Good Fences 8/8

Título: Good Fences
Resumo: Pós-Conspiracy. As coisas vão de mal a pior quando Chloe e Oliver não conseguem fazer as pazes.

Autora: happycabbage75
Classificação: PG-13

Nota da Autora: Sempre me pareceu muito fácil, ir da raiva de Oliver quando Chloe pegou seu dinheiro sem pedir, para o fim de semana feliz na pousada. Então esta história é uma pequena ponte entre os dois episódios.
Nota: A Sally (happycabbage75) deu uma passadinha aqui no blog e pediu para agradecer a todos pelos comentários. Bem, comentários devidamente agradecidos, vamos ao capítulo final...

Um :: Dois :: Três :: Quatro :: Cinco :: Seis :: Sete

Chloe ficou bem perto de Oliver enquanto entravam no restaurante. Ela estava surpresa por ele não ter protestado que ela viesse junto, mas independente do ataque, ele não tinha considerado a possibilidade dela ficar pra trás ou de algum jeito monitorar o encontro pela Watchtower. Qualquer que fosse a razão, ela ficou perto, pronta para segurá-lo se ele cambaleasse e pra ajudá-lo qualquer que fosse o plano.

O pequeno restaurante estava vazio com exceção de uma mesa bem no centro. Um homem sentado enquanto outros dois estavam de pé atrás dele e que praticamente tinham a palavra 'bandido' tatuada em suas testas. O homem sentado, Moretti, estava na casa dos cinquenta, o cabelo arrumado e com um terno caro, embora não se comparasse ao que Oliver estava usando. Ele era tão feio quanto Oliver era bonito, e ela não estava falando apenas da aparência. Fisicamente, ele não era horrível, mas tinha alguma coisa nele. Ele era tão repulsivo quanto Oliver era atraente.

Oliver liderou o caminho até a mesa. Moretti não se levantou enquanto se aproximavam, claramente sinalizando que ele estava no comando e que eles estavam indo até ele como suplicantes.

A mesa estava posta pra dois, então Oliver pegou uma cadeira de outra mesa e colocou perto da dele, segurando-a gentilmente para Chloe se sentar primeiro. Chloe se sentou, e então Oliver se sentou na outra cadeira, colocando as mãos no colo. Por alguns momentos, eles ficaram sentados em silêncio, e Chloe tinha a sensação de que estava vendo crianças brincando pra ver quem piscava primeiro.

Finalmente, foi Moretti quem cedeu. "Sr. Queen... Posso te chamar de Oliver?"

"Claro", ele disse facilmente. "Somos todos amigos aqui." Oliver sorriu genialmente e Chloe olhou pra ele pelo canto do olho. Ele parecia completamente relaxado e até afável. O único senão, e ela duvidava que alguém tivesse percebido além dela, eram algumas linhas ao redor de seus olhos que mostravam o quanto ele estava realmente nervoso.

"Eu tenho que dizer", Moretti olhou para Oliver de cima a baixo. "Você não parece tão bem quanto da última vez que eu te vi." Oliver estava branco feito papel, o corte sobre o olho coberto com um band-aid, as mãos evidenciavam que ele havia brigado, e os círculos escuros sob os olhos estavam tão pretos que pareciam estar machucados.

"Eu acabei de comprar esse terno", Oliver disse, fingindo não ter entendido. "Talvez esse não seja o melhor trabalho do meu alfaiate. Ele está ficando velho." Ele fez um show dando um tapinha nas lapelas. "Mas o que eu posso fazer? Ele está com minha família há anos."

Moretti deu de ombros, como se quisesse dizer que sabia os problemas da vida de um bilionário. "Você quer beber alguma coisa?" Ele gesticulou para um dos bandidos, já que o restaurante parecia vazio.

"Não, obrigado." A expressão agradável de Oliver desaparecendo por um momento e Chloe sabia que ele estava sentindo uma dor inacreditável. Se forçar a se sentar e parecer bem era uma tortura. "Vamos direto ao ponto, pode ser?"

"Muito bem." Moretti estendeu a mão embaixo da mesa e pegou uma maleta. Ele pegou uma pequena pilha de papeis e colocou na mesa. Ele olhou para Chloe, momentaneamente curioso. Moretti empurrou os papeis de modo que ficassem bem na frente de Oliver. Ela viu que havia alguns locais marcados, onde ele deveria supostamente assinar.

