Resumo: Sequência de Mirror Image. Oliver convence Callie Donovan a se juntar a ele na formação de sua própria Liga da Justiça, mas quando descobrem que Clark Luthor encontrou uma segunda caixa espelhada, o seguem até a Terra 1 para alertar suas contrapartes.
Autora: fickeryClassificação: NC-17 (nos últimos capítulos)
Personagens/Pares: Ollie/Chloe, Lois/Clark, Tess/Emil, Justice League; Oliver/Callie, Justice League, Lois, Clark Luthor, Lionel Luthor, Tess Luthor
Categoria: AU, drama, angst, romance
Aviso: spoilers até Finale, mas como sempre eu tomo muita liberdade com os acontecimentos da série e a cronologia
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Para a sessão de treinamento seguinte, eles escolheram Miami, cidade natal de AC. "Não existe exatamente uma carência de crimes em Miami", Oliver disse ao time. "AC terá que usar um pouco mais seus talentos, não teremos a distração dos repórteres e fotógrafos, pelo menos a princípio, e não há motivo pra ficarmos muito confortáveis em Metrópolis, porque teremos missões ao redor do mundo."
"Mas é uma cidade turística e não vai demorar muito para os civis se virarem com as câmeras e telefones apontados pra vocês assim que perceberem suas atividades, então sejam cuidadosos", Callie alertou.
Eles se concentraram no centro da cidade desta vez, todos eles, resolvendo individualmente os casos conforme iam aparecendo: assaltos, roubo de uma loja de bebidas, um bêbado desordeiro que ameaçava começar uma briga do lado de fora de um clube em South Beach, uma tentativa de estupro.
Assim como Oliver, que com a ajuda de Bart, pegou uma dupla que ia arrombar carros, ouviram a voz de Callie. "Pessoal, tem uma coisa acontecendo. Como se sentem prestes a enfrentar a primeira missão real?"
"O que você tem pra gente, Watchtower?" Oliver perguntou.
"A Guarda Costeira está rastreando uma lancha vinda das Bahamas. Eles suspeitam que ela esteja carregada de drogas. Eles estão se movendo, mas estão a sul da Baía Biscayne ajudando uma embarcação em perigo e eu duvido que cheguem a tempo para interceptar."
"Eu estou nessa", Oliver disse. "Equipe?"
"Com certeza sim", Bart disse. Dinah, AC e Victor concordaram rapidamente.
Callie mandou Bart e AC em direção a lancha, dando a eles as coordenadas e os guiando, monitorando a embarcação até que ela parasse. Depois de alguns minutos, quando os barulhos de luta e gritos se aquietaram, ela pediu uma atualização. "Como estamos indo, rapazes?"
"Temos um casal muito nervoso e traficantes bem armados aqui, 'Tower, e mais um carregamento de pequenos pacotes com pó branco", Bart disse. "Eles não cooperaram muito a princípio, mas o Cara-de-peixe aqui os mergulhou na água e deu uns socos extras até eles sentirem mais vontade de falar."
"Eles têm um transporte esperando na margem", AC entrou. "Uma vã sem marca foi deixada no estacionamento do porto. Disseram pra eles que o local de entrega seria enviado para o GPS do veículo quando ele fosse ligado."
"Legal. Arqueiro, Ciborgue, Canário - querem dar um volta pela cidade?"
"Absolutamente. Flipper e Ligeirinho não podem ficar com toda a diversão", Victor respondeu.
O destino da carga seria um armazém perto de um porto comercial. Bart correu na frente para verificar e reportar.
Victor argumentou que o veículo vazio arremessado contra a parede era um pouco de exagero, mas Oliver manteve que alguns movimentos eram clássicos por uma razão. Funcionou, pegando os homens lá dentro de surpresa e forçando-os a sair do caminho. Dinah e Oliver vieram por cima, já tendo conseguido acesso via telhado, e Vic entrou calmamente entrou atrás da van destruída enquanto Bart entrou correndo, tirando as armas de todo mundo.
