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Título: Imagem Espelhada
Resumo: Quando Oliver Queen descobre que Lionel e Clark Luthor planejam matá-lo, ele escapa para um universo paralelo por meio de uma caixa espelhada kriptoniana herdada de seus pais, onde encontra um vigilante combatente do crime que é uma versão de si mesmo, junto com a mulher que ele ama. E enquanto a outra versão de si mesmo lhe mostra o que é ser um super heroi, Chloe pode ter a chance de descobrir se dois Olivers são melhores que um.
Resumo: Quando Oliver Queen descobre que Lionel e Clark Luthor planejam matá-lo, ele escapa para um universo paralelo por meio de uma caixa espelhada kriptoniana herdada de seus pais, onde encontra um vigilante combatente do crime que é uma versão de si mesmo, junto com a mulher que ele ama. E enquanto a outra versão de si mesmo lhe mostra o que é ser um super heroi, Chloe pode ter a chance de descobrir se dois Olivers são melhores que um.
Autora: fickery
Classificação: NC-17
Personagens/Pares: Oliver/Chloe, Oliver/Chloe/AU Oliver (Universo Luthor/Kent); menções de Lois/Clark, AU Oliver/AU Lois, Tess Luthor, Tess Mercer, Lois, Liga da Justiça
Categoria: AU (Universo Alternativo), drama, angst, romance, smut
Avisos: Spoilers até Collateral, mas eu tomei a liberdade de mudar o resto da história e a cronologia. Também: não estou brincando sobre os pares. Tentei escrever com a maior sensibilidade possível, e de jeito nenhum Chloe e Oliver não se amam ou não vão ficar juntos, mas se a ideia de sexo a três te incomoda, por favor não leia.
Anteriores: Um -Dois - Três - Quatro - Cinco - Seis - Sete - Oito
Metrópolis, sete meses depois
Oliver estava checando as notícias da manhã quando sua assistente bateu uma vez e entrou para colocar um enorme copo de café em sua mesa. "Barbara ligou enquanto eu estava fora. Eu vou ligar pra ela e passar a ligação assim que eu voltar para minha mesa."
"Obrigado, Jenny", ele disse distraído. Aparentemente sua nova relações-públicas não tinha entendido que ligar pra ele entre 7h30 e 8hs não adiantava. Ele abrandou sua culpa por fazer Jenny ir pegar café pra ele num lugar a alguns quarteirões, o que ela invariavelmente transformava numa pausa de meia-hora. Ele tinha sua bebida matinal, ela também tomava o café dela com creme de caramelo subsidiado por ele. Todos ganhavam.
A ideia de trabalhar com uma relações públicas ainda era uma novidade pra ele, mas era uma das coisas que seu outro eu tinha insistido que ele tornasse uma prioridade. Ele tinha feito uma careta quando Ollie deu essa ideia.
"Um assessor de imprensa? Não é... perda de tempo?" ele perguntou duvidosamente. "Sem mencionar que é fútil, a essa altura - muitas pessoas na cidade já têm boas razões pra me odiar."
"E é por isso que você precisa de um assessor de imprensa", Ollie disse pacientemente. "Se você não tem sido nada além de um moleque vivendo do dinheiro da família então sim, é perda de tempo. Agora, se você está tentando fazer duas coisas importantes: comandar sua empresa com sucesso, e proteger Metrópolis do Ultraman e dos Luthors, é necessário. Opinião pública negativa prejudica seus dois objetivos neste momento. Você precisa que sua companhia seja lucrativa e influente para te dar força contra os Luthors, e pra financiar a equipe que você vai montar. Então você precisa reparar sua imagem. E um bom assessor de imprensa pode ajudar sem parecer superficial."
Ele tinha entrevistado alguns relações-públicas e descobriu que a maioria deles era amante da ideia de dar festas com tapete vermelho, o que não era precisamente o que ele queria. Ele sabia que Barbara era mais pé no chão desde que a encontrou pela primeira vez. Uma mulher bem preservada em seus cinquenta anos, ela era a pessoa que ele estava procurando.
Ele ficou tão impressionado com ela na primeira reunião que confiou seu plano a ela. Ela ouviu atentamente e não zombou e nem questionou sua sanidade.
"Bem, essa deve ser uma das histórias mais estranhas que eu já ouvi, mas por alguma razão eu acredito em você. Eu entendo o que você está tentando fazer e porque", ela finalmente disse a ele sem rodeios. "Mas do jeito que você tem feito, tem irritado profundamente muita gente. Você precisar mudar tanto suas ações quanto o jeito que você comunica isso ao público geral. E essa grande revelação que você planeja fazer precisa ser bem construída e executada nos mínimos detalhes, não só para os propósitos de imagem, mas se os Luthors são realmente tão perigosos quanto você diz, para a segurança de todo mundo."
Barbara o ajudou a refinar o plano que tinha montado com Chloe e Ollie para desmascarar publicamente Ultraman como Clark e distribuir pedras de meteoro aos cidadãos de Metrópolis. Ele tinha instalado em segredo centros por toda cidade, então agendou uma coletiva televisionada com a imprensa.
Encarando uma barreira de câmeras e repórteres, ele contou a eles sobre Clark, sua origem e suas habilidades e suas atividades como Ultraman, e como ele era vulnerável. Ele explicou porque, exatamente, tinha comprado tantas terras locais e o que vinha fazendo. Listou as locações dos centros de distribuição e descreveu como deveriam operar, oferecendo pedras de meteoro grátis a qualquer pessoa que quisesse para proteção pessoal. Ele organizou um website para dar informações e passou o endereço.
Enquanto falava, caminhões e mensageiros estavam em toda cidade entregando pacotes de kriptonita e equipamentos feitos com kriptonita a estações policiais, bases militares, meios de comunicação, escolas e hospitais. Ele já tinha tomado a precaução de re-emitir os crachás dos funcionários da Queen Industries em todas as instalações ao redor do mundo; os novos tinham papel feito com pedra de meteoro entre as camadas de plástico duro.
Quer as pessoas acreditassem nele ou não, os centros de distribuição ficaram amontoados. O sentimento geral parecia ser de que mesmo que fosse mentira, já que a pedra era de graça, por que não pegar?
Numa reviravolta que ele não previa, kriptonita virou um artigo da moda, com pessoas usando joias, prendedores de gravata, abotoaduras, fivelas de cintos e outros acessórios feitos com a pedra. A cidade de Metrópolis e seus arredores tornaram-se de repente muito inóspitos para Clark, essencialmente tornando áreas populosas da cidade em uma zona proibida para o Ultraman.
A maioria do ceticismo público se dissipou quando as aparições de Ultraman - sem mencionar as de Clark - caíram juntamente com as ações da Luthorcorp. Um Lionel furioso tentou controlar os danos fazendo múltiplas aparições na TV negando que Clark fosse o Ultraman e acusando Oliver de ser um administrador falido desesperado para salvar a empresa, mas graças a arma secreta de Oliver, Barbara, Lionel não se deu bem na comparação com a aparente sinceridade de Oliver. E Oliver sentia-se seguro esses dias, desde que os ataques verbais de Lionel asseguraram que os Luthors seriam os únicos suspeitos de qualquer tentativa contra sua vida.
