Nightblindness (4/4)

Título: Cegueira Noturna
Resumo: Universo 'Two of Us'. Batman reconsidera. A história se passa seis meses depois dos acontecimentos de Beautiful Side Of Somewhere.

Autora: newbatgirl
Classificação: PG-13
Anterior: Prólogo - Um - Dois - Três

Histórias Anteriores:

Two of Us

Shout Out Loud
Silver Lining
Question
How Soon Is Now
Want
Have
Beautiful Side Of Somewhere

Residência Queen... arredores de Star City... mais tarde naquela manhã...

Depois de seu banho, Oliver encontrou Chloe na cozinha, vestindo um short e uma blusa larga que deixava o alto de suas costas e seus ombros expostos. Ela estava sentada no balcão, já trabalhando em seu laptop.

Ele se inclinou para beijar seu ombro. "Bom dia, dormiu bem?"

"Você está perguntando pra mim ou para seus filhos, que decidiram jogar futebol às cinco da manhã?"

"Isso responde a questão." Ele colocou as mãos ao redor da barriga dela. "Eles estão acordados agora?"

Ele sentiu ela balançar a cabeça. "Não, acho que eles estão dormindo. Se estiverem seguindo a rotina dos últimos dias, o próximo show será às onze. Eu procuro você."

Ele traçou o contorno de sua barriga com os dedos por um tempo. "Eu poderia montar o outro berço hoje, agora que todo mundo sabe."

"Deixe Carter ajudar você. Ele ainda está bravo porque vocês montaram o primeiro enquanto ele estava na América do Sul."

"Ele só vai ficar parado lá dizendo que eu estou montando errado." Oliver resmungou em seu pescoço.

"E é exatamente por isso que ele quer te ajudar."

Houve um tímido barulho de batida e os dois olharam para ver Bruce batendo na moldura da porta.

"Posso interromper só pra pegar um café?"

Oliver se endireitou e acenou em direção à máquina que Chloe havia enchido por hábito, mesmo que não pudesse beber. Ele suspeitava que o cheiro a tranquilizava. "Fique à vontade."

"Se estiver com fome, o café-da-manhã deve chegar logo. Mandei Bart ir buscar alguns pães", Chloe disse como forma de cumprimentá-lo.

Oliver aceitou o copo de café que Bruce passou pra ele. "Onde vocês o mandaram?"

"Brooklyn."

Bruce pareceu impressionado. "Bem útil."

"É a corrida matinal dele", Oliver explicou.

Chloe apontou para o laptop. "Ei, olha aqui. O site da Gazeta de Gotham está mostrando que a cidade não entrou em colapso mesmo estando sem você. O que você tem a dizer sobre isso, Bruce?"

"Eu diria que você é tão sutil quanto um caminhão", ele respondeu e tomou um longo gole de seu café. "Ok, se eu disser que estou dentro, o que vem a seguir? Tenho que aprender os apertos de mão secretos?"

"Nós pulamos os apertos de mão e vamos direto à venda de sua alma imortal." Chloe piscou pra ele.

"Sem problema. Acredite em mim, eu não tenho planos imediatos pra isso."

"Acredito que você trouxe seu equipamento com você?" Oliver perguntou.

Quando Bruce assentiu, Olive sorriu. "Ótimo, hoje à noite você vai trabalhar em Star City com a equipe. Diferente de outras pessoas eu não sou territorialista. Vamos trabalhar nas comunicações e táticas de campo. Você vai ver, Batsy, você vai estar trabalhando bem com os outros antes que possa perceber."

"O que eu preciso fazer pra ele parar de me chamar desse jeito?" Bruce perguntou a Chloe.

"Se houvesse um jeito mágico de acabar com os apelidos, você acha que eu já não teria feito?" Chloe perguntou, claramente sem esperar uma resposta. "Depois do café, precisamos encontrar Victor, então nós três poderemos discutir a integração dos sistemas da Liga com os que você tem na caverna. Incluindo o carro. Eu preciso conseguir falar com você, dia ou noite."

