10.1.11

LEGENDS: This Is How Hearts Soar

TítuloÉ Assim Que Corações Disparam
Resumo: Oliver perde um passeio ao Aquário. Há algumas pessoas voltando e novas chegando.
Autora: tennysonslady
Classificação: PG-13

Histórias anteriores:
This Is How Marriages End
This Is How Families Grow
This Is How Friendships Last
This Is How Oliver Survives
This Is How Lois Becomes
This Is How Shadows Conceal
This Is How Mothers Talk
This Is How Walls Crumble
This Is How Lives Begin



Quando ela falou de novo, ela falou num momento em que ele não podia resistir. Ele estava lendo um livro com ilustrações de urso e um garotinho, e a Mamãe Urso estava segurando um pequeno humano nos braços enquanto o Papai Urso olhava emocionado. Os livros da Disney sempre tinham um jeito de desarmá-lo. Talvez fosse porque Oliver ainda se lembrava dos filmes mostrando Mogli, O Menino Lobo na sala de TV da mansão Queen sempre que seu pai vinha pra casa depois de uma longa viagem, e todas aquelas tardes quando sua mãe mostrava cenas de Cinderela e A Bela Adormecida, e lia contos de fada para Oliver quando seu pai estava preso numa reunião particularmente longa.

De seu pai Oliver tinha aprendido sobre aventura, proteção, o papel que um homem deve prover.

De sua mãe Oliver aprendeu sobre idealismo, perfeição e aquele conceito de romance que nem passava pela cabeça dos outros garotos da Excelsior. De sua mãe Oliver aprendeu que o amor era eterno.

E então ler o livro do Tarzan para Connor, enquanto Chloe estava deitada ao lado dele na cama e olhava pra ele com aqueles brilhantes olhos verdes, Oliver ficava completamente vulnerável.

"Eu vou proteger você de tudo", ele leu, e Oliver ficava maravilhado com o jeito que os olhos de Connor fechavam exaustos. Ele observou, fascinado, enquanto Chloe roçava o nariz na orelha de seu filho. "Eu vou estar com você, não chore, cantou a mãe."

Ela às vezes ria do jeito tradicional e conservador que ele trazia para a família, quando tudo mais em Oliver Queen era a encarnação liberal dos heróis americanos.

O garoto adormeceu, e Oliver fechou o livro e o colocou na mesa ao lado da cama. Chloe sorriu pra ele, mas não se levantou da cama. "Não. Eu estou exausta. Eu só quero ficar dormindo aqui." Ela bocejou, e depois disse a ele. "Quando Dinah chegar amanhã à noite, eu vou voltar para a Watchtower."

A declaração era para mostrar o fato de que a obrigação de devolver o menino que tinha sido -- se não de verdade mas que parecia -- seu filho não era um assunto pra discussão. Oliver assentiu. A Liga ia ajudar a preencher o vazio que Connor ia deixar. "Eu vou atualizar a segurança e preparar a Watchtower pra você."

Ela estaria conectada à base de dados da sede em Star City, e ele ia assegurar que a transição fosse a mais tranquila possível.

Os dedos de Chloe brincaram com o cabelo loiro de Connor. Sua voz era suave quando ela disse, "Eu vou levar Connor pra passear amanhã de manhã." Ela ia sentir falta do garoto. Era evidente em sua voz. "Vamos tomar café na praia. Depois eu vou levar Connor para visitar o Aquário. Ele quer visitar desde que viu o comercial na TV que mostrou os tubarões nadando acima das pessoas, num túnel de fibra de vidro."

Ele tinha agendado uma reunião para a manhã seguinte. Com a quantidade de assuntos que tinha a resolver com o departamento jurídico, a reunião ia demorar. E Oliver precisava resolver tudo o mais rápido possível. "Vou ver se encontro vocês para o almoço."

Chloe deu um suspiro desapontado. "Muito ocupado para ir ao Aquário?"

"Eu posso sugerir um guia melhor. Que criança de três anos tem a chance de ser acompanhado pelo Aquaman ao Aquário?" ele perguntou. Oliver se levantou e se inclinou sobre a cama, então a beijou. "Demorou muito tempo para nos casarmos", ele a relembrou. "Eu tenho que garantir que isso esteja claro em todos os meus documentos o mais rápido possível."