"Agora que vocês deixaram presentes para a Guarda Costeira e a polícia de Miami, acho que é hora de sair daí", Callie disse a Oliver. "Todas as unidades policiais estão pedindo reforços e os relatos sobre vocês estão se espalhando pela internet. Juntamente com fotos e vídeos embaçados."
"Entendido, Watchtower."
"Bom trabalho, time", ela disse a eles.
"Você também, 'Tower", AC disse.
*-*-*-*
Ela ficou surpresa e um pouco tocada quando checou o site da Guarda Costeira de Miami dois dias depois. Junto com um vídeo dramático da evacuação de um navio e a menção de que a embarcação pesqueira que eles estavam resgatando quando ela chamou a equipe, havia um artigo sobre a lancha que tinham interceptado. Sob uma foto da lancha e outra de três oficiais - dois da Guarda Costeira e um do Departamento de Polícia - ao lado de uma pilha de drogas, havia uma pequena dedicatória: A Guarda Costeira estende seus agradecimentos aos cidadãos que ajudaram nessa prisão.
Oliver deu risada quando ela lhe mostrou, espontaneamente jogando os braços ao redor dela para um abraço animado, tentando não sentir-se rejeitado quando ela ficou levemente tensa, já que ela também não se afastou. "Wow. Isso parece ótimo, não é?" Se eles começassem a receber apoio da lei, poderiam gastar menos tempo e energia se escondendo deles e mais tempo combatendo o crime, até mesmo coordenando esforços com eles.
"Parece", Callie admitiu. "Temos um longo caminho ainda, mas é um bom começo. "Ainda temos um longo caminho pela frente, mas é um bom começo." Apesar do mundo em que tinha nascido, ela nunca foi uma pessimista. Oliver de vez em quando brincava sobre seu lado brutalmente prático, mas isso só significava que ela se recusava a ver a realidade em tons de rosa, não que ela não desejasse uma melhor. De muitas maneiras essa era a primeira coisa tangível que podiam pontuar e dizer, Olha - estamos fazendo a diferença.
Ela tentou relaxar sob o braço de Oliver, aquecida pelo gesto mas nervosa com a proximidade, tentando tomar como casual, abraçando o espírito colegial que isso lhe oferecia. Um momento depois, quando ele a soltou e começou a falar sobre as diferenças entre a aplicação da lei em nível municipal, federal e militar, sua reação foi em partes iguais de desapontamento e alívio.
*-*-*-*
Algumas noites depois, ele retornou de uma patrulha em péssimo estado; a parte de trás de seus braços nus estava ferida por ele ter deslizado contra uma parede enquanto caía. Grandes porções de pele de seus antebraços e uma pequena parte de suas costas estavam arranhados e sangrando. E sujos.
Ela observou em silêncio enquanto ele pegava o kit de primeiros socorros, tirou o colete e a camiseta, sibilando de dor, e tentando cuidar dos ferimentos. Finalmente ela não aguentou mais.
"Pelo amor de Deus, Oliver, você nem consegue ver o que está fazendo, muito menos alcançar." Ela foi até a pia da cozinha lavar as mãos, então voltou e impacientemente pegou os suprimentos das resistentes mãos dele. "Permita-me."
Parando atrás dele, ela colocou a mão em suas costas e gentilmente empurrou. "Incline-se pra frente e coloca uma mão no seu quadril pra eu poder ver melhor a parte de trás do seu braço."
Tentando não se distrair com a proximidade de sua impressionante musculatura, pelo calor e cheiro almiscarado dele, ela limpou suas feridas, passou pomada e cobriu com curativo anti-aderente. Ocasionalmente ela o tocava, reposicionando um braço, colocando a mão em seu ombro para se equilibrar.
Era bom, tê-la cuidando dele. E ele gostava dela o tocando. Talvez eu precise me machucar mais vezes.
"Pronto", ela disse, dando um passo pra trás e admirando sua obra. "Deixe os curativos pelo menos uma noite. Se o sangramento não tiver parado completamente até amanhã de manhã, é melhor me ligar pra refazer os curativos depois que você tomar banho, ou você vai ter que responder perguntas embaraçosas no trabalho quando começar a aparecer em seu terno caro."
