13.12.10

LEGENDS: This Is How Marriage Ends

Nota da Autora: Esta é a primeira de uma série de histórias oneshots que eu criei para este universo particular.
TítuloÉ Assim Que Casamentos Acabam
Resumo: O erro de Oliver foi prometer amá-la a vida inteira, antes de perceber que o amor pode continuar depois da morte.
Autora: tennysonslady
Classificação: PG-13
Spoiler: Lazarus




Não era pra ter terminado desse jeito.

Ainda assim, no momento que teve esse pensamento, Oliver sabia que estava mentindo.

Ele parou diante da janela de vidro da bonita e elegante sala que era seu poleiro no alto da cidade e levou um copo com líquido âmbar até os lábios. Só um gole, um gole. Sempre começava com um gole. Ele tomou um gole e fechou os olhos sentindo o prazer do sabor. Ele não iria beber tudo, não de novo. Mas ele jamais se negaria sentir o sabor.

Ele ouviu a porta se abrir e viu o reflexo translúcido quando ela entrou. Ela caminhou regiamente na direção dele, com classe e elegância apesar do horror que era a vida deles.

"Você vai ao menos se virar e olhar pra mim?"

E porque ele era mais culpado do que ela, apesar do fusível escandaloso que ela tinha acendido, Oliver fez o que ela pediu. Ele deu alguns passos a frente quando poderia ter esperado por ela, porque apesar do que todo mundo tinha dito, só os dois sabiam o que tinha acontecido nesse casamento. Encontrá-la no meio do caminho era muito pouco para compensar o pesadelo.

Ela assentiu, mostrando a ele que apreciava o esforço. E então lentamente, bem na frente dele, longos dedos se fecharam sobre o anel eterno, escondendo os diamantes embaixo de uma mão firme e decidida. Ela o tirou e Oliver ouviu o baixíssimo barulho que ele fez ao se encontrar com o tampo de vidro da mesa.

"Connor fica comigo", foi a calma declaração.

À isso seus olhos se arregalaram para encontrar o olhar dela. E então ele decifrou sua expressão, sabia que essa silenciosa dignidade poderia se tornar uma grande bagunça. Então mesmo discordando ele assentiu. Por agora, ela levaria seu filho. Por agora ele a deixaria vencer, porque apesar da grande punhalada que ela havia dado em suas costas quando foi para a cama com outro homem, ela ainda tinha mais perdas do que ele poderia contar.

Eles já tinham sido amigos. Eles já tinham sido aliados. Há muito tempo atrás ela o respeitava o suficiente para lhe dar ouvidos, o valorizava o suficiente para amá-lo. Há muito tempo atrás ela confiou nele quando ele achou que estava livre da maior dor que já havia experimentado e ela se permitiu acreditar.

Em algum lugar dentro dela um pouco dessa consideração ainda existia. Apesar de toda a merda. Apesar de todo o inferno. Apesar de tudo o que ele descobriu ser.

"Você pode pegá-lo nos fins de semana", ela continuou com a calma de sempre. "E quando eu precisar sair da cidade, você será o primeiro na minha agenda."

E bom Deus, era mais do que outra mulher teria permitido.

Oliver assentiu lentamente, então pegou o anel em seus dedos. Ele se sentou pesadamente na cadeira e olhou para os diamantes brilhando em suas mãos. Os diamantes eram eternos. Tinham sido escolhidos por essa razão, porque casamentos eram eternos e o amor durava a vida inteira. Ele tinha pego sua mão e deslizado o anel em seu dedo para que ali ficasse por exatamente todo esse tempo.

Foi ele quem cometeu o primeiro erro, cometeu o pecado. Quem quer que seja o homem ou o herói que ficou entre eles depois que trocaram os votos, não se comparava ao que ele tinha feito. Não importa o que aconteceu, ela tinha a intenção de cumprir suas promessas. Só--

E lá estava ela, ao seu lado, aproximando os lábios para beijar seu rosto como despedida. Três anos. Três anos era uma vida para alguém que nunca ficou mais do que cinco meses com qualquer outra mulher. Três anos de casamento. E agora tinha acabado.

Mentiroso.

Tinha acabado bem antes de começar.

E não foi por causa das mulheres, porque houve mulheres - Sandra, Marianne, e tantas outras que ele nem lembrava o nome ou o rosto. Foi por causa de uma só, uma que deveria ter ficado em segurança, uma que nunca poderia ser esquecida.

