Space Between (3/10)

Resumo: Chloe e Oliver lidam com obstáculos inesperados em seu relacionamento.
Autoras: chloeas e dl_greenarrow
Classificação: R
Aviso: Grande quantidade de tristeza
Linha de tempo: Esta história se passa depois da décima temporada, alguns anos no futuro.
Original
Anterior: Um - Dois

Ela não tinha dormido nada. Nem tinha planejado dormir pra começar, mas estava feliz que tivesse conseguido. Ter levado a cafeteira para o escritório foi provavelmente uma das melhores decisões que tinha tomado nos últimos tempos.

Mas porque tinha ficado acordada a noite inteira, ela também sabia que Oliver não tinha voltado pra casa depois da patrulha e um simples olhar em sua sala secreta tinha confirmado isso. Ela finalmente foi até o quarto principal por volta das seis e meia, já estava claro lá fora. Ela tomou um banho rápido e enxugou o cabelo, então aplicou mais maquiagem que o normal, algo que também vinha fazendo mais e mais ultimamente... e então estava de volta ao escritório. Recolhendo suas coisas rapidamente, ela pegou a bolsa e começou a ir em direção à porta quando algo chamou sua atenção pelo canto dos olhos e seu estômago despencou.

Dando uma olhada para a varanda, ela viu Oliver, ou mais precisamente, o Arqueiro Verde. Ele estava sentado no telhado do outro lado da rua, sua cabeça baixa, coberta com o capuz enquanto olhava pra baixo. Ela só podia imaginar que ele estivesse observando o tráfego da rua.

Chloe respirou fundo e jogou a bolsa no sofá, então passou os braços ao redor do corpo com força numa tentativa inútil de aliviar a dor. Ela já tinha chegado à conclusão que não havia alívio. Não tinha como melhorar. Não considerando...

Ela fungou baixinho enquanto o observava. Ele estava a uma distância segura e sabia que podia chorar sem que ele lhe desse aqueles olhares, sem deixar tudo pior. Mas estava ficando cada vez mais difícil se controlar na frente dele, ela pensou que estaria anestesiada a essa altura, mas não estava. Seis meses e ela ainda não estava. E além disso, sentia falta dele. Bastante. Sentia falta do que tinham, do que eram, sentia falta de tudo que poderiam ser. Mas sabia que não dava pra voltar atrás então tentava se concentrar em outra coisa.

Em qualquer coisa.

E na maioria das vezes ela conseguia. Mas não quando estava perto dele. Ele sempre tinha um jeito de tocá-la, de trazer as coisas à tona, de alcançá-la e desta vez não era diferente. Exceto que ela não podia deixar. De algum jeito, ela estava quase agradecida que ele não parecesse estar se importando, ela sabia que ele realmente não queria tentar e não o culpava.

Ela também não queria tentar. Estava cansada.

E era por isso que se mantinha ocupada, empurrava tudo de lado e seguia em frente o melhor que podia. E era por isso que ela tinha que seguir em frente antes que ele a visse.

E ela fez isso. Respirou fundo e voltou correndo para o banheiro, lavou o rosto, reaplicou a maquiagem e foi para a porta, desta vez sem olhar na direção da varanda ou qualquer outra janela que cobria a maior parte das paredes da sala de estar.

Ela tinha um prazo e era nisso que precisava se concentrar.

***

Oliver olhava para a cidade, sua expressão vazia de emoção, embora sentisse tudo de uma vez. Seu peito estava apertado enquanto pensava no que teria que fazer hoje. Ele respirou fundo e expirou devagar, olhando enquanto uma garoa começava a cair, atingindo seus braços nus e fazendo sua pele se arrepiar. Combinava, de verdade. O tempo combinava com seu humor perfeitamente. Ele se recostou contra a grade mais uma vez, fechando os olhos.

Ele nunca pensou que esse dia fosse chegar. Não com Chloe. Não depois de tudo que vinham passando juntos. Não depois de tudo que tinham feito para estar juntos. Ele engoliu em seco, um nó se formando em sua garganta. Simplesmente não parecia real.

Mas era.

E era culpa sua.

Ele tirou o capuz e os óculos. Respirou fundo tremulamente enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas, misturando-se à chuva que caía.

Faria a coisa certa agora. Mesmo que fosse doer como o inferno. Mesmo que fosse matá-lo.

Já estava morto por dentro afinal. Não havia razão pra continuar arrastando Chloe junto com ele.

Oliver correu uma mão pelo rosto e lentamente se virou na direção da porta de vidro, entrando silenciosamente e seguindo pelo corredor que levava ao quarto principal. Abriu o largo armário que havia ali e prendeu a respiração enquanto olhava para sua bagagem.

Lentamente ele tirou a mala da prateleira e a colocou na cama.

E começou a guardar suas coisas.