Ele pensou sobre ela em sua casa, tocando-o desse jeito quando ele tivesse saído do banho, e desejou que realmente o sangramento tivesse parado de manhã, porque era muito fácil pra ele se imaginar fazendo uma coisa estúpida. Alguma coisa que ela claramente não estava nem perto de estar pronta, algo que a afastaria. "Eu chamo."
Ele se levantou, esquecendo do joelho, que foi rapidamente lembrado. "Droga." Ele vacilou, recostando-se para se apoiar.
"O que foi? O que aconteceu?" ela perguntou, novamente preocupada.
"Tive um pouco mal sucedido mais cedo; minha perna estava um pouco dobrada. Machuquei o joelho." Ele não se incomodou em resistir quando ela colocou as mãos em seus ombros e o fez sentar novamente. Ela era muito mais forte do que parecia, realmente. Ela voltou para a cozinha e retornou com duas bolsas de gelo do congelador.
"Senta de lado, coloca a perna machucada sobre o banco." Ele pensou em discutir com ela, vendo seu rosto, ele decidiu não, e seguiu as instruções ao invés.
Callie colocou as bolsas ao redor do joelho dele. "Oliver, está na hora. O time precisa de um médico. Você precisa de um médico. É hora de trazermos Emil."
Cheio de curativos e com uma bolsa de gelo, ele não estava em posição de dizer não. "Eu não tenho certeza de porque tenho adiado isso", ele confessou. "Porque estou tão nervoso em me aproximar dele."
"Porque ele é uma pessoa comum", Callie disse. "Quando você recrutou os metas, você sabia que eles já sabiam que havia mais neles do que a ciência poderia explicar, porque eles vivem com essa prova diariamente. Quando você recruta uma pessoa normal, como eu..." --ela deu de ombros -- "...você sabe que eles vão precisar de um voto de confiança. E então, por extensão, você também."
Eles vinham rastreando o médico há muito tempo. Sabiam onde ele atendia, onde ele vivia, o horário de seus plantões e que ele dava aula; diabos, eles sabiam como ele preferia o café.
Ele suspirou. Era hora. "Você vai comigo, certo?" ele perguntou
Ela sorriu. "Não perderia por nada."
*-*-*-*
Dr. Emil Hamilton atendia no Hospital Universitário de Metrópolis, e ensinava no curso de medicina. Ele era um homem ocupado, mas sabia o quanto a universidade precisava de financiamento privado para as pesquisas e para a aquisição de um novo aparelho de tomografia para o departamento de radiologia, então quando Oliver Queen ligou, ele encontrou um tempo pra ele.
Queen chegou em seu escritório com uma pequena morena usando óculos de sol, embora o dia não estivesse tão brilhante. "Sr. Queen", ele disse, estendendo a mão. "É um prazer conhecê-lo. Os cidadãos de Metrópolis têm muito a lhe agradecer."
"Dr. Hamilton. Eu agradeço", Oliver disse, apertando sua mão. "Mas foram os cidadãos de Metrópolis que levantaram a voz. Eu só dei a eles algumas informações e ferramentas." Os dois olharam para sua acompanhante. "Eu espero que você não ache que estou sendo excêntrico, mas não vou te apresentar minha amiga ainda."
Emil parou. "Muito bem. Por favor, sentem-se." Eles sentaram no sofá; Emil sentou de frente pra eles.
"Eu estou aqui pra te oferecer um emprego", Oliver disse, indo direto ao ponto. "Mas não seria como o emprego que você tem agora."
Ele estava prestes a pontuar que já tinha vários empregos, mas a mulher foi mais rápida. "Eu tenho lido seus tudo que você publicou nos últimos dez anos. Você está aberto a ideias que não são normalmente aceitas nas comunidades médica e científica."
"Isso é verdade", ele concordou cautelosamente.
Oliver lhe fez o mesmo discurso estamos-montando-uma-equipe que tinha feito aos outros.
