10.5.11

The First (Real) Pillow Talk

TítuloA Primeira Conversa (De Verdade) Na Cama
Resumo: Na intimidade escura e silenciosa do quarto de Oliver, as conversas gradualmente se tornam reais.
Autora: fickery
Categoria: Levemente Angst
Classificação: PG-13
Spoiler: até Escape

The Firsts Series:
The First (Purely Personal) Phone Call
The First Night At Oliver's
The First Morning At Oliver's
The First (Sort Of) Fight
The First Bubble Bath
The First Weekend Getaway
Truth And Tequila: The First (Post-Oliver) Girl Talk



A primeira coisa que ele pensou era que estava mesmo em apuros quando ela falou sobre a mãe, e chorou em seus braços.

Não era como se ele não soubesse que tinha sentimentos por ela. Fortes. Ele sentia a necessidade constante de se censurar, verbalmente pelo menos, para não assustá-la; não forçá-la muito cedo. Ele se sentia livre para se expressar fisicamente, pelo menos quando estavam sozinhos. O jeito que olhava pra ela, a abraçava, a beijava, há muito tempo tinha ultrapassado a farsa do amigos com benefícios. Ele sentia essa liberdade porque ela também sentia. Ela era completamente desinibida tanto na cama quando fora dela - era doce, carinhosa, cuidadosa; ele se atreveria a dizer? Amável.

Algumas vezes ultimamente ela saía do elevador, jogava a bolsa em qualquer lugar e ia direto para os seus braços, nenhum dos dois se incomodando em esconder a felicidade por estarem juntos.

Talvez fosse um dos efeitos colaterais em ser tão intelectual e verbal como era; era como se ela acreditasse que nada disso importava, como se não quisesse admitir o que realmente estava acontecendo entre eles, enquanto nenhum dos dois de fato dissesse as palavras.

Ela estava passando pelo menos três noites por semana em seu apartamento.

Eles estavam dormindo juntos há semanas, e no começo a conversa depois do sexo era leve, sensual, galanteadora. Eles brincavam um com o outro, jogavam joquei-pô para ver quem ia se levantar para pegar mais água (ele sempre acabava indo, porque ele era cavalheiro a esse ponto) e faziam cabo de guerra com o edredom (ela reclamava que ele roubava a roupa de cama; ele se defendia dizendo que era maior e precisava de mais, mas sempre se voluntariava para ele mesmo mantê-la aquecida).

Algumas vezes falavam sobre trabalho - Queen Industries ou a Liga - ou ele falava sobre as patrulhas da noite anterior, se ela não tivesse lhe dado suporte. Falavam sobre seus amigos e colegas, notícias locais. Ele contava sobre os lugares para onde tinha viajado e ela sobre os lugares exóticos que sonhava conhecer um dia.

Enquanto ficavam cada vez mais confortáveis um com o outro, suas conversas de fim de noite foram entrando em territórios mais profundos. Algo sobre a intimidade de estarem deitados juntos no quarto silencioso de Ollie e iluminado apenas pela lua, abraçados mas não se olhando, deixando mais fácil tocar em assuntos mais sensíveis. Sob o braço dele, a cabeça em seu ombro, ela acariciava levemente seu peito com as pontas dos dedos. Ele brincava com seu cabelo e acariciava suas costas enquanto olhava para as estrelas no horizonte.

Por um acordo tácito, não discutiam Jimmy ou Lois, ou qualquer um dos relacionamentos prévios dos dois.

Com o passar do tempo se sentiram seguros o bastante para discutir até assuntos controversos - política, religião e espiritualidade - e até o tópico mais difícil para os dois: família.

Uma noite, estavam relembrando momentos preferidos de infância: ele, enquanto seus pais ainda estavam vivos; ela, enquanto seus pais ainda estavam juntos. A lembrança dela envolvia uma festa de aniversário. Ele percebeu, não pela primeira vez, que seu tom mudava quando falava de seu pai, sua voz assumia um leve distanciamento, um tinido de alguma coisa que ele não conseguia identificar exatamente -- desapontamento? Dor? Raiva?

