Título: Esta É Sua Vida
Resumo: Oliver está perdendo o rumo, conseguirá Chloe descobrir o que está errado e consertar antes que ele estrague tudo?
Autora: bella8876Resumo: Oliver está perdendo o rumo, conseguirá Chloe descobrir o que está errado e consertar antes que ele estrague tudo?
Classificação: PG-13 pela linguagem
Spoilers: final da sétima temporada
Nota da autora: Essa história se concentra mais em Oliver e em suas lembranças, sua trajetória e tal. Espero que a história não fique muito confusa. O que está em itálico são lembranças.
Capítulos anteriores: Um :: Dois :: Três
Cabeça do Oliver
"Então é isso?" Mark perguntou. "Esse era seu time."
"Esse era meu time." Oliver concordou e então zombou.
"E você fez muitas coisas boas, certo?" Mark perguntou.
Oliver se virou para olhar pra ele, aquela estranha expressão de raiva novamente em seu rosto enquanto a cena mudava rapidamente atrás deles para um beco, um em que estiveram antes, uma mulher caminhava assustada. Chloe olhou ao redor confusa. Ela não tinha feito isso, não era sua lembrança, obviamente era de Oliver. "Você sabe o que eu fiz?" Oliver perguntou, a raiva emanando dele em ondas. "Eu perdi dez anos da minha vida numa cruzada estúpida. Eu gastei anos das vidas de outras pessoas e pra quê? Lex ainda está lá fora, ele ainda está fazendo seja lá que diabos ele esteja fazendo e eu não consigo pará-lo. A única coisa que eu consigo fazer é machucar as pessoas, arruinar a vida delas."
"Do que você está falando?" Chloe olhou pra ele confusa.
"Bart, Victor, AC." Oliver jogou as mãos pra cima. "Eles olham pra mim como se eu tivesse todas as respostas, como se eu pudesse fazer alguma coisa. Eles me seguem cegamente em situações perigosas e onde isso os levou? Bart foi capturado e torturado por Lex. Victor foi atingido, AC quase morreu algumas vezes."
"Isso não... você não pode achar que isso foi culpa sua." Chloe balançou a cabeça.
"É claro que foi culpa minha." Ele se virou pra ela. "Eles nunca estariam nessa situação se não fosse por minha causa."
"Não, você está certo." Chloe disse severamente. "Eles provavelmente estariam mortos. Victor estava a segundos de se destruir quando você apareceu. Bart ia acabar do lado errado da lei, ou do lado errado de alguém, e AC estaria apodrecendo numa prisão japonesa."
"Quem somos nós pra dizer que minha vida fez algum bem a eles?" Oliver a desafiou. "E o que eu fiz com você, Deus, foi o pior."
"O que exatamente você acha que fez pra mim?" Chloe perguntou atônita.
"Você imaginou há cinco anos atrás que teria essa vida?" Oliver perguntou. "Honestamente. Numa cidade diferente a cada dois meses, um nome diferente, uma aparência diferente, uma vida diferente. Sempre em guarda, sempre com medo que Lex vá aparecer em cada canto, em cada sombra. Foi isso que eu fiz pra você."
Chloe olhou pra ele por um minuto, sua raiva diminuindo, sua expressão tornando-se um suave sorriso. "É isso que você pensa que fez pra mim?" Ela deu risada. "Oh Deus, Oliver, você está tão errado." Ela balançou a cabeça.
"Do que você está falando? Sua vida acabou por minha causa." Oliver disse. "Chloe Sullivan está praticamente morta."
"Você não me matou, Oliver." Ela estendeu a mão e tocou o rosto dele gentilmente. "Você não faz ideia, não é? Você me salvou." Ela olhou ao redor do beco, Oliver conversando com a mulher e então se virou para Mark e engoliu em seco. "Posso mostrar a ele?" Mark assentiu em silêncio. "Como?" Chloe disse com um pouco de medo em sua voz.
"Você só precisa pensar no que aconteceu." Mark sorriu.
Chloe respirou fundo e então fechou os olhos, pensando na única coisa em que ela queria nunca mais pensar. Oliver observou atentamente enquanto sua lembrança era substituída pela de Chloe. O beco desapareceu e em seu lugar estava uma sala fria. Ele olhou ao redor e encontrou Chloe sentada numa cadeira, o único móvel do lugar, um saco de juta em sua cabeça, dois soldados armados parados atrás dela. "Chloe o que é...?" Oliver se virou para encontrá-la respirando com dificuldade, a força da lembrança muito difícil pra ela e ele segurou sua mão. Ela apertou os dedos dele antes de acenar com a cabeça para a cena, dizendo pra ele assistir com atenção.
A porta da sala se abriu e Lex Luthor entrou e assentiu para os soldados que olharam um para o outro e então saíram da sala, deixando Chloe e Lex sozinhos. Ele foi até ela devagar e tirou o saco de sua cabeça. Ela balançou o cabelo para tirá-lo do rosto e olhou pra ele. "Eu deveria saber." Ela disse suspirando.
"Você realmente deveria." Lex concordou com um sorriso no rosto.
"Então, quem são aqueles caras?" Chloe perguntou. "Eles trabalham pra você, certo? Eles não são agentes federais de verdade, não é?"
"Sim e não." Lex caminhou ao redor dela. "Eles trabalham pra mim, e eles realmente são agentes federais."
Chloe olhou confusa por um segundo. "Ok, então, onde eu estou?"
"No mesmo lugar pra onde levam todos os terroristas." Lex parou na frente dela. "Bem, os perigosos apenas." Ele estendeu a mão e tirou o cabelo do rosto dela e ela se encolheu para se afastar dele.
"O que você quer?" Chloe olhou feio.
"Na verdade é muito simples." Lex suspirou. "Eu quero que você venha comigo." Chloe deu risada. "Eu não responderia tão rápido." Ele olhou pra ela. "Você vem comigo, você trabalha comigo, você me mostra esses fabulosos poderes que você tenta desesperadamente esconder, ou você fica aqui."
"Deixa eu ver." Chloe fingiu pensar sobre o assunto. "Prisão ou você?" Ela franziu a testa. "Não é justo, a escolha é bem óbvia, você não acha?" Lex começou a sorrir quando Chloe falou de novo. "Posso ver meu advogado agora?"
Lex olhou feio pra ela. "Eu não acho que você entendeu a gravidade da sua situação Senhorita Sullivan." Lex pontuou. "Isso aqui não é Smallville, diabos, isso aqui nem é Guantanamo, em dois meses você vai estar rezando para estar em Guantanamo. Aqui é segurança máxima, esse lugar é reservado para o pior dos piores." O sorriso de Chloe começou a enfraquecer. "Não vai ter advogado, não vai ter julgamento, não vai ter nem seu registro. Diga adeus a luz do dia, diga adeus às liberdades pessoais, diga adeus ao resto da sua vida. Venha comigo ou passe os próximos oitenta anos em uma cela de um metro e meio quadrado, sem barras, sem cama, sem colega, só você, quatro paredes e uma janela minúscula."