***

Passava um pouco das oito quando Chloe voltou pra casa. Doze horas diretas no jornal não era novidade pra ela, especialmente ultimamente. Era sua única real escapatória de tudo. E tinha sido um dia produtivo. Tinha entregue o artigo sobre a conferência de imprensa e ele já tinha sido publicado online e seria incluído no número impresso do dia seguinte, primeira página; e ela já estava trabalhando numa continuação.

Também tinha conseguido uma reunião com seu editor e contou a ele sobre seu passado em Smallville e que conhecia Lex pessoalmente embora ele não se lembrasse dela depois de seu 'acidente maluco' onde perdeu toda a memória de alguns anos. Então seu editor a deixou responsável por todas as histórias relacionadas a Lex de agora até as eleições, o que era uma grande responsabilidade e com certeza a manteria ocupada por um tempo, então ela aceitou a oferta imediatamente.

E agora ela estava absolutamente exausta, o que significava que ia de fato conseguir dormir esta noite. Sem sonhar, com sorte, descansar pra variar.

Mas no segundo que saiu do elevador e entrou no apartamento, ela paralisou. Havia duas malas ao lado do sofá e seu estômago apertou instantaneamente, o torpor que tinha vindo com o cansaço a deixando imediatamente.

Ele estava sentado em silêncio no sofá, nem olhou pra cima quando a ouviu entrar. Simplesmente continuou olhando para as mãos, os cotovelos descansando sobre os joelhos, do jeito que passou sentado a maior parte do dia. Seus ombros caídos, uma postura derrotada tomando lugar da antiga confiança. Mas isso já fazia muito tempo.

Os olhos dela se encheram de lágrimas quando olhou pra ele. Tudo que queria era passar por ele, se trancar no quarto e não tomar conhecimento disso. Não tinha certeza se conseguiria lidar. Não queria pensar sobre isso e certamente não sabia o que dizer, então ficou apenas olhando pra ele.

Sentindo o olhar dela, ele se levantou devagar, suas costas doendo por ter ficado sentado na mesma posição por muito tempo. Respirando fundo, ele se virou pra ela.

Chloe olhou pra ele, engolindo em seco e reflexivamente cruzando os braços sobre o peito, protegendo-se.

Ele sentiu o peito apertar enquanto olhava pra ela em silêncio por um longo momento, lambendo os lábios. "Eu sinto muito", ele sussurrou, sua voz quase inaudível.

Ela travou a mandíbula e olhou pra baixo, respirando fundo e balançando a cabeça. "Eu não vou ficar."

"Não há razão pra nós dois irmos embora. Esta é sua casa, Chloe."

"Não, não é." Ela disse secamente, levantando a cabeça para olhar pra ele novamente. Ele era. Sem ele, este lugar não significava nada pra ela. Não mais.

Oliver se encolheu visivelmente à sua resposta e correu uma mão pelo rosto, ficando em silêncio mais uma vez e expirando devagar. "Certo", ele sussurrou.

Ela nem tinha pensado nisso até agora, vinha se sentindo tão... derrotada. Nem pensou que pudesse piorar, mas viu que estava errada mais uma vez. Seu estômago estava apertado e era difícil pra ela não desmoronar simplesmente, mas não ia fazer isso. Ela se recusava. Não ia impedi-lo se era isso que ele queria.

Estava cansada.

"Eu uh... reservei um quarto no Plaza", ele murmurou, olhando para o chão.

Chloe assentiu levemente e olhou pra baixo mais uma vez, mexendo os braços e os passando ao redor do corpo. Não conseguia olhar pra ele.

Ele mordeu a parte interna da bochecha, engolindo em seco. Não sabia porque se sentia tão derrotado. Não esperava que ela pedisse que ele ficasse. Talvez só tivesse esperado por mais reação. Mas deveria ter imaginado. Ela provavelmente preferia que ele já tivesse ido embora há algum tempo. "Ok", ele sussurrou, seu peito dolorosamente apertado enquanto pegava uma das malas.

Ela o viu pegar a mala pelo canto dos olhos e não queria nada além de impedi-lo, de passar os braços ao redor dele e beijá-lo até ele esquecer que ia embora. Não sentia esse desejo há meses. Mas sabia que não podia fazer isso e achava que não ia conseguir se impedir se ficasse ali, então ela deu um passo para o lado enquanto as lágrimas caíam e foi para o quarto o mais rápido que conseguiu sem ter que correr.

Ele fechou os olhos, uma lágrima descendo por seu rosto enquanto pegava a outra mala e ia silenciosamente para a porta. Ele fungou, então se virou para o apartamento, meio que esperando encontrá-la ali parada.

Ela não estava.

"Eu sinto muito", ele sussurrou, mesmo que ela não pudesse ouvi-lo. Ele engoliu em seco convulsivamente, sentindo o estômago revirar enquanto ia para o elevador.

Só queria chegar ao hotel e dormir pelo resto da noite.

E talvez o dia todo de amanhã também.

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Quatro

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