"Você fala muito pouco sobre ele", ele arriscou. "Seu pai."

"Ele não fica muito por perto." O tom em sua voz era indiferente, mas ele podia senti-la um pouco mais tensa. Sua guarda estava de pé.

Ele acariciou seu ombro. "Por quê?" ele perguntou gentilmente. "Quer dizer, eu sei que vocês ainda se falam pelo telefone às vezes. E você manda email." ele também tinha notado que Gabe não esteve no casamento dela com Jimmy, e ele lembrava de ter percebido isso na época; mas depois de saber que Chloe estava possuída/infectada/o que quer que seja por Brainiac, ele imaginou que uma Chloe influenciada por Brainiac ou tinha garantido que Gabe não ficasse sabendo do casamento a tempo de comparecer, ou tinha feito algo para desencorajá-lo, com medo que ele percebesse o que ninguém da equipe viu - que Chloe não estava sendo ela mesma. Isso deve ter criado uma grande brecha, e ele se perguntou se algum dia seria reparada.

Ela suspirou. "Eu acho que ele chegou num ponto onde não aguentava mais as estranhezas de Smallville. Depois de tudo dar errado com os Luthors, ele meio que.. desistiu. E eu entendo isso, de verdade. Não é como se ele pudesse encontrar um emprego depois daquilo."

"Mas ele deixou você ficar aqui numa boa?" ele perguntou cuidadosamente.

"Eu estava bem determinada a ficar aqui." Ela olhou pra ele. "Você pode não ter percebido, mas eu posso, ocasionalmente, ser um pouco teimosa."

Ele sorriu. "Não me diga. Essa é uma informação completamente nova." Ele a abraçou. "Então... você não ficou chateada por ele ter ido embora?"

Ela ficou em silêncio por um longo momento. "Eu não sei como responder isso. Por um lado, eu aprecio que ele tenha me tratado como adulta e me deixado tomar a decisão de ficar. Por outro lado - eu não sei, talvez eu sinta que ele deveria ter ficado mais preocupado comigo, ou talvez não tivesse deixado tão facilmente. E de algum jeito eu sei que isso não é justo."

"Você alguma vez disse isso a ele?"

Ele sentiu, mais do que viu, ela balançar a cabeça. "É tudo passado agora, não é?"

"É, mas... parece que isso ainda está afetando seu relacionamento com ele."

"Eu não sei o que eu poderia dizer a ele na verdade", ela disse, sua voz tão suave que ele teve que se esforçar para ouvir mesmo no silêncio do quarto. "Não é algo que você diz pelo telefone, e eu acho que isso o deixaria mais na defensiva. Nós... não somos mais tão próximos quanto antes."

Ele escolheu cuidadosamente suas próximas palavras, não querendo parecer que estava dando um sermão ou julgando. "É só que... na minha opinião, se você tem um pai ou mãe que está disponível e te ama, vale o esforço de manter uma boa relação."

Sua voz estava mais forte agora, mas deliberadamente neutra. "Então a responsabilidade é minha? Ele foi embora, mas sou eu que tenho que correr atrás?" A história da minha vida, ela não acrescentou, mas Oliver fez uma careta, as palavras não ditas tão claras que ele podia praticamente senti-las pairando sobre a cama.

Ele apertou o braço ao redor dela. "Eu não estou dizendo que é justo. E nem estou dizendo que isso consertaria tudo. Mas ele deveria saber como você se sente. E você deveria ouvir o lado dele da história. Talvez ele se sinta envergonhado ou culpado por ter deixado você aqui e não sabe como admitir. Talvez ele tenha medo que você o culpe, ou mesmo que você não precise mais dele agora que cresceu." Talvez ele ainda não entenda porque não foi convidado para o seu casamento. Ele beijou o alto de sua cabeça gentilmente. "Seria uma coisa se você não se importasse, mas você obviamente se importa."

