19.9.11

Reaction Time (4/6)

Resumo: Basta dizer que Chloe Sullivan nunca foi seduzida na vida. Então é difícil pra ela saber como reagir, quando isso está de fato, acontecendo.
Autora: apeygirl
Classificação: NC-17
Avisos: erotismo, tristeza, alguma comédia romântica bobinha
Spoilers: Persuasione Conspiracy
Anteriores: Um - Dois - Três




O primeiro chegou na sexta por volta do meio-dia.

Ela estava enrolada, dormindo e tremendo sob um fino lençol no sofá da Watchtower. Estava com muita preguiça para se incomodar em pegar lençois melhores, tendo desabado depois de uma noite que poderia ser descrita como uma maratona pornô, embora não pelas razões normais.

Chloe Sullivan, que nunca teve uma experiência sexual aventurosa em sua vida tinha passado a noite se servindo de porções de sexo, posições, dicas e truques, até vídeos de 'como-fazer' ela assistiu até os olhos se fecharem. Pesquisa nunca era demais. Ela não ia entrar nessa às cegas. Se ia ter "diversão" com Oliver Queen, então era melhor tentar fazer o melhor.

Não que ela achasse que fosse absolutamente terrível. Jimmy certamente nunca reclamou. Claro, ele nunca teve ideias mais aventurosas do que ela, mas ele nunca investiu nelas de verdade. Ele tinha uma tendência de dar risadinhas sempre que tentava.

Ela sentiu uma onda de culpa no meio de uma anotação sobre Kama Sutra achando que estava mais empenhada nisso por Oliver do que jamais esteve pelo homem com quem tinha se casado. Mas pra quê? Ela tinha amado Jimmy. Tinha se casado com ele, não tinha? Quando você ama alguém, sexo não é importante. Não tem que ser de estremecer a terra. É sobre conexão, sobre construir uma vida. Sexo é uma parte muito pequena da vida a dois.

Não era sobre isso. Isso era sobre hedonismo e suor e todas as coisas que ela nunca se imaginou fazendo. Ela podia imaginar com Oliver... ou pelo menos podia imaginar Oliver fazendo. Ela estava meio confusa com essas fantasias acaloradas que duraram até ela cair no sofá, sonhando com Oliver, peito nu e com suspensórios, puxando-a de um lago, jogando-a contra as docas, enfiando a língua em sua garganta, então jogando-a de volta repetidamente enquanto a água batia neles fazendo barulho como se ela fosse decididamente um peixe mau.

Isso a fez acordar arfando e imaginando porque seus sonhos não podiam ser mais sensuais. Então ela registrou que a insistente campainha era real e se sentou imaginando porque alguém tocaria a campainha. Os rapazes tinham acesso e ninguém mais tinha razão pra ir até lá a não ser que... Já era quinta?

Ela olhou ao redor, arfando mais alto ao ver as imagens sujas ainda sendo exibidas em cada monitor. Ela não estava pronta pra ser quinta. Victor só viria na quarta pra ajudar com os equipamentos. O lugar não poderia ser avaliado parecendo uma sala de guerra, ainda mais com monitores repletos de pornografia e...

Ela balançou a cabeça e percebeu que não podia ser quinta se quarta ainda não tinha acontecido ainda. Sexta. Era sexta. Ela tinha quase uma semana. Então quem diabos era? Ela correu para desligar dois dos monitores e foi até o interfone, tentando ignorar o homem que ainda estava gemendo enquanto 'Debbie safada' se virava para a câmera e parava para explicar suas ações sobre a firmeza com que se deveria pegar a base do pên...

"Sim? Quem é?" ela disse, rapidamente soltando o botão depois. Quem quer que fosse, não precisava ouvir aquilo.

"Entrega para Senhorita Sullivan."

Ela estreitou os olhos e correu até os monitores, desligando as dicas de Debbie e também o slideshow de poses do Kama Sutra. Agora não era hora para sexo. Se alguém ia entregar alguma coisa para Chloe Sullivan, fariam isso no Talon, não aqui, que apesar de estar em seu nome, não estava na lista.

"Eu devo subir?"

"Não!" ela gritou, então percebendo que não adiantava gritar do outro lado da sala. Ela correu até o interfone e apertou o botão. "Não. Eu vou descer."

Ela mexeu o pescoço, desejando ter transformado o sofá em cama antes para fazer a 'pesquisa'. Agora estava com torcicolo e Deus sabe quem estava lá fora. Ela abriu a gaveta da mesa e pegou a arma, então foi até o monitor e ligou a câmera da rua. Era um homem que parecia jovem e magro e... meio que entediado, pelo jeito que ele segurava uma enorme caixa com um laço verde e revirando os olhos. Ele apertou o botão do interfone. "Senhorita? Eu tenho uma manhã bem cheia, então..."