O medo nos olhos dela apareceram rapidamente, e com a mesma rapidez desapareceram. Ele balançou a cabeça, o gesto silencioso, familiar, e ele esperava, confortante. Só em pensar em um testamento a enchia de medo, trazia de volta as lembranças de mundos que ela tinha visto e nunca queria contar pra ele. Uma vez, ela lhe contou, sobre o mundo em que ela o havia matado, Tresser encontrou o testamento de Oliver Queen no meio dos arquivos da Queen Industries. O testamento deixava tudo para a caridade.

Neste mundo, ela era sua esposa. Ele tinha lutado muito para podê-la chamar assim, e nenhum erro ou acidente a deixaria sem o que era seu de direito.

"Eu prometo que vou encontrar com vocês assim que eu terminar."

O dia seguinte viu ele quebrar a promessa. Durante a reunião com seus advogados Oliver olhou várias vezes para o relógio, e quando os advogados sugeriram continuar a reunião mais tarde Oliver insistiu em terminar de rever e preencher os papéis. Pelo menos antes de retornar as ligações de Lois, Oliver ia garantir que os papéis estivessem prontos. Quando as emendas estavam terminadas, Oliver pegou as chaves do carro e abriu a porta.

"Sr. Queen, tem uma pessoa esperando que não tinha agendado."

"Não posso." Oliver parou quando viu a jovem se levantar do assento. Ele piscou com o que viu, tão estranho e inesperado agora que ela parecia uma aparição. Ele lambeu os lábios. Se ele estivesse segurando alguma coisa com certeza teria caído. "Mia", ele disse.

Ela tinha ido embora alguns meses depois de Chloe desaparecer, e ali estava ela -- cinco anos depois, mais bonita, mais pálida, mais triste. Uma onda de protecionismo e orgulho o invadiu. Dinah tinha dito uma vez que a falta de comunicação da garota problemática podia significar que ela estava mais no fundo do poço do que antes de Oliver entrar na vida dela. Mas ali estava ela. Ele sempre soube que ela era uma sobrevivente.

Oliver piscou, depois assentiu. "Não me passe nenhuma ligação", ele disse à sua assistente. Oliver deu um passo para o lado e acenou para Mia entrar em seu escritório.

Mia entrou e parou no meio da sala. Oliver fechou a porta.

"Você está viva", ele disse, sua voz irônica.

"E você também", a garota -- não, não era mais uma garota -- a jovem mulher tinha retornado com a mesma atitude. "No estado que você estava antes de eu ir embora, eu tinha quase certeza que você estaria morto a essa altura."

Ele olhou pra ela, a estudou, notou a força com que ela mantinha a postura, a posição de seus ombros, até a firmeza em sua voz. Ele balançou a cabeça. Em muitos aspectos ela tinha sido sua primeira criança antes dele ter o Connor.

"Então o que traz você aqui, Mia?" ele perguntou tranquilamente. "Você está precisando de alguma coisa?" Desnecessário. Qualquer ajuda que Oliver pudesse dar, a Liga também podia. Mia abaixou a cabeça. "Algum problema?"

Ela piscou para afastar as lágrimas, então clareou a garganta. Endireitou as costas. "Nada que você possa ajudar", Mia respondeu. "Eu só pensei --" Oliver viu a garganta dela trabalhar enquanto ela engolia. "Bom, eu queria ver você de novo."

Apesar da bravata, Oliver sabia que sua aprendiz estava com medo. Mais cedo ou mais tarde, ela iria contar pra ele. Ele acreditaria nisso pelo menos. Mas ele percebeu a gravidade do problema pelo jeito que ela se moveu. Ele ergueu a mão pedindo que ela esperasse e em seguida ligou para o número de Chloe. Ele deixou uma mensagem avisando que ele estava preso e não poderia encontrá-los para o almoço. "Eu amo você."

Ela olhou para a mão dele. Acenou com a cabeça na direção do anel. "Esse é novo?"

"Tenho certeza que você leu sobre isso."

Ela deu um sorriso triste. "Acredite ou não, eu não tenho acompanhado as notícias." Ela deu de ombros. "Mas eu sabia que era novo. Parece que ficou bom."

"Ficou", Oliver admitiu. Ele girou o anel em seu dedo.

"O outro parecia muito folgado." Ela lhe deu um sorriso torto. "Mesmo você insistindo que ele estava bom."

