Reaction Time (2/6)

Título: Tempo de Reação
Resumo: Basta dizer que Chloe Sullivan nunca foi seduzida na vida. Então é difícil pra ela saber como reagir quando isso está, de fato, acontecendo.

Autora: apeygirl
Classificação: NC-17
Avisos: erotismo, tristeza, alguma comédia romântica bobinha
Spoilers: Persuasion
Anterior: Um

Chloe estava sentada sobre os pés e passando creme nas mãos, assistindo Gilligan e a gangue se reunir e planejar a saída da ilha... de novo. Sua mente estava entorpecida e ela sabia exatamente como a história ia terminar, com eles de volta ao ponto zero, o que era reconfortante de certa maneira. Não que isso não fosse terrivelmente depressivo se não fosse um programa de TV. Mas era uma tragédia previsível, melhor do que sua vida.

Ela se sentia culpada por tirar um dia de folga com tudo que estava acontecendo nos cantos obscuros de Metrópolis. Mas tinha que ter aprendido alguma coisa depois da noite com Stephen... ou Alec. Ela precisava de um tempo de vez em quando. Talvez a terra da TV e uma auto-massagem não fosse uma noite ideal. Mas pelo menos ela estava preservando sua sanidade. E como bônus, estava pensando com mais clareza.

Quanto mais se afastava do computador, mais claro o retrato ficava. E não era um retrato bonito. Ela podia se enxergar melhor. Uma pessoa que vivia o luto dentro da Watchtower, e isso estava demorando tempo demais. E ela não achava que podia esperar muito mais tempo. Ela precisava...

Ela balançou a cabeça e decidiu não pensar mais em nada hoje. Claro, Gilligan não estava ajudando. Era bem previsível e deixava mais fácil sua mente vagar. Precisava de uma distração melhor.

Seu telefone tocou e o visor lhe prometeu uma distração bem melhor.

Ela respirou fundo antes de atender, deixando tocar algumas vezes. Estava esperando essa ligação. Certamente ela não ia ligar pra ele. Não queria parecer muito ansiosa.

"Ei", ela disse depois do quinto toque. "Como está a Califórnia?"

"Quente, mesmo durante o inverno. Estamos num deserto. Numa parada de caminhões." Ollie fez soar como se fosse o quinto círculo do inferno. "Mas pelo menos conseguimos ver o grande dinossauro do PeeWee's Big Adventure."

"Pára de falar como se não fosse demais", ela ouviu Bart dizer. "Com quem você está falando? É o Clark? Se for manda ele vir pra cá. Ele nunca sai com a gente. Fala pra ele sobre os dinossauros."

"Não é o Clark", Oliver suspirou. "Enfim, eu provavelmente vou ficar fora mais um dia até Bart encontrar essa misteriosa namorada dele."

"Cara, ela não é minha namorada", Bart resmungou ao fundo. "Eu já disse, essa garota passou por um monte de cidades. Agora está indo para o oeste. Eu tenho que alcançá-la. Só preciso de outro par de olhos. Ela escapou de mim no Alabama, mas..."

"Sim. Não vai acontecer desta vez etc. O cara está obcecado."

"Ei, você não precisava ter vindo."

"Sério? Porque do jeito que você estava choramingando, eu achei que tinha que vir."

"Desculpe por achar que alguém ia gostar de viajar. Vocês de Metrópolis são uma chatice. Ei, se for a Chloe, pergunta o que ela está vestindo. Eu tenho que ir pegar mais fritas."

"Bart quer saber o que você está vestindo." Sua voz baixou. "Na verdade, eu não me importaria em saber também.'

"Oh, vocês dois", ela disse. "Sempre... brincando."

"Um de nós. Eu estou falando muito sério", ele disse, sua voz ficando ainda mais baixa.

"Claro." Seu rosto ficou quente e ela sentiu o desejo ridículo de pegar uma almofada e gritar. "Afinal, do que você precisa?"

"Saber o que você está vestindo."

"Ah, pára. Vocês precisam que eu invada algum sistema de segurança ou..."

"Eu não preciso de nada", ele disse soando frustrado, o que a fez sorrir. "Eu só... queria contar o que estava acontecendo. E eu estava pensando... você viu meu bilhete, certo?"

"Sim, eu vi", ela disse, olhando para a muda TV.

"Então... eu vou voltar logo. Mas tenho que ir para Star City na sexta. O que você vai fazer na quinta?"

O que dizer, o que dizer... "Eu? Livre como um pássaro", ela decidiu, querendo ver até onde ele ia.