De repente muitas peças estavam se juntando. "Eu posso deduzir que é sua equipe que vem recebendo muita atenção da mídia ultimamente, em Metrópolis e também, possivelmente, Miami?"
O outro homem sorriu pra ele, um movimento que sumiu de seu rosto instantaneamente. "É uma coisa possível de se deduzir." Ele se inclinou pra frente, braços descansando sobre os joelhos. "A questão é, mais cedo ou mais tarde todas essas pessoas vão acabar se ferindo. É natureza do trabalho. E quando isso acontecer, teremos um problema, porque a maior parte deles não pode se apresentar num médico comum ou um hospital sem o medo e ser descoberto. A biologia deles - em alguns casos, a anatomia - não é a mesma que a sua ou a minha."
"Então você está me pedindo pra ser o... médico da sua equipe, se fosse o caso. E eu não poderia contar a ninguém."
"É exatamente isso que eu estou pedindo", Oliver disse.
"Mas tem mais", a mulher acrescentou. "Você teria a habilidade de coletar dados, documentar suas observações. Você precisaria examiná-los a cada certo período de tempo, então conheceria o normal de cada um se eles ficassem doentes ou se ferissem depois. Você poderia coletar amostras biológicas: cabelo, sangue, urina, células da pele. Você vai ter a oportunidade de fazer uma pesquisa inovadora."
Agora Emil estava inclinado pra frente também, claramente intrigado. Oliver olhou para Callie com aprovação. Era a isca que precisavam.
"--contanto que você entenda que não pode publicar nada num futuro próximo, e pode nunca receber crédito por isso, exceto postumamente", ela finalizou.
Ouch. A espertinha deu e tirou. Mas o bom médico não pareceu se perturbar.
"A ideia de poder contribuir com algo tão significante para o conhecimento científico é muito mais importante do que eu receber um crédito imediato", ele disse. Recostando-se novamente, ele disse. "Sabe, Lionel Luthor doa bastante dinheiro para esta instituição. Você não acredita que isso possa ser um conflito de interesses? Isso influencia sua disposição de confiar em mim?"
"O dinheiro não me incomoda, porque eu posso doar no mínimo o mesmo valor a Met U que Lionel doa", Oliver disse a ele. "Quanto a confiar em você... bem, estou dando um voto." Ele olhou para seu colega.
Emil ficou em silêncio por um momento, refletindo. "Quais seriam os termos?"
"Eu pago a você uma comissão generosa. Você fica a disposição para emergências médicas e questões urgentes ou consultas de natureza científica. Você vai a pelo menos algumas reuniões da equipe, nós tentamos não abusar de você com muitas interrupções no seu trabalho diário. Se você precisa de alguma coisa especial em termos de equipamento ou suprimentos ou instalações, estou disposto a providenciar."
Emil assentiu. "Os termos são aceitáveis. Sr. Queen, você tem um médico para sua equipe."
"Excelente. E é Oliver", ele disse.
"Obrigado. Por favor me chame de Emil"
A mulher tirou os óculos, revelando seus olhos castanhos. "Eu sou Callie Donovan. Estou ansiosa pra trabalhar com você, Emil."
Os visitantes saíram depois de providenciar um smartphone pré-programado e prometeram entrar em contato para combinar a primeira reunião. Ele balançou a cabeça incrédulo. Que dia estranho.
O resto da Liga ficou feliz em ouvir que tinham uma rede segura em caso de ferimento. "É?" foi a resposta de AC às novidades. "Eu tenho uma coisa no meu pé precisa de uma olhada."
Vic bufou. "Ele é um médico, não um biólogo marinho", ele provocou AC. Virando-se para Callie, ele disse, "Eu tenho um ombro dolorido que precisa da opinião dele também."
"Ele é um médico, não um mecânico", AC devolveu.
"Rapazes. Se eu tiver que bancar a Watchtower, vocês dois vão se arrepender", Callie avisou. Oliver disfarçou uma risada.