Ela correu até o interfone e apertou o botão. "Estou descendo. De quem é?"

"Da floricultura Conroy."

Ela olhou para o monitor, viu a moto na calçada com um capacete pendurado na frente e uma caixa preta atrás com o logo da empresa de entrega. Parecia legítimo. Mas quem...

"Quem mandou?"

Ele gemeu e olhou para a caixa. "Eu não sei. Eu não abri. Eu não posso simplesmente..."

"Deixa aí na escada. Eu já vou descer."

"Deus", ele resmungou. "Obrigado, madame", ele disse.

Ela o observou ir embora e foi até as portas para o elevador, colocando a arma na cintura. Estava ciente que podia estar exagerando na reação, mas com a quantidade de aliens anônimos, para a maioria da qual ela agora estava dando nomes, andando por Metrópolis, tinha que ser cuidadosa.

Embora não acreditasse que uma caixa branca com um laço verde pudesse enfiar uma faca em seu estômago, poderia ser...

Ela quase deu risada enquanto descia até o térreo. Laço verde. Ninguém além de Oliver usaria um laço verde tão perto do Dia dos Namorados.

Ainda assim, ela achou melhor dar uma longa chacoalhada na caixa quando finalmente a pegou. Algo mexeu, mas não ouviu nenhum tic-tac. Ela arrancou o laço no elevador e deu mais uma chacoalhada cuidadosa antes de abrir.

Rosas. Um enorme buquê de rosas vermelhas. Uma dúzia delas com um cartãozinho escondido. Ela o pegou.

Para 'esta tal garota.'Sua vez.O.

Ela mordeu o lábio inferior. Ele estava a fim dela, loucura ou não.

Assim que subiu, ela colocou a caixa na mesa, olhando para as rosas vermelhas, imaginando o que o 'sua vez' significava. Ela as tirou da caixa e sentiu o perfume. Nunca tinha recebido rosas vermelhas. Jimmy sempre escolhia arranjos coloridos, mas tinha algo de especial nas rosas vermelhas e com aquele laço verde que pareciam indicar... desejo.

Ela afundou o rosto nas rosas. Ela era desejada. Ela era desejável. Uma adolescente idiota gritava dentro dela que Oliver Queen queria fazer SEXO com ela. Ela as afastou e respirou fundo. Era adulta. Então chega dessa reação. Sabia, desde que ele havia pressionado aquela ereção contra suas costas neste mesma sala, o que ele queria. As rosas, no entanto, ajudaram a deixar isso ainda mais claro. Ela acariciou uma, sorrindo pra si mesma.

Ela pegou o celular e digitou uma mensagem, sabendo que ele não veria antes de pousar, e foi procurar um vaso.

A ligação veio durante a tarde. Ela respirou fundo antes de atender, rindo só um pouquinho agora, imaginando como ele responderia ao movimento dela.

"Oliver", disse com uma voz alegre. "Tendo um almoço legal?"

"Escuta, eu estou a caminho do meu... como você sabe?"

"Bem, estamos com duas horas de diferença. Deve ser meio-dia aí. Imaginei que finalmente deixariam você ir almoçar."

"Mais ou menos", ele resmungou. "Achei que você estivesse me monitorando ou vigiando ou alguma coisa assim."

Ela apertou os lábios. "Sim, Oliver. Tem uma minúscula câmera no broche da sua lapela e eu tenho visto cada movimento seu."

"Não estou usando um broche na lapela."

"Oh, céus", ela disse. "Frustrado novamente."

"Ok. Não haja como se nunca fizesse isso."

"Sim, pra sua informação, eu monitoro quando ninguém me responde e imagino que a pessoa pode estar caída numa lixeira por aí. Mas eu vou parar, e assim, quando você realmente estiver caído numa lixeira em algum lugar, você vai ter que se virar sozinho e..."

"Jesus! Tá bom. Esquece essa história. Eu nem me importo com isso. Eu só... estou preso em reuniões desde que cheguei e estou cansado e eles estão tentando fechar cinco escritórios e demitir umas mil pessoas e estão me tratando como..." A voz dele ficou entrecortada. "...spppllltttrrrrrrrch não foi isso que affftvgggniiiinthh empresa e que diabos você quis dizer com aquilo?"

"Com o quê?" ela devolveu, seu bom humor completamente desintegrado.

"Grande ideia", ele zombou. "Elas realmente iluminam o lugar. Quer saber do que mais? Eu não tenho tempo pra isso, eu tenho um fim de semana cheio aqui e não leio mentes, então por que você não pára com essa porcaria e me diz..."