Ela suspirou. Ele estava certo, embora ela não pudesse se fazer admitir ainda. "Desculpe", ela murmurou. "Eu não quis descontar em você."

Ele tirou o cabelo de seu rosto. "Eu perguntei", ele disse simplesmente. "E você não descontou nada em mim. Eu gosto de saber o que você está pensando."

"Sim, porque ouvir sobre os problemas que eu tenho com meu pai é muito sexy", ela disse secamente.

"Ei." Ele levantou seu queixo, embora seus olhos ainda estivessem nas sombras. "Eu achei que nosso trato era de sermos amigos em primeiro lugar. Você pode me contar coisas como essas. Além do mais", ele acrescentou. "Eu já sabia que você era uma mulher complicada. Se você acha que isso te deixa menos sexy pra mim, melhor pensar duas vezes." Ele sentiu o ar contra seu peito enquanto ela dava risada. Ele virou o corpo na direção dela para envolvê-la com os dois braços, e a beijou novamente, dessa vez sua têmpora. Eles ficaram em silêncio novamente por mais alguns minutos.

Ele quebrou o silêncio hesitantemente. "E sua mãe?" Por mais estranho que fosse, ele se sentia menos desconfortável em trazer esse assunto do que falar sobre o pai dela. Porque ele e Chloe já tinham conversado sobre a mãe dela antes.

Foi ele quem encontrou um lugar para cuidar dela há quase três anos atrás, numa clínica muito exclusiva e cara de Star City. Na época ele disse a Chloe que a levaria lá sempre que ela quisesse ver sua mãe. Ele também se ofereceu para acompanhá-la durante as visitas para lhe dar apoio. Ela aceitou sua oferta quatro vezes.

Nas primeiras vezes ela timidamente perguntou se podia acompanhá-lo quando ele estivesse voltando pra Star City a negócios. Ele lhe disse que ela não precisava esperar por isso, mas ela insistia que ele não fizesse uma viagem especial só por causa dela.

Essas primeiras vezes pareceram ter corrido... bem. Ela estava sempre apreensiva no voo  nervosa no carro a caminho da instalação. Ele sempre entrava no quarto junto com ela, dizia oi e tchau para Moira no início e fim das visitas, mais por educação e numa tentativa de passar confiança para Chloe, porque ele sabia que Moira não fazia ideia de quem ele era ou porque estava ali. Chloe sempre ficava quieta no caminho de volta. Ele não sabia se ela fazia as visitas por um senso de dever, ou porque realmente achava que Moira gostava das visitas, ou talvez ela mesma gostasse.

Da última vez ele teve que cancelar na última hora por causa de problemas nos escritórios de Metrópolis. Chloe tentou protestar que ela podia esperar, mas ele insistiu que ela não cancelasse a própria viagem por causa dele. Pensando bem essa deve ter sido uma péssima ideia.

Ele não sabia se a condição de Moira havia piorado - embora não pudesse imaginar o que podia ser pior para alguém em estado catatônico - ou se um membro da clínica tinha dito alguma coisa a Chloe, ou se a presença dele de fato lhe trazia mais conforto do que ele imaginava. Mas a tripulação do voo tinha lhe informado que Chloe havia chorado durante todo o voo de volta para Metrópolis. E essa tinha sido sua última visita, há quase um ano atrás.

Ele tinha reiterado sua oferta algumas vezes, o mais gentilmente possível, não querendo fazê-la sentir como se ele esperasse que ela se sentisse culpada se não a visitasse, só queria lembrá-la que a oportunidade estava lá. Todas as vezes ela lhe agradeceu, um sorriso educado em seu rosto inexpressivo, e não tinha feito nenhuma visita.

"O que tem minha mãe?" Sua voz revelava que a guarda estava de volta, mas ela não ficou tensa dessa vez.