"Eu sinto muito que tenhamos chegado a isso", Moretti disse.

Chloe não achou que ele parecia sentido. Ele parecia triunfante. Oliver parecia ter sido um espinho no caminho dele. Ela quase sorriu. Se tinha uma coisa em que Oliver era bom, era em causar problemas aos bandidos.

"Me permita." Moretti pegou uma caneta do bolso do casaco e a colocou sobre os papeis. "Assine o contrato e essa situação desagradável vai acabar. Os negócios vão voltar ao normal." Quando Oliver não pegou a caneta, o homem franziu a testa. "Olha, Queen... isso já foi longe demais. Você não tem opção. Assine."

Oliver inclinou a cabeça para o lado, estudando seu oponente. "Não, eu acho que não."

"Como é?"

"Já que estamos sendo tão amigáveis", Oliver respondeu. "Então permita que eu me faça bem claro."

Moretti estreitou os olhos e apertou os lábios, nada satisfeito com o tom menos subserviente de Oliver, enquanto seus bandidos se irritavam com o desrespeito a seu chefe. "Continue."

"Eu não vou nem agora, nem nunca, fazer seu serviço sujo." Oliver colocou uma mão sobre os papeis e os empurrou de volta a Moretti.

O mafioso estava com um olhar assassino. "Você esqueceu-"

"Eu não esqueci de nada", Oliver disparou, todo o fingimento de afabilidade indo embora. "Seu assassino de aluguel está sob a custódia da polícia e se você entrar em contato com seus homens, vai descobrir que eles não estão mais compartilhando da companhia da minha funcionária. Isto é, se eles já saíram do hospital já estão na cadeia."

Moretti estalou os dedos e o bandido nº1 caminhou em direção ao fundo, pegando o telefone. Todos esperaram enquanto ele falava baixinho com alguém do outro lado da linha. Depois disso houve silêncio completo enquanto Oliver e Moretti voltavam a se encarar. Chloe podia muito bem não estar lá considerando a atenção que estavam lhe dando. Finalmente, o telefone do bandido nº1 tocou. Ele ouviu brevemente, então afastou o telefone. "Um está no hospital, o resto na cadeia", ele grunhiu.

Moretti não disse nada, mas seu pescoço ficou vermelho como uma lagosta enquanto sua raiva e pressão sanguínea aumentavam.

"Então deixe eu te dizer como ficam as coisas", Oliver falou secamente. "Você não vai chegar perto de mim, minha companhia ou meus empregados novamente."

"Você-"

"Eu não terminei", ele falou. "Enquanto você estava me ameaçando ou fazendo exigências ou seja lá o que você acha que estava fazendo, eu também estava ocupado." Toda a atenção de Oliver estava em Moretti, a expressão furiosa. "Sua casa está hipotecada." Ele apontou para os bandidos atrás de Moretti. "Assim como a deles. Então todas as casas dos seus empregados, seja lá em que nível estejam, são virtuais. Eu comprei todas. Seus negócios, os legítimos pelo menos, tinham feito vários empréstimos em vários bancos. Alguns dos seus negócios são na área dos alugueis. Eu comprei todas as propriedades e cuidei de todos os empréstimos." Oliver se inclinou pra frente na cadeira. "Se você tocar num fio de cabelo de alguém do meu pessoal, eu vou aumentar o valor do aluguel de tudo e vou cobrar todos os empréstimos."

Moretti estava boquiaberto como um peixe fisgado. "Você... você não pode fazer isso!"

"Você tem quatro filhos legítimos, todos adultos, e duas amantes com filhos ilegítimos cada uma com um", Oliver declarou.

Moretti arregalou os olhos a ponto de parecer quase cômico. "O que... como você..."

"Eu também sou dono dos alugueis das casas onde elas moram. Os empréstimos para pagar o colégio, as contas do médico, os cartões de crédito. Os carros financiados. Eu vou executar a hipoteca das casas delas. Eu vou exigir o pagamento do resto. Se eu for pressionado eu vou garantir que todo mundo associado a você seja demitido. Você, sua família, seus empregados, seus pais, esposas, filhos." O olhar de Oliver era gelado, mortal. "Eu vou financeiramente arruinar todos vocês."