*-*-*-*
Encorajado pelo sucesso em Miami, o time pegou outras missões: eliminando um grande traficante de armas de fogo em Vegas, onde Oliver disse a Callie que a parte mais difícil tinha sido manter Bart concentrado na missão e longe dos bufês e das dançarinas; outra tentativa de tráfico de drogas, desta vez em Novo México; e um tráfico de pessoas em Star City, descoberta quando um contêiner cheio de imigrantes chineses foi encontrado por oficiais locais na porto.
Pressionados pelos repórteres, os porta-vozes do governo estavam relutantes em endossar as atividades vigilantes, mas Callie teve acesso a uma conversa entre agentes governamentais e oficiais da alfândega indicando que apreciavam a ajuda.
Eles continuaram a receber menções em sua maioria favoráveis da mídia pelo diário controle do crime, mas a atitude do público em relação aos vigilantes não era a única coisa que vinha mudando nos últimos meses, a economia tinha dado uma guinada. O desemprego estava baixo, a casa própria estava em alta. Mais pessoas estavam investindo a longo prazo. Matrículas na faculdade tinham aumentando.
As melhorias eram pequenas mas mensuráveis, e cumulativas. Era como se alguém tivesse acendido uma vela no escuro, e as pessoas tivessem respondido.
Callie escreveu um pequeno artigo, 'O Novo Otimismo', para uma edição virtual de um grande jornal de Chicago, catalogando as recentes mudanças e dando o crédito ao Arqueiro Verde e seus colegas vigilantes, chamando-os de herois. Já que os vigilantes eram o assunto do momento, o artigo foi de um ponto de vista local para um debate nacional, com pessoas discutindo apaixonadamente tanto a favor quanto contra. Blogueiros e programas de TV a cabo discutiram o assunto por semanas, como leões famintos indo atrás da gazela abatida. A mídia clamava por entrevistas com a própria Callie, mas ela recusava todos os pedidos, não querendo atrair mais atenção a sua identidade alternativa.
Oliver apareceu atrás dela, lendo por sobre seu ombro. "Ainda somos o assunto do momento?"
"Algumas vezes me pergunto se cometi um erro, enviando esse artigo", ela disse, mordendo o lábio inferior. "Talvez tenha sido cedo demais."
"Nunca haveria a hora certa, Callie." Suas grandes mãos foram para os ombros dela, seus polegares cutucando os tendões tensos no pescoço dela. Ela ficou tensa.
"Relaxa", ele murmurou. "Você está cheia de nós, seus ombros estão praticamente nas suas orelhas, sabia disso? Respira fundo, expira devagar." Ela obedeceu, tentando não entrar em pânico com as mãos dele nela.
Eles continuaram com a noite semanal de filmes, cozinhando juntos, bebendo, sentando um perto do outro no chão. As noites eram inquestionavelmente domésticas; eles estavam tão confortáveis um com o outro, e se conheciam tão bem. Havia mais toques casuais agora, do tipo que amigos faziam. Mas ela nunca relaxava completamente, porque ultimamente parecia que havia sempre uma pergunta não feita no ar entre eles: E se...?
Ele estava massageando seus ombros agora, e a base de seu pescoço. "Sabe, mesmo com todo esse equipamento altamente tecnológico, você não pode ver ou controlar tudo, e você vai enlouquecer se tentar. As anotações de Chloe não te alertaram sobre isso?"
"Alertaram", ela admitiu. O movimento rítmico das mãos dele, o calor, a voz calmante, a estavam acalmando apesar de sua ansiedade.
"Nunca seremos aprovados por cem por cento do público. Esta é a realidade. Você não pode se preocupar com cada comentário ou criticismo. Contanto que a maior parte das pessoas esteja nos apoiando, e agora parece ser o caso, estamos indo bem." Ele girou a cadeira dela. "Ok?"
Como olhos azuis podiam ser tão calorosos? ela pensou confusa. Eles deveriam ser frios, impiedosos; sem emoção. Mas os dele não eram. Eles eram indefesos, carinhosos. "Ok."