Mia sempre teve seu número, eles tinham um vínculo. Ele sentia falta de tê-la por perto, porque ela tinha toda liberdade de ligar pra ele. Oliver perguntou, "Por que você desapareceu de repente?" Ele não conseguiu esconder o traço de dor, o sentimento de traição que o preenchia.

E ela foi honesta quando respondeu. Oliver desejava que ela não tivesse sido. "Eu não conseguia assistir você se destruindo do jeito que estava naqueles últimos meses."

Mas ela tinha sobrevivido, vendo ele passar por todos aqueles meses de auto-destruição, as infinitas noites de procura, aqueles dias inteiros perdidos quando ele ficava de pé no túmulo, aquelas semanas perdidas para a bebida. Mia sobreviveu a tudo. De que destruição, ele pensou, ela estava falando? Quando ela partiu, Oliver viu que ele tinha conseguido se recuperar. Afinal, ela partiu no dia em que ele casou com Dinah.

"Eu quero que você conheça meu filho", ele disse de repente. Os olhos de Mia brilharam. "Deixa eu ver onde eles estão." Oliver percebeu o indicador de mensagem piscando, então ele abriu as mensagens.

'Ei, eu recebi sua mensagem. Espero que esteja tudo bem.' Oliver olhou na direção de Mia, que também estava ouvido a mensagem. Oliver não podia deixar de sorrir ao som da voz dela. 'Estamos no Aquário agora.' A mensagem tinha sido deixada provavelmente antes da conversa com Mia. 'AC está aqui, então está tudo bem. Ele comprou um jogo de cartas para Connor com diferentes animais marítimos e seu filho está muito feliz em ter o tio Arthur falando todos os nomes pra ele. AC está dando apelido pra tudo.' Oliver ouviu a risada de Connor ao fundo. 'Amo você.'

"Você parece feliz", Mia disse, um tom caloroso. "Eu estou aliviada. Ver você depois -- depois que ela morreu --" ela suspirou. "Não era divertido."

"Não foi divertido pra mim também, Mia", Oliver disse. Ele pegou o casaco. "Eu estou realmente muito feliz em ter você de volta", ele disse a ela. Ele não ia ouvir sobre o problema que mandou Mia correndo de volta pra ele, que tinha feito a jovem tão sentimental a ponto de procurá-lo depois de tê-lo abandonado. "Se você não se importa... eu estou atrasado para um encontro."

"Com sua mulher e seu filho", Mia completou. Oliver assentiu, estranhamente calmo pelo jeito domesticado que ela fez parecer. "Eu dirijo."

Oliver encolheu os ombros e jogou as chaves pra ela. Mia pegou em uma mão e vibrou com o feito. Ela deu um sorriso triunfante. Oliver deu risada. Era bom ver que depois de cinco anos Mia ainda era uma criança perto dele.

Oliver ligou para Chloe do carro enquanto Mia dirigia pelas estradas livres da Califórnia. "Vamos ver onde eles estão almoçando pra ir direto pra lá." O telefone tocou até ir direto para a caixa postal. Oliver tentou novamente. "Não atende." Ele jogou o telefone no painel do carro, então deu instruções pra ela em direção ao Aquário.

O telefone brilhou e o alertou em silêncio de uma ligação. Ver o nome de Chloe no visor o deixou aliviado. Oliver atendeu o telefone. "Chloe, onde você está?"

"Nós estamos no hospital", Chloe respondeu, com a voz tensa. Oliver se inclinou para a frente. "Connor estava reclamando de dor de estômago no Aquário e então ele começou a passar mal."

O garoto estava tão animado quando ele o ouviu. Mas, crianças superavam tudo quando estavam com a adrenalina alta.

Oliver entrou com o nome do hospital no GPS, e os olhos de Mia foram para as instruções na tela enquanto ela dava a volta com o carro. Seu coração bateu forte contra o peito. Mia descansou a mão em seu braço.

"Deixa eu falar com AC", ele disse suavemente.

Chloe passou o telefone para um de seus melhores amigos, e Oliver disse a ele, o mais calmo que conseguiu. "Cuida deles. Eu estou indo." Com a resposta afirmativa -- e Oliver não esperava menos -- Oliver continuou. "Como ele está?"

"Surpreendentemente resistente", AC respondeu. Oliver se encheu de orgulho paterno. "Eles acham que pode ser intoxicação alimentar, então tiraram um pouco de sangue. Ele nem chorou." AC suspirou. Sua voz ficou mais preocupada. "Você tem que conversar com ela quando chegar aqui. Ela insiste que está bem mas ela está tendo os mesmos sintomas durante o passeio inteiro, mesmo antes de Connor começar a reclamar."