"Ótimo. Porque, na outra noite... quer dizer, você estava falando e, se você ainda quiser se divertir, eu tenho algumas ideias..."

"Não. Eu estou a fim de diversão. Eu tenho pensado no que você disse." Ela abaixou a voz. "Quer dizer, com todas as situações de vida ou morte que vivemos, temos que ter nossa diversão onde podemos." Ela deu uma longa pausa. "Acho que sei o que você estava querendo dizer, Oliver."

"Sabe? Porque... bem, você não me ligou e eu estava começando a achar que..."

"Oh, não. Eu sei exatamente o que podemos fazer pra... nos divertir. Além do mais, decidi que salvar o mundo pode esperar de vez em quando, pelo menos por alguns minutos."

Ele deu risada. "Eu acho que precisaria mais do que alguns minutos, Chloe. Eu estou pensando em... horas."

"Isso é... muito tentador." Ela passou a mão pelo rosto provavelmente vermelho, então rapidamente a afastou sentindo o cheiro do creme. Isso estava indo longe, talvez longe demais. Ela tinha que dar uma maneirada. "Eu sei! Veja se Bart pode vir."

Houve silêncio, então... "Bart?"

"Claro. Acho que precisamos de pelo menos três pessoas para o que eu tenho em mente", ela disse, escolhendo as palavras cuidadosamente, tentando não dar risada. Mas, droga, isso tinha soado bem sem vergonha.

"Eu... eu não achava que você... quer dizer, eu não... bem, quer dizer, mas..." Com creme ou não, ela levou a mão até a boca. "Chloe... eu estava pensando que só nós dois seria suficiente."

"Ah, qual é", ela disse. "Não se pode jogar pôquer só com duas pessoas. Que graça teria?"

"Pôquer?"

"Claro."

"Sabe, eu..." Ela quase podia ouvir a mente dele trabalhando. "Eu não acho que Bart pode na quinta."

"O que eu não posso na quinta?" ela ouviu Bart ao fundo. "Talvez eu possa na quinta. O que vai acontecer na quinta?"

"Espera." Sua voz ficou abafada. "...uma reunião sobre um novo sistema de segurança nas missões ou coisa assim. Sabe como é quando ela começa. Achei que você ia querer se livrar."

Ela sorriu, decidindo fingir que não tinha ouvido.

"Obrigado, cara." Bart sussurrou. "Sim. Eu já tenho compromisso na sexta", ele disse bem alto.

"Quinta", Oliver sibilou.

"Quinta", Bart se corrigiu, também em voz alta. "Diga a ela que eu sinto muito."

"Sim. Desculpe. Enfim, acho que talvez eu precise esclarecer isso melhor. Eu só... eu não acho que deveríamos falar disso com... pessoas ao redor. Mas... ok. Lembra da outra noite?"

"Sim..."

"Eu estava pensando que podia ser daquele jeito. E talvez pudéssemos conversar um pouco mais sobre... coisas que podemos fazer."

"Acho que estou entendendo agora."

"Está? Porque eu não tenho certeza."

Ela sabia que ele não tinha, pobre rapaz. "Eu venho pensando naquela noite. Espera um pouco. Deixa eu colocar J'onn nessa."

"J'onn?"

"Claro. Aposto que vocês podem me ensinar uns truques."

"Uh..."

Deus, ela era terrível. "Quer dizer, quando uma garota descobre que está prestes a viver momentos de pós-apocalipse, tem que acordar. Um pouco mais de defesa pessoal não vai doer."

"Bom... sim. Isso é importante. Mas J'onn provavelmente está ocupado. Mas enfim, eu ligo pra ele e vejo se..."

"Por que esperar? Eu posso colocá-lo na linha. Espera..."

"Detetive Jones."

"Ei. É a Chloe. Ollie está na linha e estávamos pensando... eu podia fazer um pouco mais de treinamento de defesa pessoal. Não posso usar o computador pra tudo, certo?"

"Não é uma má ideia", J'onn disse.

"Então, o que você vai fazer na quinta?"

"Saio do trabalho às seis. E oi, Oliver?"

"Oi", Ollie disse... e miseravelmente, ela percebeu.

"Ótimo!" Chloe forçou uma risada. "Aposto que vocês dois vão me colocar em forma logo, logo. E não precisamos só tratar de negócios. Foi tão legal um tempo pra nós na outra semana."

"Eu estou dentro", J'onn disse rapidamente. "Realmente gostei daquele restaurante."