"Mas você..." Moretti e seus dois bandidos pareciam estupefatos. A própria Chloe estava impressionada. Ela não fazia ideia do quanto Oliver esteve ocupado nas últimas semanas. Ele certamente não estava brincando quando disse que tinha um plano.

"Você ameaçou meus empregados e minha companhia, duas coisas que eu não vou admitir." Oliver se recostou na cadeira, mais uma vez parecendo relaxado. "Não cruze o caminho de um bilionário, Sr. Moretti. Temos nosso próprio jeito de quebrar as pessoas."

"Isso não é possível." Moretti se levantou tão rápido que sua cadeira caiu pra trás. Ele estava tremendo de raiva. "Você sabe quem eu sou? Ninguém-"

Oliver rapidamente o interrompeu. "Eu sei exatamente quem e o que você é." Ele, também, se levantou e usou um momento para calmamente arrumar a gravata. Parecia habitual, mas Chloe sabia que ele estava acobertando o tempo que precisava para controlar a dor. "Se você cruzar meu caminho novamente, eu vou tirar tudo o que você, sua família, e seus empregados possuem e você vai ser apenas uma coisa pra mim." Ele encontrou o olhar furioso de Moretti. "Um imposto a menos."

Oliver estendeu a mão para Chloe. Ela estava se sentindo um pouco nervosa com o encontro e não hesitou em pegar a mão dele. Juntos, eles caminharam em direção à porta, mas Oliver parou antes da saída. Ele se virou. "Uma última coisa. Se você estiver pensando em me eliminar, minha equipe sabe exatamente o que fazer com suas propriedades e seus negócios. Eles darão início aos procedimentos imediatamente. Apenas faça um favor a nós dois. Vá embora, Sr. Moretti. Não me incomode e eu vou fazer o mesmo."

Chloe apertou a mão dele, encorajando-o a parar de provocar o mafioso furioso. Oliver olhou para a mão dela e sorriu. "Oh, eu quase esqueci."

"O quê?" Moretti grunhiu.

"Esta mulher. Eu a trouxe por uma razão. Seu homem tentou matá-la hoje." O sorriso de Oliver se transformou em algo letal, uma expressão que Chloe nunca tinha visto em seu rosto antes. "Se você ou seus empregados sequer olharem pra ela novamente, eu não vou apenas arruinar você." Sua voz se tornou um perigoso rosnado. "Eu vou acabar com você. Pessoalmente. Estamos entendidos?"

Moretti olhou nervosamente pra ela e então desviou o olhar. Ele podia ser um assassino, mas parecia reconhecer um predador superior. "Sim", ele finalmente disse.

"Ótimo", a expressão de Oliver voltou ao normal. "Estou feliz que tenhamos nos entendido. Resolveu muitos problemas. Homens de negócios... amamos reuniões pra resolver nossos impasses." Ele se virou na direção da porta com Chloe ao seu lado e saiu.

________________________________________________________________

Chloe ficou em silêncio durante todo o caminho de volta para a Torre do Relógio. Oliver também, mas ela não tinha certeza que ele realmente estivesse consciente. Ele estava com a cabeça recostada no assento e os olhos fechados.

Mesmo que ele não estivesse dormindo, Chloe estava feliz por ter alguns minutos para ficar com seus próprios pensamentos. Oliver era sempre tão calmo para um vigilante que lutava contra as injustiças toda noite. Ainda assim, o olhar no rosto dele enquanto ameaçava Moretti, o plano, o trabalho que ele havia tido, a força, não era apenas surpreendente, mas também mudava tudo. Porque Chloe tinha pensado que ela e Oliver realmente podiam manter o status de amigos com benefícios enquanto fossem cuidadosos, ou pelo menos enquanto ela fosse cuidadosa. Agora, no entanto, agora ela sabia até onde Oliver estava disposto a ir para conseguir o que queria. Ela sabia que ele usaria todos os recursos disponíveis. E ele tinha muitos: dinheiro, charme, beleza, e um monte de outras características que aparentemente incluíam muita tenacidade.

Oliver não tinha usado tudo isso com ela ainda, não completamente, mas algo lhe dizia que ele usaria se ela não andasse direito. O problema era que parte dela não queria ter que ser cuidadosa com cada passo. Era a metade que ela forçava a voltar pra jaula, mas não importa o quanto tentasse, ela continuava espreitando pelas barras ao ver Oliver e tudo o que ele oferecia.