Ela provavelmente estava com medo de deixar Connor sozinho para fazer seu próprio exame. Mas se ela estava bem o suficiente para estar caminhando, Oliver não ia ficar preocupado. "Eu vou falar com ela. Te vejo daqui a pouco."

Demorou oito minutos para chegar ao hospital, quando para outro motorista demoraria vinte minutos. Afinal, eles estavam indo na direção errada. Mas Oliver estava agradecido pelo jeito que sua aprendiz dirigia. Ele foi direto para a sala de espera e viu Chloe de pé perto do bebedouro. Ele foi até ela e colocou a mão em seu ombro. Chloe se virou e piscou pra ele surpresa.

Imediatamente ele percebeu a palidez, e entendeu a preocupação de AC. Ele segurou sua mandíbula e sentiu a umidade em sua pele.

"Os resultados já saíram", ela disse suavemente. "É intoxicação alimentar. O médico deu uma injeção em Connor para aliviar a dor. Agora só estão terminando o soro e podemos levá-lo embora." Chloe olhou na direção de onde Oliver imaginou que seu filho estava. Ela engoliu com dificuldade. Oliver passou um braço ao redor de sua cintura quando ela oscilou. "Eu sinto muito, Ollie", ela sussurrou. Ele podia sentir o tremor na voz dela. Ele balançou a cabeça. Ele viu no rosto dela o momento em que ela avistou Mia ao lado. Quando ela forçou um sorriso, Oliver percebeu a falta de cor em seus lábios.

"Você tem que se sentar", ele disse asperamente, desistindo de chamar uma enfermeira. Na mente dela, Connor pegou intoxicação alimentar sob os cuidados dela. Tomar a responsabilidade pra ela era uma forma de diminuir a culpa.

"Eu já liguei para Dinah e disse pra ela não se preocupar", Chloe falou. Ela se virou na direção da sala. "Eu vou ficar com ele. O soro deve acabar logo. Por que você não vai cuidar da liberação dele?"

Oliver assentiu. Ele olhou para a sala em que seu filho estava e viu Chloe sentar-se pesadamente na cadeira ao lado da cama. Sem instruções, Mia falou pra ele baixinho. "Eu fico com eles. Vai cuidar dos papéis."

E então Oliver ouviu as instruções para cuidar de Connor e assinou os papéis. AC estava de pé ao lado dele e explicou as razões pelas quais ele achava que Chloe estava mentindo sobre sua saúde -- da náusea que era evidente em seu rosto quando eles subiram as escadas para ver o tanque de arraias e o jeito como ela correu para o banheiro depois do show dos tubarões.

"Ela não comeu o mesmo que Connor no café da manhã porque não conseguiu comer nada", AC falou. "Ela só tomou café."

Para seu desgosto, apesar de sua preocupação, Oliver achava engraçado que a razão para ela insistir que estava bem era a razão mais não saudável possível.

Quando Connor foi liberado, e Chloe ainda insistia que ela não tinha sido afetada pela comida, Oliver foi pegar o filho. Connor, tão instável quanto sua lealdade, estendeu os braços para a tia Chloe e insistiu que só queria ser carregado pela tia Chloe.

"Connor", Oliver reclamou quando Chloe gemeu levemente quando Connor envolveu os braços e pernas ao redor dela. "A tia Chloe está cansada." Ele disse a ela, "Eu levo ele."

"Está tudo bem", Chloe respondeu, segurando o garoto com força. Ele podia ver nos olhos dela. Ela não ia soltar Connor por causa de um erro que ela achava que era dela.

Ele suspirou, e eles esperaram no lobby enquanto ele foi pegar o carro. O estacionamento estava cheio, e levou um tempo até ele conseguir passar na porta do hospital para pegá-los. Era em momentos como esse que ele desejava ter um motorista e não precisar se afastar de sua família nem um minuto.

Ele estreitou os olhos quando passou pela entrada do hospital e viu Mia segurando Connor, que lutava e chorava em seus braços. Oliver parou o carro e correu até ela.

Mia estava sem fôlego quando disse. "Ela simplesmente -- ela passou ele pra mim e caiu." Oliver acariciou as costas de Connor. Ele pegou o filho dos braços de Mia e se forçou a ficar calmo. "AC levou ela pra dentro."

