Autor: anonymous
Classificação: PG
Oliver não gostava muito dessa época do ano. O barulho intenso, a correria e a falta de educação das pessoas, as reuniões intermináveis da companhia, as viagens de última hora, várias vezes no último mês, precisavam resolver muitas pendências antes dos feriados. Os marginais à solta nas ruas, se aproveitando da distração das pessoas... Era trabalho dobrado para Oliver Queen e para o Arqueiro.
Não que excesso de trabalho fosse ruim antes, ele pensou. Já que isso lhe impedia de pensar no que menos gostava nessa data. As comemorações. Quando não lhe traziam lembranças de uma vida feliz há tempos atrás, lhe passava a imagem de falsidade. De festas da alta sociedade, regadas a hipocrisia e roupas caras.
Apesar de ter amigos, ele costumava recusar todos os convites que recebia e se embriagava sozinho ou com alguma mulher da qual nem se lembraria o nome na manhã seguinte. Claro que elas não estavam preocupadas com isso, estavam mais interessadas em sua carteira.
Ele suspirou e afrouxou a gola de sua gravata enquanto ia de encontro a seu carro, esperança no peito. Este Natal ia ser diferente, afinal ele tinha Chloe. Oliver sorriu ao lembrar-se do sorriso lindo que ele sabia ser só para ele. Com ela, Oliver aprendeu a ser menos duro e, a saber que a vida reserva surpresas boas quando a gente não espera mais nada.
Ele estava um pouco nervoso com o que dar de presente para ela, queria que fosse único como Chloe, que expressasse o que sentia por ela, porque ele sabia que ela não apreciava apenas a beleza evidente das coisas. Chloe via mais fundo. Ela apreciava o real valor das pessoas ou de qualquer outra coisa. E isso nada tinha a ver com dinheiro.
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Chloe estremeceu contra o vidro gelado da janela na Wachtower. O Natal definitivamente era uma data que a deixava mais emotiva. Ela ainda podia ouvir a voz do vendedor ecoando em sua mente. –Só o café senhorita? Que tal alguns biscoitos? Canela e nozes, com gotas de chocolate. Receita da minha mãe. O vendedor estava sorridente e visivelmente animado enquanto mostrava para ela os biscoitos.
Receita da minha mãe também, ela pensou quando sentiu o cheiro familiar que havia marcado uma curta e feliz época de sua vida. Sua mãe amava biscoitos de canela. Ela afastou o pensamento tão rápido quanto ele chegou. – Não, obrigada. Chloe deu um fraco sorriso para o homem e saiu apressada, tentando fugir dos doces e lembranças.
Ela queria chegar ao conforto e silêncio de sua torre o mais rápido possível. O excesso de movimento nas ruas a estava deixando tonta.
Agora, de volta a sua torre sem o barulho dos carros e das conversas lá fora, ela podia ouvir com maior clareza sua própria mente, perdida completamente em lembranças. Então ela fechou os olhos com força, enquanto um mundo de imagens e cheiros, e sons de uma vida que parecia não ter pertencido a ela e parecia muito mais distante do que na verdade era, a atingia.
- Hahá! Peguei no flagra, sua pequena sorrateira. Seu pai sorria para ela e lhe atacava com cócegas enquanto ela comia escondida um pouco da massa de bolo que a sua mãe preparava para a ceia de Natal.
- Mamãe! Chloe gritou, enquanto explodia numa risada com a brincadeira do pai e deixava a tigela com a massa cair no chão.
Sua mãe sorriu e revirou os olhos para os dois, fingindo dar bronca.
- Ei, vocês dois! Limpem essa bagunça e ajudem um pouco essa pobre mamãe Noel, ou teremos comida queimada para a ceia.
- Eu estou limpando as louças, mãe! Chloe falava enquanto lambia uma colher com um pouco de doce de leite.
- Hahã, limpando da maneira Chloe de ser, seu pai disse rindo e beijando sua testa. Sua mãe se aproximou também, alisando seus cabelos e a beijando no rosto em seguida. Eles eram felizes.
Aquele havia sido seu último Natal normal. Ela tinha oito anos na época e logo as coisas começaram a mudar. Tudo tinha acontecido tão rápido, poucos dias depois do Natal sua mãe havia ficado estranha e se machucava sem saber onde, e às vezes desmaiava também. Então uma manhã sua mãe se foi.
Doía a maneira como a lembrança ainda era nítida, então ela reviu aquele momento.
- Mamãe não vai embora, você não pode ir... Chloe soluçava entre as lágrimas. Não ama mais a gente? Eu serei boazinha... Papai, diga para a mamãe que ela não pode ir, por favor! Por favor! Eu te amo, por favor...