Agora, essa parte queria ficar com ele, fazer drama e cuidar dele até ele melhorar. Ela queria dar as ordens e garantir que ele não se sobrecarregasse enquanto estava se recuperando. Ela queria gritar com ele por deixar as coisas irem tão longe quando ela poderia ter ajudado.

Chloe olhou pra ela, já se sentindo enfraquecer, e prontamente ela se deu um sermão para manter a distância apropriada do heroi bilionário, lindo, ferido, extremamente charmoso e tentador.

Quando o táxi parou na frente do edifício, ela o cutucou muito gentilmente. Oliver acordou assustado, seguido por um gemido de dor. Chloe pagou a corrida, então saiu e deu a volta para ajudar Oliver a sair do carro.

Silenciosamente, eles foram para o lobby, passaram pelo zelador curioso, e então entraram no elevador. Mais uma vez, Oliver se recostou contra a parede, mas dessa vez Chloe permaneceu ao lado dele, com medo que ele pudesse cair se o soltasse. Ela olhou pra ela, no entanto, ele estava sorrindo.

"Você parece terrivelmente satisfeito consigo mesmo."

"Eu acabei de flanquear um chefe da máfia que já nos considerava mortos." Ele deu risada e passou um braço ao redor do peito gemendo. "Isso", ele arfou, "foi a coisa mais divertida que eu fiz nas últimas semanas." Ele continuou rindo, gemendo ao mesmo tempo, rindo até se dobrar e chorar. "Você viu a cara dele?" ele falou ainda rindo. "Achei que ele ia ter um ataque cardíaco bem ali!"

Chloe não conseguiu evitar. Ela queria rir junto com ele. O olhar no rosto de Moretti mudando para uma expressão de horror tinha sido mesmo engraçado. Infelizmente, a risada de Oliver parecia mais perto da histeria, e isso deveria ser mais do que doloroso. Ele realmente estava exagerando.

"Sim, sim. Você é muito esperto. Agora chega", ela deu a bronca. "Você vai ficar ainda mais machucado."

Oliver se recostou contra a parede. Sua risada foi parando e ele gemeu. "Tinha que ser feito. Eu tinha que te impressionar com meu cérebro", ele disse. "Não quero que você ache que eu sou um gigolô idiota com um arco e flecha."

As palavras foram ditas como se não fossem tão importantes, mas Chloe podia dizer que havia um fundo de verdade no que ele tinha dito. Ele realmente achava que ela não sabia o quanto ele era esperto? Pra ser sincera, ela continuava insistindo que só queria o corpo dele e nada mais. E ela tinha pego seu dinheiro, imaginando que faria isso sem que ele percebesse.

O elevador finalmente parou e ela abriu a grade. Oliver cambaleou para dentro do apartamento. Ele foi em direção ao sofá, mas Chloe logo mudou sua trajetória e o levou para o quarto. Ela sabia que assim que ele se deitasse, não ia conseguir se mover novamente.

Enquanto caminhavam na direção do quarto, ele deixou o terno cair e o jogou sobre uma cadeira enquanto passava. Oliver era sempre eficiente, preciso em seus movimentos, em seus planejamentos, e em seu discurso. Suas palavras com frequência eram pontuais e certeiras como suas flechas. E tudo isso era ainda mais notável quando sua gravata e terno estavam jogados de qualquer jeito sobre um móvel. Oliver não estava mais preocupado com isso, muito cansado para se preocupar com qualquer coisa além de colocar um pé na frente do outro.

Finalmente, eles chegaram ao quarto e ela o levou para a cama. Pelo que parecia ser a enésima vez no dia, ele se sentou na beira da cama e Chloe parou no meio das pernas dele. Ela rapidamente desabotoou sua camisa e o ajudou a passá-la pelos ombros. Ela tirou seus sapatos e meias, então abriu o cinto e com alguns poucos momentos embaraçosos para os dois, ela conseguiu tirar a calça dele. Isso o deixou apenas com a boxer e a proteção no peito que ela temia ser a única coisa que o mantinha firme até aquele momento.