"Que ótimo. Por que você não volta para sua reunião e me deixa em paz?" Ela desligou, furiosa. 

Eu não tenho tempo pra isso. Então por que ele ligou?

Ela foi até o lado da mesa, pronta para pegar o vaso e jogar no chão quando seu telefone tocou novamente. Sabia que era ele e debateu se deveria atender, mas resolveu que sim e respirou fundo preparando-se para dizer a ele que...

"Oi. Eu sou um imbecil."

Ela fechou a boca, considerando que ia dizer exatamente a mesma coisa.

"As coisas não estão indo bem e eu estou frustrado e descontando em você. Eles estão me tratando como se eu fosse um riquinho que só está aqui pra assinar o nome e eu estou começando a achar que eles estão certos. Eu não sou bom em negócios assim."

A raiva dela se dissipou com um suspiro. "Oliver, eu sei que isso não é verdade."

"Não. É verdade. Eu nunca fui. Parte da razão pra eu começar a sair por aí como Arqueiro Verde é porque eu odeio essa merda."

"Essa merda é o que financia nossas ações."

"Exatamente. É o meio para um fim." Ele gemeu. "Eu não sei. Talvez eu devesse deixá-los fechar os escritórios. Se isso cortar os gastos, então..."

"Mas você disse que pessoas seriam demitidas. E com a economia como está. Você ia conseguir viver com isso?"

Ele ficou em silêncio por um momento. "Não."

"Então não faça. Diga a eles pra encontrarem outro jeito."

"Eu não posso simplesmente entrar lá e dizer às pessoas o que fazer."

"Sério?" Ela teve que dar risada. "Porque eu achei que você fosse o dono da Queen Industries."

Ele deu risada. "Você tem um jeito de resolver essas porcarias... pelo menos às vezes."

Ela parou de sorrir.

"Chloe?" Sua voz era baixa e mandou um arrepio por sua espinha. "O que você quis dizer com aquela mensagem?"

Ela engoliu em seco. "Só o que está escrito. Elas são... realmente lindas. E foi uma grande ideia e iluminaram o lugar e..."

"Eu não mandei as flores pra enfeitar a Watchtower", ele interrompeu. "Eu mandei pra você. Pra você. Eu só... queria dá-las a você."

O sorriso dela retornou e ela olhou de volta para o vaso, feliz que não o tivesse quebrado.

"Sr. Queen?" uma voz distante chamou. "Eles já estão prontos..."

"Sim. Eu já vou", ele disse. "Eu preciso ir. Eu tenho mais um milhão de horas aqui se vou realmente lutar contra as demissões."

"Aposto que você vai conseguir", ela disse. "Você é um lutador, Oliver."

Ela podia ouvir o sorriso na voz dele. "Se você diz."

"Bem, isso não se resume apenas aos atos heroicos."

"Sr. Queen?"

"Ok. Só um segundo... Escuta, eu te ligo à noite."

Ele não ligou, mas ela não se importou, de verdade. Sonhou com as pétalas de rosas naquela noite, caindo das mãos dele em seu corpo antes dele cobri-la...

*******************

O próximo veio no sábado.

Deste vez ela desceu para encontrar o entregador com a moto, imaginando o que ele tinha pra ela hoje. Havia a mesma caixa retangular com um laço verde, e também uma outra caixa quadrada.

"Eles só me entregam as encomendas", ele disse cansadamente quando a ouviu perguntar. "Temos pacotes para o Dia dos Namorados, então talvez seja isso. Eu não sei."

Ele também não parecia se importar. Mas ela pegou as caixas, sentindo o cheiro de alguma coisa além das flores, algo doce e com amêndoas... e para o corpo.

Podia sentir também aroma de café, então ela colocou uma nota de vinte na mão dele e abriu a caixa menor no caminho para o elevador, imaginando que tipo de café havia ali.

Era melhor do que ela tinha imaginado. Quatro cafés. Todos da Costa Rica. Extra forte, com avelã, com coco, e chocolate alemão. Era uma tentação para o seu nariz e ela estava tentando decidir qual iria experimentar primeiro.

Eu sei o que te faz se sentir bem. Confie em mim. O.

Ela se recostou contra a parede do elevador, seus joelhos fraquejando. Era tudo tão inescapavelmente sexual. O que ela deveria dizer?

Ela tinha que pensar em alguma coisa logo porque seu telefone já estava tocando quando ela subiu. Ela quase não atendeu. Precisava de mais tempo. Não só por causa do jogo, mas pelo fato de que ele iria ficar longe mais um dia pelo menos e se realmente fizessem isso agora, ela ficaria maluca com a espera e...