Chloe olhou feio pra ele. "Mas..." Ela disse e Lex ergueu uma sobrancelha. "Eu não teria que passar todo esse tempo com você, certo?"
Ela não estava preparada para o tapa mas realmente deveria ter esperado.
"Filho da puta." Chloe ouviu Oliver murmurar enquanto apertava sua mão.
"Está tudo bem." Ela sussurrou.
Chloe cuspiu sangue no chão e então olhou de volta para Lex. "Então você tomou sua decisão?"
"Acredito que sim", Chloe assentiu.
"Eu vou voltar." Lex disse. "Eu vou te dar três meses; talvez até lá você tenha reconsiderado minha oferta."
"Por que me fazer uma oferta?" Chloe perguntou. "Você me tem. Eu estou bem aqui, amarrada, indefesa. Por que me dar uma escolha?"
"Você não serve a não ser que venha voluntariamente." Lex explicou. "E se eu não posso usar você, eu prefiro que você esteja em algum lugar onde eu sei que não vai causar nenhum problema."
"Bem, se eu fosse você, eu não teria esperanças." Chloe disse enquanto ele ia para a porta. Quando ele saiu, os guardas voltaram, puxando-a da cadeira e a levando embora dali.
Oliver se virou para Chloe e ela balançou a cabeça. "Apenas assista." Ela disse enquanto a sala desaparecia e era substituída por uma ainda menor, não era grande o suficiente nem para se deitar e se esticar. Chloe estava sentada no chão, os joelhos no peito e a cabeça descansando sobre eles. Seu cabelo parecia não ser lavado há semanas e seu uniforme laranja estava coberto de sujeira e fuligem. Ela levantou a cabeça e Oliver teve que fechar os olhos pra se manter calmo. O rosto dela era um verdadeiro arco-íris de hematomas e cortes, feridas e cicatrizes. Ela levantou as mãos para colocar o cabelo pra trás e Oliver viu machucados em seus pulsos e também nos braços. Chloe respirou tremulamente. "Demorou um pouco para aprender as regras porque eles não se incomodam em te dizer quais são até que você quebre uma." Ela explicou. "E então quando você aprendeu todas, eles mudam." Ela sorriu tristemente enquanto Oliver soltava sua mão e se aproximava, se abaixando para examiná-la mais de perto.
"O que aconteceu?" Oliver perguntou com a voz rouca.
"Eu não me lembro." Chloe balançou a cabeça. "Eu coloquei meu garfo no lugar errado ou alguma coisa assim."
"E eles te bateram por causa disso?" Oliver se virou pra ela.
"Eles te batem por respirar mais alto." Chloe deu risada, mas sem nenhum humor. Ela estendeu a mão e segurou o braço dele, afastando-o. "Essa não é uma prisão normal, Oliver. Não tem vigilância, ninguém vem te ver, as pessoas que vêm pra cá, vêm pra ficar, ninguém procura por elas, ninguém se importa."
"Eu me importo." Oliver disse nervoso.
"Eu sei." Chloe apertou a mão dele novamente e sorriu.
A porta se abriu e Chloe se levantou. "Fora." O guarda disse e Chloe logo se moveu para a porta mas obviamente não rápido o suficiente. Oliver fez uma careta quando o guarda golpeou o estômago de Chloe com o riffle. Ela caiu no chão com a dor mas rapidamente se levantou e foi jogada para o corredor. Ela cambaleou até o final de uma fila com outras sete pessoas. "Andando." O guarda gritou e eles começaram a andar. De vez em quanto alguém andava muito devagar, ou muito rápido e ganhava um soco no estômago ou na cabeça. Eles chegaram ao final do corredor e outro guarda abriu a porta. "Quinze minutos." Ele disse empurrando-os para uma sala maior. A fila se dispersou e cada um começou a andar em diferentes direções.
"Hora do exercício." Chloe explicou a Oliver. "Duas vezes por semana. Quinze minutos."
Chloe vagou ao redor do lugar, esticando as pernas enquanto todo mundo fazia o mesmo. "Dentro da linha amarela." Um guarda gritou para outra prisioneira, seu pé pisando levemente fora do quadrado amarelo pintado no chão. Ela não voltou rápido o suficiente e ele deu um chute em seus rins. A prisioneira caiu no chão com força e o guarda se afastou dando risada. Chloe andou numa linha qualquer até ver o grupo de guardas juntos e conversando, então ela foi até a mulher que ainda estava no chão. Ela se abaixou, um olho nos guardas enquanto ajudava a mulher a se levantar.
"Você tem que tomar mais cuidado." Chloe a repreendeu, a voz baixa e grave. "Costelas quebradas?" Chloe perguntou e a mulher assentiu. Chloe olhou rapidamente ao redor da sala antes de discretamente colocar a mão sobre o estômago da mulher, um fraca luz branca pode ser vista durante uma fração de segundos e então a mulher se endireitou e respirou mais facilmente enquanto Chloe parecia se dobrar de dor.
"Obrigada." A mulher sussurrou, lágrimas nos olhos.
Chloe tentou sorrir mas era muito difícil. "Sullivan!" Um guarda gritou e a mulher se afastou de Chloe rapidamente. "Você conhece as regras. Nada de confraternização com outras pessoas."
Chloe não disse nada; não tinha nada que ela pudesse dizer que não resultasse em uma surra, então ela não disse nada. "Ele está falando com você Sullivan." Outro guarda disse caminhando até Chloe. "Fica em pé." Ela tentou mas era muito difícil com suas novas costelas quebradas. Ela sentiu o soco em suas costas e antes que pudesse perceber estava no chão, gemendo de dor quando alguém a levantou novamente. "Eu acho que ela precisa aprender umas boas maneiras." Um dos guardas disse. "Leve-a para o buraco." Ele jogou Chloe para outro guarda que assentiu e a tirou da sala.
"O que é o buraco?" Oliver perguntou, tentando manter a voz calma.
Chloe apenas balançou a cabeça. Era obviamente uma coisa que ela não podia mostrar a ele. "É onde eles te levam se..."
"Eles batem em você lá?" Oliver perguntou e Chloe assentiu. "Você sabia que eles te levariam pra lá quando ajudou aquela mulher, não sabia?" Chloe assentiu novamente. "Por que você fez isso? Ela é uma terrorista, ela é..."
"Ela não é." Chloe disse veementemente. "Um grupo terrorista sequestrou os filhos dela, a obrigaram a roubar segredos de estado pra eles, durante anos. Quando ela foi pega, eles foram mortos e ela não teve forças pra lutar por liberdade, ela assinou todas as confissões que colocaram na frente dela..." Oliver abaixou a cabeça.