Para a surpresa de Oliver, Bruce assentiu pra ela. Ele estava aceitando tudo muito bem.

Bruce parecia ter lido sua mente. "Eu só quero que vocês dois saibam, eu não estou fazendo isso porque me pediram para sair de Gotham por um tempo."

"Certo", Chloe disse, brincando com a borda de seu copo de suco.

"Ok, não é por causa disso. Eu disse a você que eu estaria aberto a fazer isso em algum momento."

"Certo", Oliver repetiu.

Bruce colocou seu café no balcão. "Certo, podem rir de mim mas talvez vocês devam saber que não se olha os dentes de cavalo dado. Vocês estão prestes a ter mais duas pessoas para cuidar, além desse pequeno grupo de vocês. Vocês precisam de toda ajuda que puderem ter. Especialmente para manter a ordem por aqui."

Oliver olhou para Chloe, sua conversa anterior voltando à sua memória. Ele colocou o copo de café no balcão e caminhou em direção à porta da cozinha. "Bem observado. Venha comigo. Precisamos encontrar Carter."

Bruce o seguiu, se virando brevemente quando Chloe deu uma risadinha. "Onde estamos indo?"

"Lá pra cima. Vamos trabalhar seu problema de controle da raiva. Ouvi dizer que pode melhorar bem."

"Como?" Os passos de Bruce falharam, embora Oliver tenha percebido que ele não negou seus problemas em controlar a raiva.

"Você e o Pássaro vão trabalhar em um pequeno projeto pra mim. E vão ser legais um com o outro."

"Que tipo de projeto?"

"Móveis para o quarto dos bebês. Se você sobreviver a isso, você pode sobreviver a qualquer coisa."

*****

2033... Sede da Liga da Justiça... Baixa Órbita Lunar... Começo da Manhã...

"Você sabe que não tem que fazer isso. Eu posso sobreviver a alguns cortes e machucados." Oliver disse a ela, inclinando-se contra a cômoda.

"Eu também posso", ela repetiu.

Chloe colocou seus dedos sobre os cortes em seu braço. Pequenos raios de luz brilharam e os cortes desapareceram. Com o passar dos anos, ela aprendeu a controlar seus poderes de cura até minimizar o impacto em seu próprio corpo, de forma que pequenos machucados como esse desapareciam em milésimos de segundos. Isso não impedia Oliver de fazer uma careta cada vez que ela o curava, no entanto.

"Você é, sem dúvida, meu pior paciente", ela disse a ele enquanto trabalhava. "Vinte anos, Ollie, e você nunca cooperou, nenhuma vez."

"Isso não é verdade. Aquele Halloween que você usou a fantasia de enfermeira? Eu cooperei bastante. Ei, você ainda tem aquela roupa?"

Chloe sorriu e retirou o curativo de borboleta do rosto dele. "isso é verdade. Você cooperou bastante daquela vez." Ela tocou o corte embaixo de seu olho e ele desapareceu. Então, para que ele não visse o corte quando ele aparecesse em seu rosto, ela beijou seu rosto e em seguida sua boca. "Pronto", ela disse, afastando-se. "Novinho em folha."

Oliver envolveu os braços em sua cintura e a puxou para perto, deixando a cabeça dela descansar em seu ombro, as mãos dela em seu peito. "Não exatamente novinho em folha, mas contanto que você não se importe..."

Chloe fez um barulho no fundo da garganta. Fora todas as brincadeiras sobre seu ego, Oliver ainda era o homem mais sexy que ela viu na vida. Não importa que idade ela tivesse. Ela ia lhe dizer isso quando uma batida na porta chamou a atenção deles e eles se viraram.

Bruce, em suas roupas civís, estava parado na moldura da porta aberta de seu quarto. "Posso interromper? Connor disse que eu podia entrar", ele perguntou.

Chloe balançou a cabeça. "Claro, entra."