"Você também nunca fala dela."

"O que tem pra ser falado?" Chloe estava tentando usar um tom leve, mas acabou soando um pouco frágil. "Ela está doente, mas está tendo o melhor tratamento possível numa das melhores clínicas do país, graças a incrível generosidade de um extremamente carinhoso amigo, a quem eu devo minha total gratidão."

"Você já me agradeceu por isso, Chloe. Repetidamente. Até onde eu sei você não precisa mais agradecer. É o tipo de coisa que qualquer amigo faria se tivesse condições. E acontece de eu ter condições."

Ela balançou a cabeça e olhou pra ele antes de beijar suavemente sua mandíbula. "É aí que você se engana. Muitas pessoas nem teriam oferecido, mesmo se tivessem os meios."

Ele levou a mão até seu rosto, acariciando com o polegar. "O jatinho ainda está disponível sempre que você quiser vê-la", ele a relembrou. "E você não vai sozinha desta vez. Eu vou com você."

"Sua tripulação me entregou da última vez, entendi", ela disse ironicamente. Um sorriso surgiu no canto da boca dele, mas ele não cedeu.

"Por que você ficou tão mais triste daquela vez?"

Ela deitou a cabeça em seu peito. "Eu não sei. Acho que a ficha caiu de uma vez. Eu me sinto melhor e pior quando vou vê-la. Eu não sei se ela realmente sabe que eu estou ali e me entende. Eu acho que talvez sim, mas muitas famílias de pacientes em estado catatônico ou em coma se convencem disso, e é mais animador pensar assim." Ela engoliu em seco audivelmente. "E se ela sabe que eu estou ali, eu não sei se me ver ajuda ou a deixa pior. Eu sempre acabo me sentindo confusa sobre ela. Como estar feliz por ela não ter nenhuma doença cerebral, mas em seguida descobrir que ela tinha poderes por causa dos meteoros. E que ela simplesmente não levantou e nos abandonou sem razão, mas então de qualquer jeito ela ainda está longe."

Ele achou que tivesse sentido algo úmido em seu peito. Ela estava chorando? "Eu senti tanta falta dela enquanto estava crescendo", ela sussurrou. "Meu pai tentou tanto, mas às vezes eu só queria uma mãe. Quando eu tive minha primeira menstruação... conversar sobre garotos..." - ela deu uma pequena risada - "Talvez ela tivesse me ajudado a me livrar da minha estúpida paixão pelo Clark. Comprado o vestido da minha formatura..."

E então ela estava realmente chorando. Ele a abraçou com força, balançando-a levemente, acariciando suas costas enquanto ela soluçava em seu pescoço, os braços dela apertados ao redor dele. Ele não tentou fazer com que ela parasse de chorar, reconhecendo que ela precisava daquele momento de catarse que todo mundo precisa quando segura as emoções por muito tempo.

A força de suas próprias emoções o pegaram de surpresa. Ele foi tomado de uma enorme necessidade de protegê-la: de protegê-la fisicamente de algum ferimento com seu próprio corpo, do jeito que ele a estava abraçando agora; de acalmá-la e amá-la, confortá-la e mandar toda sua dor embora e impedir que alguém jamais a fizesse se sentir desse jeito novamente; e de fisicamente machucar qualquer pessoa que tentasse.

Ele não conseguia se lembrar de se sentir desse jeito com ninguém. Nem mesmo com Tess ou Lois. Talvez tivesse alguma coisa a ver com o fato das duas mulheres serem fisicamente maiores que Chloe e soubessem artes-marciais e técnicas de auto-defesa, mas ele não achava que fosse por isso. Isso vinha de algo muito mais profundo do que um mero cavalheirismo.

Finalmente ela foi parando de chorar. Ele beijou carinhosamente tudo o que alcançava: seu cabelo, ombros, testa, têmporas; e continuou a acariciar suas costas. Ela fungou, e enxugou o rosto com a mão.