Ela colocou as caixas na mesa e atendeu, imaginando que já estava nesse caminho se estava animada por causa do café. "Oliver", ela disse, tentando não soar ansiosa.

"Você recebeu?" ele disse como saudação.

"Oh, o café?" Ela disse o mais casualmente possível.

"E as flores."

"Sim, recebi os dois." Ela pegou a nova dúzia da caixa. "Você está me mimando."

"Se alguém merece, é você."

"Esse é o seu jeito de dizer que eu trabalho muito bem?"

"É o meu jeito de dizer que queria estar aí pra te mimar pessoalmente."

Jesus. Ela também queria. 

"Eu estou me preparando pra partir, mas... eu queria ter ligado ontem à noite."

"Você deve ter tido um longo dia e você disse que estava cansado. Eu entendo."

"Eu sei. É só que eu queria realmente ter falado com você", ele disse.

"Falar sobre as reuniões? Como foi?" Ela foi na direção da lateral da mesa, pensando que isso ia arrancar um pouco mais de reação dele.

"Não. Sobre... Oh. Elas foram bem", ele disse, sua voz um pouco mais leve. Ela sorriu, feliz que ele tivesse entendido a deixa. "Eu não vou te chatear com os detalhes, mas finalmente consegui convencê-los a fechar alguns projetos de pesquisa ao invés de escritórios. A maioria era de trabalho teórico e não estávamos conseguindo nenhum resultado, e mais, são pesquisadores renomados e não vão encontrar dificuldade em encontrar novos projetos. Só precisamos decidir em que divisões vamos fechar, então vai ser mais um longo dia."

Ela sorriu enquanto começava a colocar a nova dúzia de rosas junto com as outras. "Eu te disse que você era o chefe."

"Ser o chefe significa que eu consigo o que eu quero?"

Ela parou, uma rosa caindo de sua mão. Ele realmente ia tomar esse caminho na conversa? A milhas de distância? Mas se ele realmente queria brincar... "Depende do que você quer."

"Bem... Eu estou trabalhando muito pra garantir dinheiro pra nossa causa. Não me importaria de ser um pouco mimado quando eu voltar pra casa."

Ela sorriu. "Talvez os rapazes e eu possamos preparar um bolo e uma placa."

Ele deu risada. "Tentador. Mas eu preferia ser mimado só por você."

"Ah, entendi. Devo te receber com flores e café?"

"Você não tem que me receber com nada... nem com roupas."

Ela foi até a mesa e se sentou, escolhendo as palavras cuidadosamente. "Com certeza. Eu nem sei que número você veste."

Ele deu risada de novo. "Ok. Que tal se eu pedir uma massagem completa?"

"Homem ou mulher?"

"Como?"

"Tem esses anúncios pela cidade. É só dizer se você quer a massagem de um homem ou de uma mulher e eu agendo." Ela se levantou. Isso era meio divertido.

"Eu quero uma mulher então. Uma loira com cabelo curto e baixinha e que entenda de tecnologia."

Ela decidiu deixar o comentário sobre sua altura pra lá. "Tecnologia? Ela vai usar eletrodos em você? Nossa, Oliver. Se eu não te conhecesse melhor, diria que isso é meio que um fetiche. Talvez eu devesse ficar longe de você."

"Ah, não. Você vai ter que estar presente, senão como você vai ganhar sua massagem?"

"Talvez eu não queira uma massagem."

"Essa você vai querer. Quando tiver terminado, não vai haver mais nenhuma tensão no seu corpo."

Por Deus, ela acreditava nele. Ela precisou de um momento para perceber que estava praticamente fazendo sexo pelo telefone com Oliver, então decidiu que precisava dizer alguma coisa. "E eu aqui achando que era você quem precisava ser mimado."

"Acho que você precisa... ser mimada, mais do que eu. Como horas e horas disso, só pra gente ficar empatado."

Ela zombou. "Talvez eu precise ser mimada durante anos para empatar com você."

"Então é melhor começar assim que eu chegar."

"Vou fazer os preparativos. Loira baixinha pra você e... bem, não especificamos ainda quem vai me atender."

"Acho que você precisa de um loiro, mas um alto. Do tipo executivo que tenha acabado de sair de um longo voo."

"Você acha que é o que eu preciso?"

"Definitivamente. Na verdade, vou garantir que ele esteja na sua porta às sete em ponto."

Ela podia até contratar uma atriz loira só pra provocá-lo, mas não ia. Com certeza ela estaria mais interessada em tirar a roupa dele quando ele chegasse... ou agora. "Espero que ele seja bom", ela disse.

"Ele é muito bom. Confie em mim."