Bruce terminou de entrar no quarto e se encostou na parede, com as mãos nos bolsos. "Quando eu penso que vocês não podem mais me surpreender... vocês esconderam essa carta na manga por vinte anos."

"Achei que você não gostasse de metáforas com cartas?" Oliver disse cautelosamente.

Bruce deu de ombros. "Às vezes elas são apropriadas."

"Bruce... você sabe que se pudéssemos, teríamos lhe contado", Chloe disse.

"Eu sei. Mesmo. E não estou chateado. Muita coisa faz sentido agora. O anel... porque vocês insistiram que eu guardasse o anel da Legião."

Chloe assentiu e enxugou os olhos. Quando eles perceberam que Clark não conseguiria usar o anel da Legião para voltar no tempo e impedir a magia negra que matou Lois, a equipe decidiu que seria melhor se outra pessoa guardasse o anel, assim Clark não ficaria tentado em seu luto a se perder no passado. Chloe e Oliver haviam insistido que Bruce fosse o guardião do anel.

"Sabíamos que ajudaria se você tivesse o item quando o momento chegasse, mas o fato é, você sempre foi a melhor pessoa para guardar o anel, independente de qualquer coisa."

"Eu agradeço. Então... o que mais vocês sabiam?" Bruce perguntou.

"Mais nada." Oliver insistiu. "Nós só sabíamos o que você nos contou durante as vinte horas em que estivemos aqui. Nós nem ficamos sabendo sobre Olivia... ou sobre um monte de outras coisas."

Bruce passou a mão no rosto. "Isso foi culpa minha. Eu devia ter contado mais. Eu devia ter falado mais sobre Lois, sobre Luthor..."

Oliver balançou a cabeça. "Isso não teria ajudado. As coisas aconteceram do jeito que tinham que acontecer."

"Oliver, você não pode ter certeza disso."

"Você não pode afirmar que eu estou errado então não vamos mais pensar nisso, vai te enlouquecer, acredite em mim!" Oliver devolveu.

"E se eu não tivesse mudado de ideia naquela época? ... Ou se eu não tivesse dito sim nunca?"

"Por mais que eu saiba que vocês gostam de ficar brigando, vocês nunca vão chegar a um consenso nesse assunto", Chloe interferiu. Como ela sempre fazia.

Bruce assentiu e sua postura relaxou novamente, mas ele não disse nada. Ele estava pensando em alguma coisa, Chloe sabia, e resolveu aguardar.

"Eu não estava preparado quando vocês dois vieram a Gotham da primeira vez", ele disse, e Chloe suspeitava que ele estava dizendo isso mais para si mesmo do que para eles.

"Sabemos disso. Foi por isso que fomos embora", ela disse a ele, dando uma olhada para Oliver. "Sabíamos que não puderíamos mudar sua cabeça. Então esperamos. E quando você estava pronto, nos procurou. Como Ollie disse, aconteceu como deveria."

"Eu ainda sinto muito pelo jeito como tratei vocês daquela vez. Eu estava... cego pelo meu egoísmo. Com uma visão limitada. Não havia espaço para mais nada, além de mim mesmo."

Oliver sorriu. "Embora eu não discorde, você já se desculpou por isso."

"Já?" Bruce perguntou, esboçando um sorriso. "Eu continuo me esquecendo para qual versão de vocês dois eu me desculpei."

Chloe pegou a mão de Bruce e o puxou para o meio do quarto onde Oliver estava. "Então pare, acredite. Você está desculpado. Chega de desculpas, não há mais dívidas. Estamos quites agora."

"Isso depende, vocês dois tem alguma informação sobre os próximos dez ou vinte anos que não me contaram?"

"Não, estamos realmente quites agora." Chloe disse a ele. "Tem sido um espaço em branco desde que voltamos ontem à noite."

"Gostaria que soubéssemos mais, isso nos ajudaria a rastrear nosso estimado ex-Presidente", Oliver acrescentou.

"Acho que vamos ter que descobrir as coisas do jeito mais difícil", Bruce respondeu, com um encolher de ombros.