"Mesmo assim." Ele sussurrou. "Você não deveria..."
"Eu tinha." Chloe se virou pra ele. "Eu tinha que saber que eu ainda era eu, eu tinha que saber que eu ainda era humana." Ela tentou explicar. "Eu sabia que podia ajudá-la, e se eu ficasse só parada e deixando ela sofrer..."
"Então você não seria melhor que eles." Oliver disse compreendendo. Chloe assentiu tristemente enquanto a cena mudava.
"Não importa." Chloe sussurrou.
Ela estava de volta a mesma sala de antes, dessa vez não havia um saco em sua cabeça. Seu olho esquerdo estava inchado e fechado, a bochecha machucada e sangrando e o braço pendurado ao lado como se estivesse quebrado. A porta abriu e ela mal olhou pra cima quando Lex entrou. Ele parou levemente ao vê-la e então continuou. "Senhorita Sullivan." Ele sorriu. "Faz três meses. Você reconsiderou minha proposta?"
Chloe olhou pra ele atentamente. "Vai pro inferno." Ela conseguiu dizer com a mandíbula quebrada. Lex suspirou e balançou a cabeça.
"Você fica aqui mais um pouco e não vai mais servir pra mim." Lex disse a ela.
"Desculpe." Chloe disse. "Mas teremos a peça de Natal em breve, e eu prometi que vou interpretar Maria."
Lex revirou os olhos e foi para a porta. "Você é que sabe." Ele disse enquanto saía.
"Por que você não foi com ele?" Oliver perguntou. "Eu só... eu sei que é o Lex, mas teria sido melhor que isso. Pelo menos talvez eu tivesse te encontrado mais cedo."
"Eu não ia conseguir, Oliver. Eu tinha feito muitos acordos com muitos Luthors por muito tempo. Eu não ia conseguir de novo, eu simplesmente não ia conseguir." Ela tentou explicar.
"Mas eu não entendo, quando te resgatamos alguns meses depois..." Sua voz falhou. "Você não estava assim. Você não demonstrava muita vida, mas quando encontramos você, você não estava quebrada ou, eu não sei, mas você não estava assim."
Chloe parou por um segundo e então a cena mudou novamente.
Eles estavam de volta a 'sala de exercícios'. As feridas de Chloe tinham sarado o suficiente para permitirem que ela andasse ao redor, mas não muito bem. Ela andava devagar dentro do quadrado amarelo, olhando ao redor da sala até que percebeu uma coisa. Eles estavam em apenas seis pessoas ali, estava faltando alguém. Ela estudou os rostos e gelou chamando a atenção do homem que andava ao lado dela. "Onde está Jana?" Chloe sussurrou.
O homem olhou para os guardas e então balançou a cabeça levemente antes de continuar andando. Chloe procurou pela sala mais uma vez, com certeza Jana, a mulher de antes, não estava ali. "Onde está Jana?" Chloe falou em voz alta para os guardas, tão alto que toda a sala congelou, você não pode falar durante a hora do exercício e você não fala com os guardas a não ser que eles falem primeiro.
"Você está se referindo a sua namoradinha?" Um guarda se aproximou de Chloe, o mesmo que a tinha golpeado antes. "Ela saiu."
"O que você quer dizer com ela saiu?" Chloe resmungou. "Ninguém sai daqui." Ela riu sem nenhum humor.
"Ela veio conversar com a gente, depois da sua última viagem até o buraco. Disse que você só estava tentando ajudá-la." O guarda sorriu. "Ela falou com a gente." Chloe fechou os olhos e tentou lutar contra a inevitável conclusão a que eles tinham chegado. "Então tivemos que ensinar algumas maneiras a ela." Ele olhou para Chloe de cima a baixo. "Infelizmente, a resistência dela não era tão boa quanto a sua e ela não aguentou a lição."
"Quer dizer que você a matou?" Chloe disse. "Você a matou."
O guarda olhou para Chloe por um tempo antes de sorrir. "Não se pode matar alguém que não existe." Ele deu de ombros e então se afastou.
"Eu não conseguia mais. Eu não conseguia me importar com mais nada. Eu não conseguia me importar com os outros e eu não conseguia me importar comigo mesma, porque eu estava com medo que... eu não conseguia mais." Chloe disse, as lágrimas correndo quando finalmente chorou pelas perdas que sofreu naquele lugar, pela perda de sua amiga, pela perda de si mesma. Oliver a puxou para um forte abraço enquanto ela finalmente desabafava.
"Você saiu de lá." Mark a relembrou. "Oliver tirou você de lá."
Chloe se afastou do abraço reconfortante de Oliver e assentiu. "Eu não sei como, mas é verdade."
"Eu deveria ter chegado mais cedo, se eu soubesse..." A voz de Oliver falhou. "Não havia registro de você em lugar nenhum. Era como se você tivesse desaparecido da face da terra e demorou meses pra conseguir uma pista e então mais três pra reunir as pessoas que poderiam te ajudar." Oliver explicou. "Finalmente eu encontrei alguém lá dentro, provavelmente um dos homens do Lex que estava mais do que disposto em olhar para o outro lado e abrir a porta enquanto eu tirava você, isso teve um custo, é claro."
A cena mudou novamente e Chloe estava de volta a sua cela.
A porta da cela de Chloe abriu mas ela mal registrou. O guarda parou olhando pra ela por um tempo e depois grunhiu. "Sullivan, de pé, você tem uma visita." Chloe levantou a cabeça devagar, as palavras não sendo registradas a princípio, então ela balançou a cabeça. "Eu não estou perguntando, eu estou avisando." O guarda entrou na sala.
"Diga ao Lex que eu não mudei de ideia." Chloe murmurou.
"Não é o Luthor." O guarda a agarrou com força e a fez se levantar. "Vamos."
Chloe o seguiu confusa até a sala onde normalmente se encontrava com Lex e ficou surpresa quando foi jogada lá dentro e encontrou Oliver parado ali. Ele olhou pra ela rapidamente antes de ir até o guarda e tirar um envelope do bolso de sua jaqueta e passar a ele. "Ela vale tudo isso pra você?" Ele perguntou contando as notas que Oliver tinha acabado de lhe dar.
"Lex nunca poderá saber disso." Oliver disse seriamente.
"Eu não sei nada sobre nada." O guarda concordou guardando o dinheiro no bolso.
"Talvez você devesse pensar em uma aposentadoria antecipada." Oliver disse a ele. "Porque se eu suspeitar que você falou uma palavra sobre isso..."
"Ei também gosto de praia como todo mundo." Ele sorriu. "Considere-me desaparecido." Oliver assentiu mais uma vez enquanto ele saia da sala e deixava os dois ali.