No meio de tudo isso lhe ocorreu onde estaria Tess e como ela estava. Sua pergunta foi respondida - mais ou menos - quando um cartão postal cênico endereçado a ele chegou um dia. Tinha selo das Bruxelas. Quando ele virou, dizia apenas
Bom trabalho, T.
Ele não acreditava que ela estivesse em Bruxelas, se de fato ela havia estado lá, mas por alguma razão acreditava que agora ela estava em segurança, pelo menos.
Depois da coletiva de imprensa, Barbara vinha trabalhando para prepará-lo, no que ela chamava de Mídia 101. Depois de algumas entrevistas ensaiadas em que ela o interrompeu a cada cinco segundos para criticar sua escolha de palavras ou suas expressões faciais ou as cores de suas camisas e gravatas - "Deus, você realmente é um bebê nesses assuntos, não é?" - ela tinha finalmente lhe dado uma aparência mais de acordo com o que ela imaginava. Ela planejou uma série de entrevistas tanto em programas de notícias da TV quando em jornais e revistas, onde ele podia ter a chance de falar mais. Ela marcou encontros com repórteres de negócios bem escolhidos, avisando-o que eles fariam perguntas difíceis mas que a reputação valeria à pena.
Também ajudou que ele tenha mudado suas táticas; ao invés de comprar a terra de seus donos, ele pagava os direitos para explorar as pedras de meteoro. Também tinha devolvido as terras aos seus donos originais. O banho que ele vinha levando no mundo dos negócios mudou com a alta das ações da empresa.
Alguns minutos depois Jenny lhe passou a ligação de Barbara. "Barbara. Aconteceu alguma coisa?"
"Eu só liguei para lembrá-lo que você tem uma entrevista esta manhã. Esta repórter é..."
"Dura mas justa, eu sei. Eu preciso ser honesto mas não ser um livro aberto, sincero mas diplomático, e encantador mas não bajulador. Certo?"
"Esse é o meu garoto", ela disse alegremente. "Faça a mamãe orgulhosa."
*_*_*_*
Depois de desligar, ele olhou de volta para o monitor, muito distraído com a entrevista para se concentrar no trabalho. Então, ele abriu a janela de busca aos membros da Liga.
Bem, os correspondentes da Liga da Justiça deste universo. Ele não queria fazer contato até que estivesse pronto para formar uma equipe. Seguindo as palavras de Ollie, vinha trabalhando duro desde que voltou. Passava horas do dia treinando para seu futuro segundo emprego: aquecimento, ioga e pesos pela manhã antes do trabalho; no almoço, outra hora na esteira que tinha instalado no escritório, misturado com um pouco de artes marciais ou sessões de ioga com os instrutores que tinha contratado; arco-e-flecha avançado, parkour e treino com cabo durante a noite. Depois de lutar - e sofrer alguns ferimentos - pela primeira vez em alguns meses, ele estava satisfeito com o recente progresso e planejava, não sem alguma trepidação, finalmente debutar em sua persona combatente do crime dentro de poucas semanas.
Seu uniforme estava quase pronto também. A maior parte era baseada - senão completamente idêntico - ao de Arqueiro Verde de Ollie. A princípio ele tinha planejado usar outra cor; não gostava tanto assim de verde. Infelizmente suas primeiras escolhas, preto ou cinza, já eram fortemente associadas ao Ultraman. Considerando que o vermelho e o azul eram as cores do Blur, também desistiu dessas. Dourado, prata, roxo eram muito chamativas, branco estava fora de questão, marrom era muito sem graça e amarelo o fazia tremer. Ele tinha então voltado ao verde, e depois de se lembrar que Ollie tinha se inspirado em Robin Hood, se sentiu bem melhor em seguir a escolha de seu mentor.
Consultando as notas que Chloe tinha lhe ajudado a compilar, ele conseguiu localizar Victor Stone e Dinah Lance sem muita dificuldade. Arthur Curry tinha lhe dado um pouco mais de trabalho, mas também tinha conseguido encontrá-lo. J'onn Jones tinha se provado mais elusivo, o que não era surpresa com o nome e profissão que tinha escolhido; e até agora a única referência a Carter Hall parecia ser que ele tivesse existido há oitenta anos atrás. Ele imaginou se o homem, e seu curso, só existia no mundo de Ollie e Chloe, ou se ele estava condenado ao mesmo destino aqui, só que numa diferente linha de tempo.
Courtney Whitmore, até onde ele tinha conseguido descobrir, ainda era uma estudante normal, mas dada sua história de origem ele antecipou que isso mudaria qualquer dia, então ele continuava a monitorá-la. E Bart Allen parecia viver bem escondido, mas era consistente com sua versão do outro universo, e Chloe tinha lhe dado algumas dicas sobre os padrões de Bart que ajudaram muito a encontrá-lo. Por assim dizer. A maioria das dicas falava de comida e lugares em que ele gostava de comer. Ele tinha localizado o Dr. Emil Hamilton também, e estava tentando descobrir como e quando se aproximar dele.
Encontrar a versão de Chloe de seu mundo no entanto, era outra história. Ele vinha procurando por ela sem cessar desde que voltou ao seu universo. Chloe Sullivan não era um nome tão incomum - ele encontrou algumas na América do Norte: uma avó de sessenta e cinco anos, uma estudante do ensino médio, uma mãe casada e com dois filhos. Mas as investigações mostraram que nenhuma delas foi ou seria sua Chloe. Não havia encontrado nenhum sinal da existência daquela Chloe Sullivan. Ele tinha localizado outras em outros países, no Reino Unido, mas nenhuma era ela. Até um investigador extremamente discreto não tinha conseguido localizá-la.
Ollie tinha lhe dado algumas variações, de acordo com os amigos de infância de Chloe: Chloe Lane, Chloe Kent, Chloe Lang, Chloe Ross. Tinha seguido todos os nomes, e sete frustrantes meses depois, tudo que tinha encontrado eram becos sem saída. Toda vez que ele sentia uma ponta inicial de esperança, era brutalmente decepcionado quando cada pista promissora chegava a resultado nenhum.
Ele não estava disposto a desistir ainda, mas se perguntava quando teria que encarar a possibilidade da Chloe Sullivan que conhecia simplesmente não ter uma análoga neste mundo.
***
Algumas horas depois Jenny interfonou. "Sua reunião das dez chegou."
"Por favor mande-a entrar." Ele arrumou a gravata e alisou o terno, respirando fundo para se acalmar antes de encarar outra repórter.
Jenny abriu a porta. "Sr. Queen? Esta é Callie Donovan."
Ele apertou o 'salve' no computador antes de se levantar para cumprimentar a visitante. "Prazer em conhecê-la, Srta. Don..." Finalmente olhando pra ela, a saudação parou no meio quando sua garganta fechou.
Era ela.
Callie Donovan.
Chloe Sullivan.
Ele se perguntou se esse era o verdadeiro nome dela, ou se ela tinha sido forçada a se esconder, como a Chloe que ele conhecia que teve que fingir a própria morte em mais de uma ocasião, apagando sua identidade real para salvar sua própria vida e a de Ollie e seus amigos.