Chloe balançou a cabeça para tentar espantar esses pensamentos, sua boca amarga com a dor que parecia ter acalmado com o tempo, voltando a doer. Ela não se lembrava ter estado tão nostálgica assim nos últimos anos.
“Você acha que eu pareço com ela?" Chloe perguntou olhando para seu pai com atenção, enquanto ele puxava as cobertas em volta dela e lhe dava um beijo na cabeça. Ela tinha onze anos agora.
Seu pai sorriu tristemente. – Você tem os mesmos olhos, o sorri... Gabe parou, a dor invadindo seu rosto com a conversa. Chloe já tinha ouvido de outras pessoas o quanto se parecia com a sua mãe e se perguntava se era por isso que seu pai ficava tanto tempo fora, para não ter que olhar para ela e ver a esposa refletida ali...
- Fale mais dela pai, nós nunca falamos sobre isso.
- Outra hora conversamos Chloe, temos que acordar cedo amanhã. E mais uma vez ele havia se fechado. Para o mundo e para ela, sua filha.
Ela abriu os olhos com o barulho do relógio, surpresa ao perceber que passara mais de uma hora ali olhando pela janela da torre, com seus fantasmas do passado. Seu pai. O que ele estaria fazendo? Ele tinha uma esposa agora, Chloe havia falado com ela duas vezes pelo telefone e a mulher parecia simpática. A convidaram para passar a noite de Natal, mas Chloe deu a desculpa de que precisava trabalhar e recusou.
Ela estava feliz que seu pai tivesse seguido com sua vida, e estivesse feliz outra vez. Desejava que ele pudesse ter feito isso antes. Ele fora um bom pai, mas com os anos ele nunca superou a saída de sua mãe e foi ficando cada vez mais fechado, cada vez mais distante, o que piorou quando ela era adolescente.
Chloe não o culpava, ela soube mais tarde que sua mãe havia se internado por escolha própria, temendo ser um risco para ela e deveria ser difícil para seu pobre pai ver a imagem de Moira refletida no rosto de sua filha. Mesmo assim, ela era sua filha e precisava dele. Sabia que o pai a amava, mas por ter ficado preso a memória da sua esposa, se impediu de dar um espaço em sua vida para a filha. E doeu crescer sem a mãe e sem saber o que significava na vida dele.
Chloe respirou profundamente tentando se acalmar e levou uma mão até o ventre. Ali estava o porquê de ela estar tão confusa e assustada. Seu bebê. Seu e de Ollie. Seu coração bateu rápido contra o peito ao lembrar que Oliver estaria ali a poucas horas e ela não saberia o que dizer, como contar para ele.
Eles estavam juntos há apenas seis meses, mas ela havia se surpreendido com o namorado que Oliver era. Ele havia paciente e insistentemente quebrado todas as suas barreiras e regras e se aproximado sem deixar brecha para que ela o empurrasse.
E agora, há exatamente uma semana, durante a viagem dele, ela descobriu estar esperando um filho. E não bastasse ela se sentir perdida e confusa sobre o que fazer com uma criança, não bastasse ela se sentir culpada por colocar alguém inocente no mundo com a vida que eles levavam, ela estava preocupada com a maneira que Oliver iria reagir.
Tinha medo que ele pensasse que ela o havia enganado, que só estivesse com ele por... – Ela tentou parar de remoer seus medos. Ela queria muito que essa criança tivesse uma família, pai e mãe e Natais como os que ela teve em seus primeiros anos de vida. Mas se não desse, seu bebê ao menos teria uma mãe.
Ela já havia decidido. Faria o que fosse preciso pelo seu filho, mesmo que tivesse que seguir esse caminho sozinha...
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Corri quando li o titulo em português, lá do JustChlollie \o/
ResponderExcluirMuito bem Sr(a) Anonymous.
Bela primeira parte!!!Adorei!!! =)
Anonymous... Parabéns novamente... começo maravilhoso, triste e tão repleto de sentimentos... lindo!!!!
ResponderExcluirNossa, que linod esse capítulo... Arrasou, Anonymous!!!
ResponderExcluirFê
Nossa, que lindo esse capítulo, toda melancolia e as lembranças difíceis que valorizam muito o presente do relacionamento deles... agora, Chloe, o Ollie jamais te abandonaria ainda mais com um filho... Lindo capítulo, ansiosa pra ler o próximo...
ResponderExcluirawwwwww... que lindo, já estou prevendo muita emoção no próximo capítulo... Adorei!!!!
ResponderExcluirAdorei!!!! Mais, please, quero ver agora o final feliz que eles tanto merecem... :D
ResponderExcluirPatrícia