Oliver tossiu e olhou para Chloe que estava parada ali olhando pra ele em confusão. "Chloe?" Ele foi para a frente e ela deu um passo pra trás. "Eu trouxe roupas pra você." Ele pegou uma sacola no chão e tirou uma pilha de roupas de dentro. Ela olhou pra elas por um segundo antes de pegá-las da mão dele lentamente. "Você deveria se trocar." Ele disse. "E então podemos ir." Ela não se moveu. Ficou parada ali com as roupas nas mãos. "Você tem que se trocar." Ele repetiu e Chloe assentiu antes de colocar as roupas no chão e começar a desabotoar o macacão. Oliver se virou para lhe dar privacidade enquanto ela vestia as roupas novas.
"Ok." Chloe sussurrou e ele se virou ficando espantado. Ele tinha pego roupas do apartamento dela, eram dela, mas não cabiam mais. Estavam muito folgadas e ele não pode deixar de pensar que ela parecia uma criança indefesa.
"Vamos." Oliver segurou o braço dela gentilmente para levá-la pra fora da sala. Eles andaram pelo corredor até a porta, saindo à luz do sol, uma coisa que Chloe não via há meses. Ela levou as mãos até os olhos para protegê-los, parando para olhar ao redor. "Vamos." Oliver a apressou pelo meio fio em direção ao carro que estava esperando.
"Eu nem me lembro disso." Chloe disse. "Eu também não lembro do que aconteceu depois. Era como se num dia eu estivesse naquele lugar e no outro eu acordei e estava em Star City com você."
Oliver franziu a testa pra ela, eles nunca tinham conversado sobre o que aconteceu mas não foi exatamente assim. "Foram meses." Oliver disse baixinho. "Você ficou assim durante meses." Chloe olhou pra ele confusa. "Eu trouxe você de volta para Star City e você simplesmente... você ficava sentada lá e olhando pro vazio. Mal conseguíamos fazer você comer, você também não falava. Você realmente me assustou."
"Como ela está?" Oliver entrou no quarto depois de completar seu ritual diário. Ele chegava do trabalho, trocava de roupa e então ia se sentar com Chloe, liberando quem quer que estivesse com ela.
Victor olhou pra cima de onde estava, ao lado da cama de Chloe e balançou a cabeça. "Ela não está melhorando Oliver, ela não está."
"Ela vai." Oliver insistiu entrando no quarto.
"A gente estava conversando hoje." Victor disse a ele. "Eu e os caras." Oliver olhou pra ele confuso. "Não podemos ajudá-la aqui. Não sabemos como, diabos, nem sabemos o que está errado."
"O que você está querendo dizer?" Oliver perguntou.
"Estou dizendo que talvez seja hora de levá-la a algum lugar, procurar ajuda." Victor falou. "O lugar onde você colocou a mãe dela."
"Eu não vou colocar Chloe numa instituição mental." Oliver devolveu. "Ela vai ficar bem." Ele insistiu.
"E você ficou." Ele pontuou. "Um dia você estava sentada na sala com a gente. Bart e AC estavam brincando com alguma coisa, jogando ao redor da sala quando Bart jogou com força e foi direto pra você. Antes que ele pudesse te alcançar, você levantou as mãos e pegou. Você nunca tinha mostrado sinais que sabia o que estava acontecendo ao redor antes, mas você pegou e devolveu pra ele. No dia seguinte você falou, pediu suco de laranja ou alguma coisa assim, e então lentamente você foi voltando."
"Eu não me lembro disso." Chloe balançou a cabeça atônita.
"Eu nunca vou esquecer." Oliver olhou com tristeza pra ela.
"Então você a salvou." Mark pontuou. "Em mais de uma maneira."
"Sim, bem, e depois disso?" Oliver perguntou.
"Não foi sua culpa. Eu fiz minha escolha." Chloe disse a ele.
"Porque você não tinha outra escolha." Oliver afirmou.
"Por causa do Lex." Chloe disse. "Não por sua causa."
"O que aconteceu depois disso?" Mark perguntou.
Oliver e Chloe olharam pra ele enquanto a cena mudava novamente.
Oliver estava na sala do equipamento procurando alguma coisa no monitor quando Chloe entrou. Ela parecia bem melhor que antes; havia brilho em seus olhos novamente. "Eu achei que ia te encontrar aqui." Ela sorriu e entrou lentamente na sala.
"Ei." Oliver checou o relógio. "O que você ainda está fazendo de pé?"
"Não consigo dormir." Ela deu de ombros indo se sentar perto dele. "Eu precisava conversar com você."
"Ok." Oliver fechou a tela. "Fala."
"Acho que está na hora de eu ir embora." Chloe disse.
Isso pegou Oliver completamente de surpresa. "Ir embora?" Ele perguntou confuso. "Eu não entendo, você não gosta daqui?" Ele perguntou.
"Eu gosto." Chloe garantiu. "Eu só, acho que está na hora de me virar sozinha de novo."
"Tem certeza?" Oliver perguntou a ela.
"Eu consigo comer sozinha, ir ao banheiro sozinha, não estou olhando para a parede e babando, acho que eu estou pronta." Ela sorriu.
"Você não pode volta pra lá." Oliver pontuou. "Você não pode voltar para sua antiga vida, voltar a ser Chloe Sullivan. Lex não vai deixar."
"Eu sei." Chloe assentiu.
"Você vai ter que se tornar outra pessoa. Você vai ter que ficar sempre mudando de lugar, ficar longe de confusão, ficar escondida." Ele disse.
"Eu sei." Chloe assentiu.
"Você tem certeza?" Oliver pressionou.
"Oliver, eu acho que você nunca vai saber o quanto eu estou agradecida por tudo que você fez por mim. Eu sei que nunca vou conseguir retribuir, mas quando eu estava naquele lugar, eu achei que nunca ia sair e agora eu estou aqui, só que é apenas uma prisão diferente. Eu tenho banho e comida melhor e eles não me batem, mas eu não posso sair, eu não posso... ir trabalhar ou ir ao supermercado, ou fazer uma caminhada. Eu quero estar no mundo de novo."
"Mesmo que seja como... Jennifer Poler e não Chloe Sullivan?"
"Mesmo que seja como Jennifer Poler." Chloe sorriu. "Embora eu ache que consiga pensar num nome melhor que esse."
"Ok." Oliver disse depois de um tempo. "Mas se fizermos isso, faremos do meu jeito. Só eu posso saber onde você está, eu e os rapazes, você não pode voltar aqui nunca mais. Eu entro em contato com você, eu vou te visitar, mas você não pode voltar pra cá ou pra Smallville. Você me deixa cuidar de todos os detalhes. Eu te ajudo a criar alguns disfarces e pago por tudo, ok?"
"Oliver..." Chloe tentou protestar.
"Chloe, goste ou não, você é parte do meu time, eu cuido do meu time. Aceite." Oliver disse a ela.
