Identity Crises (1/14)

Título: Crise de Identidade
Resumo: Chloe não conseguia imaginar como sua vida tinha tomado esse rumo, mas ela estava tendo um caso com o Arqueiro Verde. Talvez tudo que ela estivesse precisando em sua vida fosse um pouco de emoção. Agora, se pelo menos aquele idiota do Oliver Queen a deixasse em paz...

Autora: the_bluesuede

Classificação: R
Nota: indicada ao prêmio 'Multi-Chapter' do Chlollie Awards 2010.




Chloe Sullivan podia contar em uma mão as coisas em sua vida com as quais estava satisfeita. Sua prima era sua melhor amiga. Sua prima estava finalmente namorando seu melhor amigo Clark, e eles eram praticamente almas gêmeas. Ela gostava bastante do apartamento. Seu corte de cabelo mais recente realmente combinava com ela.

...Era isso. E infelizmente, os dois primeiros itens tinham mais a ver com a vida de Lois do que com a dela.

A lista de coisas que queria mudar? Tinha quilômetros. Ela tinha saído de seu emprego no Planeta Diário, e tinha a sensação de que se algum dia pudesse encontrar sua versão de dezesseis anos, a versão mais jovem lhe daria um chute no traseiro. Ao invés disso, ela estava cuidando da Fundação Isis para sua amiga do colégio, misteriosamente desaparecida, Lana. Era um bom trabalho, e ela gostava, mas ao mesmo tempo, sentia como se não fosse seu lugar no mundo. Ela tinha sido tão devotada em se tornar uma jornalista desde que conseguia se lembrar e por alguma razão ela simplesmente abandonou tudo, e isso era algo que ainda a deixava chocada.

E é claro que tinha a coisa de Lois e Clark: por mais que estivesse feliz por sua prima e seu amigo... ainda doía de certo modo. Clark fora seu primeiro amor, e embora esses sentimentos tivessem desaparecido completamente, ela imaginou como no mundo era poeticamente justo que ele encontrasse a pessoa a quem estava destinado enquanto os únicos homens a lhe fazerem companhia durante a noite eram Ben e Jerry.

Ela tinha mencionado que seu amigo era o Super Homem? A maioria das pessoas pensaria que ela era louca em estar insatisfeita em ter o Homem de Aço como melhor amigo, mas Chloe só conseguia pensar que ter seu super heroi particular não tinha tantos benefícios. Ela frequentemente se pegava refletindo porque era sempre a segunda em relação a qualquer outra mulher na vida dele. Além disso, ser a melhor amiga do Super Homem tendia a ser uma tarefa ingrata. Não que ela sonhasse em fazer alguma coisa diferente. Ela não se arrependia de estar lá por ele e ajudá-lo sempre que pudesse, mas realmente, de vez em quando ela achava que seria legal ter alguém por perto que a admirasse de verdade. Clark era um cara ótimo, mas ela tendia a ficar perdida no monte de coisas da vida dele quando ele não precisava dela.

Essas eram apenas algumas da coisas principais. Ela sabia que deveria estar agradecida. Afinal, ela tinha uma vida boa. Pelo menos Lois nunca furava com ela, ela pensou subia para seu apartamento. Não, Lois nunca a tratava de qualquer jeito. Ela sorriu pra si mesma enquanto destrancava a porta. Pelo menos tinha família.

Ela viu a luz do telefone piscando. Indo até lá e apertando o play e então indo vasculhar o freezer.

"Três Novas Mensagens", disse a voz eletrônica. Chloe olhou pra cima surpresa.

"Sério?"

"Primeira Mensagem: Ei, Chlo", ela ouviu a voz de Lois. "Não me odeie, ok? Eu sei que prometi que hoje seria a noite das garotas, mas-"

"Ah, não, Lo", Chloe disse para a máquina, num tom de súplica.

"-Clark comprou ingressos para um rali de caminhões e você sabe o quanto eu amo rali de caminhões. Por favor, não me odeie, prima. Remarcaremos, eu prometo!"

Chloe se sentou na frente do freezer, segurando um pote com sobra de macarrão nas mãos. Ela gemeu. O que ela estava falando sobre o apoio familiar? ela pensou com amargura.

A mensagem seguinte surgiu. "Chloe? Sou eu de novo", Chloe revirou os olhos, levantando-se. "Eu preciso de um favor enorme. Você vai me amar por isso-"

"Oh, eu vou?" Chloe ergueu uma sobrancelha.

"-Já que vou sair com Clark, eu precisava que você cobrisse um evento pra mim hoje à noite."

"Oh, Deus", Chloe choramingou.

"Não reclame. É um baile do prefeito, e nós duas sabemos que você está secretamente morrendo de vontade de bancar a Cinderela por lá. Por favor, por favor, por favoooooooor?"

"Tá bom", ela murmurou. "Agora, cala a boca."

"Obrigada, prima!" A voz de Lois disse, como se tivesse ouvido a resposta de Chloe. "Você é absolutamente a melhor. Vou garantir que seu nome apareça no artigo!"

Ela colocou um pouco do macarrão numa tigela e colocou no microondas, ligando-o.