"Sr. Queen? Está tudo bem?" Ela estava olhando pra ele preocupada.
A voz. A voz dela era idêntica. Ele tentou tirar a expressão de choque do rosto, ou ela ia ver que tinha algo errado, como a outra Chloe fizera.
"Desculpe", ele disse, gesticulando para que ela se sentasse enquanto ele tentava se recuperar. "Só me levantei muito rápido e senti um pouco de tontura. Não tomei café essa manhã." Isso o fez soar meio molengão, mas pareceu ser convincente. A expressão dela se suavizou enquanto se sentava, sua postura relaxada, mas parecendo mais uma farsa do que real.
"Bem, vou tentar não demorar muito. A não ser que você prefira remarcar?"
"Não." Sua resposta rápida foi um pouco enfática demais, e ela olhou pra ele com curiosidade mais uma vez enquanto ele também se sentava. Agora que estava no mesmo nível do rosto dela, ele teve a oportunidade de estudá-la com mais atenção enquanto ela pegava o bloco de notas dentro da bolsa e uma caneta.
O cabelo dela era alguns tons mais escuros que o de Chloe, e mais longo, preso atrás numa trança. Ela usava óculos, que junto com o cabelo conservador a fazia parecer uma bibliotecária. Os olhos dela, agora examinando-o diretamente enquanto ele a observava, parecia mais puxado para o castanho, diferente do verde de Chloe. Ele imaginou se o cabelo e/ou a cor dos olhos eram naturais, ou parte da identidade falsa que ela havia assumido.
Ela não pareceu surpresa quando olhou pra ele e o viu examinando-a. Provavelmente imaginou que ele tinha uma relação quase adversa com a imprensa e a estava avaliando, tentando adivinhar o quando essa entrevista seria difícil.
"Se importa se eu gravar a conversa?" Ela apontou para um minúsculo gravador.
"Na verdade, sim", ele disse, e foi quando ele percebeu que em algum momento ele já tinha decidido que ia contar tudo a ela. Ela ergueu uma sobrancelha num gesto que já era muito familiar pra ele. "Sinta-se a vontade para fazer anotações. Mas não estou confortável com uma gravação de voz."
Ela olhou pra ele por alguns longos segundos. "É justo", ela disse, e relutantemente guardou o gravador. Abrindo o bloco de anotações e clicando a caneta, ela se inclinou para a frente. "Você tem dado muitas entrevistas ultimamente, algo completamente diferente de seu hábito anterior de fechar as portas para a imprensa", ela disse com enganosa suavidade, e ele teve que segurar um pequeno sorriso. O interrogatório tinha começado oficialmente. "Por que o repentino interesse pela mídia?"
"Não estamos perdendo tempo com essa pergunta?" ele contrapôs. "Ou isso é pra satisfazer uma curiosidade pessoal?"
Então houve o erguer de sobrancelhas de novo, desta vez acompanhado por um inclinar de cabeça. "Eu espero que todas as suas respostas não sejam assim tão evasivas."
Ele permitiu que o sorriso aparecesse desta vez, era difícil não sorrir, quando ela estava se mostrando tão espirituosa como sua contraparte. "Um... conselheiro muito confiável apontou que não importa o quanto minhas ações sejam beneficentes, elas terão valor limitado se eu não comunicá-las efetivamente ao público."
Ela assentiu. "A opinião pública parece realmente estar a seu favor. Claro, o que os leitores querem saber é: essa é uma mudança genuina ou só uma imagem vendida pela sua equipe de relações-públicas?"
"Eu ficaria preocupado se alguém acreditasse em mim só porque eu dei algumas explicações superficiais agora", ele disse honestamente. "É melhor que eles julguem minhas ações a longo tempo. Sim, eu cometi erros no passado. Minhas intenções eram boas, mas eu tinha uma visão limitada e achei que os fins justificavam os meios. Eu não parei pra refletir sobre o mal que estava causando. Mas acho que eu aprendi algumas lições e venho tentando reparar os efeitos colaterais do mal que eu causei."
Ela seguiu com uma série de perguntas técnicas sobre a compra de fazendas, a longa rivalidade da Queen Industries com a Luthorcorp, sua história pessoal com Clark desde os tempos de escola, e seus planos futuros. Ele respondeu tudo com facilidade, estando já experiente a essa altura, mas ela era inegavelmente direta e fez várias perguntas que outros repórteres não tinham feito. "Há rumores de que a mudança na sua imagem visa uma futura carreira política. Você tem essa intenção?"
"Nem a curto, nem a médio prazo", ele disse verdadeiramente. "A longo prazo?" Ele deu de ombros. "Difícil dizer. Eu honestamente nunca pensei nisso, mas não estou preparado agora pra tomar essa decisão."
"Então, hipoteticamente", ela começou delicadamente. "Digamos que você quisesse um cargo político em algum momento, a que você se candidataria? Deputado? Prefeito? Ou ia tentar direto a Casa Branca ou um assento no Senado, ou até mesmo a mansão do governador?"
Ele estava aproveitando o tempo para observá-la, ouvi-la, enquanto respondia suas perguntas. Ela era cuidadosa, mas não tinha conseguido esconder o desgosto em sua voz quando falava dos Luthors. E tantos outros maneirismos que eram de Chloe, mas ela tinha alguns que eram novos pra ele: o jeito que ela girava a caneta nos dedos, o jeito que ela mexia no brinco.
Suas joias eram simples: brincos pequenos, colar combinando com uma pulseira de prata, um anel com uma pedra discreta na mão direita. Podia ser esmeralda, ter sido retirada direto da mina ou criada em laboratório, mas não tinha visto kriptonita suficiente nos últimos dias pra saber o que ela estava usando. Interessante.
Ele olhou para o relógio, sentindo o tempo correr, e não ia aguentar deixá-la passar pela porta sem garantir que tivesse alguma razão para vê-la de novo, logo. Seu coração acelerou enquanto percebia que precisava agir imediatamente. "Bem, Srta. Donovan - posso te chamar de Callie?"
Ela esboçou um sorriso. "Certamente", ela disse, claramente não se importando de que jeito ele a chamasse desde que ele se sentisse confortável em responder tudo.
"É muita gentileza da sua parte. Claro, seu nome verdadeiro não é Callie, certo?"
Internamente ele prendeu a respiração, sabendo que tinha arriscado. Este era um universo diferente, e Callie podia muito bem ser o verdadeiro nome dela. Mas boa parte do treinamento que ele vinha fazendo nos últimos sete meses era para aprimorar seus instintos, e ele confiava neles muito mais agora. E seus instintos lhe diziam que a mulher em sua frente não era exatamente quem dizia ser.
Ela era boa. Ela nem congelou, ou pareceu surpresa ou deixou escapar alguma coisa: ele teria ficado decepcionado se ela cometesse um deslize. Com o pequeno sorriso colado no rosto, ela se inclinou um pouco para a frente. "Eu não entendo. Por que você me perguntaria isso?"
Ah. Se pelo menos ela tivesse respondido que esse era seu nome jornalístico, ele encontraria dificuldade em continuar pressionando. Ele tinha uma imagem mental dele mesmo sentado numa mesa de roleta, apostando todas as fichas num único número. Hora de jogar tudo. "Porque seu verdadeiro nome é Chloe Sullivan."