"Então isso significa que eu vou ter que ajudar vocês? Estilo Watchtower, como nos velhos tempos?" Chloe sorriu pra ele.
"Não é uma exigência." Ele disse a ela. "Mas eu gostaria que fosse."
"Eu também." Chloe garantiu.
"E então começou uma vida com sete diferentes pares de lentes de contato, dezoito identidades falsas e cartões do Seguro Social, cada cor de cabelo conhecida pela humanidade e nunca poder voltar pra casa novamente." Oliver pontuou.
"E eu escolhi isso." Chloe assegurou.
"Eu não te dei muita opção." Oliver argumentou.
"Eu sou uma garota muito esperta Oliver; você não acha que se tivesse outro jeito eu teria descoberto?" Ela perguntou.
"Mas você ainda trabalhava pra mim."
"Eu gosto de trabalhar pra você." Chloe declarou. "Se alguém tem uma razão pra derrubar Lex, essa pessoa sou eu."
"Mas ainda assim... pelo amor de Deus, Chloe, isso te matou. Eu te matei." Oliver gritou pra ela.
"Sim." Chloe sorriu. "E eu melhorei." Ela o lembrou e mais uma vez a cena mudou ao redor deles.
Chloe olhou para o manuscrito na frente dela e seus olhos se encheram de água, tinha esquecido de tirar as lentes novamente. Ela se levantou e se espreguiçou, indo até o pequeno banheiro do pequeno apartamento que Oliver tinha alugado pra ela, ou melhor, tinha alugado para Marcy Jacobs. Chloe cuidadosamente tirou as lentes castanhas dos olhos e piscou rapidamente. Assim estava um pouco melhor. Ela jogou água no rosto para se manter acordada, queria terminar o livro antes de amanhã para que pudesse ter o fim de semana livre pra desfazer as malas novamente.
Ela tinha aprendido alguma coisa a essa altura, revisar textos não era um bom emprego pra ela, era entediante e monótono e ela tinha que resistir constantemente ao desejo de corrigir também o assunto e não só a gramática. Ela colocou o cabelo preto pra trás e olhou para seu reflexo. Marcy era o nome número quatro, cor de cabelo número quatro, cor dos olhos número quatro, cidade número quatro, vida número quatro desde que tinha deixado Star City há um ano atrás. Ela tinha tido apenas um problema com Lex até agora que a fez sair no meio da noite, mas não ia arriscar, mudar de vida a cada poucos meses e seguir adiante para estar sempre um passo a frente.
Seu telefone tocou, seu celular especial a tirou de seus pensamentos e ela foi até a sala, abriu uma gaveta e pegou uma pasta. Ela jogou o celular na mão e franziu a testa enquanto atendia. "Alô?"
"Chloe!" Era Bart e ele parecia assustado. Ele não deveria ter esse número, só Oliver, então logo Chloe sabia que era importante.
"O que está acontecendo?" Ela olhou ao redor do apartamento pensando que não se importaria de mudar de emprego mas estava se acostumando com o lugar. Se Lex a tivesse encontrado no entanto, teria que deixar tudo pra trás e sair da cidade em duas horas.
"É o Oliver." Bart disse resfolegando, o que era muito estranho para Bart. "Ele foi baleado. Está muito feio, Chloe."
"Leva ele para o hospital." Ela praticamente gritou.
"Ele nos fez prometer nunca fazer isso. E mais, ele está de uniforme e o tempo que vai levar pra tirar essa roupa... Eu não sei o que fazer, você tem que me dizer o que fazer." Bart arfou.
Chloe respirou fundo. "Ok, onde vocês estão?"
"Bolívia." Bart falou e ela podia ouvir os outros gritando ao fundo.
"Tem algum hotel por aí?"
"Sim", Bart disse.
"Leva ele pra lá. Você precisa chamar o Clark, diga onde vocês estão, ele sabe onde eu estou, e então diga pra ele vir me buscar o mais rápido possível e me levar até aí."
"O quê?" Bart perguntou confuso. "Chloe isso..."
"Bart, eu preciso que você confie em mim nisso, por favor. Chama o Clark."
"Ele não vai vir." Bart balançou a cabeça. "Oliver disse que Clark não poderia vir a não ser que fosse uma emergência."
"Eu sei, diga a ele o código, safira." Chloe explicou. "Ele vai saber que significa emergência."
"Ok." Bart disse um pouco mais calmo. "Ok." Ele nem sequer se despediu antes de desligar o telefone.
Chloe pegou um casaco e a pequena bolsa que estava sempre pronta para o caso de uma emergência. Ela correu até o banheiro, pegou um pequeno vidro de comprimidos e jogou dentro da bolsa quando sentiu a rajada de vento e Clark Kent entrou. "Chloe, o que aconteceu?"
"Não há tempo pra explicar, Bart disse onde eles estão?" Clark assentiu. "Vamos." Chloe estendeu o braço e Clark a segurou desaparecendo.
Oliver segurou o braço de Chloe enquanto ela lembrava da corrida em alta velocidade por três países nos braços de Clark. "Ok, fico feliz por nunca ter feito isso." Oliver disse sentindo o estômago revirar. Chloe apenas sorriu.
Clark e Chloe chegaram no hotel alguns minutos antes dos rapazes e Chloe começou a arrumar as coisas que ia precisar, os remédios, a grande garrafa com água, toalhas, e uma troca de roupa, ferimentos a bala faziam muita sujeira, e ela estava explicando o que aconteceu com Oliver quando eles entraram. Chloe teve que se segurar no braço do sofá para seus joelhos não cederem quando AC e Victor carregaram um Oliver ensaguentado e inconsciente para dentro do quarto. "No sofá." Ela disse e eles seguiram seu comando sem questionar. Chloe se ajoelhou ao lado dele e respirou fundo. "Clark, eu não tenho tempo, você precisa explicar tudo a eles, eu sinto muito. Você sabe o que fazer."
"Eles não sabem?" Clark perguntou atônito. Chloe balançou a cabeça envergonhada antes de deitar as mãos sobre o peito de Oliver.
"Saber o quê?" Victor perguntou. "Por que não estamos levando ele para um hospital?"
"Apenas... assistam." Clark disse a eles enquanto a luz branca envolvia o quarto.
Ao invés da luz fraca e da cena voltando ao normal no entanto, tudo foi escurecendo. "O que está acontecendo?" Oliver olhou ao redor confuso.
"Bem, estamos na lembrança de Chloe." Mark explicou. "E Chloe está morrendo."
"Então o que acontece com a gente?" Oliver perguntou nervoso.
"A seguimos." Mark deu de ombros.
"Não." Chloe disse de repente olhando ao redor, em pânico. "Não, lá não, qualquer lugar, menos lá." Ela correu até Mark. "Não nos leve pra lá."
