5.2.13

Brinksmanship (1/4)

Título: Provocação
Resumo: Universo Alternativo. Começo da nona temporada. Quando Chloe ironiza a reputação de Oliver com as mulheres, ele propõe uma aposta: que ele consegue levá-la pra cama depois de apenas um encontro.
Autora: fickery
Classificação: NC-17
Linha de tempo: Roulette
Categoria: Universo Alternativo, Romance, Smut
Banner: dtissagirl



Um cara que levava duas vidas como Oliver obviamente não precisava de uma quantidade humana normal de sono. Ainda assim, ela ficou admitidamente surpresa quando ele apareceu na Watchtower naquele domingo de manhã, parecendo descansando e alerta como se tivesse tido oito horas inteiras de sono.

Ela sabia que o cenário não tinha sido esse. Ele tinha sido fotografado extensivamente na noite anterior num daqueles eventos black-tie mascarados como sendo beneficentes. Embora ele tivesse chegado sozinho, as fotos já online, de acordo com os horários, mostravam que ele não permaneceu assim por muito tempo. Socialites parecendo ligeiramente bêbadas e estrelas de reality shows estavam penduradas nele menos de vinte minutos depois de sua chegada.

O que sugeria que seu comportamento alegre desta manhã provavelmente significava ter deixado uma ou mais delas em sua cama, dormindo e se recuperando de suas ressacas. Nojento.

Ou ele as tinha expulsado, dizendo que tinha uma reunião cedo. Ainda mais nojento.

"Ei, Watchtower", ele a cumprimentou. "Parece que a Terra ainda está girando esta manhã."

"Está", ela concordou, seus olhos no monitor. "A maior parte do time foi patrulhar ontem à noite, fizeram o trabalho."

Isso chamou a atenção dele. "Ao contrário de mim, você quer dizer?"

Ela deu de ombros. "Você tem direito a uma folga, Oliver, quer seja para os negócios ou o prazer. Eu só estou dizendo que o time deu cobertura."

"Era um evento de caridade", ele disse, soando defensivo. "Eu tenho que ir a essas coisas de vez em quando, você sabe. As pessoas tendem a ser um pouco críticas quando bilionários apenas acumulam dinheiro."

"Claro, eu entendo completamente", ela deu um risinho, ainda olhando para a tela. "E as mulheres penduradas em você estavam, eu deduzo, ao contrário de todas as aparências, de algum jeito ajudando você a preencher o cheque."

Mãos nos bolsos, ele se aproximou dela. "Parece que alguém andou visitando os sites de fofoca."

"Sim, você me pegou. Porque claramente eu não tenho nada melhor pra fazer", ela respondeu acidamente, enfim olhando pra ele. "Eu mantenho um controle em cada membro da equipe, Oliver. Eu tenho palavras de alerta programadas pra todos vocês, tanto para os codinomes quanto para os verdadeiros. Se alguém descobre sua identidade dupla - de qualquer um de vocês - ou ao menos pareça estar chegando perto, acredite, eu tenho planos de contingência, e vou resolver." Ela voltou a atenção para o computador. "Você acha que eu quero ler sobre você traçando champanhe e celebridades nível C como se fossem desaparecer na manhã seguinte? Eu monitoro menções online feitas a você pra proteger a Liga."

Ele não ia admitir, nem pra si mesmo, que as palavras - e a desaprovação implícita nelas - doíam. Ao invés, ele voltou à defensiva, percebendo o sutil tom de amargura nas entrelinhas. Parando atrás dela, ele colocou as mãos nas costas da cadeira. "Ok, parece que alguém está com um pouco de ciúmes."

Ela bufou. "Do quê?" Então se corrigiu. "Não, na verdade, quer saber? Você está certo. Ser um bebê bilionário com nada mais com o que se preocupar a não ser se estão ou não servindo o caviar na temperatura certa e com que companhia bilionária você vai pra casa depois? Deve ser difícil. Eu adoraria tentar essa vida por um tempo."