Ela confiava. Não confiava em Oliver pra tudo mas nisso... Ela colocou os pés no chão, descruzando as pernas e se sentiu tão estranha e... molhada. Podia sentir e precisou de um momento para lembrar que não ficava molhada assim tão facilmente. Se ele era capaz de fazer isso com ela com nada além de palavras, então... "Eu estou bem tensa agora."

"Não estamos todos?" ele murmurou. Houve um barulho do outro lado da linha. "Droga! Acho que é meu carro. E... droga. Chloe, eu posso tentar encurtar o dia hoje e não preciso pegar o voo de amanhã, posso usar o jatinho da empresa. Um voo não vai acabar com todo o combustível do planeta. Eu posso..."

"Não, você não pode", ela o cortou, odiando cada palavra. "Oliver, você e eu sabemos que têm coisas mais importantes acontecendo." Houve silêncio. "E você e eu sabemos que amanhã não está tão longe assim", ela disse com a voz mais suave. "Então não precisa correr."

"Certo", ele disse depois de um tempo. "Mas eu tenho uma condição."

"Uh... o quê?"

"Você vai receber amanhã." Ele deu risada. "A condição... entre outras coisas." Ele desligou.

Oh, céus.

********************************

O terceiro veio no começo da noite de domingo. Ela estava no meio de algumas modificações da última leva de identidades para seus 'amigos' kandorianos e também desligando todos os sistemas de segurança da Instalação Hubbs de Pesquisa Marinha para AC quando a campainha tocou. Sua pele arrepiou ao som e ela imaginou se estava ficando treinada como os cães. Acessou as câmeras da calçada. Era ele. Não Oliver, mas o entregador com a moto e outras duas caixas. 

Ela correu até o interfone. "Eu desço em um minuto."

"Sem pressa, senhorita."

Ela parou. Sem reclamações? Sem 'madame'? Estava esperando mais dessa atitude hoje, quando ele deveria estar cheio de entregas pra fazer. Então ela se lembrou da nota de vinte que tinha dado a ele ontem e deu risada. Dinheiro era uma bela motivação.

"Cara, Watchtower?" A voz de AC veio em seu ouvido. "Eu estou meio que virando água aqui."

"Jesus", ela sibilou, correndo até o computador. "Desculpe, estou desligando. Só mais um pouco..." Ela imaginou vagamente se sexo era mais motivador que dinheiro, porque seus dedos estavam voando sobre o teclado e ela abriu a entrada para AC libertar todos os golfinhos em menos de dois minutos.

Quando pegou a bolsa e desceu, o cara estava sorrindo pra ela. "Feliz Dia dos Namorados. Eu acredito que você esteja recebendo um presente do nosso pacote especial da Lacey's. Eu fiz questão de perguntar para o caso de você querer saber." Ele sorriu novamente e estendeu os pacotes... e a mão.

Ela suspirou e colocou uma nota de vinte na mão dele e disse um 'obrigada', desejando que Oliver não fizesse disso um hábito. Ela ficaria iria à falência.

Não que se importasse com isso no momento, sua curiosidade estava enorme. Lacey's era uma caríssima loja de departamento e, até onde sabia, eles não vendiam doces. Ela estava realmente esperando que fossem doces.

Ela entrou no elevador, colocando a caixa grande embaixo do braço para estudar a mais fina. Ela chacoalhou e alguma coisa meio que deslizou. Ela abriu o laço e seu estômago despencou quando uma coisa preta caiu no chão. Seu estômago despencou mais um pouco quando viu que não era uma coisa e sim duas coisas. Um sutiã e uma calcinha, com tanta renda e tão transparentes que podiam muito bem não existir. Ela se abaixou para pegá-los e percebeu uma terceira coisa: um cartão. Não só um cartão. Uma condição.

Ou isso ou nada.Essas são suas duas opções.O.

Ela tentou se ocupar colocando a nova dúzia de rosas junto com as outras, mas continuava olhando para a mesa, para a lingerie, seu ventre se contorcendo. Ainda estava assim enquanto tentava se concentrar para terminar o trabalho com os kandorianos de Clark. Não sabia se estava assustada ou zonza. Por um lado, ia ter sexo esta noite, selvagem, louco, suado, do jeito que nunca teve. Por outro, ia ter sexo esta noite. Só que ela não transava desde antes do fim de seu casamento há um ano atrás. E apesar das pesquisas que tinha feito era como se agora fosse passar por um teste, ela não tinha experiência com alguém como Oliver Queen... ou qualquer outra pessoa.

Havia também vagas lembranças de sua pesquisa sobre os efeitos da oxitocina nas mulheres e como o orgasmo era engatilhado e...