Ele ia processar o maldito restaurante onde eles tinham tomado café. Na verdade, pra ser mais rápido, ele ia comprar o maldito lugar e fechá-lo no dia seguinte.

Oliver entrou de volta no hospital e viu AC parado do lado de fora da área de emergência. "Eu vou ficar com ela." Oliver disse a seu amigo. "Você pode--" Oliver hesitou. "Você pode levar Connor e Mia pra minha casa? O código é o mesmo." AC assentiu. "A chave está na ignição. AC--"

O que Oliver mais amava em sua equipe era que para a maioria deles ele não precisava nem pedir. Essa não era uma exceção. AC respondeu. "Eu fico com eles até vocês voltarem." Era a noite de patrulha de AC, mas ele sabia que AC arrumaria outra pessoa.

Oliver entrou na área cercada por cortinas onde Chloe havia sido levada temporariamente. AC tinha dado as informações sobre ela, e Oliver não tinha dúvidas que um quarto estava sendo preparado pra ela por causa de seu nome. Uma jovem enfermeira estava preparando a seringa para coletar sangue. Logo, Oliver viu o chefe da equipe tomar o lugar da enfermeira.

"Sr. Queen", foi o cumprimento do médico. "Vamos mover sua esposa assim que coletarmos o sangue para fazer os exames."

"Ótimo", Oliver murmurou. Ele respirou fundo, preocupado com a palidez no rosto de Chloe. Ele segurou a mão dela enquanto eles coletavam o sangue.

"Não eliminamos a possibilidade de ela ter desmaiado devido ao stress de ter trazido seu filho pra cá."

Armado com o relato de AC ele disse, "Ela está apresentando sintomas antes do Connor ser trazido pra cá."

A transferência para o quarto foi feita rapidamente. Oliver se encontrou sentado numa cadeira do quarto confortável. Ela tinha acordado no elevador durante a transferência, e com uma expressão de pânico no rosto, Oliver se inclinou e lhe garantiu que Connor estava em casa com Mia e AC. Ela fechou os olhos e voltou a se deitar na maca.

Mesmo antes dela ter desaparecido, Chloe sempre precisava de suas palavras para se acalmar. De volta no tempo era o fim do mundo, e ele lhe assegurou sua presença. Oliver imaginava exatamente o que danos ao universo tinham trazido ao seu conceito de medo, o que a fazia entrar em pânico.

"Você não precisa se preocupar", ele disse a ela. Watchtower? Watchtower nada. Não quando eles não sabiam qual era o problema. "Somos um time, lembra?" ele disse, palavras familiares, palavras de esperança nas quais ela sempre acreditava.

Ela abriu os olhos e Oliver queria se afogar nas lágrimas que os preenchiam. Hoje era pra ser um dia alegre, exceto por ter que deixar Connor ir embora, mas antes que Dinah viesse buscá-lo e eles voltassem a ter os fins de semana com o garoto. Ao invés disso, foi horror depois de horror. "O que tem de errado comigo?"

A questão também o incomodava, mas Oliver simplesmente sorriu e disse, "Nada. Você é perfeita."

Ela voltou a cabeça para a janela. Mas só dava pra ver o céu de Star City de onde estavam, um céu que ele queria compartilhar com ela só em momentos alegres, o céu que era a moldura de sua felicidade quando ficavam olhando pra ele da varanda de sua casa.

"Às vezes eu fico pensando se não fiquei doente de alguma forma depois de pular no tempo", ela disse, a voz vazia, distante.

Mas Oliver não tinha resposta pra isso. Não quando ele teve que usar toda sua força para não abrir a pasta que Lois havia lhe mandado depois que eles saíram da fazenda.

"Sabe, um daqueles mundos -- era o que eu mais odiava--"

Oliver imaginou se deveria impedi-la de continuar, mas ao mesmo tempo ele queria saber que outros mundos ela viu para que ele pudesse compreender melhor sua esposa.

"Em um daqueles mundos eu morri. Depois da troca, eu realmente morri. Mas depois de um tempo você voltou a ser feliz. Com Dinah, com Connor." Ela engoliu em seco. "Mesmo quando você acha que uma coisa é um desastre do qual você não vai conseguir se recuperar, eventualmente você volta a ser feliz."