Um canto da boca dele tremeu. Inclinando-se sobre ela, ele abaixou a voz sugestivamente. "E se você fosse, com que bilionário você iria pra casa depois?"

Ela começou a se virar e olhar pra ele para que ele pudesse ver todo o seu Rosto Cético, mas descobriu que o rosto dele estava muito perto e apressadamente se virou de volta para a segurança de seu monitor. "Eu não sei. Bruce Wayne, talvez?"

Droga. A Watchtower estava atacando a jugular esta manhã. "Bruce Wayne, huh?"

Claro, a rivalidade entre eles era completamente exagerada na mídia, por razões óbvias: eram dois caras que algumas vezes colaboravam, algumas vezes competiam nos negócios e regularmente trocavam posições naquelas ridículas listas de mais bonito ou sexy que tabloides e revistas amavam, era mais rentável pintá-los como adversários. Na verdade, o relacionamento dos dois era mais colegial. Mas ele não podia negar que Bruce era um dos poucos caras que provocavam seu lado competitivo.

"Bem, certamente não seria o cara que usou os mesmos movimentos em literalmente centenas de outras mulheres antes de mim", ela disse.

Já que ela ainda não olhava pra ele, ele deu a volta na cadeira e se sentou na borda da mesa perto do monitor, pressionando a mão dramaticamente contra o peito. "Chloe, você me magoa. Eu não uso os mesmos movimentos toda vez. Eu adapto pra cada mulher. É por isso que tenho tanto sucesso." Ela revirou os olhos.

Ele não sabia porque a estava provocando. Ele tinha passado a última noite sozinho, do mesmo jeito que vinha passando a maioria das noites ultimamente. Desde seu término com Lois ele não tinha este interesse por mulheres; e em seguida, devastado pela culpa depois das mortes de Davis e Jimmy, ele se encontrou tenho dificuldade em se conectar com pessoas fora de seu pequeno grupo de amigos e colegas de equipe, pessoas que realmente o conheciam. Sexo casual tinha perdido o apelo de antes. Agora, isso simplesmente o fazia se sentir morto por dentro. E como se ele fosse uma espécie de idiota.

Mas ele estava irritado mesmo assim pela atitude sou-melhor-que-você dela. "Você está dizendo que é muito inteligente pra cair na minha conversa?"

Ela fez um som de nojo. "Oh, por favor, Oliver, não há dúvida sobre isso. Eu sei que sou."

"E você está baseando isso no que, exatamente?"

Ela deu um suspiro do tipo 'ainda-estamos-falando-sobre-isso?'. "Que tal anos de evidências bem documentadas? Eu já vi seu ato, ok? Eu já vi você usar em garçonetes e repórteres, eu vi você usar na vida real e quanto estamos em missão." Ela começou a enumerar, pontuando com os dedos enquanto continuava.

"Você as hipnotiza com seus olhos castanhos, olhando profundamente nos olhos dela como se ela fosse a única mulher do planeta, você abaixa sua voz para que ela tenha que se inclinar mais perto de você pra ouvir, você dá a entender que mal consegue se lembrar do próprio nome porque ela é tão absurdamente atraente que te deixa sem rumo, você consegue o número dela e/ou e-mail quer tenha a intenção de entrar em contato ou não, você exibe seu sorriso bilionário, e pronto. O diabo que você não usa o mesmo movimento."

Ouch. "Ah, qual é", ele começou a discordar.

Ela levantou uma mão. "Olha, eu entendo. Obviamente dá muito, muito certo pra você, então... porque mexer em time que está ganhando, estou certa? Mas não serve pra toda mulher. Definitivamente não funcionaria em mim."

Ele assentiu pensativamente. Descendo da mesa, ele parou atrás dela de novo, colocando as mãos em seus ombros dela desta vez. Inclinando-se, sua cabeça perto da dela, ele murmurou. "Tem certeza disso, Loira?"

