If You Throw a Frog in Water

Título: Se Você Joga Um Sapo Na Água
Resumo: Existe um velho ditado que diz que se você jogar um sapo na água fervente ele vai pular. Mas se você começar com uma água morna e lentamente aumentar o calor, ele vai morrer sem nem perceber que estava em perigo.
Autora: smallvillefics
Classificação: PG
Nota: indicada ao ChlollieAwards 2010 na categoria oneshot.




Existe um velho ditado que diz que se você jogar um sapo na água fervente ele vai pular. Mas se você começar com uma água morna e lentamente aumentar o calor, ele vai morrer sem nem perceber que estava em perigo.

E Oliver Queen estava definitivamente em perigo. Não era a respiração acelerada ou as borboletas no estômago de alguém. Era a respiração profunda, relaxada e lenta, tranquila demais.

Sem estar ciente até agora, ele tinha se acostumado totalmente à presença dela. Os simples jantares para acalmar os nervos ou informar sobre as missões tinham se tornado algo mais. Ele percebeu que ficava cada vez mais a vontade em sua companhia, um sorriso sempre agraciando seu rosto. Ocasionalmente ela lhe daria uma bronca por não estar prestando atenção, mas ela não sabia que ele tinha se perdido no tom de sua voz.

Ela se vestia bem, mas nada muito sexy. Usava maquiagem, mas nunca o suficiente para esconder o brilho de sua pele ou as linhas de preocupação que já se formavam no canto de seus olhos. Ela usava vozes engraçadas quando contava uma história, e dava gritos estridentes quando ouvia uma piada dele que achava engraçada. Ele não se importava de compartilhar os contos de sua juventude estúpida quando a fazia rir tanto que até doía.

O fato dele poder tão facilmente ler as emoções nos olhos dela o cativava. Tédio, irritação, distração, avidez, frustração, choque, desapontamento... Ele não tinha certeza qual era sua favorita mas a compaixão e o cuidado sempre ganhavam. Algumas vezes ele se divertia, mas ficava sempre tocado. Ela se preocupava tão profundamente com as pessoas. Ele sempre teve dificuldade para expressar para alguém o quanto a pessoa era importante em sua vida. Ela, por outro lado, não fazia ideia de como esconder.

Ela fazia estardalhaço sobre seus ferimentos enquanto fazia piada, mas os lábios apertados numa fina linha lhe mostravam que ela não estava achando graça. Ela estava sempre ali, tentando fazer o melhor pra todo mundo. Ela teve a iniciativa de falar que ele podia deixar pelo menos parte de seu arsenal na Watchtower - então mostrou o espaço que tinha separado pra ele. Completo com indicações do tipo 'palitos pontudos aqui' e 'caixa de voz do Darth Vader aqui'.

Os jantares se tornaram habituais o suficiente pra nenhum dos dois se incomodar em checar a agenda do outro. Eles se sentavam no mesmo lugar toda vez e quem chegasse primeiro pedia as bebidas: cafés nos dias preguiçosos, expresso triplo pra Chloe, duas colheres de açúcar pra ele; duas vodcas com gelo quando o dia não tinha sido tão bom - mesmo que a bebida dela fosse mais fraca. Ela sempre olhava o menu como se alguma coisa nova pudesse aparecer só porque ela desejava. Ele dizia a ela que podiam ir a outro lugar, mas era ela quem insistia em ficar. A comida podia ser duas vezes melhor em outro lugar, mas a atmosfera aqui era duas vezes mais relaxante.

De vez em quando eles batiam as pernas embaixo da mesa, mas isso nunca era embaraçoso pra eles. Um pedido de desculpas pela falta de atenção e tudo ficava bem. Mas não significava que ele tenha esquecido o quanto era fácil se apoiar nela.

Para agradá-la, o garçom tinha em mais de uma ocasião trazido presentinhos da cozinha. Deslizando um milkshake duplo sobre a mesa e entregando a ela dois canudos. Aparentemente o cara do balcão não era muito generoso com o chocolate, o amador. Observando suas expressões indulgentes enquanto tomavam a sobremesa ela lembrava o quanto esse momento era 'A Dama e o Vagabundo." "Eu não sou uma cadela", Chloe gritava com falsa indignação, fazendo ele revirar os olhos.