Ela olhou pra ele, olhos endurecendo. "E eu aqui achando que estávamos tendo uma ótima entrevista", ela disse, um toque de dureza em sua voz. "É esse o segredo de sua abertura para a imprensa? Você cava alguma sujeira sobre seus entrevistadores e os chantageia para escreverem coisas boas sobre você?"
Ouch. O triunfo de saber que ele estava jogando e tinha ganho perdeu força com a reação hostil dela. "Diante das circunstâncias, acho que não posso culpá-la por chegar a essa conclusão. Mas não, não foi assim que descobri sobre você."
Ela fechou os olhos. "Lois", disse, resignada. "Ela te contou, não foi? Ou deixou alguma coisa escapar."
Então Lois era sua prima. Ele balançou a cabeça lentamente. "Todo o tempo em que Lois e eu namoramos e inclusive fomos noivos, ela nunca falou uma única sílaba sobre você."
Ela abriu os olhos novamente e os fixou nele. "Não é por nada, mas eu sou meio que uma hacker amadora, e não sou ruim." Ele não pôde deixar de sorrir a isso, lembrando do tempo que passou com Chloe observando os dedos dela voarem pelo teclado. "Eu escondi meus rastros muito bem. Eu apaguei virtualmente a identidade de Chloe Sullivan. Então como você descobriu?"
"Vamos fazer um negócio. Eu te conto como, se você me contar o porquê. Por que você está vivendo com uma identidade falsa?"
Ela lhe deu um olhar impaciente. "Os Luthors, é claro. Que outra razão haveria? Você acha que é o único que eles já tentaram fazer desaparecer? Tente uma repórter bisbilhoteira que os segue até Metrópolis para investigá-los, entra no meio de alguns negócios escusos e não tem todos os recursos de um administrador bilionário à sua disposição. Depois de poucas ameaças nada sutis, de encontrar o apartamento grampeado, e depois de uma bomba no carro, ficou claro que era perigoso ser Chloe Sullivan. Então ela foi embora. Agora a opinião pública está começando a se virar contra eles, em grande parte graças a você..." - ela mostrou o anel a ele - "...Callie Donovan está voltando para o território de Chloe."
"Ainda não é seguro", ele disse imediatamente. Os Luthors podiam estar enfraquecidos, mas com certeza não eram menos poderosos, mesmo agora. Ele estava gastando uma fortuna em segurança ultimamente, para se proteger contra alienígenas hostis e humanos.
Ela olhou pra ele sardonicamente. "Não me diga. Mas o que eu deveria fazer, mudar para o outro lado do pais e escrever histórias para um pequeno jornal, sabendo que eles ainda estão aqui literalmente continuando a cometer crimes? Acho que não."
Impressionante. Esta Chloe Sullivan tinha toda a coragem, cérebro e beleza de sua sósia.
Ela fechou o bloco de notas e o guardou, junto com a caneta, evidentemente concluindo que a entrevista oficial tinha terminado. "Sua vez. Como você descobriu sobre mim? Nunca nos encontramos antes."
"Tecnicamente falando, é verdade", ele concordou. "Então aqui é que está a parte embaraçosa. Eu posso te contar, mas você se convenceria que eu sou louco."
Isso a fez parar. "E você é?" ela perguntou, sem rodeios.
Ele deu risada. "Eu não sei se alguém pode ter cem porcento de certeza sobre isso, mas não, eu realmente não acredito que seja louco. Você conhece aquela frase de Shakespeare 'Existem mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que sonha nossa vã filosofia'?"
"É uma das minhas favoritas." Ela deu a ele um olhar comedido. "Bem, você definitivamente ganhou meu interesse", ela disse. "Então me conte."
"Eu adoraria, mas tenho algumas condições", ele disse.
"Que jeito de honrar um acordo de negócios, Sr. Queen, colocando condições depois de eu já ter aceitado minha parte."
"Concordo", ele admitiu. "Mas quando você ouvir minha história maluca você vai entender o porquê. Eu vou te contar como sabia quem você era, mas a condição número um? Você não pode escrever sobre isso." Ela abriu a boca para protestar, mas ele continuou. "Ei, eu não vou contar a ninguém o seu segredo. É simplesmente justo."
Ela travou a mandíbula frustrada, e ele teve que segurar um sorriso ao reconhecer outra das expressões de Chloe.
"Ok", ela disse de má vontade. "E a outra?"
"Você sai comigo para jantar, e eu te conto a história toda. Hoje à noite, se você estiver livre."
Ela estreitou os olhos. "É, você sabe, sempre dizem pra não deixar um maluco potencial te levar para um segundo lugar."
Ele deu risada. "Achei que pudéssemos ir ao meu clube. A comida é boa, a atmosfera é legal, é um lugar público, mas o serviço é muito discreto uma vez que muitos negócios confidenciais acontecem durante almoços e jantares." Ele abriu a gaveta de sua mesa e pegou um cartão. "Oito horas? Eu posso mandar um carro te buscar se você quiser, mas sinto que você ficará mais confortável providenciando você mesma seu transporte."
Ele se levantou e deu a volta na mesa para entregar a ela, e ela se levantou para pegar. Ele sempre achou que essa história de eletricidade passando entre duas pessoas fosse um clichê de filme romântico, mas por Deus, foi o que ele sentiu quando seus dedos se tocaram.
Ela também sentiu, ele pensou. Ela parecia levemente assustada, então olhou pra ele. Mesmo usando salto, ela ia só até o queixo dele, do mesmo jeito que Chloe. Ela tinha o tamanho perfeito para caber em seus braços, e ele teve que resistir ao desejo de fazer isso. Ainda não. Logo. Com um pouco de sorte.
Sem a mesa entre eles, havia uma tensão palpável, um alerta físico agora. Ele estava parado muito perto, de verdade, mas ela não se afastou, e nem ele. O corpo inteiro dele parecia transportar uma corrente elétrica. Ele estava com o coração acelerado e era uma luta manter o rosto calmo.
Ela assentiu lentamente. "Tudo bem. Oito horas." Ela começou a afastar a mão, parecendo pensar melhor e perceber que seria muito óbvio. "Obrigada por essa... interessante entrevista. Mal posso esperar pela parte que não poderei publicar."
Sorrindo, ele apertou a mão dela, sua mão enorme engolindo a dela, e sentiu um calor, um senso de... reconhecimento?... se espalhando por seu corpo inteiro. Em algum lugar dentro dele, algo básico e primitivo, talvez algo que era parte de seu DNA, sussurrou, Minha.
"Estou ansioso. Vejo você esta noite." Ele esperou enquanto ela recolhia suas coisas e ia até a porta, sua mão indo instintivamente até as costas dela enquanto a acompanhava. "Jenny? Por favor valide o bilhete do estacionamento da Srta. Donovan."
"Claro." Jenny disse alegremente. Chloe - Callie - pareceu um pouco desorientada enquanto ia até a mesa de Jenny, virando-se para olhar pra ele novamente. "Sua reunião das onze ligou, ele vai se atrasar um pouco."