Ela ignorou o aperto no estômago, o pulso acelerando. Reflexos, ela se convenceu. Nada mais. "Eu tenho certeza. Porque eu conheço você. Eu conheço seu jogo. Eu construí uma imunidade devido a exposição excessiva."

"Claro. Se importa em fazer uma aposta comigo?"

Embora ela não estivesse olhando pra ele, podia ouvir o risinho em sua voz. "Apostar o quê? Você está sendo ridículo."

Ele se inclinou ainda mais perto, os lábios tão perto do ouvido dela que quase se tocavam, e sussurrou. "Que eu consigo seduzir você."

Ela não conseguiu prever o tremor involuntário que isso lhe deu, e tinha certeza que ele havia percebido.

E daí? Respostas automáticas não provam nada.

Ao invés, ela fez um pequeno som de escárnio. "Você não consegue", ela disse rapidamente, recusando-se a virar.

Ele ignorou. "Podemos apostar algo que realmente importa pra você. Como... oh, talvez aquele novo servidor que você estão tão convencida que não pode viver sem."

Agora ele tinha a atenção dela. Ela vinha adiando a compra há semanas, e ele vinha resistindo só porque tinha a suspeita que estava sendo muito indulgente com o que ela queria - e muito intimidado por todo seu discurso tecnológico para recusar qualquer equipamento que ela achasse necessário para a Watchtower ou a Liga. E porque ela sabia das duas coisas e tirava vantagem.

Ela parou a digitação no meio do caminho, e finalmente se virou pra ele, incrédula. "Espera aí. Você está me dizendo que tudo que eu tenho que fazer pra receber meu novo servidor é não dormir com você? Sério?"

"Isso mesmo."

Um enorme sorriso cruzou o rosto dela, seu primeiro sorriso real desde que ele tinha entrado. "Pffft. Moleza", ela disse, virando-se para o monitor. "Eu venho não-dormindo com você há anos."

"Não dormir comigo depois de uma noite de vinho e jantar", ele esclareceu. "A escolha do restaurante e outras atividades como dançar serão de minha responsabilidade."

"Por 'dormir com', significa 'ter sexo com', certo? Porque se você me encher de comida e vinho e me manter acordada a noite inteira, é possível que eu possa de fato adormecer, o que não seria justo. O que também exclui você me levar para algum lugar em seu jato."

"Oh, eu definitivamente estou me referindo a sexo", ele disse, seu próprio sorriso puxando a boca. "Acredite, você não ficará tentada a dormir."

"Entendi. E quando essa mágica noite de amour vai acontecer?"

"Sexta. Esta sexta." Isso daria a ele tempo suficiente para travar uma pequena guerra psicológica com antecedência.

Ela virou a cabeça e o observou por um momento. "Sabe, eu não acho que você conheça as mulheres tão bem quanto pensa."

"Oh?"

"Tudo que eu tenho que fazer é não depilar minhas pernas por alguns dias e estou preparada", ela o informou. Mesmo que ele conseguisse imaginá-la sensual o suficiente para contemplar dormir com ela - algo que ela francamente não conseguia imaginar - nenhum poder na Terra poderia persuadi-la a fazer isso.

"Obrigado pelo aviso. Mas você vai querer usar um vestido para os lugares onde vou te levar", ele disse, aquele pequeno sorriso triunfante no rosto. "E baseado no que você acabou de me dizer, eu consideraria extremamente anti-esportivo você se mostrar intencionalmente não-depilada de algum jeito que possa afetar sua posterior tomada de decisões, então estarei checando. Você pode deixar as calças de vovó e os sutiãs confortáveis em casa, junto com tudo mais que você esteja tentada a usar ou como desculpa pra não tirar a roupa ou numa tentativa deliberada de me desestimular. A presença de qualquer um dos itens mencionados vai constituir uma automática derrota. Concorda?"