As mãos dele pararam em seus ombros, e ele não estava se afastando. O coração dela batia alto em seus ouvidos, a adrenalina de decidir entre embarcar ou lutar invadindo seu sistema. O momento se estendeu, aquele silêncio questionador mais alto do que nunca. E se...?
"Callie..." ele começou, sua voz rouca.
O que quer que ele fosse dizer em seguida foi interrompido por um estranho barulho de vento e um flash brilhante de luz do outro lado da sala. Assustados, os dois se viraram para ver Clark Luthor em terno e gravata e um óculos parado na frente deles, olhando pra eles em confusão.
Eles reagiram sem hesitar. Oliver entrou protetoramente na frente de Callie, enquanto ela apertava o botão do pânico. Instantaneamente os metais cobriram os vitrais e reabriram com paineis transparentes de kriptonita, enchendo a sala de um brilho verde.
"Chloe? O que...?"
A kriptonita o atingiu com força, fazendo-o cair de joelhos. "Oliver! Sou eu. Clark... Kent. Não... Luthor", ele arfou.
Oliver avançou sobre ele, apontando um arco. "É? Então me diga alguma coisa que só Clark Kent saberia", ele exigiu.
Clark inclinou-se sobre a lateral do corpo. Sua testa brilhando de suor. "Primeira... vez... você desceu... de cabo", ele conseguiu. "Você... f-ficou preso... no meio do caminho."
Oliver se virou para Callie, que estava agora em pé, olhos arregalados, com uma arma apontada para o visitante. "Fecha os escudos", ele disse, abaixando sua arma. Ela assentiu, abaixando a dela também, e desligou o sistema. Os paineis kriptonianos se fecharam e reabriram revelando os vitrais, permitindo a luz natural do sol entrar.
Clark continuou deitado no chão, arfando. Callie foi pegar um copo d'água. Oliver se agachou ao lado dele.
"Argghh!" Clark recuou.
"Clark?"
Chloe se ajoelhou ao lado dele. "Você consegue beber isso?"
Ele também se encolheu. "Você está... usando... kriptonita?"
"Oh Deus", Callie disse de repente, levantando-se e se afastando. Ela colocou a água na mesa e lutou para tirar a joia de meteorito.
Oliver franziu a testa. "Acho que eu não estou..." Então se lembrou do cartão-chave da Queen Industries em seu bolso da frente.
"Eu tenho uma caixa de chumbo aqui", Callie disse, abrindo um gabinete de arquivo e vasculhando o fim da gaveta. Ela jogou a joia dentro, e estendeu para Oliver guardar o cartão, e fechou com um suspiro de alívio.
Oliver estendeu a mão para ajudar Clark a se levantar, então o levou até uma cadeira. "Melhor?"
Clark assentiu. Sua cor estava voltando. Desta vez ele aceitou a água de Callie. "Obrigado." Ele bebeu a maior parte em um único gole.
"Eu sinto tanto", Callie começou, ainda preocupada.
Clark balançou a cabeça. "Não tem do que se desculpar. Vocês têm que se proteger e não tinham como saber quem eu era." Ele olhou para Oliver. "Vejo que você encontrou sua Chloe afinal."
"Encontrei", Oliver disse. "Mas ela está usando o nome Callie Donovan desde que Lionel chegou muito perto de assassiná-la também, por ter a audácia de dar uma olhada em suas atividades empresariais menos legítimas."
"É uma boa mudança, encontrar um Clark super poderoso mas que não seja mal", Callie disse. Ela se sentia estranha e inexplicavelmente tímida. "Eu li muita coisa sobre você na base de dados da Chloe."
"Bom conhecer você também, Callie. E eu gosto do que vocês fizeram com o lugar", Clark disse para Oliver, olhando ao redor. "Parece quase idêntico a nossa Watchtower."
"Essa era a ideia."
"Você já recrutou o time?"
"Estamos funcionando já há uns dois meses. As pessoas têm discutido sobre os vigilantes, mas a opinião pública parece na maior parte favorável agora."
"Bom, bom", Clark disse, distraído. "Isso é bom. Então, escuta: eu não sei como eu possível eu estar aqui."