Ela precisava dar uma volta.

Então ela saiu e quase imediatamente percebeu que tinha cometido um erro. Ela estava rodeada... não. Ela estava sendo bombardeada por casais. Casais andando de mãos dadas, casais parados nas esquinas olhando um para o outro. Não era o que ela precisava agora. Isso podia lhe dar ideias e não era o que ela queria.

"Bethany, eu não aguendo mais. Eu quero ficar perto de você o tempo todo."

Chloe revirou os olhos ao casal agora bloqueando a entrada de sua cafeteria preferida.

"Eu também, Jared. Mas meu filho... eu não posso levá-lo para Mineápolis. Toda minha família está aqui."

Ela se impediu de interrompê-los. Isso estava ficando muito dramático.

"Então eu procuro um trabalho aqui", Jared disse. "Eu não posso ficar longe de você nem mais um segundo."

"Você vai recomeçar do zero?" Bethany disse com os olhos cheios d'água. "Você acabou de ser promovido. Eles vão te mandar para outras partes do mundo. Eu não posso pedir isso pra você..."

Jared pegou o rosto dela em suas mãos. "Bethany, você é... meu mundo."

Ela se encontrou quase dando risada e disfarçou com uma tosse. Eles se viraram pra ela, parecendo irritados, e ela rapidamente se afastou, rindo sozinha. Não que a briga romântica de Jared e Bethany fosse tão engraçada, era só que de repente ela começou a imaginar Oliver acariciando seu rosto carinhosamente e chamando-a de seu mundo... Ela riu ainda mais enquanto voltava para seu prédio, imaginando que precisava de um café.

Ela se sentia mais leve e subiu as escadas, percebendo que realmente não estava em perigo nenhum e não precisava começar a ter ideias. Ela sorriu e foi até as rosas ao lado da mesa, agora três dúzias. Podiam ser rosas e podia ser o Dia dos Namorados mas esse era Oliver Queen, o tipo de playboy que fazia Collin Farrell parecer um virgem. E ela era Chloe Sullivan, o tipo de garota que realmente era muito inteligente pra começar a agir de um jeito tão estúpido.

Ela ia ter sexo, muito e muito do que ela esperava ser de perder a cabeça e fazer os dedos dos pés dobrarem. Não ia ficar super analisando e arruinar tudo. Tinha aprendido há muito tempo lidando com Clark que pensar demais em coisas assim apenas...

Houve uma rajada de vento se movendo até sua mesa. Falando em Clark...

Ela se segurou na mesa e colou um sorriso no rosto enquanto tirava o casaco. Estava de bom humor. Ia continuar de bom humor. Ia se esforçar. Talvez as coisas estivessem estranhas entre os dois, mas ela ia tentar esquecer tudo um pouco. Afinal, ela ia ter sexo hoje... não. Ela ia ter uma maravilhosa noite de sexo hoje. Estava repleta de boa vontade, mesmo com Clark. "Ei. Eu ia perguntar sobre seu Dia dos Namorados com Lois, mas se você está aqui algo me diz que o dia não foi muito bom."

"Você já tem os passaportes e as identidades prontas?"

Ela dificilmente estaria surpresa. "Olá, Chloe", era uma coisa que ela não ouvia dele desde... nem conseguia se lembrar desde quando. Mas isso não doía mais. "Ou podemos ir direto aos negócios", ela disse, sentindo sua boa vontade diminuir. "Tudo que você precisa", ela começou, pegando o envelope que tinha preparado pra ele. "Pra escapar de sua vida e começar uma nova."

"Obrigado, Chloe. Você salvou minha vida."

Ela teria apreciado o sentimento mais se não fosse um elogio automático. "Se por isso, você quer dizer que estou doce por fora e vazia por dentro, é mais ou menos como estou me sentindo agora."

"Olha, eu sei que você não gosta muito de me ajudar com os kandorianos."

Ela se perguntou se deveria se dar ao trabalho de se explicar melhor. Ele nem conversava mais com ela ultimamente. Entrava e saía, informações nas mãos, nem um cumprimento... Então ela decidiu deixar pra lá. Qual a razão para tentar interagir num nível pessoal? Talvez não houvesse mais nível pessoal entre eles. Se era assim que ele queria...

"Você sabe como é." Ela se inclinou sobre a mesa e desviou o olhar. "Quando se descobre o que eles vão fazer com você num futuro pós-apocalíptico, você meio que perde o interesse." Ela olhou de volta pra ele, imaginando se sua morte pelo menos o preocupava atualmente. Talvez. Talvez fosse um inconveniente, pelo menos... ou no máximo.