"Onde?" Oliver perguntou preocupado. De repente eles estavam num espaço escuro, completamente escuro, ele podia ver Chloe e Mark perfeitamente, estava escuro, as paredes, se é que existiam paredes, o teto, o chão, era como estar pardo no meio do nada.
"Aqui." Chloe falou baixinho olhando ao redor como um rato preso. "Nos tire daqui." Chloe ordenou a Mark.
"Não posso." Mark deu de ombros. "Sua lembrança nos trouxe aqui. Vamos sair quando você sair."
"Onde é aqui?" Oliver perguntou novamente. Chloe não respondeu, ela simplesmente olhou pra ele. Ele se virou para encontrar Chloe com os olhos fechados a alguns metros de distância respirando fundo antes de lentamente se sentar no chão. "Isso é... a morte?" Ele perguntou.
"Não." Chloe desviou os olhos de si mesma. "Acho que é só a minha morte."
"Como assim?" Oliver perguntou.
"Eu não morro de verdade." Chloe disse. "Porque eu volto. Eu acho que é mais como um limbo, não é a vida, mas não é a morte, só a não existência." Ela disse.
"É pra cá que você vem?" Oliver olhou ao redor. "Toda vez?" Chloe apenas assentiu. Eles ficaram em silêncio por um tempo e Oliver olhou para seu relógio confuso. "Só passou um minuto?"
"E uma hora." Chloe assentiu. "O tempo é diferente aqui, parece que você está aqui há uma eternidade mas ao mesmo tempo, parece que foi só um segundo."
"Como você não fica louca aqui?" Mark perguntou, até ele estava tendo problemas com isso.
"É..." Chloe lutou para tentar explicar. "Eu não sei." Ela passou os braços ao redor de si mesma. "Eu tento pensar em outra coisa, qualquer coisa." Ela se virou para Mark e Oliver implorando. "Você disse que quando compartilhamos lembranças, elas podiam se misturar. Podemos ir para a do Oliver agora?"
Mark se virou para Oliver e ergueu as sobrancelhas. "Sim, claro." Oliver disse a ela, pensando sobre o que se lembrava daquele dia.
Oliver se sentou arfando no sofá. Ele levou as mãos até o peito mas não havia nada lá, nem sangue, nem ferimento de bala, nada. Havia um pequeno buraco em seu colete mas além disso ele estava perfeitamente bem. "O que aconteceu?" Ele olhou pra cima e viu os rapazes ao redor de alguma coisa no chão. Quando eles se afastaram ele sentiu o estômago revirar quando viu Clark levantar Chloe do chão, sangue correndo por sua blusa enquanto a cabeça rolava para o lado. "O que aconteceu?" Ele perguntou novamente e Victor, AC e Bart se viraram pra ele, suas expressões também confusas.
"Ela..." Bart, pela primeira vez na sua vida, se virou sem falar nada e seguiu Clark até o quarto.
AC e Victor se entreolharam e então Victor falou, as palavras incertas. "Você foi baleado, foi realmente feio e você nos disse pra nunca levar você para um hospital e não sabíamos o que fazer, então Bart ligou para Chloe e ela nos disse pra trazer você pra cá e ela chegou e então ela... houve essa luz saindo das mãos dela e então você estava bem e ela estava... ela estava morta."
"Morta?" Oliver pulou e passou por eles na direção do quarto. Ele parou, primeiro percebendo a blusa de Chloe, ensopada de sangue no chão. Ele olhou pra cima e a viu na cama, Clark parado em cima dela, limpando o sangue que escorria do ferimento a bala que ela tinha. "Ela está..." Ele deu mais um passo a frente mas não conseguia se aproximar mais. Clark olhou pra ele.
"Sim." Ele assentiu jogando a toalha ensanguentada no lixo ao lado dele. "Mas ela vai acordar." Ele sorriu e apontou para Bart lhe passar outra toalha.
"Como assim ela vai acordar, o que ela fez comigo?" Oliver entrou no quarto e se sentou na cama ao lado dela, tirando o cabelo do rosto dela enquanto Clark explicava.
"Ela tem um poder por causa dos meteoros." Ele disse a eles enquanto cobria o ferimento e trocava a roupa dela. "Ela pode curar pessoas, só que quando ela faz isso ela fica com os ferimentos das pessoas que curou."
"E ela morre por causa deles?" Oliver perguntou.
"Se eles forem fatais." Clark olhou pra eles.
"Então quer dizer que se ela não tivesse... então eu estaria..." Oliver respirou fundo. "Como ela acorda?"
"Não sabemos." Clark deu de ombros. "Ela simplesmente acorda. A primeira vez demorou algumas horas, a última foram dezoito. Eu simplesmente não sei."
Oliver assentiu e se sentou confortavelmente ao lado de Chloe. Ele segurou sua mão e ignorou o fato delas estarem frias e levemente grudentas. Ele olhou para seu rosto e se perguntou se podia fingir que ela estava respirando, ele podia fingir que ela estava dormindo. "Pessoal." Clark disse baixinho gesticulando para os outros saírem com ele do quarto e deixarem Oliver sozinho com Chloe.
"Quanto tempo eu fiquei apagada?" Chloe perguntou.
"Vinte e nove horas, quarenta e sete minutos." Oliver a relembrou. "Eu achei que você não fosse acordar. Clark teve que partir depois de quinze minutos e eu fiquei simplesmente sentado ali, esperando. Eu fiquei tão bravo com você."
"Bravo?" Chloe olhou pra ele confusa.
"Por ter feito isso, por ter feito isso por mim." Oliver balançou a cabeça. "Por ser você."
"Eu deveria ter deixado você morrer?" Chloe perguntou.
"Você deveria ter me contado a verdade." Oliver desviou o olhar enquanto as lembranças mudavam para um dia depois.
Chloe acordou rapidamente como se ela estivesse imersa em água gelada. Num segundo seu coração estava parado, no outro estava batendo normalmente. Ela arfou, se sentou direito e tentou controlar a respiração enquanto olhava ao redor do quarto freneticamente. "Graças a Deus." Ela ouviu ao lado dela e se virou para encontrar Oliver sentado, com os ombros derrotados. Ele correu as mãos pelo rosto, Chloe viu dois dias de barba por fazer em seu rosto. "Você quase me matou aqui, Sidekick."
"Talvez essa não seja a melhor escolha de palavras para o momento." Chloe arfou, sua respiração começando a voltar ao normal.
"Não tem graça." Ele balançou a cabeça. "Vamos ter uma conversa séria depois que o Dr. Gavin der uma olhada em você dos pés a cabeça."
"Não." Chloe balançou a cabeça veementemente. "Oliver, eu não pretendo que você entenda isso, mas a última coisa que eu quero agora é alguém me furando e me cutucando ok?"
Eles se olharam por um minuto antes de Oliver assentir sutilmente. "Certo, não hoje, mas depois você vai passar em consulta?"