Ela estendeu a mão pra tirar, mas parou quando Oliver acariciou o rosto dela. Ela olhou para o rosto dele e viu seu olhar não nos olhos dela, mas no machucado que ela tinha. Os dedos dele dançaram sobre o ferimento gentilmente, tão delicadamente que ela sentiu o corpo inteiro acordar.

"Eu sinto tanto", ele disse, sua voz baixa e preocupada.

"Pelo quê?"

"Tem certeza que você está bem?" Ele roçou os dedos sobre o corte que já estava se fechando. "Eu vi como ele te bateu com força."

"Eu estou bem, Oliver." Ela segurou a mão dele. E a trouxe até seus lábios para beijá-la. "O que aconteceu não foi culpa sua."

Ele balançou a cabeça, então gemeu e fechou os olhos. Aparentemente sua cabeça havia tido o suficiente para um dia.

"Podemos falar disso depois", Chloe sugeriu. "Você precisa descansar."

Ao invés de seguir a sugestão, Oliver desceu as mãos até a cintura dela. Ele a puxou mais perto até que ela estivesse com a cabeça sob seu queixo, muito cuidadosamente ela o abraçou de volta.

Tinha sentido falta dele. Seus braços, seu calor, a segurança que sua presença representava. Falhando ao falar com ele sobre o dinehiro, ela temporariamente causou isso a si mesma, e agora, era Oliver quem estava se sentindo culpado. Era Oliver quem a estava mantendo perto porque ele sabia que tinha falhado com ela de algum jeito.

Chloe, sendo a pessoa prática que era, não tinha descartado o poder de usar isso. "Você deveria ter me contado sobre os problemas com Moretti", ela disse em seu ombro.

"Você já tinha muito com o que se preocupar tendo os kandorianos e Clark e... tudos os outros problemas que criamos pra você. Eu odiei ter que te envolver com um mafioso também."

Chloe se afastou para olhar dentro de seus olhos. "Eu não me importo com o trabalho, Ollie. Eu só gosto de saber pra onde mandar as tropas quando tudo dá errado."

Oliver assentiu muito levemente entendendo. "E eu gosto de saber pra onde vai o dinheiro assim eu posso declará-lo ao imposto de renda."

Chloe lhe deu um sorriso decepcionado. "Não somos muito bons em comunicação, somos?"

Ele colocou o cabelo dela atrás da orelha. "Vamos melhorar."

Chloe deu de ombros. "Acho que é impossível piorar."

Oliver riu e então fez uma careta. "Chega de ser engraçada. Você está me matando."

"Desculpe." Ela deu uma boa olhada no suporte e franziu a testa. "Como tiramos isso sem piorar a situação?"

"Corta." Oliver disse. "Eu tenho outros."

Chloe não gostava que ele se ferisse tanto que tivesse vários desses suportes, mas independente disso ela aceitou a sugestão. Oliver apontou para uma cômoda perto da cama e ela abriu a gaveta onde encontrou tesouras e outros suprimentos médicos.

"Como eu disse, esse tipo de coisa já aconteceu antes", ele falou despreocupado.

Chloe pegou a tesoura e a deslizou entre o suporte apertado e a pele de Oliver. Ela foi cortando pela parte da frente e de trás e depois os afastou da pele dele. Ele tinha sangrado e alguns pontos estavam abertos. O sangue estava seco em sua pele, o suporte e as faixas sendo tirados fizeram Chloe fazer careta o tempo todo. Oliver, no entanto, não fez nenhum som. Ele estava com a mandíbula travada e seus lábios apertados numa fina linha. Uma fina camada de suor cobria a sua pele, mas ele permaneceu imóvel esperando ela terminar.

"Pronto", ela finalmente disse, tentando não deixá-lo ver que suas mãos estavam tremendo.

Oliver respirou muito lenta e controladamente. "Eu realmente, realmente não quero fazer tudo aquilo de novo."

"Deita", Chloe ordenou, indo para a porta. "Eu vou chamar o Emil."

Ele a parou com um rápido, "Espera."

"Ollie-"

"Só... só me ajuda a deitar."

Ele soou tão pateticamente exausto e miserável que Chloe cedeu. Ela voltou para a cama e o ajudou a deitar de costas, então levantou os pés dele. Ele gemeu alto, dessa vez com prazer.

"Me lembre de investir nessa empresa de colchões. Eles são meus mais novos melhores amigos." Ele deu um tapinha no colchão ao lado dele num convite óbvio.

