Never Let You Go

Título: Nunca Te Deixar Ir Embora
Resumo: Cena que faltou em Fortune - Chloe está escondendo alguma coisa e Oliver faz uma grande descoberta na limusine.
Autora: ihearttvsnark
Classificação: PG-13
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Chloe suspirou suavemente, se aconchegando ao corpo quente que a envolvia. Não tinha que abrir os olhos para saber que estava na cama de Oliver com a lembrança completamente intacta do dia maluco que tinham vivido. Ela ficou deitada ali em silêncio por alguns minutos, aproveitando a sensação do braço forte em volta da sua cintura e o som da respiração dele em seu ouvido. Quando ela ficou fora durante aqueles meses, se confortava em saber que eles finalmente se reencontrariam desse jeito e isso lhe deu força pra continuar.

No entanto, voltar não tinha acontecido exatamente como ela esperava. Ela passou todos aqueles meses cuidadosamente orquestrando um plano para salvar a todos do Ato de Registro dos Vigilantes, mas não tinha pensado além disso. Chloe tinha apenas suposto que as coisas voltariam ao normal assim que todo mundo estivesse em segurança. Ela estaria com sua família e amigos novamente e eles continuariam com suas vidas, com as missões para salvar o mundo.

Mas talvez o antigo 'normal' não servisse mais pra ela.

Ela não estava preparada para a inesperada crise de identidade que vinha vivendo há semanas. Claro, ela ainda era Chloe Sullivan, mas quem Chloe Sullivan deveria ser? Por mais que ela amasse a equipe e valorizasse o trabalho que faziam, não podia voltar a ser a Watchtower em tempo integral. Mesmo antes de ter trocado de lugar com Oliver, Chloe vinha se preparando para se plugar no mundo real. Ela teria dito a Clark, mas ele não estava preparado para ouvir na época e talvez ela também não estivesse preparada.

Mexendo-se cuidadosamente para não acordar Oliver, Chloe se virou, abrindo os olhos para olhar pra ele. Desde que tinha voltado, ela vinha passando uma grande parte do tempo observando-o dormir. Era como se ela precisasse desse lembrete extra que ele realmente estava ali e que tudo não era apenas um sonho. Sua mão queria tocar e acariciar o rosto dele, mas ela não queria acordá-lo. Não estava pronta pra contar pra ele ainda.

Chloe não podia parar de achar que estava sendo covarde.

Seu peito apertou e o familiar nó na garganta voltou. Ela tinha tomado essa decisão há menos de uma semana, depois do último sequestro que tinham sofrido e a nostálgica viagem através dos álbuns de fotos do colégio. Tinha finalmente percebido o que queria para o próximo capítulo de sua vida e como era esperado, já estava colocando o plano em prática. Profissionalmente, estava tudo certo.

Mas seu coração era uma história diferente.

Lágrimas surgiram em seus olhos e Chloe lentamente saiu da cama, saindo do abraço de Oliver. Ela correu para o banheiro, fechando a porta e abrindo o chuveiro. Entrando no jato d'água que se misturou às lágrimas que ela não conseguiu segurar.

Ela já estava adiando a conversa com ele por muito tempo. Ele merecia a verdade mesmo que ela tivesse medo que ele fosse se sentir traído novamente. Mas as coisas eram diferentes agora. Ela não estaria desaparecendo sem deixar pistas, era bem o oposto. Assim que tinha decidido que uma identidade dupla era o melhor caminho, tinha levado menos de dez segundos pra perceber o que queria fazer para recomeçar.

Claro, isso não significava que ele ia ficar bem com tudo. Oliver não saía de Metrópolis há meses e agora que Lionel Luthor estava de volta à cena, ela sabia que as coisas com sua companhia ainda estavam incertas. Não podia pedir a ele que fosse embora agora. Não podia pedir a ele que se afastasse de Clark ou Lois e nem mesmo de Tess. Eles estavam ali por ele quando ela não estava e Chloe podia ver que a amizade dele com todos os outros estava muito mais forte do que quando ela partiu.

Ela sabia que seria egoísmo pedir a ele que desistisse de tudo isso por ela e ela não iria fazer isso com ele. Ela contaria a ele sua decisão e então ele ficaria livre para fazer sua escolha. Por mais que ela quisesse que ele a escolhesse, Chloe sabia que havia uma chance dele não escolher e ela precisava estar preparada pra isso.

Chloe terminou o banho e enrolou uma toalha ao redor do corpo antes de silenciosamente voltar para o quarto. Oliver ainda estava dormindo enquanto ela abria o armário para pegar algumas roupas. Ela tinha que cuidar de algumas coisas, incluindo ligar para a capela para ver o que podia fazer para cancelar o casamento acidental com seu melhor amigo sem seu namorado e sua prima ficarem sabendo e então ia contar seus planos a Oliver.

Ele estava acordado quando ela voltou para o quarto e mais vez sua determinação desapareceu. Recostando-se contra os travesseiros, ele lhe deu um sorriso sonolento e Chloe não sabia se teria força suficiente para ir embora se ele não ficasse ao seu lado.