"Terceira Mensagem: Ei sou eu de novo! Última vez, eu prometo!"

"Sério, Lo?" Chloe olhou para a máquina, incrédula.

"Eu só queria que você soubesse que você pode definitivamente fazer uma busca no meu armário se precisar pegar alguma coisa emprestada para usar hoje à noite. Fique à vontade. A credencial está lá também. Você onde a fica chave."

A máquina bipou para avisá-la que a última das mensagens tinha terminado. Chloe suspirou. Isso porque ela queria ficar em casa de pijamas e assistindo filmes e comendo besteira. Agora ela tinha que tomar banho e arrumar o cabelo e se maquiar e pensar no que vestir, só pra poder ir a um baile cheio de gente e fazer uma lista do tipo 'Quem é quem'.

Ela pensou seriamente em dar o cano. Afinal, Lois tinha lhe dado o bolo. Por que deveria fazer algum favor a ela?

E mesmo assim, sabia que não iria dar o cano. Talvez ela fosse muito legal para seu próprio bem, ou talvez fosse apenas razoável. Ou talvez Lois estivesse certa e sua Cinderela interior realmente quisesse ir ao baile.

Ela checou a hora. Sim, tinha tempo pra se fazer razoavelmente decente. Certo, ela ia.

Ela terminou seu jantar improvisado e foi para o banho, tirando a roupa lentamente. Peça por peça, sentindo como se estivesse tirando junto a bagagem do dia. O salto quebrado de seu sapato favorito. A mancha de café em sua blusa de onde alguém tinha trombado com ela antes de sequer tomar um gole de seu café do dia. A pilha de contas esperando por ela na Ísis  Os vinte táxis que tinham passado direto antes dela desistir e resolver ir pra casa caminhando. E pra terminar, a lâmpada do refrigerador que tinha acabado de queimar.

Ela entrou no chuveiro e deixou a água quente cair sobre ela, tentando eliminar os problemas. Ela fechou os olhos e jogou a cabeça pra trás, contemplando nunca mais sair dali. Era bom e seguro e ela não tinha que pensar em mais nada. Ela não tinha que pensar no quanto era solitária, ou no quanto estava cansada. Só tinha que deixar cada músculo de seu corpo relaxar individualmente até se sentir como gelatina.

Ela procurou o vestido em seu armário que havia usado num evento similar quando trabalhava para o jornal. Quem se importava ser era fora de moda repetir a mesma roupa? Não era como se alguém fosse se lembrar dela. E ela gostava do vestido longo azul. Ficava perfeito nela (coisa que os vestidos de Lois não faziam) e ela se sentia... elegante nele. As costas cavadas a faziam se sentir sexy, mas a gola era bem modesta, não mostrando muita pele. Era um daqueles vestidos eternos.

E então havia a maquiagem, e enrolar o cabelo, e um pouco de seu perfume favorito. E ela não tinha mais desculpas para se demorar.

Nada surpreendente, ela conseguiu um táxi agora que estava num vestido, e tinha até convencido o motorista a levá-la até o apartamento de sua prima para pegar a credencial de imprensa.

Quando chegou, se perguntou vagamente se Lois também esperava que ela fizesse fotos, mas assim que entrou no salão de festas do hotel, viu um velho amigo do jornal, Jimmy Olsen, tentando desajeitadamente fazer algumas pessoas pararem para tirar fotos. Ela sorriu, considerando ir cumprimentá-lo, mas decidiu não fazer isso por enquanto. Ela tinha a noite inteira, e não se sentia muito sociável no momento. Ela queria uma bebida, decidiu, indo até o bar.

Com um bloody mary na mão ela se virou e se recostou contra o bar e escaneou a multidão, fazendo uma lista mental de quem estava ali. Não precisava escrever. Ia se lembrar.

Quando o prefeito chegou e fez seu discurso, ela ligou o velho gravador e registrou tudo para Lois usar depois.

Quando terminou e ela já estava no terceiro copo, olhou ao redor novamente. Ela estava seriamente considerando ir embora, mesmo sendo apenas nove e meia. Talvez ainda pudesse assistir um filme no conforto de seu pijama se tivesse sorte.

Alguém trombou com ela enquanto ela pagava a conta, e ela olhou pra cima.

"Desculpe", disse o homem, mal olhando pra ela.

Ela franziu a testa pra ele. Sério? Não merecia um pedido de desculpas melhor? Que noite abominável. Então ela o reconheceu. Ah, o playboy bilionário Oliver Queen. Certo, bem, ela certamente não esperava um segundo olhar de um homem que passava as noites com supermodelos e atrizes de segunda linha.

Ela revirou os olhos e saiu.

Oliver se virou, pronto para oferecer uma bebida à garota e piscou. Ela tinha ido embora. Diabos, isso era inédito. Ele olhou por sobre o ombro e a viu a caminho da porta.

Bem, agora ele estava curioso. Quem deixava o baile de gala do prefeito antes das dez da noite? Ele estava entediado e ela estava provendo uma fonte de curiosidade no mínimo. Dando um risinho, ele foi atrás dela.

Quando ele saiu, ela não estava em lugar nenhum.

Então ele ouviu um grito.

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