Ela mordeu a parte interna da bochecha, pensando. "Concordo. E você não vai tentar me deixar bêbada. Eu controlo minha ingestão de álcool."

Agora esse era um golpe baixo. "Eu nunca precisei deixar uma mulher bêbada antes, e não pretendo começar com você", ele disse, exasperado pela sugestão.

"Só pra garantir. Sexta então."

"Eu te pego aqui às sete. Estou ansioso, Chloe", ele disse.

Havia uma mudança no jeito como ele disse isso, podia ser tanto uma ameaça quanto uma promessa. Ela se percebeu suprimindo um tremor involuntário novamente.

*-*-*-*

Seu primeiro ataque veio no dia seguinte, via mensagem de texto.

Reservei nossa mesa pra Sexta. Bem privada. Bem tranquila.

De novo, havia mais do que um tom de perigo na nota aparentemente inofensiva. Recusando-se a parecer acuada, devolveu:

Sério? Não sabia que o McDonalds fazia reservas.

Algumas horas depois, o próximo ataque:

Meteorologistas avisam que estará quente na Sexta. Muito, muito quente.

Ela podia praticamente ouvi-lo arrastando as palavras, seu olhar correndo-a de cima a baixo. Malditos meteorologistas, já estava quente ali.

Sua resposta:

Mas o McDonalds tem ar condicionado, certo?

Ele sorriu, lendo a mensagem. Se a Watchtower achava que bancar a esperta era toda proteção que ela precisava para o encontro, ela teria uma surpresa. Ela continuava sendo uma mulher, e ele ia provar que ela não era tão imune ao seu charme quanto gostava de pensar.

Ele ignorou a pequena voz no fundo de sua mente perguntando porque, exatamente, provar isso se tornara tão importante pra ele.

*-*-*-*

Terça de manhã, sem falha, veio a próxima mensagem dele:

Não consigo parar de fantasiar sobre o que você vai estar vestindo.

Ela retornou a bola.

Bem, agora a disputa está entre uma calça larga amarelo berrante e um macacão colorido. Mal posso esperar pra te surpreender!

Ela sabia o que ele estava fazendo, claro. Havia algo muito... Sun Tzu e A Arte da Guerra em suas tentativas de afetá-la antes do encontro, e relembrar isso a ajudou a acalmar a pequena onda de nervosismo que surgia a cada nova mensagem. Mas desta vez ele tinha ido longe, porque agora sua vaidade e orgulho tinham começado a brigar um com o outro.

Seu orgulho teimosamente insistia que esta noite não valia comprar um vestido novo, que seria dar muita importância a um exercício de humildade para seu exasperado bilionário preferido. Sua vaidade revirava os olhos a isso, assegurando que ela precisava entrar em batalha numa armadura completa; saber que ela estava o mais devastadora possível lhe daria confiança e coragem pra clamar sua vitória.

Vaidade venceu.

Bem, pelo menos a Vaidade a persuadiu que não machucaria ninguém ir ao shopping e ver se o vestido perfeito acontecia de estar pendurado em um cabide tentando agarrá-la.

Ela desejou poder levar Lois junto pra ter uma segunda opinião. Sabia que seu próprio gosto tendia para o bonito e eclético; o que ela precisava agora era algo quente mas não vulgar. Sensual sem parecer que tinha esse objetivo. Lois tinha um olho muito melhor que ela pra este tipo de coisa, e normalmente salvava a confiança de Chloe quando ela se vestia para um evento ou quando iam fazer compras juntas a ajudando a combinar as roupas e dizendo o quanto ela estava bonita.

Mas a ajuda de Lois com isso estava fora de questão por razões óbvias. Ei, Lo, se importa em me ajudar a encontrar o vestido perfeito para fazer seu ex ficar de boca aberta? Ou pelo menos parcialmente igualar o jogo enquanto ele tenta me seduzir por esporte?

Sim, então não, ela estava definitivamente sozinha desta vez.