"Perfeito", ele disse. Isso lhe daria tempo para fazer as reservas para o jantar. "Obrigado, Srta. Donovan. Vejo você hoje à noite." Ela assentiu, ainda parecendo confusa.
Enquanto voltava para o escritório, deixando a porta se fechar, um sorriso aliviado surgiu em seu rosto.
Eu encontrei. Eu encontrei.
E ele ia conquistá-la e ganhá-la, e ele ia mostrar a Metrópolis que vigilantes mascarados podiam lutar contra o crime, e ele ia juntar sua equipe, e juntos iam combater a corrupção e a maldade que fazia este mundo tão mais sombrio que o outro.
As coisas já estavam melhores, e ele mal podia esperar para começar.
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SEQUÊNCIA: REFRACTION
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Metrópolis, sete meses depois
Oliver estava checando as notícias da manhã quando sua assistente bateu uma vez e entrou para colocar um enorme copo de café em sua mesa. "Barbara ligou enquanto eu estava fora. Eu vou ligar pra ela e passar a ligação assim que eu voltar para minha mesa."
"Obrigado, Jenny", ele disse distraído. Aparentemente sua nova relações-públicas não tinha entendido que ligar pra ele entre 7h30 e 8hs não adiantava. Ele abrandou sua culpa por fazer Jenny ir pegar café pra ele num lugar a alguns quarteirões, o que ela invariavelmente transformava numa pausa de meia-hora. Ele tinha sua bebida matinal, ela também tomava o café dela com creme de caramelo subsidiado por ele. Todos ganhavam.
A ideia de trabalhar com uma relações públicas ainda era uma novidade pra ele, mas era uma das coisas que seu outro eu tinha insistido que ele tornasse uma prioridade. Ele tinha feito uma careta quando Ollie deu essa ideia.
"Um assessor de imprensa? Não é... perda de tempo?" ele perguntou duvidosamente. "Sem mencionar que é fútil, a essa altura - muitas pessoas na cidade já têm boas razões pra me odiar."
"E é por isso que você precisa de um assessor de imprensa", Ollie disse pacientemente. "Se você não tem sido nada além de um moleque vivendo do dinheiro da família então sim, é perda de tempo. Agora, se você está tentando fazer duas coisas importantes: comandar sua empresa com sucesso, e proteger Metrópolis do Ultraman e dos Luthors, é necessário. Opinião pública negativa prejudica seus dois objetivos neste momento. Você precisa que sua companhia seja lucrativa e influente para te dar força contra os Luthors, e pra financiar a equipe que você vai montar. Então você precisa reparar sua imagem. E um bom assessor de imprensa pode ajudar sem parecer superficial."
Ele tinha entrevistado alguns relações-públicas e descobriu que a maioria deles era amante da ideia de dar festas com tapete vermelho, o que não era precisamente o que ele queria. Ele sabia que Barbara era mais pé no chão desde que a encontrou pela primeira vez. Uma mulher bem preservada em seus cinquenta anos, ela era a pessoa que ele estava procurando.
Ele ficou tão impressionado com ela na primeira reunião que confiou seu plano a ela. Ela ouviu atentamente e não zombou e nem questionou sua sanidade.
"Bem, essa deve ser uma das histórias mais estranhas que eu já ouvi, mas por alguma razão eu acredito em você. Eu entendo o que você está tentando fazer e porque", ela finalmente disse a ele sem rodeios. "Mas do jeito que você tem feito, tem irritado profundamente muita gente. Você precisar mudar tanto suas ações quanto o jeito que você comunica isso ao público geral. E essa grande revelação que você planeja fazer precisa ser bem construída e executada nos mínimos detalhes, não só para os propósitos de imagem, mas se os Luthors são realmente tão perigosos quanto você diz, para a segurança de todo mundo."
Barbara o ajudou a refinar o plano que tinha montado com Chloe e Ollie para desmascarar publicamente Ultraman como Clark e distribuir pedras de meteoro aos cidadãos de Metrópolis. Ele tinha instalado em segredo centros por toda cidade, então agendou uma coletiva televisionada com a imprensa.
Encarando uma barreira de câmeras e repórteres, ele contou a eles sobre Clark, sua origem e suas habilidades e suas atividades como Ultraman, e como ele era vulnerável. Ele explicou porque, exatamente, tinha comprado tantas terras locais e o que vinha fazendo. Listou as locações dos centros de distribuição e descreveu como deveriam operar, oferecendo pedras de meteoro grátis a qualquer pessoa que quisesse para proteção pessoal. Ele organizou um website para dar informações e passou o endereço.
Enquanto falava, caminhões e mensageiros estavam em toda cidade entregando pacotes de kriptonita e equipamentos feitos com kriptonita a estações policiais, bases militares, meios de comunicação, escolas e hospitais. Ele já tinha tomado a precaução de re-emitir os crachás dos funcionários da Queen Industries em todas as instalações ao redor do mundo; os novos tinham papel feito com pedra de meteoro entre as camadas de plástico duro.
Quer as pessoas acreditassem nele ou não, os centros de distribuição ficaram amontoados. O sentimento geral parecia ser de que mesmo que fosse mentira, já que a pedra era de graça, por que não pegar?
Numa reviravolta que ele não previa, kriptonita virou um artigo da moda, com pessoas usando joias, prendedores de gravata, abotoaduras, fivelas de cintos e outros acessórios feitos com a pedra. A cidade de Metrópolis e seus arredores tornaram-se de repente muito inóspitos para Clark, essencialmente tornando áreas populosas da cidade em uma zona proibida para o Ultraman.
A maioria do ceticismo público se dissipou quando as aparições de Ultraman - sem mencionar as de Clark - caíram juntamente com as ações da Luthorcorp. Um Lionel furioso tentou controlar os danos fazendo múltiplas aparições na TV negando que Clark fosse o Ultraman e acusando Oliver de ser um administrador falido desesperado para salvar a empresa, mas graças a arma secreta de Oliver, Barbara, Lionel não se deu bem na comparação com a aparente sinceridade de Oliver. E Oliver sentia-se seguro esses dias, desde que os ataques verbais de Lionel asseguraram que os Luthors seriam os únicos suspeitos de qualquer tentativa contra sua vida.
No meio de tudo isso lhe ocorreu onde estaria Tess e como ela estava. Sua pergunta foi respondida - mais ou menos - quando um cartão postal cênico endereçado a ele chegou um dia. Tinha selo das Bruxelas. Quando ele virou, dizia apenas
Bom trabalho, T.
Ele não acreditava que ela estivesse em Bruxelas, se de fato ela havia estado lá, mas por alguma razão acreditava que agora ela estava em segurança, pelo menos.
Depois da coletiva de imprensa, Barbara vinha trabalhando para prepará-lo, no que ela chamava de Mídia 101. Depois de algumas entrevistas ensaiadas em que ela o interrompeu a cada cinco segundos para criticar sua escolha de palavras ou suas expressões faciais ou as cores de suas camisas e gravatas - "Deus, você realmente é um bebê nesses assuntos, não é?" - ela tinha finalmente lhe dado uma aparência mais de acordo com o que ela imaginava. Ela planejou uma série de entrevistas tanto em programas de notícias da TV quando em jornais e revistas, onde ele podia ter a chance de falar mais. Ela marcou encontros com repórteres de negócios bem escolhidos, avisando-o que eles fariam perguntas difíceis mas que a reputação valeria à pena.
