliu em seco, e concordou lentamente. "Tudo bem. Então esse é nosso plano C."
Depois de observá-lo por um momento, ela respirou fundo, sua expressão ficou ainda mais determinada sabendo que a próxima parte da conversa seria ainda mais difícil. "Se tentarmos hackear e não conseguirmos, eles perceberão e virão atrás da gente, se alguma coisa acontecer, Oliver", ela falou com firmeza, "Se qualquer coisa acontecer, eu não quero que você pare, eu quero que você continue, eu quero que você se concentre em encontrar Zod e o anel, não perca tempo com coisas que só vão causar a sua morte."
Chloe tinha consciência que Zod e os outros sabiam que ela estava por trás da resistência, havia outros grupos pelo mundo, mas diferentemente da maioria deles, ela sabia exatamente o que estava acontecendo e como lutar, e por mais que ela tenha se esforçado para espalhar a informação, não era nada fácil de se fazer. Ela sabia que andava com um alvo em sua testa, já há alguns meses e matar Tess, a única humana em que Zod confiou, só tornou as coisas piores, ela não tinha dúvidas quanto a isso. Mas um atentado contra as torres, eliminar todos os poderes de cada um dos kandorianos que andava sobre a Terra, ela não esperava viver mais do que alguns minutos depois disso. No momento em que eles soubessem que alguém havia tentado, ou que alguém havia conseguido hackear as torres, sem dúvida eles viriam atrás dela.
As palavras doeram como se ela tivesse atirado uma flecha nele e ele se levantou imediatamente, se afastando dela, e do que eles chamavam de cama. Ele passou as mãos no rosto. Ela havia pedido muitas coisas para ele nos últimos meses e ele sempre atendeu sem hesitar - jamais. Não interessa em que circunstâncias estivessem, ele seguia as instruções, acatava suas ordens. Mas isso? O que ela estava pedindo? Era muita coisa para pensar. Ele fechou os olhos, os ombros caíram um pouco. "Chloe..."
"Não, Oliver", ela se levantou, ela sabia que era muito para se pedir, ela mesma não sabia se conseguiria dar as costas pra ele se ele fosse ferido, mas isso não era sobre se salvarem, era sobre salvar seu mundo, e eles eram duas das poucas pessoas que de fato poderiam. "Não importa o que aconteça, você tem que continuar. Se o sol vermelho continuar brilhando, você tem que continuar lutando, você entendeu?" Sua voz era firme, o pensamento de deixá-lo para trás fez seu estômago dar um nó, mas ela tinha que pensar como líder e não como amante.
Ele manteve os olhos fechados, sabendo que ela estava certa, não importa o quanto odiasse a ideia. Não era sobre eles, nunca foi sobre eles. "Eu sei", ele respondeu baixinho, virando o rosto pra ela devagar. Seu olhar era intenso. "E eu sei que você vai fazer o mesmo se for preciso."
Segurando o ar e o olhar, Chloe assentiu levemente. "O que precisar ser feito, é isso que importa." Ou era disso que eles tinham que se convencer para conseguir continuar.
Oliver não queria mais conversar. Em vez disso, ele estendeu a mão e puxou-a contra ele, beijando-a com urgência. O amanhã poderia já estar condenado, mas nessa noite, naquele momento, eles estavam juntos. E isso era tudo o que importava.
Aliviada, ela o abraçou com toda sua força, ficando o mais perto que conseguia, essa poderia ser a última vez que estavam juntos, a última vez que estavam nos braços do outro, a última vez que fariam amor. Fazer amor, porque eles sabiam que se amavam, e isso era o mais próximo da felicidade que poderiam chegar.
Quando ele os deitou no colchão novamente, ela enroscou suas pernas nele, fingindo pela última vez que só tinham que se preocupar um com o outro.
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Já percebi que vou chorar horrores...
ResponderExcluirVilm@
Prepare-se, vai chorar muito... Essa história é linda!!!
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