Resumo: Os paparazzi não são os únicos a vigiar a vida de Chloe e Oliver.
Autora: Clara
Classificação: R
Nota da Autora: Neste pequeno texto, considero que Davis não é – e nem nunca foi – Doomsday, mas apenas um ser humano normal. Considero também que Chloe e Oliver já estão juntos há um certo tempo, ele mantendo suas atividades como Arqueiro Verde e ela, como WatchTower (não que isso seja relevante para a fic).
Nota da Autora 2: Voyeurismo, para quem não sabe, é uma prática que consiste num indivíduo conseguir obter prazer através da observação de pessoas.
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QUATRO
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Ele respirou fundo, ar preenchendo rápido os seus pulmões e os
deixando bem devagar. E contou até três mentalmente.
Um.
Engoliu em seco, sentindo um calafrio se espalhar por todo o seu
corpo.
Dois.
Com força, pressionou os lábios um contra o outro, sua boca selada
enquanto sua mente era assaltada por um turbilhão de pensamentos... e dúvidas.
Três.
E ele finalmente se decidiu. Fechou os olhos com força, como se não
quisesse ver o que estava prestes a acontecer, e ergueu a mão, seu dedo
indicador pressionando um pequeno botão na parede.
O som que se seguiu ao gesto foi instantâneo, o famoso e previsível
“diiin dooon” da campainha ecoando pelo estreito corredor. E ele permaneceu
ali, parado bem em frente à porta, a postura rígida, os olhos ainda fechados,
os punhos cerrados e o rosto ligeiramente pálido.
“Oi, posso te ajudar?”
A voz feminina o fez abrir os olhos com rapidez, e ele se sentiu um
pouco confuso e atordoado a princípio, questionando-se mentalmente como ele não
fora capaz de ouvir o barulho da porta sendo destrancada. De novo, engoliu em
seco, forçando-se a assumir uma postura mais calma, olhos negros fixos na
pequena loira que, agora, estava apoiada na porta entreaberta.
“Hum... bom dia, senhora, err...” Hesitante, se viu gaguejando como um
garoto adolescente que não consegue articular uma palavra sequer na frente da
menina mais bonita do colégio. Por um momento – pouquíssimos segundos na
verdade, mas que pareceram infindáveis horas – sua boca secou por completo e
seu cérebro começou a mostrar sinais de que iria parar de funcionar de uma vez
por todas. Foi quando que, assim que ele achou que estava tudo perdido, sentiu
as engrenagens da sua cabeça voltando a rodar como nunca, seu cérebro se
recuperando do choque e trabalhando a todo o vapor.
E ele pôs seu plano em ação.
Ajeitando a jaqueta azul do seu uniforme de paramédico, fez questão de
deixar o brasão do hospital de Metrópolis bem visível e franziu as sobrancelhas
logo em seguida, erguendo a prancheta que estava em suas mãos, olhos
percorrendo velozmente as anotações falsas que ele mesmo havia feito.
“Que estranho... o endereço é o que eu tenho aqui, mas... mas a julgar
pela aparência da senhora, eu... err... por algum acaso há um senhor de idade
tendo uma parada cardiorrespiratória aí dentro do seu apartamento neste exato
momento?”
A expressão que surgiu no rosto da pequena loira foi algo bizarro de
se ver, um misto de espanto, confusão e, até mesmo, descrença. Ele a viu
franzir as sobrancelhas a um ponto em que uma estava quase que tocando a outra,
olhos verdes transbordando um sentimento enorme, e que chegava a ser
constrangedor – para não dizer cômico – de... total e pura incompreensão.
“Como é que é?” Ela perguntou balançando a cabeça e sorrindo um
sorriso perdido, um sorriso de alguém que não tinha ideia alguma do que estava
acontecendo.
O que era bom, afinal, era exatamente assim que ele queria que ela se
sentisse.
“Recebemos uma chamada na Central de uma criança que pedia ajuda. Pelo
que ela conseguiu informar, o avô estava tendo uma parada cardíaca. Eu vim o
mais rápido que pude.” Ele falou no tom mais profissional que conseguiu, seu
rosto moreno estampando seriedade e até mesmo um falso cansaço.
“Bem, eu acho que posso te afirmar que não tem nenhum senhor aqui
dentro tendo um ataque cardíaco! Sinto muito... ou não, né!” Ela sorriu e
mordeu o lábio ao mesmo tempo, um gesto que ele achou extremamente provocante.
“Tem certeza que tem o endereço certo?”
O moreno meneou a cabeça num gesto afirmativo e fingiu ler as anotações
da prancheta mais uma vez. “Tenho sim! Se quiser conferir, fique à vontade!”
“Não, não! Não há necessidade alguma disso!” Ela respondeu com
educação, abrindo um pouco mais a porta e saindo de trás dela, dando a ele um
pouco mais de abertura para ver não apenas o interior do apartamento, mas
também um pouco mais do corpo da moça. Ele gostava do que estava vendo. E
muito. “Não queria te dizer isso, mas, pelo que tudo indica, parece que você
foi vítima de um trote.”