"Depois." Ela assentiu. "Eu vou ver minha agenda e te aviso."
"Eu vou avisar todo mundo que você está bem." Ele se levantou e se espreguiçou. Chloe podia ouvir suas costas estalarem.
"Por favor me diz que você não está nessa cadeira desde... quanto tempo eu fiquei fora?" Ela perguntou.
"29 horas." Oliver grunhiu. "E eu fiquei nessa cadeira durante todos os minutos."
"Amador." Chloe zombou. "Clark não te contou como era?"
"Sim, mas como eu ia ter um dia normal enquanto você estava deitada na minha cama sem pulso?"
"Não." Chloe fechou os olhos. "Isso não é justo. Não é como se Clark não se importasse, ele já viu antes ok, então ele tem que se afastar um pouco."
"Por que você não me contou?" Oliver perguntou a ela.
"Eu não consegui." Chloe encolheu os ombros.
"Sim, ok." Oliver assentiu. "Clark disse que você normalmente sente fome quando acorda então eu vou mandar Bart buscar comida, e avisar todo mundo que você está bem."
"Parece ótimo." Chloe sorriu. "Acho que vou tomar um banho." Ela fez uma careta e Oliver se levantou e foi até a porta.
"Você realmente me assustou, Watchtower." Ele disse num sussurro. "Eu não sei o que eu ia fazer se... Eu não posso perder você, ok?"
Chloe sentiu um nó na garganta e assentiu lentamente. "Ok." Oliver assentiu e saiu do quarto. Chloe se sentou na cama por um segundo e então foi até a beira da cama. A tensão em seu rosto era evidente enquanto ela colocava as pernas pra fora da cama.
"O que está acontecendo?" Oliver olhou para Chloe que suspirou.
Ela não queria que ele soubesse dessa parte. Ele já se culpava o suficiente por sua dor quando ela curava um deles, mas se ele soubesse o quanto realmente doía, nunca mais a deixaria fazer de novo. "Eu morri Oliver." Chloe explicou. "Tudo em mim. Isso significa que meu coração parou de bater, parou de bombear o sangue pelas minhas veias, pelos meus músculos. Meus nervos pararam e meu corpo também. Só quando eu acordo, o resto também acorda. Tudo volta de uma vez, coração, sangue, nervos, demora um pouco pra tudo voltar ao normal."
"Então você está sentindo dor?" Oliver perguntou.
"Só um pouco", ela mentiu e ele voltou sua atenção para a lembrança como se fosse para provar que ela estava errada.
Demorou cinco minutos pra ir da cama até a porta do banheiro. Lágrimas descendo pelo seu rosto enquanto ela passava pela dor de voltar a vida. Quando ela finalmente entrou no banheiro e fechou a porta, ela desmoronou, deslizando até o chão, chorando. Ela estendeu a mão até o balcão, onde tinha colocado seu remédio antes e pegou a garrafa. Ela tomou dois comprimidos, engoliu quase engasgando, mas sabia que tinha que fazer isso. Uma suave batida na porta do banheiro a assustou. "Chloe?" Veio a voz de Oliver. "Você está bem?"
Ela enxugou os olhos e rezou para que sua voz não lhe traísse. "Tudo bem." Ela disse surpreendentemente confiante. "Eu saio em quinze minutos, ok?"
"Ok." Oliver disse antes de sair. Chloe respirou fundo e tentou se levantar novamente, ela não conseguiu, então se arrastou pelo chão até a banheira.
"Eu não posso fazer isso." Oliver se virou. "Eu não consigo assistir isso." Ele estava bravo com ela novamente. Chloe podia dizer. Ele estava bravo e se sentia culpado e não sabia o que era mais forte. "É isso que eu faço Chloe, você não vê?"
"Não, eu não vejo." Chloe disse enquanto a cena mudava novamente e eles eram levados de volta para o beco. "Tudo o que eu vi hoje foi um monte de situações infelizes que não eram culpa sua." Oliver revirou os olhos. "É por isso que você desistiu? É por isso que você demitiu todo mundo? Eu não entendo." Chloe suspirou. "E onde diabos é esse lugar? Já estivemos aqui três vezes." Ela reclamou. "Por que você continua nos trazendo pra cá?" Ela se virou para Mark.
"Eu não estou trazendo vocês pra cá." Mark inclinou a cabeça na direção de Oliver. "Ele está."
"Por quê?" Chloe perguntou aos dois.
"Porque é importante." Mark explicou.
O beco era um típico beco, dos que você vê em cada esquina da cidade. Havia duas lixeiras, as duas muito cheias, as duas pichadas, as duas cheirando mal. O que tornava esse beco diferente de todos os outros becos da cidade era que esse era ocupado por mais do que ratos e baratas. Dizer que a loira estava assustada, era desnecessário.
Seu longo casaco estava um pouco molhado de uma breve chuva anterior, não tinha chovido o suficiente pra limpar o asfalto da sujeira e da fuligem, mas meramente para criar algumas poças de lama e restos de comida jogados no dia anterior.
Ela agarrou o envelope junto ao peito, os olhos indo de um lado para o outro tão rapidamente que era impossível estar realmente observando alguma coisa. Ela estava tão nervosa até para perceber se alguém a estivesse observando, mas por sorte, ninguém a observava, ninguém mais pelo menos, Oliver pensou de sua posição no telhado.
Ele decidiu que era hora de aparecer e prendeu o cabo, descendo até o beco. "Você foi seguida?" Ele perguntou, o sintetizador de voz deixando a frase mais ameaçadora do que ele queria.
Ela pulou em surpresa e se virou agarrando o envelope com mais força. "Não, acho que não." Ela correu a mão pelo cabelo e suspirou. "Sinto como se eu fosse um vilão num filme de espionagem. Deveríamos ter uma palavra código ou alguma coisa assim."
"Como os gansos voam à meia-noite?" Oliver brincou.
"Algo assim." Ela relaxou um pouco mais.
"Como você acha que eu me sinto? Eu corro pela cidade usando couro verde e uma máscara, lutando contra o crime." Ele deu risada. "Isso é tudo?"
"É o que faltava." Ela assentiu, passando o envelope pra ele.
"É só um encontro, num beco." Chloe disse confusa. "Nada aconteceu aqui."
"Conte a ela, Oliver." Mark instigou e Oliver olhou feio pra ele antes de se virar para o beco.
"Eu menti pra ela." Oliver disse. "Eu parei naquele ponto bem ali." Ele apontou para o beco. "Em vinte segundos eu vou mentir pra ela."
"Está tudo pronto. Você parte amanhã. A casa está preparada pra vocês e as crianças foram matriculadas numa escola. Você vai ter duas semanas para se adaptar antes de você e seu marido começarem em seus novos empregos." Ele segurou seu ombro. "Vai ficar tudo bem."