Também ajudou que ele tenha mudado suas táticas; ao invés de comprar a terra de seus donos, ele pagava os direitos para explorar as pedras de meteoro. Também tinha devolvido as terras aos seus donos originais. O banho que ele vinha levando no mundo dos negócios mudou com a alta das ações da empresa.
Alguns minutos depois Jenny lhe passou a ligação de Barbara. "Barbara. Aconteceu alguma coisa?"
"Eu só liguei para lembrá-lo que você tem uma entrevista esta manhã. Esta repórter é..."
"Dura mas justa, eu sei. Eu preciso ser honesto mas não ser um livro aberto, sincero mas diplomático, e encantador mas não bajulador. Certo?"
"Esse é o meu garoto", ela disse alegremente. "Faça a mamãe orgulhosa."
*_*_*_*
Depois de desligar, ele olhou de volta para o monitor, muito distraído com a entrevista para se concentrar no trabalho. Então, ele abriu a janela de busca aos membros da Liga.
Bem, os correspondentes da Liga da Justiça deste universo. Ele não queria fazer contato até que estivesse pronto para formar uma equipe. Seguindo as palavras de Ollie, vinha trabalhando duro desde que voltou. Passava horas do dia treinando para seu futuro segundo emprego: aquecimento, ioga e pesos pela manhã antes do trabalho; no almoço, outra hora na esteira que tinha instalado no escritório, misturado com um pouco de artes marciais ou sessões de ioga com os instrutores que tinha contratado; arco-e-flecha avançado, parkour e treino com cabo durante a noite. Depois de lutar - e sofrer alguns ferimentos - pela primeira vez em alguns meses, ele estava satisfeito com o recente progresso e planejava, não sem alguma trepidação, finalmente debutar em sua persona combatente do crime dentro de poucas semanas.
Seu uniforme estava quase pronto também. A maior parte era baseada - senão completamente idêntico - ao de Arqueiro Verde de Ollie. A princípio ele tinha planejado usar outra cor; não gostava tanto assim de verde. Infelizmente suas primeiras escolhas, preto ou cinza, já eram fortemente associadas ao Ultraman. Considerando que o vermelho e o azul eram as cores do Blur, também desistiu dessas. Dourado, prata, roxo eram muito chamativas, branco estava fora de questão, marrom era muito sem graça e amarelo o fazia tremer. Ele tinha então voltado ao verde, e depois de se lembrar que Ollie tinha se inspirado em Robin Hood, se sentiu bem melhor em seguir a escolha de seu mentor.
Consultando as notas que Chloe tinha lhe ajudado a compilar, ele conseguiu localizar Victor Stone e Dinah Lance sem muita dificuldade. Arthur Curry tinha lhe dado um pouco mais de trabalho, mas também tinha conseguido encontrá-lo. J'onn Jones tinha se provado mais elusivo, o que não era surpresa com o nome e profissão que tinha escolhido; e até agora a única referência a Carter Hall parecia ser que ele tivesse existido há oitenta anos atrás. Ele imaginou se o homem, e seu curso, só existia no mundo de Ollie e Chloe, ou se ele estava condenado ao mesmo destino aqui, só que numa diferente linha de tempo.
Courtney Whitmore, até onde ele tinha conseguido descobrir, ainda era uma estudante normal, mas dada sua história de origem ele antecipou que isso mudaria qualquer dia, então ele continuava a monitorá-la. E Bart Allen parecia viver bem escondido, mas era consistente com sua versão do outro universo, e Chloe tinha lhe dado algumas dicas sobre os padrões de Bart que ajudaram muito a encontrá-lo. Por assim dizer. A maioria das dicas falava de comida e lugares em que ele gostava de comer. Ele tinha localizado o Dr. Emil Hamilton também, e estava tentando descobrir como e quando se aproximar dele.
Encontrar a versão de Chloe de seu mundo no entanto, era outra história. Ele vinha procurando por ela sem cessar desde que voltou ao seu universo. Chloe Sullivan não era um nome tão incomum - ele encontrou algumas na América do Norte: uma avó de sessenta e cinco anos, uma estudante do ensino médio, uma mãe casada e com dois filhos. Mas as investigações mostraram que nenhuma delas foi ou seria sua Chloe. Não havia encontrado nenhum sinal da existência daquela Chloe Sullivan. Ele tinha localizado outras em outros países, no Reino Unido, mas nenhuma era ela. Até um investigador extremamente discreto não tinha conseguido localizá-la.
Ollie tinha lhe dado algumas variações, de acordo com os amigos de infância de Chloe: Chloe Lane, Chloe Kent, Chloe Lang, Chloe Ross. Tinha seguido todos os nomes, e sete frustrantes meses depois, tudo que tinha encontrado eram becos sem saída. Toda vez que ele sentia uma ponta inicial de esperança, era brutalmente decepcionado quando cada pista promissora chegava a resultado nenhum.
Ele não estava disposto a desistir ainda, mas se perguntava quando teria que encarar a possibilidade da Chloe Sullivan que conhecia simplesmente não ter uma análoga neste mundo.
***
Algumas horas depois Jenny interfonou. "Sua reunião das dez chegou."
"Por favor mande-a entrar." Ele arrumou a gravata e alisou o terno, respirando fundo para se acalmar antes de encarar outra repórter.
Jenny abriu a porta. "Sr. Queen? Esta é Callie Donovan."
Ele apertou o 'salve' no computador antes de se levantar para cumprimentar a visitante. "Prazer em conhecê-la, Srta. Don..." Finalmente olhando pra ela, a saudação parou no meio quando sua garganta fechou.
Era ela.
Callie Donovan.
Chloe Sullivan.
Ele se perguntou se esse era o verdadeiro nome dela, ou se ela tinha sido forçada a se esconder, como a Chloe que ele conhecia que teve que fingir a própria morte em mais de uma ocasião, apagando sua identidade real para salvar sua própria vida e a de Ollie e seus amigos.
"Sr. Queen? Está tudo bem?" Ela estava olhando pra ele preocupada.
A voz. A voz dela era idêntica. Ele tentou tirar a expressão de choque do rosto, ou ela ia ver que tinha algo errado, como a outra Chloe fizera.
"Desculpe", ele disse, gesticulando para que ela se sentasse enquanto ele tentava se recuperar. "Só me levantei muito rápido e senti um pouco de tontura. Não tomei café essa manhã." Isso o fez soar meio molengão, mas pareceu ser convincente. A expressão dela se suavizou enquanto se sentava, sua postura relaxada, mas parecendo mais uma farsa do que real.
"Bem, vou tentar não demorar muito. A não ser que você prefira remarcar?"
"Não." Sua resposta rápida foi um pouco enfática demais, e ela olhou pra ele com curiosidade mais uma vez enquanto ele também se sentava. Agora que estava no mesmo nível do rosto dela, ele teve a oportunidade de estudá-la com mais atenção enquanto ela pegava o bloco de notas dentro da bolsa e uma caneta.