O suspiro frustrado que escapou dos lábios dele foi digno de um Oscar,
e ele notou a compaixão que, de repente, surgiu no rosto da loira. “Mas que
droga! Era só o que me faltava! E eu que sempre achei que isso nunca fosse
acontecer comigo... acho que realmente existe uma primeira vez para tudo na
vida, não é?!”
Ela soltou uma pequena, mas muito gostosa, gargalhada, e ele sentiu as
tais famosas “borboletas” fazendo uma verdadeira festa no seu estômago.
Ou uma rebelião.
Ele já a tinha visto gargalhar várias e várias vezes através do
binóculo. E ele adorava vê-la gargalhar. A cabeça dela tombando levemente para
trás, os cabelos sedosos balançando com suavidade, os ombros chacoalhando, a
boca se abrindo, os lábios se separando e os dentes brancos se tornando mais do
que visíveis. Às vezes, ele conseguia até mesmo imaginar a voz dela. Mas a sua
imaginação não chegava nem aos pés da realidade, porque a realidade estava
provando ser muito, mas muito melhor mesmo do que qualquer coisa que ele
pudesse imaginar.
“Acho que está certo!” Ela disse, por fim, fazendo-o despertar do seu
breve estado de estupor. Recuperando-se, ele riu também, um sorriso tímido,
meio sem graça, sua cabeça se abaixando e seu olhar se fixando no chão.
“Me desculpe por te envolver nesse pequeno mal entendido e também por
ter tomado tanto seu tempo.”
“Que isso! Não precisa se desculpar por uma coisa dess-” O toque de um
celular que repousava sobre uma mesinha a poucos passos atrás dela, de repente,
chamou a atenção dos dois, principalmente a atenção da moça, que fez um gesto
rápido de 'com licença' e se virou para atender o aparelho.
O moreno a observou com cautela e atenção, sua língua de vez em quando
umedecendo seus lábios enquanto a via conversar brevemente com quem quer que
estivesse do outro lado da linha. Ele a viu corar um pouquinho, um sorriso
travesso se espalhando com facilidade pela face dela, assim como a viu checar a
hora num relógio de parede.
“Vinte minutos, pode ser? Não, não... eu já chego aí!” Ela sussurrou
alguma coisa no celular, e ele franziu o cenho, descobrindo-se repentinamente
irritado.
Por algum motivo, ele não estava gostando do rumo daquela conversa.
E então, ela desligou o aparelho e voltou a olhar para o paramédico, e
ele pôde ver muito bem que o sorriso que ela agora sorria não mais se limitava
apenas aos lábios.
Os olhos dela também sorriam.
“Era o meu... chefe. Parece que surgiu um imprevisto no trabalho e...
sem querer te expulsar, mas já te expulsando...”
“Está tudo bem! Já estava mesmo passando da minha hora!” Ele disse com
rapidez, exibindo um sorriso forçado e estendendo a mão para ela. “De qualquer
forma, foi um prazer enorme te conhecer...”
“Chloe. Chloe Sullivan!” Ela respondeu, apertando a mão dele. “E você
seria...”
“Davis, apenas Davis, senhora Sullivan!”
“O prazer foi todo meu, 'Apenas Davis'!” Ele deixou uma curta
gargalhada escapar, e ela acabou por também rir da própria piada. “E vamos
esquecer esse negócio de 'senhora', por favor! Eu não sou ‘senhora’, e nem acho
que isso combina comigo! ‘Chloe’ está ótimo!”
“Como quiser, Chloe.”
E enquanto ele se virava e seguia em direção ao elevador, Chloe não
conseguiu evitar de sentir um estranho e incômodo calafrio lhe percorrer a
espinha. E, assim que viu a porta do elevador se fechar e a figura do alto e
moreno paramédico sumir da sua vista, não conseguiu parar de se perguntar como
ele havia feito para conseguir entrar no prédio.
Ela não se lembrava de ninguém apertando o interfone.
WOW... Amando cada vez mais essa história, Clara... e sentindo cada vez mais medo do Davis. Acho que o fato de ele não ser o Doomsday na sua história é o que o torna ainda mais assustador. Tipo o Lex, sem poderes nem nada, mas a encarnação da maldade. Ansiosa por mais.
ResponderExcluirOh, nossa.... sensacional!!!!!
ResponderExcluirEdicleia
Mais interessante a cada capítulo, estou adorando, Clara.
ResponderExcluirGeente... é mesmo de arrepiar... este Davis me lembra o Lex de I'm in here da Roberta... Calculista, dissimulado, de uma forma que realmente assusta... Medo!!
ResponderExcluirMuito bom trabalho, Clara!
Aguardando...
GIL
Meu Deus, estou adorando esse clima de medo e suspense!!!!! Mais, Clara!!!!!
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