"Acho que tem um restaurante coreano aqui perto. Eles deixam você fazer sua própria comida." Chloe disse, realmente animada, apesar de seu plano. "Acho que você vai gostar."

"Acho que sim. E eu pago desta vez. Eu insisto. E já que vamos sair, poderíamos ir jogar boliche."

"Boliche." Oliver repetiu como se elas significassem 'tratamento de canal'.

"Os caras aqui do trabalho vivem falando nisso. Eu sempre digo que vou, mas nunca joguei e gostaria de praticar um pouco. Seria o ideal para eu assimilar e..." Sua voz ficou levemente abafada. "Você o pegou... Não. Coloque-o na cinco. Eu preciso ir interrogar uma pessoa", ele suspirou, sua voz mais clara agora. "Eu estou, no entanto, ansioso por quinta. Vejo vocês depois."

A linha bipou enquanto ele desligava.

"Maravilha", Chloe disse. "Auto-defesa, auto-churrasco, e boliche. E a Sociedade da Justiça disse que não sabíamos nos divertir. Vamos mostrar a eles."

"Acho que vamos", Ollie respondeu.

Chloe tentou pensar no que dizer a isso. Talvez ela estivesse sendo muito difícil.

"É melhor eu ir", ele disse antes que ela pudesse dizer algum coisa. "O almoço está quase pronto. Tenho que ajudar Bart a pegar a tal garota que ele fica babando."

"Cara, não fala assim. Eu não estou babando. Eu estou procurando a mãe dela. Acho que ela está nessa também. Sabe, a mãe dela dirige e ela faz os roubos..."

"Te vejo na quinta", ele disse, sua voz soando cansada.

"Ollie?"

"Sim?"

Ela ainda não tinha uma resposta. "Nada. É só que... eu estou ansiosa por quinta."

"Sim. Vai ser bom pra... todos nós. Até depois."

"Tchau." Ela mordeu o lábio quando desligou. Isso era complicado. Ela não queria que ele se sentisse desencorajado e parasse de tentar, mas não queria que ele soubesse que ela sabia que ele estava tentando. Uma parte dela desejava que ele desse o próximo passo, ganhasse o jogo que não sabia que estava jogando, mas a outra parte dela ainda não queria simplesmente cair em seus braços. Era um hábito que ela queria quebrar.

No colégio ela caía nos braços de qualquer um que demonstrasse interesse e quase pagou com a vida. Com Jimmy... bem, ainda doía pensar nele, pensar nele como um ser humano. Estar na Watchtower, olhando para o lugar onde ele morreu, pensar em suas últimas palavras... ele era como um santo agora e ela se sentia culpada por pensar nele como menos que isso. Mas ele era um homem que havia estado em sua vida amorosa e, fim trágico de lado, ele seguiu o padrão. Não é como se ele tivesse tido que conquistá-la. Tudo o que ele teve que fazer foi mostrar algum interesse. Tudo que qualquer cara tinha que fazer era mostrar o mínimo interesse. Especialmente Clark. Teria sido dele num piscar de olhos durante tantos anos. Ela ia quebrar esse hábito agora.

Estava cansada de ser tão fácil. Não que fosse uma vadia, mas enfim, ela era muito fácil de se conseguir. Mesmo que isso não fosse amor eterno, mesmo que fosse apenas sexo, seria bom esperar. E definitivamente seria bom para o ego de Ollie também.

Na manhã seguinte à aula de arqueirismo, ela tinha chegado à Watchtower e encontrado um bilhete em seu computador.

Pense sobre ontem à noite. Você tem (e essa parte estava sublinhada) que saber do que eu estava falando. Fui pra Califórnia com Bart. Me liga. Até aí estava tudo bem. Talvez ela tivesse ligado pra ele, desistido do plano. Mas a última parte realmente a incomodou. Você sabe que você quer.

Agora talvez, no final, ela quisesse... e muito. Mas o fato dele ter suposto que ela ia querer a fez pensar. E por causa disso sua resolução ficou ainda mais firme.

Ele ia ter que esperar um pouco mais. Seria bom pra ele.

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"Essa foi boa", Chloe disse, marcando seu cartão. "Boa até demais."

J'onn se afastou da linha com seus sapatos laranja e marrom e se sentou ao lado dela. "Não faço ideia do que você está falando."

"Vamos, J'onn. Dois strikes seguidos." Ela se inclinou para sussurrar. "Não tente me dizer que não houve telepatia envolvida."