Ela nem sabia o que estava procurando, sério. Só aquela roupa perfeita que o faria babar e olhar pra ela de um jeito novo. Porque ela não se enganava nem por um segundo que ele estava fazendo isso porque a achava atraente. Ele estava fazendo isso porque ela tinha provocado seu ego e o colocado na defensiva, e agora ele tinha que provar algo a ela.

Bem, ela tinha algo a provar também.

Ela foi de loja em loja. Um vestido era vermelho demais, outro era muito sem graça, outro muito chamativo, outro muito comportado.

Quando chegou à quinta loja, ela estava cansada e irritada e seus pés doíam. Não ajudava em nada o fato de ter recebido outra mensagem sugestiva de Oliver. Ela estava quase tentada a mandar uma resposta sarcástica de volta, mas se fizesse isso ele saberia que a tinha atingido. Ele pensaria que estava vencendo.

Ao invés, ela deliberadamente desligou o telefone por alguns minutos, jogando-o no fundo da bolsa, e continuou a busca. Provavelmente como resultado de seu baixo índice de açúcar, ela estava convencida que absolutamente nada parecia bom e estava prestes a desistir e ir comer alguma coisa, ou pelo menos tomar um café, quando encontrou.

Mesmo antes de tirá-lo do cabide e passá-lo por sobre a cabeça, ela sabia que era aquele. Confortável, elegante mas não chamativo, feminino mas não muito exagerado, sensual mas não vulgar. Ela olhou e se sentiu ela mesma ali. Uma versão muito mais sexy de si mesma.

Era uma armadura.

E não custava um braço e uma perna. Ela comprou uma lingerie nova pra usar com o vestido e, francamente, era uma injeção de confiança. Por sorte ela já tinha sapatos e uma bolsa e joias em casa que combinariam. Animada com sua descoberta, ela ligou o telefone e foi almoçar.

*-*-*-*

Chloe não era a única distraída pelos pensamentos sobre o encontro naquela semana. Juntamente a fazer as reservas, Oliver estava mantendo sua tática de múltiplas mensagens diárias para afetá-la, mantendo-a nervosa e distraída e pensando nele.

Mas o tiro estava saindo pela culatra, porque pra poder pensar em mensagens provocantes, ele tinha que pensar nela. Sobre todas as coisas que percebia sobre ela, e, tendo percebido, todas as coisas que ele queria fazer sobre elas. Ele olhou para o telefone, para a mensagem que tinha acabado de mandar, e se obrigou a se recompor. Isso é sobre excitá-la com antecedência, não você, seu idiota.

Ela ouviu o som do telefone, e continuou a digitar determinadamente, recusando-se a ceder ao desejo de ver a nova mensagem. Ela revisou os arquivos de Vic e Dinah sobre a missão da última noite, arquivou-as, então se levantou e se serviu de café, tomando alguns goles na cozinha antes de voltar para sua estação.

Viu? Nada demais. As tentativas patéticas dele de me deixar nervosa não estão surtindo efeito nenhum.

Finalmente ela pegou o telefone e abriu a mensagem.

Eu gosto do jeito que as ondas do seu cabelo roçam a linha da sua mandíbula. Fico sempre tentado a tocar você, a gentilmente tirar o cabelo do seu rosto.

Agora, ela estava acostumada às respostas somáticas que tinha às palavras dele: seu coração acelerava, sua respiração ficava rasa, e ela sentia o calor a atravessando, sentia a espinha e os joelhos fraquejarem enquanto o imaginava fazendo exatamente isso; imaginava a sensação dos dedos ásperos dele contra sua pele suave. Ela os sentia agora, embora silenciosamente esnobasse a mensagem.

Como se ele algum dia tivesse percebido meu cabelo. Dá um tempo.

Ela queria ignorar, mas tinha medo de que se não respondesse implicasse que ela fosse incapaz de responder, e ela não daria a ele a satisfação de achar que a tinha deixado sem fala. Ela devolveu:

Neste caso, vou até lavar o cabelo para sexta. Só pra você.