"Bom dia, Linda", ele disse. "Onde você vai tão cedo?"

Chloe sorriu, apesar da dor brutal em seu peito. "Eu tenho algumas coisas pra resolver e queria passar na fazenda e pegar o resto das minhas coisas", ela disse. Havia verdade suficiente em sua frase para impedi-la de se sentir uma completa mentirosa. As poucas coisas que tinha deixado estavam espalhadas entre a fazenda, o apartamento de Oliver e a Watchtower. Ela queria levar tudo desta vez, não apenas a pequena bolsa que tinha levado quando fingiu sua morte.

Oliver assentiu. "Você quer companhia? Eu só preciso tomar um banho rápido", ele ofereceu.

"Não precisa, eu sei que você tem coisas pra fazer", Chloe respondeu. "Por que não nos encontramos aqui depois? Podemos pedir comida tailandesa", ela sugeriu. Ela diria tudo a ele então.

"Ok", Oliver concordou. "Eu ganho pelo menos um beijo antes de você me abandonar?"

O tom era brincalhão, mas atingiu Chloe como uma faca direto em seu coração. Ela atravessou o quarto até a cama, inclinando-se e roçando os lábios contra os dele. "Te vejo depois", ela disse.

Oliver segurou seu braço, mantendo-a no lugar, seus olhos procurando os dela. "Você está bem?" ele perguntou.

"Claro", Chloe respondeu. Ela se forçou a sorrir embora estivesse tremendo por dentro. "É só que os últimos dias têm sido uma loucura." Ela o beijou novamente e gentilmente afastou o braço. "Te vejo à noite, Ollie."

Ele não disse nada enquanto a observava sair, mesmo com o terror familiar que surgia em seu peito. Algo estava incomodando Chloe e ele sabia que era mais do que as lembranças perdidas e assaltos em cassinos pesando em sua mente. Ela vinha se perdendo em pensamentos desde o dia em que ele a encontrou na Watchtower olhando os antigos álbuns de fotos.

Oliver tinha a sensação que sabia exatamente qual era o problema e porque ela estava com medo de encarar. Não que ele pudesse culpá-la. Se ele estivesse certo sobre o que ela estava planejando, ele também não tinha nenhuma pressa em encarar.

***

Duas horas depois, Oliver se encontrou olhando para a limusine mais esquisita que já tinha visto. Ele tinha recebido uma mensagem da companhia informando que ele era responsável por todos os danos ao carro já que ele o tinha alugado para a noite. Não querendo lidar com a pessoa ao telefone, Oliver se ofereceu para comprar o carro e calar o homem. Agora ele entendia porque o cara aceitou o negócio tão rápido.

Ele imaginou que os alto-falantes já pertenciam ao carro, mas os desenhos de rostos, flores, corações e o 'recém-casados' claramente faziam parte dos 'danos' a que o homem se referia. Divertindo-se, ele abriu a porta de trás e deu uma olhada dentro.

"Wow", Oliver murmurou. O interior do carro estava uma bagunça e repleto de garrafas de champanhe vazias, taças, travesseiros, roupas e o que pareciam ser várias placas de sinalização. Ele entrou no carro e começou a mexer nas coisas pra ver se tinha algo importante que tinham deixado pra trás.

Ele encontrou o celular de Lois no meio do assento e a bolsa de Tess no mini-bar. A câmera de Emil estava no chão numa poça de champanhe. Oliver a pegou e enxugou imaginando se tinha alguma chance do equipamento ainda funcionar. Talvez a gravação preenchesse alguns buracos.

Colocando-a no assento, ele voltou para a bagunça. Havia mais fichas do cassino, baldes de tinta branca e rosa e um panfleto da Capela do Amor. A roupa que ele estava usando quando a noite tinha começado estava jogada no canto e alguém tinha escrito 'Dr. Lemur' nas costas do terno com tinta branca.

Balançando a cabeça, Oliver colocou a mão dentro dos bolsos da calça e ficou aliviado que seu telefone e a carteira ainda estivessem ali. Ele jogou as roupas de volta no chão percebendo que elas cheiravam a zoológico e um pedaço dobrado de papel perto do assento chamou sua atenção.

Oliver o pegou e se encontrou olhando para a metade de uma certidão de casamento, sua assinatura na linha marcada como 'noivo'. Ele não conseguia ler o nome escrito na linha da testemunha, mas mesmo sem a outra metade do certificado, ele sabia que estava olhando para um documento oficial e não para uma possível brincadeira.

Seu coração estava acelerado dentro do peito enquanto se recostava no assento, sem se importar em estar sentado sobre migalhas de pão e um boá de penas cor de rosa. Ele tinha se casado e não lembrava de absolutamente nada. Chloe obviamente também não se lembrava ou teria dito alguma coisa. A não ser que fosse por isso que ela estivesse agindo tão estranha... talvez ela soubesse que eles tinham se casado e estava esperando que ele dissesse alguma coisa.

Oliver rapidamente rejeitou esse pensamento. Chloe vinha agindo daquele jeito bem antes do lapso de memória. Ela provavelmente não fazia ideia que tinham se casado. Como ele iria contar a ela? Ei, Chloe, lembra como você não tinha certeza se deveria me chamar de seu namorado? Que tal marido ao invés?