Ele deu de ombros. "Talvez um pouco. Mas se você tivesse ouvido o detetive Pearson falando sobre como ele é bom..." Ele deu risada. "Imagino se estou ficando muito humano. É quase de dar pena querer vencer."

Ela também deu risada. "Nem sempre."

"Aposto que você acha isso."

Ela parou um pouco. "Não sei do que você está falando", ela disse, devolvendo as palavras dele.

Ele inclinou a cabeça na direção de Oliver, sentando no bar atrás deles e tomando uma cerveja. Ollie tinha optado por não jogar boliche, reclamando que estava com dor em uma perna. "O que estou dizendo é que eu não sou o único usando minhas habilidades para bens pessoais", ele esclareceu, pragmático como sempre.

Chloe se abaixou sobre o cartão de pontos. "Eu... ainda não sei do que você está falando", ela mentiu, pensando se tinha escolhido o parceiro errado para o boliche. Seus poderes excediam o físico. Como podia ter esquecido disso?

"Eu não gosto de ficar ouvindo... assuntos pessoais. Tento não ouvir, mas vocês dois..." Ele balançou a cabeça. "Eu ouvi um sussurro pelo telefone, mas pessoalmente... é extremamente alto."

Chloe se concentrou ainda mais em fazer seu dois parecer menos com um sete. "Desculpe se você... se sente desconfortável."

"Oh, eu estou ignorando já que eu realmente queria jogar boliche. Mas um conselho..."

Ele colocou a mão sobre a de Chloe e o pequeno lápis caiu no chão. Ela olhou de lado pra ele.

"Eu não vou fingir saber onde tudo isso vai dar, mas eu sei de onde vem. Acho que todos os seres humanos precisam ser tocados, mas tentam manter o que precisam sob controle. Só que a necessidade não vai embora", ele disse, olhando para a pontuação deles.

"Eu... J'onn, eu realmente não sei o que isso significa. Honestamente."

Ele se virou pra ela. "Significa que a outra parte precisa do mesmo que você. Tem o mesmo desejo por controle. E algumas vezes uma pessoa tem que ceder."

"Bem... você está dizendo que tem que ser eu? Por que eu tenho que ceder? Por que eu não posso estar no controle pelo menos uma vez na minha vida? Talvez eu mereça finalmente estar..."

"Eu não estou dizendo que você tem que ceder. Mas eu digo que um de vocês vai ter que fazer isso, ou nenhum dos dois vai conseguir o que quer." Ele suspirou e se levantou. "Eu ainda fico impressionado com as interações humanas. Ninguém diz o que realmente quer. O boliche, no entanto, não me preocupa mais. Acho que vou jogar bem com os outros, se eu tiver que jogar. Então obrigado por isso, acho que vou indo embora.

Ela sorriu um pouco. "Você quis dizer que vai enganar os outros."

"É só um jogo", ele disse, indo na direção de Oliver.

"É sempre um jogo", ela sussurrou, olhando de volta para eles enquanto J'onn saía. Ele estava certo? Oliver estava prestes a desistir?

Ela realmente tinha acreditado que ele fosse tentar mais, mas relembrando a noite, ele tinha ajudado no treinamento sem nenhum toque inapropriado. E houve vezes em que ela estava presa entre os braços dele e o arco, e mesmo com J'onn por perto, desejou que ele tivesse feito isso. Durante o jantar, houve um momento em que ele se inclinou tão perto que ela podia sentir a barba na bochecha dele, mas ele estava apenas checando a carne. Pra ser honesta, ela tinha se divertido tanto que nem tinha tido tempo pra ficar desapontada antes.

Talvez ela estivesse abusando da sorte. Ela observou J'onn sair e Ollie tomar um longo gole de sua garrafa. Estava quase vazia. Ela se viu correndo na direção dele antes que ele pudesse terminar. Porque se ele terminasse a bebida, ia embora e ela realmente não queria que ele fosse embora.

"Ei!" Ela arrancou a garrafa da mão dele antes que ele pudesse tomar outro gole. "Posso tomar um pouco?" Ela engoliu rapidamente, então se virou para o garçom. "Mais duas por favor?" Ela se virou para Oliver. "Desculpe. Eu estava com sede. Mas eu pedi mais duas então..." Então agora você não pode ir embora.

"Eu meio que desejava que você não tivesse pedido. Eu estava pensando em ir embora. Eu não sei, isso..."

"Ah, qual é. É noite do boliche." Ela bateu a garrafa vazia no balcão. "Poderia ser uma tradição. Eu sei que J'onn foi embora, mas ainda podemos..."