"Você nunca deixou ela morrer", ela sussurrou em seu ouvido. Com essas palavras, quando ela nem pronunciou o nome, Oliver apertou a mandíbula. "Ela estava morta, e você nunca a deixou morrer."

"Acabou", foi seu pedido. O casamento não podia ser salvo, e eles tinham tentado. Ela tinha tentado. Ele achava que tinha tentado. "Deixe acabar." Por favor. Porque não havia razão para abrir uma ferida que estava tão exposta desde o princípio.

E ela assentiu. Ele sentiu o movimento porque ela o fez enquanto encostava o rosto em sua têmpora. "Eu só preciso que você entenda que isso não é culpa minha. Nem um pouco."

Oliver olhou pra cima enquanto Dinah se endireitava, então se recostou contra a mesa. Seus advogados cuidariam do resto, e assim que os papéis estivessem prontos ela saberia que ele não a culpava por nada. Ele sabia muito bem como esse casamento havia terminado.

"Eu queria que - pelo menos uma vez", Dinah disse, "você tivesse me amado."

Seus olhos pousaram na fotografia da criança que estava em sua mesa e ele sentiu o coração apertar um pouco. No dia em que ele nasceu, Oliver sabia pela primeira vez como era amar um completo estranho, completamente, profundamente, inegavelmente. Ainda assim cada vez que ele olhava para o garoto havia um vazio em seu estômago, e ele sabia que tinha um lugar especial reservado pra ele no inferno quando ele imaginava como seu filho seria se tivesse os olhos verdes, o cabelo mais loiro, o sorriso mais vibrante.

"Você me deu um filho. Eu te amei, Dinah."

E ela assentiu, porque mesmo na amargura da separação ela sabia que era verdade. "Me amou mais do que você amou--"

"Eu te amei", ele respondeu rapidamente. Mesmo que os dois soubessem, ele não podia - o mundo não deixaria - dizer. "Não há necessidade de trazê-la pra essa conversa."

Ela respirou fundo, então se levantou. Ela se virou para sair. "Não vejo porque ela não pode fazer parte do divórcio, Ollie. Ela sempre foi parte do nosso casamento."

As palavras doeram, e ele engoliu a dor. Mas apesar da amargura que ela tinha, ele não podia retaliar. Mesmo ela tendo encontrado conforto nos braços de outro homem, Dinah ainda assim era a mais inocente dos dois.

A primeira vez que ele disse o nome dela, foi por acidente. Eles estavam adormecendo, e como em qualquer outro sonho Oliver desejava que ela estivesse viva. Era a lua-de-mel deles e depois de passar um tempo observando o céu na varanda do quarto de hotel, eles transaram e tomaram uma taça de vinho. E então, no jeito como ela se aconchegou nele, ele sussurrou o nome, baixinho, quase inaudível. Mas ela ouviu.

Mas Dinah tinha amado Chloe e sofreu com a perda como qualquer outro membro da Liga.

"Está tudo bem", ela assegurou quando ele se desculpou. "Todos nós sentimos falta dela."

Naquela ocasião ela se ajoelhou ao seu lado na cama e beijou os vincos em seu rosto até as lembranças irem embora.

A segunda vez que ele disse o nome dela, foi por uma razão banal. Eles estavam montando uma casa em Seattle e Dinah tinha escolhido uma amostra de amarelo brilhante e combinado com a madeira escura. Oliver sorriu e balançou a cabeça, então descartou o amarelo e preto e escolheu tons de verde e dourado e marrom, e disse a ela, "Eu gosto do esquema de cores da antiga biblioteca da Chloe."

Dois meses depois Dinah estava enclausurada na combinação de floresta que a Torre de Vigilância e o Arqueiro Verde tinham imaginado uma vez.

Na terceira vez ele arfou o nome e professou seu amor enterrado dentro dela, e Dinah juraria repetidas vezes que não foi nessa noite que ele a abateu. Aquela terceira vez que ele disse o nome dela foi doentia, e doeu. Mas a mulher estava morta e Dinah evitou a vontade de odiar uma mulher morta, porque quando viva, Chloe não era alguém que ela pudesse odiar.

"Isso não está certo", ela finalmente disse a seu marido, e de mãos dadas eles procuraram terapia e aconselhamento até a quarta e a quinta vez. Depois disso, Dinah parou de contar.

"O pior de tudo é que", Dinah disse a ele quando eles finalmente admitiram o grande erro e decidiram que era hora do divórcio, "não importa o quanto todos nós a tenhamos amado, se ela estivesse viva agora eu desejaria que ela morresse."