O cabelo dela era alguns tons mais escuros que o de Chloe, e mais longo, preso atrás numa trança. Ela usava óculos, que junto com o cabelo conservador a fazia parecer uma bibliotecária. Os olhos dela, agora examinando-o diretamente enquanto ele a observava, parecia mais puxado para o castanho, diferente do verde de Chloe. Ele imaginou se o cabelo e/ou a cor dos olhos eram naturais, ou parte da identidade falsa que ela havia assumido.
Ela não pareceu surpresa quando olhou pra ele e o viu examinando-a. Provavelmente imaginou que ele tinha uma relação quase adversa com a imprensa e a estava avaliando, tentando adivinhar o quando essa entrevista seria difícil.
"Se importa se eu gravar a conversa?" Ela apontou para um minúsculo gravador.
"Na verdade, sim", ele disse, e foi quando ele percebeu que em algum momento ele já tinha decidido que ia contar tudo a ela. Ela ergueu uma sobrancelha num gesto que já era muito familiar pra ele. "Sinta-se a vontade para fazer anotações. Mas não estou confortável com uma gravação de voz."
Ela olhou pra ele por alguns longos segundos. "É justo", ela disse, e relutantemente guardou o gravador. Abrindo o bloco de anotações e clicando a caneta, ela se inclinou para a frente. "Você tem dado muitas entrevistas ultimamente, algo completamente diferente de seu hábito anterior de fechar as portas para a imprensa", ela disse com enganosa suavidade, e ele teve que segurar um pequeno sorriso. O interrogatório tinha começado oficialmente. "Por que o repentino interesse pela mídia?"
"Não estamos perdendo tempo com essa pergunta?" ele contrapôs. "Ou isso é pra satisfazer uma curiosidade pessoal?"
Então houve o erguer de sobrancelhas de novo, desta vez acompanhado por um inclinar de cabeça. "Eu espero que todas as suas respostas não sejam assim tão evasivas."
Ele permitiu que o sorriso aparecesse desta vez, era difícil não sorrir, quando ela estava se mostrando tão espirituosa como sua contraparte. "Um... conselheiro muito confiável apontou que não importa o quanto minhas ações sejam beneficentes, elas terão valor limitado se eu não comunicá-las efetivamente ao público."
Ela assentiu. "A opinião pública parece realmente estar a seu favor. Claro, o que os leitores querem saber é: essa é uma mudança genuina ou só uma imagem vendida pela sua equipe de relações-públicas?"
"Eu ficaria preocupado se alguém acreditasse em mim só porque eu dei algumas explicações superficiais agora", ele disse honestamente. "É melhor que eles julguem minhas ações a longo tempo. Sim, eu cometi erros no passado. Minhas intenções eram boas, mas eu tinha uma visão limitada e achei que os fins justificavam os meios. Eu não parei pra refletir sobre o mal que estava causando. Mas acho que eu aprendi algumas lições e venho tentando reparar os efeitos colaterais do mal que eu causei."
Ela seguiu com uma série de perguntas técnicas sobre a compra de fazendas, a longa rivalidade da Queen Industries com a Luthorcorp, sua história pessoal com Clark desde os tempos de escola, e seus planos futuros. Ele respondeu tudo com facilidade, estando já experiente a essa altura, mas ela era inegavelmente direta e fez várias perguntas que outros repórteres não tinham feito. "Há rumores de que a mudança na sua imagem visa uma futura carreira política. Você tem essa intenção?"
"Nem a curto, nem a médio prazo", ele disse verdadeiramente. "A longo prazo?" Ele deu de ombros. "Difícil dizer. Eu honestamente nunca pensei nisso, mas não estou preparado agora pra tomar essa decisão."
"Então, hipoteticamente", ela começou delicadamente. "Digamos que você quisesse um cargo político em algum momento, a que você se candidataria? Deputado? Prefeito? Ou ia tentar direto a Casa Branca ou um assento no Senado, ou até mesmo a mansão do governador?"
Ele estava aproveitando o tempo para observá-la, ouvi-la, enquanto respondia suas perguntas. Ela era cuidadosa, mas não tinha conseguido esconder o desgosto em sua voz quando falava dos Luthors. E tantos outros maneirismos que eram de Chloe, mas ela tinha alguns que eram novos pra ele: o jeito que ela girava a caneta nos dedos, o jeito que ela mexia no brinco.
Suas joias eram simples: brincos pequenos, colar combinando com uma pulseira de prata, um anel com uma pedra discreta na mão direita. Podia ser esmeralda, ter sido retirada direto da mina ou criada em laboratório, mas não tinha visto kriptonita suficiente nos últimos dias pra saber o que ela estava usando. Interessante.
Ele olhou para o relógio, sentindo o tempo correr, e não ia aguentar deixá-la passar pela porta sem garantir que tivesse alguma razão para vê-la de novo, logo. Seu coração acelerou enquanto percebia que precisava agir imediatamente. "Bem, Srta. Donovan - posso te chamar de Callie?"
Ela esboçou um sorriso. "Certamente", ela disse, claramente não se importando de que jeito ele a chamasse desde que ele se sentisse confortável em responder tudo.
"É muita gentileza da sua parte. Claro, seu nome verdadeiro não é Callie, certo?"
Internamente ele prendeu a respiração, sabendo que tinha arriscado. Este era um universo diferente, e Callie podia muito bem ser o verdadeiro nome dela. Mas boa parte do treinamento que ele vinha fazendo nos últimos sete meses era para aprimorar seus instintos, e ele confiava neles muito mais agora. E seus instintos lhe diziam que a mulher em sua frente não era exatamente quem dizia ser.
Ela era boa. Ela nem congelou, ou pareceu surpresa ou deixou escapar alguma coisa: ele teria ficado decepcionado se ela cometesse um deslize. Com o pequeno sorriso colado no rosto, ela se inclinou um pouco para a frente. "Eu não entendo. Por que você me perguntaria isso?"
Ah. Se pelo menos ela tivesse respondido que esse era seu nome jornalístico, ele encontraria dificuldade em continuar pressionando. Ele tinha uma imagem mental dele mesmo sentado numa mesa de roleta, apostando todas as fichas num único número. Hora de jogar tudo. "Porque seu verdadeiro nome é Chloe Sullivan."
Ela olhou pra ele, olhos endurecendo. "E eu aqui achando que estávamos tendo uma ótima entrevista", ela disse, um toque de dureza em sua voz. "É esse o segredo de sua abertura para a imprensa? Você cava alguma sujeira sobre seus entrevistadores e os chantageia para escreverem coisas boas sobre você?"
Ouch. O triunfo de saber que ele estava jogando e tinha ganho perdeu força com a reação hostil dela. "Diante das circunstâncias, acho que não posso culpá-la por chegar a essa conclusão. Mas não, não foi assim que descobri sobre você."
Ela fechou os olhos. "Lois", disse, resignada. "Ela te contou, não foi? Ou deixou alguma coisa escapar."
Então Lois era sua prima. Ele balançou a cabeça lentamente. "Todo o tempo em que Lois e eu namoramos e inclusive fomos noivos, ela nunca falou uma única sílaba sobre você."