"Eu ainda não entendo como você conseguiu que o Sr. Queen nos contratasse e pagasse pela mudança." Ela balançou a cabeça.
"Somos velhos amigos." Oliver deu de ombros. "E ele sabe o que você fez, ele quer ajudar."
"Bem, eu não ia ficar lá sentada depois de descobrir o que o Sr. Luthor estava fazendo." Ela deu de ombros. "Isso me faz soar tão magnânima. Eu fiz por Julia."
Oliver apenas assentiu. "Bem, com sorte seus dias de espionagem acabaram." Oliver disse. Uma sirene tocou no fim da rua e ele inclinou a cabeça. "Hora de ir."
"Obrigada por tudo." Ela disse.
"Você fez todo o trabalho." Oliver sorriu pra ela. "Tenha uma boa vida."
"Você também." Ela assentiu, saindo do beco enquanto Oliver voltava para o telhado.
"Mas o que..." Chloe ainda estava confusa.
"É por isso que eu desisti." Ele disse suavemente.
Chloe olhou da cena para Oliver. "Eu não entendo." Ela disse novamente.
"Não foi por isso que você desistiu." Mark caminhou até ele e colocou uma mão em seu ombro. "Não que esse encontro não seja tão importante, é o que acontece em seguida. Você está pronto agora?"
"Pronto pra quê?" Chloe perguntou enquanto Oliver respirava fundo e assentia para Mark. O beco desapareceu e de repente eles estavam num cemitério. O sol estava brilhando e Chloe teve que cobrir os olhos para ver alguma coisa. Oliver saiu do seu lado e ela o seguiu. Eles pararam perto de um grupo todo de preto. Um pouco longe do grupo, parado fora de vista, Chloe viu Oliver assistindo o enterro com um olhar sombrio no rosto.
"Estava tão brilhante." Oliver estreitou os olhos. "Eu lembro de ter pensado que não deveria estar tão brilhante, deveria estar chovendo."
Um caixão estava sendo descido para dentro do chão e ao lado do caixão Chloe viu uma foto. "Essa é a mulher do beco." Ela olhou para Oliver confusa e ele assentiu pra ela.
"Isso aconteceu três dias depois do encontro." Ele se afastou, incapaz de assistir tudo de novo. "O nome dela era Amanda Seybold. Ela era secretária na Luthorcorp. Eu a encontrei quando ajudei a irmã dela a escapar de um laboratório 33.1. Ela morreu logo depois que eu a tirei de lá, ela tinha ficado lá por muito tempo e eu não a alcancei a tempo de impedir Lex de... enfim. Eu descobri sobre a irmã dela, e então descobri que ela tinha um emprego na LuthorCorp e achei que seria perfeito."
"Pra quê?" Chloe balançou a cabeça confusa.
"Pra me ajudar. Ela era bastante inócua na empresa. Não tinha nenhum amigo do trabalho, fazia o que tinha que fazer e ficava fora do radar, ela era perfeita. Eu me aproximei dela numa noite assim que ela deixou o prédio. Eu contei a ela o que Lex estava fazendo, o que Lex tinha feito com sua irmã e pessoas iguais a ela e pedi sua ajuda. Eu só precisava que ela copiasse alguns arquivos, os trouxesse pra fora, nada demais." Oliver deu de ombros. "Ela fez, sem perguntar nada. Ela sempre soube que a irmã era especial mas não sabia porque até eu contar a ela e quando ela descobriu o que Lex estava fazendo, quis ajudar. Ela me trouxe todos os arquivos que eu pedi e eu achei que era suficiente, mas ela insistiu que podia ajudar mais. Ela podia ficar lá dentro, podia ver as coisas que eu não podia, descobrir coisas que eu não podia. Contra meu melhor julgamento, eu concordei."
"Oliver, ela queria ajudar você." Chloe balançou a cabeça.
"Funcionou bem por alguns meses, mas então Lex começou a desconfiar. Era hora de tirá-la de lá. Eu arranjei tudo. Arrumei um emprego para o marido dela na Queen Industries de Idaho, encontrei uma casa, praticamente a levei pra lá, mas ela... ela queria fazer mais um trabalho. Ela disse que existiam arquivos que ela podia conseguir pra mim, arquivos que ela sabia que tinham informações importantes, mas se ela tivesse pego antes, Lex saberia. Ela disse que não tinha nada a perder, então eu concordei. No dia anterior ao que ela supostamente iria embora, ela me encontrou naquele beco e me entregou aqueles arquivos. Três horas depois..." A voz de Oliver falhou e ele fechou os olhos. "Três horas depois, a filha de dezessete anos a encontrou sentada no carro na entrada de casa. A garganta cortada."
Chloe levou as mãos até a boca e arfou. "Oliver, você não pode..." Ela estendeu a mão pra ele e ele se afastou. Os dois se sentaram em silêncio assistindo o funeral. "Era ela, não era?" Oliver se virou para Chloe. "Você disse aos rapazes que estava trabalhando em algo grande, era ela." Ele assentiu. "E quando ela morreu..."
"Eu simplesmente não podia continuar." Oliver admitiu. "Ela não era como nós. Ela não tinha super poderes ou meta poderes. Ela era uma secretária de Metrópolis. Eu a coloquei no meio de uma luta que ela não podia estimar a magnitude, eu coloquei a vida dela em perigo e eu causei sua morte." Ele estava respirando pesadamente agora. "Então sim, eu acabei com tudo."
"E você acha que isso vai dar certo?" Mark perguntou de repente. "Você acha que isso vai deixar tudo melhor?"
"É tudo o que eu posso fazer." Oliver disse. "É o único jeito de eu ter certeza que meus amigos, minha família, estarão a salvo."
"É o que você pensa?" Mark olhou pra ele quase com pena. Oliver assentiu e Mark deu de ombros. "Ok, então vamos descobrir se isso é verdade."
"O que isso significa?" Oliver perguntou.
"É hora de eu tomar a frente." Mark esfregou as mãos juntas.
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Minha nossa!!! =(
ResponderExcluirCom o Oliver triste assim dá uma vontade de ninar ele... ai, ai!
Continuação, por favorzinho!
GIL
Uau
ResponderExcluirCapitulo recheado de ação.
Ansiosa pela contniuação.
Vilm@
Meninas, que bom que estão gostando... estou na metade da tradução do capítulo cinco, preparem-se... quero postar hoje ainda... até mais... :D
ResponderExcluirTremendo turbilhão de emoções... Fiquei até com os olhos marejados aqui com as lembranças da Chloe...
ResponderExcluirAi Adrirockgirl, você tá a mil mesmo! Tomara que consiga terminar esse cap. 5, a fic tá imperdível!
Ciça, se você se emocionou nesse, prepare o lencinho para o próximo... :) Acho que consigo terminar sim... mais umas duas horinhas... :D
ResponderExcluirAdriana