"Deus, eu sinto muito. Eu não queria chorar no seu ombro. Literalmente." Ela parecia desgostosa.

Dessa vez ele beijou seus lábios. "Não se atreva a pedir desculpas. Obviamente você precisava colocar isso pra fora."

"É só que... ninguém me pergunta sobre ela", ela disse. "Nem mesmo Clark, ou Lois. Meu pai mal fala sobre ela. Eu sei que é porque eles não sabem o que dizer. Eles acham que vão me magoar. Mas às vezes eu... eu preciso falar sobre ela, sabe? Senão vai ser como se ela realmente estivesse morta, ou pior, como se ela nunca tivesse existido."

Ele se afastou para ver seu rosto, agora marcado com as lágrimas. Ele as afastou. "Você pode falar sempre comigo, Chloe. Eu quero que você fale. Talvez se você falar dela mais vezes isso não doa tanto." E apenas talvez, se você falasse sobre essas coisas, pudéssemos superar juntos alguns dos seus problemas de envolvimento.

Ele podia vê-la esboçar um sorriso. "Você é tão gentil." Ela fungou novamente. "Você tem um lenço?"

*_*_*_*

Algumas noites depois, ela tentativamente falou sobre os pais dele. Ele não sentia nenhuma grande necessidade de falar sobre isso, do mesmo jeito que ela. É claro que ele ainda pensava neles, brincava de 'e se' em sua mente algumas vezes, mas de verdade, ele estava bem.

Mas ela tinha perguntado, e ela tinha falado sobre os pais dela, e era justo que se ele esperava que ela se abrisse então ele também deveria.

Eles estavam deitados nos travesseiros dessa vez. Ela estava sob seu braço, mas meio de lado, meio de frente. Era uma noite de lua cheia e o céu estava claro, então havia pouca luz no quarto. Os olhos verdes dela eram grandes e brilhantes enquanto observava seu rosto enquanto ele falava, acariciando seu cabelo, seu rosto.

Então ele lhe contou o que lembrava sobre alguém lhe contando que seus pais não iam voltar pra casa. Ele falou sobre a foto que mais gostava de seus pais, uma em que eles estavam jovens e felizes segurando ele quando pequeno, e como depois da morte deles ele ficou olhando para a foto até que a imagem ficasse gravada em suas retinas, mas a foto acabou ficando borrada. Ele falou sobre os feriados de Natal e Páscoa, quando não tinha aula, mas ele não ficava nem um pouco animado com eles pois não tinha uma família como a maioria dos outros garotos.

Ele contou como a cada seis meses ele ainda comprava um novo vidro do perfume que sua mãe usava para sentir o conforto do cheiro familiar (e como algumas de suas namoradas iam embora depois que descobriam o vidro, já que era algo que ele não se importava em explicar); e como ele nunca encontrou uma colônia masculina ou pós-barba que tivesse o cheiro de seu pai, então ele encomendou em um laboratório que recriasse aquele cheiro particular do escritório dele, uma mistura de madeira e sândalo, couro, caixas de cigarro, livros velhos e uísque.

Ele falou e falou, mais do que queria, mais do que achou que houvesse dentro dele, na verdade. Ele nunca havia dito a maioria dessas coisas a ninguém, nada além do que uma versão resumida. Ele nunca quis falar pra alguém desde que era criança.

Ele se perguntou se isso a assustaria se ele lhe dissesse, mas suas defesas estavam baixas e ele quis dizer. "Eu queria que meus pais tivessem conhecido você."

Ela mordeu o lábio e piscou rapidamente por um momento. "Eu queria tê-los conhecido também, Ollie. Eu adoraria falar pra eles que filho maravilhoso eles tiveram. Eles ficariam tão orgulhosos de você."

Ele se virou para olhar pra ela, seus olhos castanhos sérios nos dela. "Será? Eu cometi tantos erros, fiz tantas coisas que eu sei que eles não teriam concordado, não teriam aprovado. Como você sabe se eu não seria uma grande decepção pra eles?"