Oliver e Callie trocaram olhares preocupados. "Como assim, você não...? Você usou a caixa espelhada, certo?"
"Eu não tenho mais a caixa espelhada. Não existe nenhuma caixa espelhada da minha parte. Eu não queria que Clark Luthor fosse capaz de trocar de lugar comigo de novo, então eu a destruí depois da última visita que ele fez."
Oliver olhou pra ele. "E você não achou importante me dizer isso durante o tempo que eu fiquei lá?"
Clark pareceu culpado. "Foi meio que uma decisão impulsiva. Não parecia que ia afetar sua habilidade de viajar para o nosso mundo, só a questão de trocar de lugar."
Houve uma pausa desconfortável. "Ok", Oliver disse, tentando mudar de assunto. "Mas olha. Tem que haver outra caixa do seu lado. Porque com certeza não usamos a minha."
"Oliver...?" Callie disse.
"Eu sei. Eu acabei de me ouvir. Espere aqui." Ele correu até o loft e voltou menos de um minuto depois, segurando o familiar objeto enrolado. "Ainda está aqui. Eu desembrulhei pra ter certeza."
"Certo", Callie disse, tentando racionalizar. "Então isso nos traz de volta a: deve haver outra caixa no seu mundo, Clark. É assim que funciona, certo? É o único jeito de trocar de lugar."
"Honestamente, eu não sei exatamente como a caixa... caixas... funcionam. Pelo que sabemos, isso faz sentido. Mas onde? Como?"
"Talvez um outro membro de Veritas?" Oliver sugeriu.
"Talvez", Clark disse duvidosamente. "Exceto que estão todos mortos, até onde eu sei, e se um deles tivesse conseguido esconder a caixa em algum lugar antes de morrerem, eu não sei como conseguiríamos encontrar."
Callie falou. "E algum outro lugar... unicamente kriptoniano?"
"Bem, o único lugar seria minha espaçonave, que eu destruí - eu nem sei se Clark Luthor ainda tem a dele, ou onde ele guardaria se ele tivesse - ou as cavernas, ou..."
"Ou a fortaleza. Certo?"
Clark se levantou abruptamente e começou a andar de um lado para o outro. "Quando eu vim pra cá da outra vez, Lionel disse que ele e seu Clark estavam acabando com a fortaleza. Estudando, destruindo todos os artefatos kriptonianos que encontrassem."
"E... você acha que Jor-El os deixaria fazer isso? Deduzindo que ele seja similar ao seu?" Callie perguntou. "Porque de acordo com as anotações de Chloe, seu Jor-El é muito poderoso. E se ele estivesse apenas indo devagar, até mesmo escondendo artefatos de Clark ou Lionel?"
"Meu Jor-El é definitivamente capaz disso", Clark admitiu.
"Se você fosse até a fortaleza daqui, acha que ele te diria?" Oliver perguntou.
"Exatamente o que eu estava pensando. Já volto." Ele sumiu num borrão.
Callie olhou para Oliver. Ele se perguntou se ela mencionaria o que quase tinha acontecido entre eles antes, mas parecia que o momento tinha passado.
"Você nunca me disse que ficou preso na sua primeira viagem no cabo", ela disse satisfeita. "Então você ficou preso, huh?"
*-*-*-*
Ele tinha aprendido sua lição na última vez, e escaneou o lugar para garantir que nenhum dos Luthors estivesse ali antes de chamar. "Jor-El! Sou eu. Clark Kent. Da outra Terra."
Houve um longo -- muito longo momento de silêncio, quebrado pela voz profunda que ele reconheceu imediatamente. "Kal-El. Você retornou."
"Eu fui trazido aqui involuntariamente. De novo. Mesmo eu tendo destruído a caixa espelhada do meu mundo", Clark disse. "Oliver Queen ainda possui a caixa espelhada do mundo deste mundo. Clark ou Lionel Luthor encontraram uma segunda caixa aqui?"
Outra pausa. "Encontraram."