Chloe hesitou. Toda essa situação estava bagunçando as barreiras desse relacionamento deixando tudo fora de controle. Ela sabia que tinha que colocar um freio. Ela estava caindo numa ladeira escorregadia.

E mesmo assim... com Oliver deitado na cama, coberto por cortes e ferimentos... ela não podia negar a ele o conforto de sua presença. Afinal eles eram amigos. Eles se preocupavam um com o outro e ela odiava vê-lo tão maltratado. E não importa o quanto ele estivesse ferido, ela sabia que assim que ele pudesse se levantar estaria lá fora, trabalhando para a Queen Industries, trabalhando para a Liga, e trabalhando para a cidade como Arqueiro Verde.

Chloe subiu na cama e se arrumou ao lado dele. Oliver se mexeu, uma pequena careta o traindo. Ele mexeu o braço pra ela descansar a cabeça em seu ombro e poder passar o braço ao redor dela.

"Pronto", ele suspirou satisfeito. "Bem melhor."

"Eu ainda vou chamar o Emil", ela disse.

"Shhh..." Oliver franziu em desaprovação. "Você deveria esperar até o paciente dormir e não poder reclamar. Então você sai de mansinho e chama o médico. Achei que você soubesse como isso funcionava."

"Desculpe", ela deu risada. "Eu esqueci essa parte do Manual dos Herois Teimosos."

"Nossos egos delicados precisam de muitos cuidados", ele observou.

Chloe revirou os olhos. Essa frase bem que poderia ser um princípio para sua vida. Ela deveria começar a fazer até cartões. Chloe Sullivan, Protetora dos Herois Obstinados e com Egos do Tamanho do Planeta.

"Deveríamos tirar férias", Oliver disse de repente. "Talvez passar um fim de semana em algum lugar."

"O quê?"

"Quando você estiver melhor", ele ergueu a mão e roçou sua bochecha. "E eu não estiver com essa aparência péssima, deveríamos ir para algum lugar. Tirar uma folga."

Seu primeiro pensamento foi dizer não. Absolutamente, positivamente não. Não ia acontecer. Ela e Oliver não tinham nada que viajar juntos. Isso estava muito perto da intimidade e do desastre emocional.

Quanto mais pensava sobre, no entanto, mais a ideia se tornava apelativa. Há quanto tempo ela tinha de fato tido tempo pra sentir o cheiro das rosas? E Oliver, há quanto tempo? Os dois trabalhavam demais. Mesmo quando Oliver estava nos seus piores momentos, ele se dedicava ao trabalho de coração aberto. Não era divertido e não era uma festa como parecia do lado de fora. Qualquer que fosse o caso, depois desse pequeno incidente, os dois certamente podiam aproveitar uns dias de calma.

Daria certo se amigos com benefícios passassem o fim de semana juntos? Ela se aconchegou ao lado de Oliver e decidiu que deixaria acontecer. Ela era forte o suficiente. Ela tinha força de vontade. Podia fazer isso. Eles iriam se divertir, e relaxar um pouco. Seriam amigos compartilhando algum tempo juntos. Se Oliver achasse que seria mais, ou tentasse fazer disso algo mais, então ela certamente o colocaria no lugar. Então eles voltariam pra casa e para o trabalho, fácil assim.

"Eu vou dar uma olhada", Chloe finalmente disse em voz alta. "Vou ver se encontro um lugar legal e calmo onde possamos relaxar."

Oliver não respondeu e Chloe olhou pra cima e viu que ele tinha adormecido. Ela começou a se levantar para ligar para Emil, mas então decidiu esperar mais alguns minutos para garantir que Oliver estivesse apagado mesmo. Depois disso, ela entraria na internet e daria procuraria um lugar onde o rosto de Oliver não fosse reconhecido.

Chloe disse a si mesma novamente que tudo ficaria bem. Só uma pequena viagem de fim de semana. Não significava nada. Só amigos, se afastando um pouco de suas vidas malucas.

Chloe olhou para o rosto machucado, mas tranquilo de Oliver. Ela deu um beijo em sua bochecha e o braço de Oliver se apertou ao redor dela em resposta.

Só amigos.

Por alguma razão... Chloe tinha a sensação que estava apenas enganando a si mesma.

_________________________________________________________________________________