Se isso era uma mensagem pra ele, ele não estava gostando. A rápida batida na porta foi razão suficiente para ele se levantar. Ele abriu a porta. Depois de ver quem era, Oliver saiu e fechou a porta.

"Desculpa", foi a primeira palavra que saiu da boca de Clark. "Ela escutou a ligação que AC fez pra mim pedindo pra eu substitui-lo na patrulha."

Lois foi para a frente, e Oliver bloqueou o caminho com o braço. Lois travou a mandíbula e projetou o queixo em resposta. "Agora eu também não estou autorizada a ver minha própria prima quando ela está doente?" Lois exigiu.

"Eu não quero você deixando ela triste enquanto estamos esperando", Oliver declarou.

"Ela e eu podemos discordar em algumas coisas mas eu ainda sou a única parente de Chloe aqui", ela declarou. Era uma carta que ela sempre usava, a única que ganhava dele. Mas Oliver respeitou. Como último de sua família, a carta do parentesco funcionava muito bem. Oliver abaixou o braço. Lois balançou a cabeça. "Você não sabe o quanto eu estou nervosa por você não ter me ligado. Você acha que uma briga leva embora esse direito?"

"A primeira preocupação que tivemos era quem ia ficar com meu filho", Oliver disse a ela. "Por que você não se oferece para ficar com Connor, Lois."

Lois estreitou os olhos pra ele. "Não força. Minha família é a Chloe." Lois olhou para as anotações na porta. Seu olhar caiu na aliança no dedo dele. Oliver fechou a mão. "Sra. Queen", ela comentou. "Quando eu li eu achei que era só uma fofoca de tablóide porque minha prima não ia se casar sem mim. E se ela estivesse muito emocionada pra pensar nisso então talvez você -- um dos meus melhores amigos -- iria pelo menos garantir que eu fosse convidada. Mas vocês se casaram."

"Nos casamos."

"Minha prima está casada."

Oliver engoliu em seco. "Lois--"

"Eu não vou falar nada." Oliver observou enquanto Lois entrava no quarto.

Havia muito o que se dizer sobre o medo, pensou Oliver, pois assim que Chloe viu Lois, apesar do tenso e doloroso jeito que se separaram da última vez que se viram, sua mulher se sentou na cama e abriu os braços. A tensão em seus ombros foi aliviada quando Chloe abraçou Lois com força, e Lois começou a chorar. "Eu preciso te falar", Lois soluçava. "Eu teria entrado antes se seu guarda-costas brutamontes não tivesse bloqueado a porta."

"Ollie", Chloe lhe deu um olhar incrédulo. "Você realmente bloqueou a porta?"

E apesar do tremendo exagero, Oliver estava agradecido que Lois tenha tirado Chloe de seu devaneio sobre os diferentes mundos -- num dos quais ele estava feliz sem ela. Ele imaginou se ela não tivesse visto o começo de seu casamento com Dinah, quando ele estava convencido de que seria feliz e contente. Porque sem dúvida, em qualquer mundo que Oliver estivesse, ele sabia que eventualmente o casamento ia dar errado e acabar.

Felicidade, ele descobriu depois de anos de negação, não era uma mera decisão a ser tomada.

Houve uma enxurrada de desculpas e abraços sinceros. Mas nenhuma vez, Oliver percebeu, Lois comentou sobre sua obsessão em encontrar Rokk. E nenhuma vez, apesar do jeito que Chloe disse à sua prima que ela queria que ela tivesse estado em seu casamento, Chloe mencionou que concordava com a opinião de Lois sobre como ela vivia sua vida.

Quando o médico chegou, Oliver pediu que Lois e Clark esperassem do lado de fora. Apesar do protesto silencioso de Lois, Clark levou sua mulher para fora do quarto para dar a Chloe e Oliver um pouco de privacidade. Oliver parou ao lado da cama. Ele segurou a mão de Chloe e a virou para entrelaçar os dedos.

"A boa notícia é que não há sinal de toxinas em seu sangue. Você não está com intoxicação alimentar."

Chloe se endireitou na cama. Ela apertou sua mão na de Oliver.

O médico olhou pra cima. "Eu acho que você vai ficar feliz com isso."

"O que está errado comigo?" Chloe perguntou objetivamente.

"Estresse", o médico respondeu. "Isso e, analisando seu sangue, Sra. Queen, seu nível de HcG está acima do normal. Essas duas coisas não são a combinação ideal. Você tem que ir mais devagar. Quando foi sua última menstruação?"