De um jeito estranho, ela estava ansiosa para torturá-lo, mas também estava pronta pra que isso acabasse, porque a tensão a estava realmente atingindo. Distraída, ela mal conseguia se concentrar no trabalho e teve que retomar duas - três vezes - o que estava fazendo porque sua mente estava viajando no meio das tarefas.

*-*-*-*

Normalmente ele passava na Watchtower pelo menos dois ou três dias, mas esta semana ele ficou longe. Talvez pensasse que ela esqueceria como ele era e ficasse impressionada quando o visse na sexta.

Ha. Vai esperando.

Playboy, playboy, playboy. Ele esteve com um milhão de mulheres, ele não está interessado em você, ele está tentando provar o quanto é irresistível, ela disse a si mesma. Tudo que ela tinha que fazer era se relembrar disso e conseguiria rejeitar as investidas dele facilmente.

Mas ela parecia não conseguir parar de se preparar obsessivamente. Tinha dito a si mesma que era mais uma armadura, mas não tinha certeza se estava convencida disso a esta altura. Ela fez uma limpeza de pele e manicure/pedicure uns dois dias antes. Quinta-feira à noite ela mergulhou na banheira, condicionando profundamente o cabelo e depilando as pernas.

"Pra que toda essa preparação?" Lois quis saber. Então seus olhos se iluminaram. "Encontro quente, por acaso?"

Chloe teve que rir. "Não, só estou relaxando e me cuidando um pouco", ela mentiu. "Você também deveria", ela desviou o assunto. "Você anda muito ocupada ultimamente."

Lois fez bico. "Bem, você deveria ter me avisado antes e poderíamos ter planejado um spa doméstico juntas." Mas ela decidiu fazer uma máscara facial e pintar as unhas pra fazer companhia.

*-*-*-*

Na tarde seguinte Vic ligou quando ela estava pronta pra desligar tudo e ir se arrumar, querendo conversar sobre um programa em teste. Ela continuava olhando para o relógio no monitor, vendo seus preciosos minutos irem embora. Finalmente ela o interrompeu, dizendo que estava trabalhando em uma coisa urgente para outro membro do time e que tinha que ir. Ele pareceu um pouco chateado e ela prometeu a si mesma compensar depois.

Ela tomou banho novamente, só por tomar, vestiu a nova lingerie e refez o cabelo e a maquiagem. Olhando para seu reflexo no espelho de corpo inteiro, ela teve alguns momentos de terrível pânico.

O que você está fazendo? Você não pode estar pensando que é bonita o suficiente para sair com Oliver Queen. Este vestido está todo errado. Suas joias estão todas erradas. Seu cabelo está terrível. Seus sapatos são estúpidos.

Por alguns breves momentos, ela considerou desistir, pegar o telefone e dizer a ele que não ia conseguir chegar a tempo. Só que a imagem do sorriso zombeteiro dele de satisfação do outro lado da linha, acreditando que tinha vencido afinal, a impediu. Ela respirou fundo algumas vezes, tentando se acalmar.

Calma. Você está bem. E não importa como pareça esta noite afinal, lembra? Ele vai tentar te seduzir, não o contrário.

Seu orgulho também não a deixou amarelar, então ela borrifou um pouco de seu perfume mais sexy no ar e atravessou a nuvem, querendo só o mínimo tom de essência agarrando-se a ela.

Ela tinha acabado de se convencer que podia fazer isso quando o computador a alertou do fato de que Oliver estava no elevador, subindo. Freneticamente ela procurou a bolsa e o casaco pela sala. Claro que eles estavam na cama onde os tinha deixado. Ela os pegou; então lhe ocorreu que se ele chegasse antes de ela descer, ela teria que descer a escada com ele a olhando o tempo todo. Mas - ela mordeu o lábio - se ela já estivesse esperando por ele lá embaixo, pareceria ansiosa.