"Ollie", ela suspirou. Ela desviou o olhar por alguns segundos, tentando pensar em como dizer o que queria.

"Nós não temos o luxo do absolutismo moral. Não podemos simplesmente nos sentar e colocar nossos valores acima de todos os outros, quando pessoas estão em perigo, presas, torturadas, passando por experimentos. Quando todo o planeta está em risco. Para o bem ou para o mal, nós agimos. E sim, cometemos erros. Nós dois. Somos humanos. Mas eu espero que aprendamos com eles. E... eu prefiro cometer erros tentando fazer alguma coisa do que ficar sentada, passiva, feliz por não dar um passo errado, e sentindo como se isso fosse suficiente, que mesmo que o mundo implodisse, pelo menos eu poderia dizer a mim mesma que não sujei minhas mãos." Os dois sabiam de quem ela estava falando. "Você não é perfeito, Oliver. Mas você está lá fora todo dia, tentando ajudar, tentando proteger as pessoas que precisam." Ela colocou o rosto nas mãos dele, beijando-o carinhosamente uma vez, e depois novamente, e olhou em seus olhos.

"Não há nenhuma dúvida em minha mente de que se seus pais estivessem aqui eles estariam orgulhosos de você", ela disse suavemente. "Se vale de alguma coisa, eu sinto orgulho de você."

Ele respirou fundo tremulamente e a puxou contra ele, abraçando-a provavelmente mais forte do que era confortável, mas ela não reclamou, ao invés, ela passou os braços ao redor dele, roçando o rosto contra o dele. Agora era sua vez de confortá-lo, deixando uma trilha de beijos carinhosos em seu rosto, em seu cabelo.

"Isso vale tudo pra mim, Chloe", ele disse com a voz rouca. Naquele momento ele percebeu o quanto isso era verdade. Como isso tinha acontecido? Ele se perguntou. Como ela tinha se transformado de uma adolescente, amiga de Clark e prima de sua namorada, a sua sidekick, sua amiga, sua colega de trabalho, sua confidente, sua melhor amiga, seu amor e centro do seu universo? Tinha acontecido tão gradualmente que ele nem tinha visto. Como ela tinha ser tornado a pessoa cuja opinião importava mais do que tudo no mundo?

Ele entendia, então, que ele não tinha como sair disso com o coração intacto. De algum jeito ele sabia desde o primeiro beijo na Watchtower, mas ele estava conscientemente encarando pela primeira vez. Se teve algum momento em que ele teve escolha quanto a se apaixonar por Chloe, esse momento era um ponto pequeno em seu retrovisor, e ele ainda estava acelerando nesta estrada.

Ele encostou a testa na dela e fechou os olhos. Nesse momento tudo o que ele podia fazer era aguentar firme, e esperar que ela ainda estivesse sentada ao seu lado no banco do passageiro quando finalmente alcançassem seu destino.

______________________________________

_________________________________________________________________

5 comentários:

  1. Ai que lindo!!!!! Esse é o meu texto preferido... todos são maravilhosos, mas esse, sei lá... tem algo especial... o carinho entre eles, a preocupação de um com o outro... lindo, lindo, lindo!!!!

    Patrícia

    ResponderExcluir
  2. oh my god... que fofo que é o Ollie, jesus... esse capítulo realmente lindo de morrer... tão forte e tão sentimental... amei!!!!!!!

    ResponderExcluir
  3. Caracas, a Chloe já merece um prêmio só por conseguir raciocinar estando na cama com Oliver ^^

    Vilm@

    ResponderExcluir
  4. AAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!

    Que lindo!!!!!!!!!!!!!!

    Emocionada!!!!!!!!!!!!!!

    ResponderExcluir
  5. o Ollie ta caidinho por ela, q lindo essa relação de cumplicidade e amor!

    ResponderExcluir

Google Analytics Alternative