Isso não ia ser fácil.

Correndo uma mão pelo cabelo, Oliver mal resistiu ao desejo de bater a cabeça na parede do carro. Chloe já estava com um pé na porta e isso ia fazê-la correr dele mais rápido que Clark.

Mas ela obviamente tinha concordado em se casar com ele, ele racionalizou. Claro, ela estava sob influência, mas o álcool apenas diminuía as inibições, então em algum nível, ela deveria estar de acordo em ser sua esposa ou não teria feito isso.

"Esposa", Oliver disse em voz alta, testando o jeito que a palavra soava em sua língua. Ele tinha que admitir, ele gostava do jeito que soava. Não era como se o pensamento não tivesse cruzado sua mente. Ele amava Chloe de um jeito que nunca achou que fosse possível antes dela entrar em sua vida e não tinha nenhuma intenção de perdê-la novamente.

Claro, convencê-la disso poderia até ser difícil dado o jeito que ela vinha agindo nos últimos dias.

A incerteza preencheu seu peito e Oliver respirou tremulamente quando outra possibilidade lhe ocorreu. E se não fosse o nome de Chloe na outra metade da certidão? Nenhum deles se lembrava do que havia acontecido e não seria a primeira vez que ele teria feito algo estúpido enquanto estava bêbado. Seus olhos foram para a câmera no assento ao seu lado.

Engolindo em seco, Oliver a pegou e apertou o botão para retroceder a gravação. Havia muita estática e quando achou que a gravação seria inútil, o rosto de Clark apareceu na tela. Eles ainda estavam na fazenda Kent. Ele acelerou até ver ele mesmo numa roupa verde ridícula parado ao lado de Clark examinando alianças.

"Oh, por favor me diz que eu não me casei, Clark", Oliver implorou. Ele aumentou o volume, respirando aliviado quando se ouviu dizer "ela merece coisa melhor." A câmera mudou para Chloe e Tess paradas ao lado da limusine enquanto ele passava correndo, tomando cuidado para não olhar para Chloe em seu vestido de noiva.

Um lento sorriso apareceu em seu rosto. Chloe estava usando um vestido de noiva. Ele estava certo o tempo todo. Ele olhou para a certidão em sua mão. Em algum lugar, havia outra metade com a assinatura de Chloe. Colocando a câmera de lado, Oliver procurou pelo carro de novo, mas não encontrou.

Seu celular começou a tocar e Oliver olhou para o identificador de chamadas. Ele não reconheceu o número, mas era o código de área de Star City. "Oliver Queen", ele respondeu.

"Sr. Queen, meu nome é Vanessa Paulson. Eu estou ligando do Jornal Star City Register", a pessoa se identificou.

Oliver arregalou os olhos. Provavelmente não era um bom sinal que uma repórter tivesse o número de seu telefone pessoal. A imprensa vinha sendo mais implacável que nunca desde que ele tinha sido liberado das acusações de terrorismo e perdido sua empresa. Ele realmente esperava que de algum jeito eles não soubessem de seu casamento antes que ele pudesse contar a Chloe. "O que eu posso fazer por você, Srta. Paulson?" ele perguntou, fazendo o melhor para manter a calma em sua voz.

"Eu sinto muito incomodá-lo, Sr. Queen, mas eu queria verificar o histórico empregatício de Chloe Sullivan e sua assistente me disse que eu teria que falar diretamente com o senhor sobre isso."

"Desculpe, o quê?" Oliver perguntou, confuso.

"Chloe Sullivan", ela repetiu. "Ela recentemente aceitou um cargo conosco e eu estou verificando seu histórico empregatício. O curriculum da Srta. Sullivan lista a Queen Industries como seu empregador pelos últimos três anos."

"Está certo", Oliver confirmou distraidamente. Sua mente estava correndo. Chloe tinha aceito um trabalho em Star City. Talvez ela não estivesse planejando ir embora ou se afastar dele afinal. Ele tentou se concentrar no que a mulher estava dizendo, mas mal conseguia ouvir alguma coisa com o som de seu coração disparado em seus ouvidos. Ele conseguiu responder as perguntas dela, confirmando as responsabilidades que Chloe havia listado.

"Obrigada pelo seu tempo, Sr. Queen."

Ele terminou a ligação, guardando o telefone no bolso e voltando a atenção para a certidão ainda em sua mão. O comportamento de Chloe de repente fazia muito mais sentido agora. Ela tinha decidido o que queria fazer, mas estava com receio de contar a ele que não queria ficar em Metrópolis. Mas ele sabia sem dúvida que só havia uma razão pra ela escolher Star City dentre todos os lugares.

Ela podia querer deixar o Kansas, mas ela não queria deixá-lo.

Sorrindo, ele cuidadosamente dobrou a certidão e a guardou no bolso. Ele juntou o resto de seus pertences e saiu da limusine, fechando a porta. Ele ia decidir o que fazer com o carro depois. Tinha coisas mais importantes pra fazer.

Ele precisava conversar com sua esposa.

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