A hesitação eliminou suas opções. "Chloe?" ela o ouviu chamando.

Droga. "Já vou", ela respondeu, sua voz mais arfada do que pretendia.

Uma última olhada no espelho, uma última ajeitada no cabelo. Ele é só um homem, ela disse a si mesma. Um maravilhoso, rico, mulherengo, toxicamente super-confiante, perfeitamente esculpido, secretamente heroico, claro. Mas ainda assim, apenas um homem.

O homem em questão tentou não demonstrar que estava impressionado quando seu encontro desceu as escadas, sem pressa. Deus do céu, o que ela estava usando?

Ele esperava que ela escolhesse algo clássico, algo seguro: um vestidinho preto, ou talvez exagerasse usando um batom vermelho, como se dissesse: Você não me assusta.

Ele não esperava isso. Ela estava usando um vestido creme bem claro com sutis listras  pratas horizontais. Agarrava cada curva do corpo dela - não deixando nenhum espaço para dúvida de que ela não estava usando calcinhas de vovó ou sutiãs de armação por baixo - e terminava bem acima dos joelhos, mostrando muita perna.

O comprimento curto e o material do vestido combinado com as listras davam a ela um ar vagamente esportivo, casual: Oh, esta coisa velha? Vesti a primeira coisa que achei. As joias eram simples: um par de brincos e uma pulseira; e seu cabelo loiro estava arranjado em cachos e ondas (como quando está na cama, seu cérebro interrompeu prestativamente). Ela parecia tranquila e inocente e saudável e sensual como o inferno, tudo de uma vez.

Para seu horror, ele podia sentir-se começando a endurecer só de olhar pra ela descendo as escadas.

Não! Pra baixo, garoto. Chloe nunca teve este efeito em você  Você já a viu arrumada antes, pelo amor de Deus. Fica calmo.

O sermão interno ajudou só um pouco.

Ela alcançou o fim da escada. Vamos, entre no jogo, ele disse a si mesmo. Você está nessa pra ganhar. "Gosto do seu vestido", ele disse, sua voz um tom um pouco mais baixo que o normal enquanto abertamente dava uma olhada nela de cima abaixo. A guerra psicológica estava prestes a recomeçar, desta vez, mais perto e pessoal.

"Obrigada", ela disse, nada surpresa pelo elogio mas também não parecendo levar a sério. "Você também está legal."

Ela disse como se soubesse que era o esperado, o mais educado a se dizer, mas claro que ele estava deslumbrante num terno escuro e camisa cinza, sem gravata. Claro que ele estava lindo.

O pequeno sorriso dele mostrava que ele sabia. "Obrigado. Pronta pra ir?"

"Pronta. Então, quando as frivolidades começam?"

"Se eu te contar, então não será uma surpresa, não é?"

Já na rua, o motorista dele os apressou até o banco traseiro do carro. Ela afundou no assento macio de couro, percebendo os vidros escuros e uma divisão opaca de vidro entre eles e o motorista que os garantiria total privacidade. Surpreendendo-a, ele sentou no banco da frente ao invés de sentar ao seu lado.

Ela viu o champanhe no gelo entre eles com cautela. Sutil, Oliver.

Oliver viu o olhar dela. "Se não quiser champanhe, tem um bar cheio aqui." Ele sabia que ela gostava de uísque.

"Vou tomar água. Brilhante, se você tiver." Ela estava determinada a manter a mente clara esta noite.

Isso a fez ganhar um erguer de sobrancelha e um pequeno sorriso mal suprimido junto, mas ele pegou uma garrafa de água mineral com gás gelada de um gabinete e serviu duas taças, entregando uma a ela sem fazer comentários.

Recostando-se, ele não teve pressa em olhá-la dos pés à cabeça, sua expressão indicando que ele gostava do que estava vendo. Ela sabia que ele estava tentando intimidá-la.