"Lionel me disse da última vez que estive aqui que ele e Clark tinham silenciado você. Que eles estavam estudando e desmantelando a fortaleza, tentando descobrir todos os segredos. Tentando destruir todos os tesouros do nosso planeta natal."
"Eu tenho conhecimento limitado de eventos futuros", Jor-El disse. "Eles não me silenciaram. Eu me silenciei. Eu esperei a minha hora, quando você retornasse. E eles não encontraram tudo que existe pra ser encontrado aqui."
"Então tem outra caixa na minha própria fortaleza. E Clark vai ir atrás dela."
"Seus aliados estão em grande perigo", Jor-El concordou. "Você deve encontrar sua cópia e trazê-lo aqui. Ainda há esperança pra ele, mas ele deve ser removido da influência de Lionel Luthor."
"Obrigado", Clark disse, não esperando uma resposta antes de voltar para a Watchtower.
"Jor-El ainda está ativo", ele disse a Callie e Oliver. "Ele confirmou que existe uma segunda caixa. Oliver, eu preciso usar sua caixa pra voltar para o meu mundo."
"Eu vou com você." Clark pareceu prestes a discutir quanto a isso, mas Oliver não ia desistir. "De que outro jeito vou trazer minha caixa de volta? E eu garanto que sei mais sobre Clark Luthor do que você. Ele não é você. Eu conheço o cara desde a escola, lembra? Eu posso ajudar."
"Eu também vou", Callie disse com firmeza.
Os dois homens se viraram pra ela, falando um sobre o outro. "Não", Clark disse.
"Absolutamente não", disse Oliver.
"Olha, não sabemos o que vai acontecer quando vocês usarem a caixa", ela argumentou. "Pode trazer Clark Luthor direto pra cá. Onde eu estarei sentada igual um patinho sem nenhum de vocês."
O que, pra ser sincero, não era verdade -- ela tinha o resto da Liga, e um prédio cheio de escudos de kriptonita, e ela não era indefesa de jeito nenhum, mas duvidava que eles iam querer perder tempo pensando nisso, e ela não ia aceitar um não como resposta, droga. ela era a única dos três que não tinha experimentado a outra realidade ainda, e isso não era justo, e ela precisava conhecer. Realmente, realmente precisava. "Eu vou com vocês."
Oliver e Clark se entreolharam. "Existe sentido em tentar persuadir Chloe Sullivan em qualquer universo conhecido?" Clark perguntou, seu tom um pouco divertido apesar das circunstâncias.
"Com certeza não", Oliver disse, um pequeno sorriso puxando sua boca.
"Espera só eu deixar um aviso para a equipe, assim eles não se preocupam se ficarmos fora uns dias." Ela se virou até o teclado mais próximo e rapidamente digitou uma mensagem, observando os outros dois pelo canto do olho para o caso de decidirem dispensá-la. "Pronto." Oliver pegou o telefone e mandou uma mensagem para Jenny também.
"Todos prontos?" Oliver desembrulhou a caixa novamente, guardando o tecido no bolso da frente. "É melhor se segurarem em mim", ele sugeriu. Callie e Clark colocaram uma mão em seu braço, e ele girou as metades lentamente. Alguns segundos depois, uma luz brilhante e um alto 'pop' do rápido deslocamento de ar foram os únicos sinais deles deixando a enorme e vazia sala.
_____Sete
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Agora vamos ver como vão ser as coisas. Dois Olivers e duas Chloes no mesmo universo. Espero que ele não exploda hahaha
ResponderExcluirHahahaahahahaha.... vamos cruzar os dedos pra que ngm exploda...
ExcluirDesculpem-me, não posso deixar de pensar: SEMPRE CLARK?! Fala sério!! Ele só pode fazer isso de propósito... kkkkkkkkkk
ResponderExcluirAgora é que vamos enfim descobrir as consequencias da fantasia da Chloe e como será a reação deles... e da Callie.
"Vejo que você encontrou SUA chloe afinal" =D
GIL
Sempre o Clark, mas pelo menos nessa fic ele é mais educadinho... lol
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