E mesmo aí, mesmo com seus punhos cerrados no esforço de controlar seu temperamento, Oliver Queen não poderia culpá-la.

Mas hoje tudo acabava. Finalmente. Demorou um tempo até eles admitirem o fracasso, mas uma vez que se tornou inegável qualquer outra tentativa seria em vão. Ela caminhou para a porta. "Eu estarei na casa", Dinah informou. Oliver precisou reservar um quarto de hotel. "Chegue às oito no sábado e você pode pegar Connor. Fora isso, eu espero que seu pessoal passe para pegar seus pertences, Ollie. Se você ainda tem algum respeito por mim, eu espero que você não apareça."

Oliver esperou a porta se fechar atrás dela, segurando o anel que Dinah havia deixado pra trás. Ele se levantou e caminhou na direção da parede e abriu o cofre que havia ali. Oliver precisava gravar um código. Números diversos, números eram arbitrários. Ele os digitou, mês, data, ano. Era o dia que tudo tinha acabado, o dia em que ele andou pelas poças, foi empurrado, trombou com alguém que se ele soubesse quem era, teria parado, lutado, implorado por pelo menos mais um segundo.

Ele queria ver o rosto dela novamente.

O cofre se abriu e Oliver colocou a anel dentro, seus dedos tocando levemente a caixinha de veludo escuro que guardava uma promessa que ele sabia que nunca seria pronunciada, nunca seria revelada. Era uma promessa de esmeraldas e diamantes e ouro branco, uma que trazia o nome que foi do começo ao fim responsável pela farsa de um casamento.

Seu primeiro erro foi o dia que ele deu o anel eterno a Dinah e prometeu a ela o amor de uma vida inteira. Ele concluiu, finalmente pegando a caixinha de veludo e olhando o anel de noivado que nunca pertenceria a ninguém--

Mas então, ele não sabia, o amor era muito, muito mais poderoso que a morte.

A esmeralda sempre o lembrava de seus olhos. Ele afastou o anel eterno de platina e colocou a caixinha em seu lugar certo, centralizado na frente. Oliver sempre imaginava, fantasiava, reservava esse lugar de honra, onde ele poderia facilmente pegá-lo se precisasse.

Uma grande estupidez, mas era a irracionalidade dessa esperança que o enlouquecia e o fazia sonhar com uma mulher que foi suficiente para destruir a base fraca de seu casamento.

Com um som surdo ele fechou o cofre e voltou para sua mesa. Ele trabalhou, porque fora o trabalho ele não tinha mais nada pra fazer. Quando ele terminava cedo, ele costumava ir para casa passar algumas horas com Connor, mas ele resolveu dar a Dinah o respeito que ela pediu. Ele não percebeu que era meia-noite até seu telefone tocar. Ele franziu a testa quando viu o nome de Dinah. Imediatamente ele atendeu, porque na situação em que estavam e pela hora havia uma razão para Dinah fazer aquela ligação.

"Está tudo bem com Connor?" ele perguntou direto, já pegando suas chaves e a carteira.

"Ele está bem."

O ar escapou de seu peito e ele ficou aliviado com a confirmação. Oliver franziu a testa quando olhou para o computador e viu a localização de Dinah. Era o antigo esconderijo da Liga, um que não era usado há muito tempo. Tess estava trabalhando na Watchtower em Metrópolis, e na verdade, ninguém mais tinha paciência para comandar aquela base e a Liga usava só como um lugar para ficar quando estavam na cidade.

"O que você está fazendo aí, Dinah?"

Ela respirou fundo. Então, ela declarou. "Um alarme foi disparado, e por coincidência eu estava patrulhando."

Assaltantes. Parasitas de baixo nível que não tinham aprendido que não havia como roubar o lugar.

"Acho que você vai querer vir até aqui."

Oliver esfregou as têmporas. Ele tinha feito sua parte, tinha enlouquecido, lutado pelo bem. Mas ele tinha aposentado suas armas há muito tempo. AC e Bart e Victor, Clark e mesmo Bruce, podiam cuidar da segurança do mundo. Agora só havia Connor para proteger. Lutar contra o crime não era um propósito. Não havia mais nenhum propósito na verdade. Não desde--

"Acho que eu dispenso."

"Oliver", Dinah insistiu, sua voz firme. "Você vai querer vir aqui e ver com seus próprios olhos."

"Seja lá o que for, você pode cuidar disso. Você trabalha sozinha, não é, Dinah?"

"Acredite em mim", ela insistiu. "Você não vai querer que eu, de todas as pessoas, cuide disso. Se eu gritar, eu não vou parar. Eu vou destruir esse lugar inteiro."