"Então, pra onde estamos indo?" ela perguntou, sua voz determinadamente alegre.

Ele parecia estar genuinamente se divertindo, um sorriso mais natural se espalhando por seu rosto. "Chloe, eu sei que você gosta de mapear as coisas nos mínimos detalhes, para que você possa planejar e preparar, mas... importa-se se eu fizer uma sugestão? Que tal você deixar a Watchtower em casa esta noite, e deixar Chloe Sullivan relaxar e aproveitar a noite?"

Ela olhou pra ele inexpressiva. Ele tentou novamente.

"Eu juro, eu planejei uma noite legal, um encontro normal. Não estamos indo para nenhum clube sexual, ou luta no óleo ou nado sem roupa nem nada pensado especificamente para te deixar desconfortável ou surtar. Acredite ou não, eu só quero que você se divirta. Acha que você pode talvez - confiar em mim?"

Ela respirou fundo e expirou lentamente, visivelmente lutando pra relaxar. "Desculpe, vou tentar."

"É tudo que estou pedindo."

Ela cruzou as pernas e o percebeu olhando pra ela. "Então. Esse nado sem roupa existe de fato? Porque haveria problemas com resfriados, só pra começar." Ela tomou um gole da água.

Ele gargalhou. "Eu sinceramente espero que não. Só usei pra ilustrar. E eu não sei se um resfriado seria o pior dos problemas, agora que estou pensando nisso."

*-*-*-*

"Com licença, Sr. Queen, mas estamos a dois minutos do local", a voz do motorista soou pelo interfone, quebrando as tentativas dos dois de uma conversa leve.

"Obrigado, Dennis", Oliver respondeu. Ele se virou para Chloe. "Então, lembra do que eu disse sobre confiar em mim?"

Ela pareceu imediatamente desconfiada. "Sim."

"Começa agora."


________
DOIS

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8 comentários:

  1. Huuummmm!!
    Essa mini multi-chapter PROMETE!!!

    Adorando as provocações... geeente, muito bom, mesmo...

    Euzinha, já ameeei!! Me fisgou!!

    Ansiosa por mais!!

    Ótima escolha, Sofia!

    GIL

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    1. GIL!! QUE BOM que gostou dessa história. Só te peço um pouquinho de paciência porque diferente das outras multis postadas ultimamente, esta não está toda traduzida só esperando revisão. Ainda nem comecei a tradução do cap. 2,a vida anda atribuladíssima, e devo confessar que a edição dos posts consumiu muito da minha energia em janeiro, e ainda nem terminei... Então o mais breve possível postarei o capítulo dois.

      Beijos!!!!!

      :D

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  2. Adorei!!!!!!!!!!

    Ansiosa esperando pelo próximo capitulo.

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    1. Que bom, Karina!!!!!!

      Postarei a parte dois o mais rápido que conseguir. Beijos!!!

      :D

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  3. Chloe achando que nunca atrairia a atenção do Oliver kkk . Acho que é isso que é tão fascinante neste casal Chloe é bonita mas nada em especial e o Oliver bem ... dispensa comentários rsss e no final ele que ficou caidinho por ela ...

    Alice

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    1. Verdade, algo que ninguém espera... E que torna o amor deles indiscutivelmente verdadeiro e inspirador e eterno e tudo mais que pudermos pensar, rs...

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  4. Tudo o que eu consigo dizer é "ai meu deus, ai meu deus, ai meu deus!" IAUSHDUIASHDIUA. Estou até boba de bobear bobando! Tipo o que eu estou escrevendo agora! Não queria que esse capítulo acabasse nunca! Meu deus, como vou sobreviver até o próximo? Alguém me ajude! Jesus! Acho que essa é uma das melhores fics dos ultimos tempos! Omg! Omg! Omg!

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    1. Que bom que gostou, Bia, também acho essa uma das melhores que foram postadas ultimamente... Beijos! :D

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