Oliver literalmente sentiu o momento em que seu coração parou de bater. A sala caiu em silêncio, e então pareceu que as palavras que saíam da boca do médico e de Chloe ecoavam lentamente e num tom distorcido. Ele se sentou na cama ao lado de Chloe, e sentiu a mão dela correndo por suas costas.

Quando o sangue voltou para sua cabeça, e ele conseguiu voltar a ouvir, Oliver escutou o médico dizer, "Pelo exame de sangue eu tenho 99% de certeza. Eu só queria fazer um último exame para chegar ao cem porcento."

Chloe virou os olhos arregalados e surpresos para Oliver. Ele respirou fundo e disse a si mesmo para se controlar. Oliver beijou sua têmpora e respirou devagar, então ele se levantou. Ele estava passando mal. Seu coração batia muito rápido, e sua garganta estava fechando.

"Que tipo de exame?" Oliver perguntou baixinho, e até isso foi um grande esforço.

O médico pegou um aparelho e falou sobre o procedimento, então deu a cada um deles um par de fones antes de colocar os dele. Era um atendimento excepcional, e Oliver observou com extrema atenção enquanto o médico espalhava um gel claro sobre a barriga dela. Ela arfou, e quando ele olhou pra ela preocupado ela o acalmou. "É gelado." Ele balançou a cabeça, ainda imaginando a possibilidade. O médico colocou o aparelho bem abaixo do umbigo dela e lentamente começou a movê-lo sobre sua barriga.

Chloe arfou. Oliver ouviu os rápidos sons que pareciam vir de debaixo d'água até ele perceber o que exatamente eles estavam esperando ouvir.

"Acrescente aquele um por cento aos noventa e nove. Aí está seu bebê."

Oliver jurou que ia comprar um desses aparelhos, nem que lhe custasse a empresa. Ele se virou e deu um grande beijo em Chloe.

O aparelho desceu, alguns centímetros para a direita. Oliver sorriu suavemente ao ouvir o som, mais alto agora, mais forte. Tão obviamente Watchtower. Ele viu o médico franzir a testa antes de Chloe, e ele não perguntou o que era. O que quer que fosse, ele ia permitir a Chloe permanecer na bolha de felicidade enquanto pudesse. Então ele concentrou seu olhar em cada mudança na expressão do médico enquanto o homem lentamente voltava o aparelho para sua posição inicial.

E o batimento era forte e estável. Ficou mais fraco enquanto ele descia o aparelho, mas ficou forte e claro mais uma vez.

Ele tirou os fones. Oliver exigiu uma resposta com os olhos. Por mais que fosse possível, se fossem más notícias ele queria ouvi-las primeiro.

E então, da cama, ele a ouviu dizer maravilhada. "Dois."

O médico assentiu. "Isso mesmo." O médico falou sobre os hormônios no sistema dela, o estresse que precisava ser controlado, e a exaustão que ela devia esperar. Mas a única palavra que ressoava em sua cabeça era o sussurro de Chloe. "Dois."

Eles não tinham rosto, meros sons que ele ouviu poucos minutos. E ainda assim seu coração estava repleto de emoções só com isso.

Ele respirou trêmulo. Ele não ia fingir, se controlar. Não hoje. Apesar do papel que seu pai havia lhe ensinado, Oliver estava apenas agradecido por conseguir se manter em pé. O médico deixou uma pasta com o pedido de alta, e ele sentiu Chloe puxar sua mão.

E ela estava linda, apesar da palidez e da exaustão em seu rosto.

E ele a amava, a venerava, a adorava.

Mas tudo o que ele conseguiu dizer foi, "Dois."

Então ele voltou para a cama e se deitou ao lado dela. Seu corpo tremendo com a emoção. Oliver a abraçou com força e descansou a cabeça em seu braço. Suas pernas para fora da cama, mas ele não se importou.

"Pra quem vamos contar primeiro?" ele sussurrou.

"Me dá seu telefone."

E ele teria pulado do prédio se ela tivesse pedido. Ele pegou o telefone no bolso e deu a ela. Oliver fechou os olhos e colocou a mão em sua barriga, tentando relembrar os sons dos batimentos sob sua pele.