A linha ficou muda, e Oliver estreitou os olhos ao sinal piscante em seu computador que lhe mostrava as coordenadas de Dinah. A mulher não ameaçava usar suas habilidades por qualquer coisa, e se ela quisesse, ele sabia que ela destruiria o lugar inteiro. Felizmente, divorciado ou num casamento destrutivo, ele sempre estaria ligado a Canário.

Ele foi até a base levando a metade do tempo normal, porque a noite não tinha começado bem e ele precisava que ela acabasse. A porta abriu facilmente e ele entrou para ver Dinah em seu uniforme parada no meio da sala.

O olhar de Oliver se voltou involuntariamente para o canto da sala. Seu coração despencou. Bem ali, ele percebeu porque Dinah queria, precisava que ele fosse até lá. Ele deu um passo a frente, e suas pernas congelaram. Sem dizer uma só palavra, Canário foi embora.

Ele ficou pensando se tinha batido e destruído o carro num poste em alguma parte do caminho até ali.

Ele imaginou se talvez ter visto o anel de esmeralda que tinha mandado fazer pra ela tinha sido a gota d'água, e talvez - talvez - ele tivesse puxado o gatilho da arma que estava guardada bem no fundo do cofre.

Ele imaginou que talvez algum nervo tivesse explodido em sua cabeça e agora ele estivesse caído no chão de seu escritório.

Porque, por Deus, era verdade que as pessoas que você mais amava vinham te acompanhar ao céu quando você morria.

E ele disse o nome, o nome que era amaldiçoado durante os três anos de seu casamento, o nome que ele mesmo evitava por causa da escuridão que ele trazia devido a crueldade do destino. Agora, se ele estava mesmo morrendo, não importava. Dizer o nome seria o fim perfeito para sua vida.

"Chloe", ele arfou, numa corrida de ar que era suave, incrédulo e aliviado. "Chloe", ele repetiu, porque ele sentia tanta falta. "Chloe--" Simplesmente porque ele podia.

E ela começou a chorar, ele viu a expressão em seu rosto. "Ollie!" ela disse em resposta. E então ela voou do canto da sala e atravessou a distância. Ele também atravessou a sala porque entre os dois, eles sempre fariam o esforço de se encontrar no meio do caminho. Ela jogou os braços ao redor dele e os prendeu ao redor de seu pescoço. Os braços dele envolveram seu corpo e a ergueram contra ele, assim estavam pressionados bem perto e com força. "Oliver."

A sensação dela, o cheiro dela, vê-la, o corpo maleável sob suas mãos. E então os quentes, dóceis lábios sob os seus.

Ele estava vivo; e ela também.

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LEGENDS: This Is How Families Grow

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5 comentários:

  1. Essas fics tristes acabam comigo, mas não consigo parar de ler.
    Dói imaginar a Chloe morta e o Ollie tentando viver com a Dinah, mas vibrei quando a Chloe apareceu depois...

    Li@h

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  2. Nossa... eu amo o jeito que essa autora escreve... é angustiante e ao mesmo tempo vai dando esperança de que tudo vai dar certo, só que não fica tudo perfeitinho, pq é meio parecido com como seriam as coisas na vida real... parabéns pra ela... Fê

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  3. Cara, chorei nessa fic do começo ao fim! XD
    Tipo, eu não tenho, nunca tive e nunca vou querer ter pena da Dinah...pra mim, ela sempre foi a maior trouxa por ter suportado tanto do Oliver...Miss Corna DC! =X

    Mas, nessa fic...cara, quando ela disse que gostaria que ele a tievesse amado pelo menos uma vez, eu desabei! =X Porque não era do Oliver desconfiado, mentiroso e safado dos HQ's, era um Oliver ferido, que tinha um amor tão grande dentro de si, que nunca poderia ser esquecido, e isso foi triste demaaaaaaaaaaaaaais! XD

    Mas é aí que me aparece...CHLOE! =~ Preciso de "This Is How Families Grow" pra ontem! =´)

    Mônica/Shann

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  4. Nossa, agora que eu comecei a ler essa história, nossa parece forte, do jeito que eu gosto... especialmente pela semelhança que tem com a vida real, porque na vida real, seria assim... não seria nada fácil... e é interessante manter um fato que é dos quadrinhos que é o fato da Dinah ser a mãe do Connor...

    Lívia

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  5. CHLOE IS BACK!!!!!
    Ainda bem, meu coração já estava apertado.

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