Uma vez, já tarde da noite, ela confessou que achava impressionante Canário Negro pulando de um prédio, mesmo com aquela roupa extremamente apertada. Então no aniversário dela ele lhe deu um par de botas com uma arma de brinquedo presa em um salto e um batom no outro. Assim ela podia ter sua própria diversão como espiã. Na semana seguinte ela tinha aparecido num casaco preto com o cabelo pra trás ao estilo Matrix. "Acho que posso me acostumar com essa coisa de uniforme", ela disse maliciosamente. "Acho que você tem sorte que seja Halloween", ele respondeu.

Nos primeiros dias eles convidavam outros para sair junto. Mas Lois sempre ofendia os funcionários e Clark sempre tinha coisas melhores pra fazer. Bart tinha ido junto mas com ele falando sem parar, dando em cima tanto de Chloe quanto da garçonete, e comendo toda a comida, eles chegaram a um acordo silencioso. Quando Bart pegou a última batatinha do prato de Oliver eles se olharam e assentiram levemente. Isso não ia funcionar.

Ele lembrou o grito de alegria de Chloe quando percebeu que o gerente tinha finalmente cedido e acrescentado torta de chocolate com creme ao menu atendendo seu pedido. Oliver imaginou que o cara tinha feito a conta e percebido que ela sozinha daria conta de todo estoque. Em sua animação ela se inclinou sobre o balcão e beijou o rosto do homem surpreso. Ficando um pouco vermelho e gaguejando ele saiu pela porta da cozinha.

Ele se lembrou facilmente de seu momento mais chocante. Ele foi para o canto deles, exceto que dessa vez estava diferente. Desta vez havia bandeirinhas, balões e um bolo esperando por ele. Ela tinha anunciado que embora a festa de seu aniversário fosse na noite seguinte, achava necessário comemorar naquela noite, já que teria sorte se conseguisse conversar com ele no grande baile. Ele tentou se lembrar se tinha dito a ela que bolo de cenoura era seu preferido ou se ela mais uma vez tinha bisbilhotado. A festa no Ace of Clubs ele mal conseguia lembrar, mas considerando que naquela noite ela o forçou a usar um chapéu de caubói com as palavras 'Feliz Aniversário, Tigrão', tinha certeza que jamais iria esquecer, e disse isso a ela.

O que começou com um simples lanche ou dois amigos mais do que meros colegas de trabalho virou a sua mais valiosa amizade. Então, sim, Oliver estava em perigo.

Porque hoje ela não estava lá.

Só com a ausência dela ele percebeu. Ele quase estava se sentindo mal. Estar sentado ali sem ela parecia errado. Sua respiração ficou irregular quando viu em sua mente os momentos sem a companhia dela. O aniversário de quarenta anos da Queen Industries era na semana seguinte. Ele precisa dela para acessar alguns arquivos pra ele se quisessem encontrar Lex. Ela tinha prometido ir alimentar os patos amanhã.

Mas ele não percebeu. A vida não parecia diferente com ela, simplesmente parecia normal. Melhor, mas normal. Agora ele estava sozinho e entrando em pânico. Não conseguia mais ver seus futuros como caminhos separados, ao invés eles estavam entrelaçados ao ponto de não se poder ver onde um terminava e o outro começava. A história dele realmente se alinhava ao destino do Sr. Sapo.

"Ei, desculpe o atraso", ela jogou a jaqueta no assento antes de pegar o café e tomar um gole. "Uh oh, já vi esse olhar antes. Ollie pensativo. O que quer que seja, eu prometo que posso curar com torta de chocolate e creme. Tudo que você precisa é chantili extra." Ele olhou dentro de seus olhos brilhantes, suas bochechas vermelhas do frio enquanto o estudava. Ela colocou as mãos sobre as dele. "O que foi, sério?"

Oliver Queen era um homem condenado.

"Chloe, você já se viu como uma Princesa Sapo?"


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