"Mia. Eu estou bem. Obrigada", ele ouviu Chloe dizer. "Posso falar com Connor?" Houve uma pausa. Ele sentiu os dedos dela brincando em seu cabelo. "Oi docinho", Chloe disse alegremente. "Eu sei. Eu sinto muito ter assustado você. Eu estou bem agora. Eu só fiquei um pouco doente como você."

Mesmo com o telefone não estando no viva-voz, o filho de Oliver estava tão empolgado que ele o ouviu gritar. "Por quê?"

"Eu vou ficar doente e bastante cansada, mas é porque eu estou fazendo os melhores presentes do mundo", ela disse ao garotinho. "Nós vamos ter novos bebês, papai e eu. Ainda não sabemos. Eles estão muito pequenos e não dá pra saber. Mas não esqueça, nós amamos muito você."

E então, para a surpresa de Oliver, Chloe lhe passou o telefone. "Ele quer falar com você."

Oliver colocou o telefone no ouvido, mas não se moveu da posição confortável em que estava. Não importa que Lois e Clark estivessem esperando lá fora para saber o que o médico havia dito. Em seu ranking eles definitivamente vinham depois de Connor. "O que foi campeão? Sim, eu ouvi o que a tia Chloe falou. É verdade."

O pedido de seu filho o fez dar risada. "Nós vamos ver o que podemos fazer, Connor. Vemos você dentro de uma hora."

Ele desligou o telefone, então deu um grande sorriso para Chloe. "Connor gostaria que levássemos pra casa meninas -- menos chance delas pegarem os dinossauros dele." Relutantemente, Oliver se levantou. "Obviamente meu filho não sabe quanto problema ele vai ter para espantar os rapazes se ele tiver duas irmãs mais novas tão lindas quanto a mãe."

Ele a ajudou a descer da cama, e Chloe segurou a blusa quando Oliver pegou uma toalha de papel no banheiro e limpou o que tinha restado do gel em sua pele. Quando sua barriga estava seca, ele deu um beijo abaixo de seu umbigo. Isso ia se tornar um hábito. Ele podia sentir.

"Eu amo você", ele disse enquanto beijava seus lábios.

Ela repetiu as palavras, então disse. "Quanto você quer apostar como Mia e AC já sabem a essa hora?"

Havia se passado cinco minutos desde que Connor havia descoberto. A porta foi aberta. "Eu sou a nona pessoa a saber?" veio a exclamação de Lois. "Eu estava aí fora!"

Connor tinha contado para Mia e AC. AC mandou uma mensagem para Victor, Bart, Dinah, J'onn e Clark. Clark contou para Lois. Ou Lois descobriu de outro jeito. Nona. Deve ter sido isso. E o médico, claro. Mas Oliver não ia corrigi-la e descê-la mais uma posição no ranking.

Então Oliver lhe deu a notícia que ele duvidava que Connor tivesse passado claramente à equipe. "Vamos ter gêmeos." E mesmo que estivesse dizendo para Lois, as palavras vindas de sua boca pareciam fantásticas o suficiente para trazer um sorriso em seus próprios lábios. Ele olhou de volta para Chloe. Ela sorriu, e ele podia ver a mão que tinha seu anel de casamento descansando sobre a barriga. Seu coração apertou.

Não. Hoje ele não estava no controle de nada.

Se ele achava que a amava ontem...

Ele imaginou quando inventariam uma palavra para o que ele estava sentindo hoje.

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4 comentários:

  1. AngeliqueBeauPre11 janeiro, 2011

    awwwwww gêmeos... que lindo!!!!!! amei!!!!!

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  2. "Se ele achava que a amava ontem...

    Ele imaginou quando inventariam uma palavra para o que ele estava sentindo hoje."

    Essa autora me mata do coração!
    Definitivamente o cap mais lindo da fic =)

    Mônica

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  3. Nossa, a descrição do que ele sente quando o médico dá a entender que ela está grávida, é simplesmente perfeita... Sem comentários...

    "Se ele achava que a amava ontem...

    Ele imaginou quando inventariam uma palavra para o que ele estava sentindo hoje."

    Essa autora me mata do coração!
    Definitivamente o cap mais lindo da fic =) [2]

    Lindo!!!!

    Lívia

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  4. Lindo demais esse capitulo!!!
    Gêmeos!! Oba! Eu tb quero q sejam meninas.
    E a reação da Lois ao saber q foi a nona pessoa ao receber a notícia??? Impagável kkkkkkkk

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