Ela abriu os olhos novamente e os fixou nele. "Não é por nada, mas eu sou meio que uma hacker amadora, e não sou ruim." Ele não pôde deixar de sorrir a isso, lembrando do tempo que passou com Chloe observando os dedos dela voarem pelo teclado. "Eu escondi meus rastros muito bem. Eu apaguei virtualmente a identidade de Chloe Sullivan. Então como você descobriu?"
"Vamos fazer um negócio. Eu te conto como, se você me contar o porquê. Por que você está vivendo com uma identidade falsa?"
Ela lhe deu um olhar impaciente. "Os Luthors, é claro. Que outra razão haveria? Você acha que é o único que eles já tentaram fazer desaparecer? Tente uma repórter bisbilhoteira que os segue até Metrópolis para investigá-los, entra no meio de alguns negócios escusos e não tem todos os recursos de um administrador bilionário à sua disposição. Depois de poucas ameaças nada sutis, de encontrar o apartamento grampeado, e depois de uma bomba no carro, ficou claro que era perigoso ser Chloe Sullivan. Então ela foi embora. Agora a opinião pública está começando a se virar contra eles, em grande parte graças a você..." - ela mostrou o anel a ele - "...Callie Donovan está voltando para o território de Chloe."
"Ainda não é seguro", ele disse imediatamente. Os Luthors podiam estar enfraquecidos, mas com certeza não eram menos poderosos, mesmo agora. Ele estava gastando uma fortuna em segurança ultimamente, para se proteger contra alienígenas hostis e humanos.
Ela olhou pra ele sardonicamente. "Não me diga. Mas o que eu deveria fazer, mudar para o outro lado do pais e escrever histórias para um pequeno jornal, sabendo que eles ainda estão aqui literalmente continuando a cometer crimes? Acho que não."
Impressionante. Esta Chloe Sullivan tinha toda a coragem, cérebro e beleza de sua sósia.
Ela fechou o bloco de notas e o guardou, junto com a caneta, evidentemente concluindo que a entrevista oficial tinha terminado. "Sua vez. Como você descobriu sobre mim? Nunca nos encontramos antes."
"Tecnicamente falando, é verdade", ele concordou. "Então aqui é que está a parte embaraçosa. Eu posso te contar, mas você se convenceria que eu sou louco."
Isso a fez parar. "E você é?" ela perguntou, sem rodeios.
Ele deu risada. "Eu não sei se alguém pode ter cem porcento de certeza sobre isso, mas não, eu realmente não acredito que seja louco. Você conhece aquela frase de Shakespeare 'Existem mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que sonha nossa vã filosofia'?"
"É uma das minhas favoritas." Ela deu a ele um olhar comedido. "Bem, você definitivamente ganhou meu interesse", ela disse. "Então me conte."
"Eu adoraria, mas tenho algumas condições", ele disse.
"Que jeito de honrar um acordo de negócios, Sr. Queen, colocando condições depois de eu já ter aceitado minha parte."
"Concordo", ele admitiu. "Mas quando você ouvir minha história maluca você vai entender o porquê. Eu vou te contar como sabia quem você era, mas a condição número um? Você não pode escrever sobre isso." Ela abriu a boca para protestar, mas ele continuou. "Ei, eu não vou contar a ninguém o seu segredo. É simplesmente justo."
Ela travou a mandíbula frustrada, e ele teve que segurar um sorriso ao reconhecer outra das expressões de Chloe.
"Ok", ela disse de má vontade. "E a outra?"
"Você sai comigo para jantar, e eu te conto a história toda. Hoje à noite, se você estiver livre."
Ela estreitou os olhos. "É, você sabe, sempre dizem pra não deixar um maluco potencial te levar para um segundo lugar."
Ele deu risada. "Achei que pudéssemos ir ao meu clube. A comida é boa, a atmosfera é legal, é um lugar público, mas o serviço é muito discreto uma vez que muitos negócios confidenciais acontecem durante almoços e jantares." Ele abriu a gaveta de sua mesa e pegou um cartão. "Oito horas? Eu posso mandar um carro te buscar se você quiser, mas sinto que você ficará mais confortável providenciando você mesma seu transporte."
Ele se levantou e deu a volta na mesa para entregar a ela, e ela se levantou para pegar. Ele sempre achou que essa história de eletricidade passando entre duas pessoas fosse um clichê de filme romântico, mas por Deus, foi o que ele sentiu quando seus dedos se tocaram.
Ela também sentiu, ele pensou. Ela parecia levemente assustada, então olhou pra ele. Mesmo usando salto, ela ia só até o queixo dele, do mesmo jeito que Chloe. Ela tinha o tamanho perfeito para caber em seus braços, e ele teve que resistir ao desejo de fazer isso. Ainda não. Logo. Com um pouco de sorte.
Sem a mesa entre eles, havia uma tensão palpável, um alerta físico agora. Ele estava parado muito perto, de verdade, mas ela não se afastou, e nem ele. O corpo inteiro dele parecia transportar uma corrente elétrica. Ele estava com o coração acelerado e era uma luta manter o rosto calmo.
Ela assentiu lentamente. "Tudo bem. Oito horas." Ela começou a afastar a mão, parecendo pensar melhor e perceber que seria muito óbvio. "Obrigada por essa... interessante entrevista. Mal posso esperar pela parte que não poderei publicar."
Sorrindo, ele apertou a mão dela, sua mão enorme engolindo a dela, e sentiu um calor, um senso de... reconhecimento?... se espalhando por seu corpo inteiro. Em algum lugar dentro dele, algo básico e primitivo, talvez algo que era parte de seu DNA, sussurrou, Minha.
"Estou ansioso. Vejo você esta noite." Ele esperou enquanto ela recolhia suas coisas e ia até a porta, sua mão indo instintivamente até as costas dela enquanto a acompanhava. "Jenny? Por favor valide o bilhete do estacionamento da Srta. Donovan."
"Claro." Jenny disse alegremente. Chloe - Callie - pareceu um pouco desorientada enquanto ia até a mesa de Jenny, virando-se para olhar pra ele novamente. "Sua reunião das onze ligou, ele vai se atrasar um pouco."
"Perfeito", ele disse. Isso lhe daria tempo para fazer as reservas para o jantar. "Obrigado, Srta. Donovan. Vejo você hoje à noite." Ela assentiu, ainda parecendo confusa.
Enquanto voltava para o escritório, deixando a porta se fechar, um sorriso aliviado surgiu em seu rosto.
Eu encontrei. Eu encontrei.
E ele ia conquistá-la e ganhá-la, e ele ia mostrar a Metrópolis que vigilantes mascarados podiam lutar contra o crime, e ele ia juntar sua equipe, e juntos iam combater a corrupção e a maldade que fazia este mundo tão mais sombrio que o outro.
As coisas já estavam melhores, e ele mal podia esperar para começar.
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SEQUÊNCIA: REFRACTION
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Bacana, achei que a fic mostraria o outro universo (Chloe e Ollie) mas gostei de ser mostrado o Olliver encontrando a sua versão da Chloe e começando uma batalha contra os Luthors...
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