"Em outras palavras, trabalhar como sempre."

"Você vai se desculpar por ter me dado um soco?" Bruce perguntou de repente.

"Não."

"Ollie---" Chloe disse em seu tom de alerta que usava com seus filhos - e com a maioria dos adultos - quando queria lhes educar.

"O quê! Ele mereceu. Ele mesmo disse isso."

Chloe revirou os olhos. "Mas isso não era pra você. Era para o outro você... droga!"

"Viagens no tempo são um horror para usar os pronomes, eu percebi", Oliver disse para Bruce como se estivesse compartilhando uma grande descoberta da humanidade.

"Percebi."

"Você ainda devia se desculpar!" Chloe exclamou.

"Foi você que disse que estávamos quites!"

"Ele está certo, você acabou de dizer isso." Bruce pontuou.

"De que lado você está?" Chloe perguntou se virando para Bruce, colocando as mãos nos quadris.

"Verdade, Justiça.. e tudo mais... ou mudamos alguma coisa?"

Demorou para ela perceber que os dois homens estavam se segurando para não dar risada. Dela. E ela suspirou.

"Então... nada de ficarem se socando. Você quer bater em alguma coisa, vamos encontrar aquele maníaco careca que nos sequestrou. Ele está mais do que merecendo uma surra." Olhando o machucado na boca de Bruce de quando o jovem Oliver havia lhe batido, ela estendeu a mão para tocá-lo. Depois de um flash de luz, desapareceu.

"Pronto, bem melhor. Podemos trabalhar agora?"

"Com certeza", Oliver disse, conduzindo Bruce para fora do quarto. "Temos uma reunião em trinta minutos. É tempo suficiente para você vestir suas orelhas pontudas, Batsy?"

"Acho que não seria abuso de poder da minha parte se eu usasse o anel para voltar no tempo e impedir que você me desse esse maldito apelido", Chloe ouviu Bruce responder.

"Sidekick, você vem?" Oliver chamou.

"Eu desço em alguns minutos", ela respondeu.

Chloe foi até a cômoda para pegar o cristal que havia gravado mais cedo, contendo a lista de possíveis lugares onde Lex poderia estar escondido. Durante a reunião eles precisariam dividir a lista entre os membros da equipe para conseguir localizá-lo. De um jeito ou de outro, eles precisavam encontrá-lo, de uma vez por todas.

Ela deu uma olhada na fileira de fotos sobre a cômoda. O casamento havia sido há tanto tempo. Os bebês não eram mais bebês. Oliver estava certo, sua vida na Liga e sua vida real estavam conectadas. Não tinha como definir onde começava uma e terminava a outra. Os últimos vinte anos da Liga da Justiça e os últimos vinte anos de sua vida eram a mesma coisa. A Liga e sua família eram a mesma coisa. Era difícil acreditar que ela havia imaginado ter uma vida diferente dessa.

Ela sabia que Bruce estava abalado porque percebeu o quanto próximo ele esteve da mesma coisa. Ter uma vida sozinho, separada da Liga. Uma que seria solitária, em sua caverna, ao invés da vida que ele construiu. Onde el estava na estação agora, trocando farpas com Oliver, dizendo a Chloe que estava bem de novo. Oliver e seus filhos, e o resto de sua família na Liga, estavam todos bem. Estava tudo bem.

Exceto Lois... e Clark. Mas Clark ficaria bem logo. Não do jeito que era antes mas ficaria bem. Ele tinha alguém esperando que ele ficasse bem novamente. Como Oliver quando esperou por ela, depois da morte de Jimmy. Chloe sentia muita falta de sua prima mas se tinha uma coisa que ela tinha aprendido nos últimos vinte anos, era que a vida continuava. Tinha que continuar.

O tempo não curava tudo, mas curava o suficiente. O suficiente para que todos eles aproveitassem as coisas boas que ainda estavam por vir.

Fim.

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Leia a sequência: Father And Daughter 

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