"Parece que vou ter que ficar mais de olho nos erros deles", ele disse quase casualmente.

"Erros? Por erros você se refere a construção de uma torre para dar a eles poderes e tornar possível que eles dominem o mundo?"

"Eu vou levá-los para um lugar melhor", ele disse meio irritado.

"A torre vai estar finalizada em dois dias", ela disse também irritada. "Por sorte, eles não têm os satélites funcionando e trabalhando para mudar a atmosfera, mas... Vamos, Clark. Nós dois sabemos que um deles matou seu pai." Talvez isso o afetasse já que sua morte não tinha causado nenhuma reação. "Olha, talvez fosse mais seguro se mandássemos os kandorianos para a Zona Fantasma." Era o que ele queria fazer com Davis. Ela o tinha impedido, achando que poderia cuidar de tudo de um jeito mais humano. E olha o que aconteceu. Agora ele estava prestes a cometer o mesmo erro que ela. Se ele não conseguia mais se preocupar com ela, então talvez pelo menos, tivesse aprendido com seus erros.

"Eu sei que você está dizendo isso porque quer proteger as pessoas", ele disse suavemente, olhando pra baixo e por apenas um segundo, ela desejou que ele tivesse entendido, que fosse lhe dar ouvidos como fazia antes. Ele podia dar a ela pelo menos isso já que ser seu amigo estava fora de questão. Mas ele olhou pra cima, ainda mais duramente. "Mas agora, eu quero que você se concentre em me ajudar."

Todos os sentimentos de dor desapareceram de repente. O que ela estava fazendo, ficando de bico por causa de cumprimentos e abraços? Não era isso que Clark precisava. Ele precisava que ela o ajudasse, que cuidasse dele. Era tudo tão claro agora. Nada mais importava.

"Deixe o resto do planeta comigo", ela o ouviu dizer enquanto se afastava.

"Clark", ela gritou. Ele parou. "Eu vou te proteger", ela disse, de verdade. "Não importa o que eu tenha que fazer."

Ela o observou sair. Onde ela andava com a cabeça ultimamente? Reclamando por causa de diversão? Pensando em sexo? Ela estava certa sobre o que tinha dito a Oliver no dia anterior. Eles tinham coisas mais importantes pra fazer do que... Oliver. Ela balançou a cabeça. Tinha que se concentrar em ajudar Clark. Não era de se estranhar que Clark estivesse estranho. Ela não estava fazendo o que tinha que fazer. Isso tinha mudado, agora. Ela foi até os monitores, pensando em Clark, em seu segredo, em sua fraqueza e no quanto de informação a Watchtower possuía sobre ele.

Essa seria a primeira coisa a mudar. O lugar tinha que ter todos os acessos às informações fechados.

Ela não sabia ao certo quanto tempo tinha se passado, mas estava envolvida na encriptação dos dados quando uma brisa passou por ela. Ela girou e viu as portas se abrindo e revelando Oliver ainda de terno e gravata e com um sorriso. 

"Querida, cheg..." O sorriso sumiu. "Droga, Sullivan. Você não atendeu minha condição."

Ela lhe deu um olhar fulminante e se voltou para os monitores. "Eu estou ocupada."

"Bom, eu não estou. Eu passei as últimas horas num voo comercial lotado que fez uma escala em Wyoming por causa de uma garota que desmaiou e bateu a cabeça quando o idiota do namorado dela a pediu em casamento pelo alto falante do avião, e eu tinha esquecido de carregar meu telefone, então não dava nem pra jogar Tetris pra passar o tempo e eles não serviram nada durante o voo, então eu estou faminto. Mas sabe o que me fez continuar?"

Ela podia senti-lo atrás dela, mas não se virou. Não tinha tempo pra isso, Clark precisava...

"A ideia de uma certa loira numa certa renda, bem pequena ou... usando nada além de um sorriso."

Ela sentiu a respiração dele em seu pescoço e os dedos dela tremeram. Ela balançou a cabeça. "Oliver, eu estou tentando trabalhar."

"Eu também. Mas acho que eu preciso trabalhar um pouco mais." Os dedos dela pararam quando ela sentiu os lábios dele bem abaixo de sua orelha, então sua língua. Era tão... Não!

Ela girou. "Que diabos há de errado com você?"

Ele se afastou, olhos arregalados. "Isso de novo não", ele gemeu. "Ok, Chloe. Você vai ter que me ajudar aqui. Porque se é outro joguinho, eu não estou exatamente com humor pra isso."

"Então somos dois", ela disse entredentes. "Você não ouviu o que eu disse? Eu preciso trabalhar, droga! Eu preciso proteger o Clark. Você faz ao menos ideia do que anda acontecendo?"