"Sim. Mas eu não gosto de boliche." Ele deu de ombros e começou a arrancar o rótulo da garrafa. A mulher peituda perdeu seu... peito. "Eu queria demonstrar solidariedade e tal, mas... eu acho que não estou no clima."

Ela se sentou ao lado dele. "Por que não?" Talvez tivesse mais alguma acontecendo além do que J'onn tinha dito.

"Não é nada. Pra mim chega. Está tudo bem. Não precisa..."

"Ollie..." Ela colocou a mão no joelho dele. "Você pode me contar qualquer coisa."

Ele olhou para a mão dela e depois pra ela. "Não isso."

"Especialmente isso."

"Na verdade... não é nada. É besteira." Seus olhos estavam colados nos dela. "Seus olhos são verdes", ele disse de repente.

"Sempre foram." Ela olhou pra ele. Os dele eram castanhos. Não castanhos como lama, mas castanhos como chocolate.

"Eu gosto de verde."

Ela sorriu. "Sério? Eu jamais imaginaria."

Ele deu risada e desviou o olhar para o garçom que servia mais duas cervejas. "Quer saber? Não se preocupe. Tinha essa garota, e então não tinha mais. Não é nada."

Ela ficou tensa de repente, pensando em Lois. Talvez J'onn tivesse entendido errado. Talvez não fosse sobre ela afinal. "Essa garota..."

"Não foi bem o que eu quis dizer. Na verdade era mais... uma possível garota. Nunca nem nos beijamos, então..."

Ela agarrou a garrafa, tomando um longo gole, e então outro. Não era Lois, então.

"Não é nada, quer dizer... eu fico dizendo isso, mas está tudo bem. Ela só... eu não sei. Ela não me vê do mesmo jeito que eu a vejo e é só isso e eu estou bem."

Ela engoliu, então colocou a garrafa no balcão. "Bem, isso é uma loucura. Quer dizer... ela deve ser maluca." Definitivamente maluca. Ou no mínimo uma idiota, essa tal ela. Apesar de ter tomado uísque naquela noite na Watchtower ela não tinha sentido os efeitos. Esta noite, porém, duas taças de vinho tinto e uma cerveja aqui e ela estava se sentindo zonza. Não sabia ser era coragem ou tontura, mas disse... "Quem não ia querer beijar você?"

Ele parou, a garrafa a meio caminho de sua boca e se virou pra ela. "Algumas pessoas."

"Pessoas malucas", ela insistiu, ainda corajosa... ou louca. Não saberia dizer exatamente.

"Você..." Oliver se virou para a cerveja, arrancando o pobre rótulo na parte dos seios da mulher novamente. "Você se acha maluca?"

"Claro que não..."

"Ok." Ele se levantou e segurou o braço dela, afastando-a do bar.

"Eu preciso pagar..."

"Não se preocupe." Ele colocou a mão no bolso e pegou uma nota, e a jogou no bar.

"Mas eu deveria..."

"Fique com o troco", ele disse ao garçom.

Chloe olhou pra trás e viu o garçom abrir a boca, olhando pra eles alarmado e depois para a nota, seus olhos arregalando. "Voltem sempre que..."

Chloe não ouviu o resto. Oliver a estava puxando atrás dele, passando pelo aluguel dos sapatos, então pelos banheiros, então pelo fliperama... onde ele parou. "Como saímos daqui?"

"É pelo outro lado. Mas nossos sapatos..."

Ele a girou. "Fodam-se nossos sapatos."

Ela deu risada. Não só por causa das palavras, mas pelo fato de estarem acompanhados pela doce melodia do Pacman.

Ele também deu risada, olhando para a sala. "E você é maluca. Vem cá."

Ela olhou pra trás, vendo um jogo que tinha um macaco. Rampage? Até ela se lembrava desse jogo. Quando foi a última vez que esse fliperama tinha comprado um novo...

Ela arfou quando ele agarrou seus quadris e suas costas bateram numa mesa de pinball na sala escura, iluminada apenas pelas luzes dos jogos. Estavam só eles ali.

Os dedos dele roçaram seu queixo. "Olha pra mim."

Ela olhou. O brilho dos jogos ao invés de ofuscarem, apenas aumentavam o brilho daqueles olhos chocolate. Eles refletiam os personagens... e outras coisas que podiam parecer bobas, mas não eram. Não naqueles olhos. Não quando eles estavam se aproximando... cada vez mais.

Jesus! Isso era muito sério.

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Capítulo 3/6

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