Ele a observou com atenção. "Eu estava fora. Eu te disse. Meu telefone..." Ele se endireitou. "Ok. Ele está ferido? Você ainda tem meu equipamento reserva no..."

"Não, mas ele poderia estar." Sua mente foi ficando mais confusa. Do que exatamente ela o estava protegendo? Era... eu preciso que você se concentre em me ajudar. As palavras dele claras em sua mente. Não importava do que ela tinha que protegê-lo. Podia ser de qualquer coisa. "Os kandorianos, Tess, Zod, muitas coisas... E eu precido ajudá-lo." Ela se virou para o computador, mas ele apareceu ao seu lado.

"Bem, então o que mudou? Até onde eu sei, ele tinha pedido pra você fazer documentos falsos e ele ia tentar ajudá-los a se misturar e..."

"Nada mudou", ela respondeu, tentando manter a cabeça no trabalho.

"Então eu não entendo porque não podemos", o mundo dela girou e ela se encontrou de frente pra ele. "Dar uma parada." Ele correu as mãos pelas costas dela.

"Oliver..."

"Wow, você está tensa." Ele sorriu. "Não se preocupe, eu resolvo isso." Ela ficou paralisada enquanto ele descia as duas mãos e agarrava o que encontrava. Uma névoa tomou conta de sua mente de novo quando ele se inclinou, roçando os lábios em sua orelha. "Sabe, tecnicamente eu nunca fui um homem muito ligado em bundas, mas você poderia me converter."

Ela segurou os ombros dele. Ela queria... ela... "Não!" Ela se afastou e correu para as escadas, agarrando a grade. "Eu preciso me concentrar. Eu preciso me concentrar no Clark", ela resmungou. "É a única coisa que importa."

Ele ficou em silêncio. Ela também, tentando se recompor.

"É o seguinte", ele disse baixinho. "Eu sei que nós dois carregamos nossas tochas no passado, mas... eu estou apagando a minha Chloe. E você... eu achei que você já tivesse superado Clark há muito tempo."

"Você acha que isso é sobre paixão?" ela devolveu. "Eu não sou mais tão estúpida. Isso é sobre o trabalho. O trabalho é o que importa."

Ele jogou as mãos pra cima. "Eu não estou dizendo que o trabalho não importa. Mas eu me lembro de uma certa garota suspirando sobre se divertir e eu estou tentando o meu melhor pra te dar essa diversão, mas primeiro você não fazia ideia das minhas intenções, depois você estava... assustada ou alguma coisa assim. Agora você está... eu não sei o que está acontecendo com você agora."

"Eu estou concentrada. É isso que eu estou fazendo agora. E eu nunca não fiz ideia do que estava acontecendo, Oliver", ela respondeu. "Eu sempre soube do que você estava falando, desde o começo. Talvez eu tenha ficado um pouco assustado, mas agora... nada disso importa. Sério, você consegue o que quer, e talvez eu também consiga. E então? A que isso nos leva?"

Ele não respondeu, só estreitou os olhos pra ela. "Então, esse tempo todo..."

"Você não entendeu? Nada disso importa. Clark corre perigo a cada segundo. Agora ou você me ajuda ou sai do meu caminho e assim eu posso..."

"Essa", ele a cortou friamente. "Eu escolho a última."

Ela o observou sair. Começou a ir atrás dele antes de parar, virar e voltar para os monitores. Estava aliviada. Tinha que terminar o que estava fazendo, então encontrar o Clark. Ele poderia já estar em perigo. Ela não precisava da ajuda de Oliver. Não precisava do Oliver.

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6 comentários:

  1. Ai, ai, chegando meu capítulo preferido que é a parte cinco... :DDDD

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  2. karaaaaaaaaaaaaa estou amando esta fic!!! sério mesmo está ótimo, a autora está alinhando td os acontecimento, mt fera!

    "Você é um lutador, Oliver."

    surto qd ela fala isso pra ele em roulette, ele dá aquele sorriso...
    me mata!!
    leh

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  3. Ai meu Deus!!!!! Mais, mais, mais!!!!!

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  4. muito boa a ficccc!
    to adorandoooooo e surtandoooo

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  5. Eu também estou adorando!!!!!!!!!!

    Está seguindo a cronologia da nona temporada e explicando aquele episódio em que Chloe fica alucinada em proteger o Clark, simplesmente perfeito e a explicação de como ela recebeu as três dúzias de rosas então... perfeito!!!!

    Quero mais!!!!!!!!!

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  6. Ah que bom que estão gostando... :DDD

    Vou revisar agora o capítulo cinco que é o meu preferido, e posto daqui a pouco, espero que vocês também gostem...

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