The Road Back (2/4)

Título: O Caminho de Volta
Autora: serafina19

Resumo: Ele era só mais uma das muitas pessoas que a haviam deixado depois do funeral, mas quando Chloe vê Oliver de novo, ela luta pra enxergar o homem do qual se lembra.

Classificação: PG-13

Linha de Tempo: até Echo na maior parte.
Anterior: Um

Dor não era algo incomum quando Oliver acordava de manhã, na verdade era provavelmente um hábito. A dor de cabeça, roupas espalhadas pelo chão, o caminhar descoordenado até o chuveiro, desejando que depois que limpasse o corpo, de alguma forma as coisas fossem melhorar. Incontáveis dias se passaram, ainda assim nada mudara. De tempos em tempos, as lembranças voltavam, boas e ruins, mas eventualmente, todas desapareceram, devolvendo Oliver ao estado em que estava acostumado.

Só que hoje, quando ele saiu do banho, se perguntou o que estava fazendo com sua vida, se perguntou como estava passando seu tempo porque tudo parecia um borrão. Isso nunca o incomodou antes, mas agora, por alguma razão, incomodava. Mas enfim, deveria ter a ver com as vozes em sua cabeça.

"Bem, eu nunca imaginei que você fosse o tipo que corre quando as coisas ficam feias."

A noite toda, quer fossem suas palavras nas mensagens de texto ou caixa-postal, ou as que disse a ele, elas ficaram se repetindo em sua cabeça. Parte de Oliver pensou que tudo fosse um sonho, ou até mesmo uma alucinação, mas quando saiu do banheiro, afofando uma toalha no cabelo, o telefone que ela lhe dera na noite anterior ainda estava sobre o criado-mudo.

"Eu deduzi que este era seu jeito de se desligar do mundo. Clark diz na minha cara, mas você... entra em modo de silêncio."

Pegando o telefone, ele saiu do quarto e viu o copo estilhaçado no chão, o álcool seco nas paredes e soube que a noite anterior era realidade. Que ver Chloe Sullivan de fato aconteceu. Agora que isso estava claro, tudo que Oliver queria era esquecer o encontro, tentar esquecer o quanto ela tinha mudado, mas era inútil. Era como estar na frente de um espelho, vendo outra pessoa se punir do mesmo jeito que ele... e Chloe não merecia isso.

E claro, ela se certificou em mostrar a Oliver que ele tinha cometido um erro, mas fez isso do jeito dela, mostrando a Oliver que por mais que quisesse ir embora, seguir em frente, a crença em alguém, nele, era mais forte.

Pode ter sido isso que o fez segui-la quando ela ameaçou cortar os laços. Tantas vezes ele quis parecer inútil pra essas pessoas, inclusive Chloe, mas ver o olhar no rosto dela enquanto dizia Adeus, Oliver foi mais do que ele pôde suportar. Aquele olhar de desapontamento, de dor... Oliver merecia, mas dizer que o que ela queria não importava... bem, não era verdade. O time sempre quis a opinião dela em tudo, mas desta vez todo mundo tinha sido egoísta, pensando que alguém ficaria com ela. Estavam errados e foi uma decisão pela qual pagariam algum dia, se já não estivessem pagando.

Voltando para o quarto, Oliver pegou o lâmina, sabendo que não se barbeava desde o Ace of Clubs, mas a barba estava começando a irritar e tinha que ir embora. Claro, Oliver se cortou e viu um pequena quantidade de sangue se formar, mas ele lavou, não querendo se concentrar nas coincidências.

Olhando de volta para o espelho, Oliver se encarou, perguntando-se como alguém que tinha perdido tanto ainda podia de alguma maneira ver algum valor nele... e ter convicção por trás das palavras que o dirigiu.

"Todos nós cometemos erros neste caso, mas você é um lutador e você tem que seguir em frente."

Ela seguira, o time também, mas Oliver era cético ao ponto de achar que algumas batalhas eram pra ser perdidas. Com um suspiro, ele deixou o quarto, vendo mais uma vez as roupas espalhadas pelo chão. Mas ao invés de pegá-las, ele foi para o closet, pegou uma camisa limpa e uma calça.

Enquanto se voltava para seu reflexo no espelho, Oliver ainda sabia que era só a sombra do homem que fora, mas a beleza de suas roupas ajudava. Acrescentando a isso um falso sorriso ninguém imaginaria quanta dor residia por baixo daquela imagem.

A única coisa que Oliver não percebeu foi que esta era a primeira manhã desde o evento no Ace of Clubs, ou melhor, desde que voltara para Metrópolis, que ele se incomodava em pegar roupas limpas.

~0~

Abrindo a porta, Oliver saiu e encontrou o ar fresco quando o vento bateu forte ao descer a rua, sinal do outono que já tomava conta. Era uma loucura pensar o quanto tudo havia mudado ao seu redor, coisas que Oliver nunca se incomodou em olhar. Fachadas de lojas estavam reformadas, os buracos nas ruas pareciam nunca ter existidos e apesar da dura brisa... o sol brilhava. Mas enfim, pode ter brilhado todos os dias e Oliver nunca ter notado, quando o clima parecia longe do vazio de sua mente.

No meio do quarteirão, Oliver parou num banco de um ponto de ônibus e pegou o telefone, ouvindo novamente as mensagens de voz. Ele engolia em seco cada vez que percebia o sinal de Chloe tentando conter a tristeza, tentando manter a força. O que ela estava fazendo era admirável, mas seria melhor se o deixasse pra lá. Com sorte depois da noite anterior... ela viu isso.

Oliver estava prestes a se levantar quando percebeu um ônibus parar, então ao invés de se afastar do ponto, Oliver entrou, quase surpreso que tivesse dinheiro para a passagem em seu bolso. Do jeito  que vinha gastando, não se surpreenderia se encontrasse os bolsos vazios.

Ele se virou e percebeu que todo mundo no ônibus estava olhando pra ele. Havia um tom de piedade, considerando a história que Lois e Clark escreveram sobre o incidente com a bomba, também um pouco de surpresa que um bilionário estivesse andando de ônibus. Mas Oliver passou por eles, encontrando um assento perto do meio do ônibus e olhou pela janela, onde lembretes voavam pelas ruas. O lugar em que fez seu primeiro salvamento em Metrópolis, a cafeteria que Chloe praticamente chamava de casa, até o lugar onde ele quase jogou sua vida fora.

Oliver teria feito, e ainda havia uma parte sua que achava que teria merecido. Claro, era legal ouvir de Clark que não ia desistir dele, mas o fato de que Chloe estava tão distante, mostrava o tipo de trabalho que ele tinha feito com ela. Oliver não merecia nada mais do que ela merecia, então ele desejava que aquilo significasse que Clark continuaria seu trabalho como Blur, sendo o heroi que a cidade precisava... porque Oliver sabia que ele mesmo não era.

Ainda assim quando uma visão familiar surgiu, Oliver desceu do ônibus e agradeceu o motorista. Novamente, a leve brisa o recebeu quando as portas se fecharam atrás dele e o ônibus partiu. Aparentemente nada tinha mudado, mas quando olhou pra cima, Oliver sentiu como se tudo tivesse mudado desde que ele saiu da cama de manhã. Dando um passo à frente, Oliver sabia que havia algo que tinha que fazer.

~0~

Enquanto os dedos de Chloe voavam pelo teclado, ela quase não ouviu o aviso de que alguém estava no elevador. Ela tinha ativado este sistema para o caso de invasores, exceto que esta pessoa estava longe de ser um. Ele só era alguém que ela não esperava ver. De fato, baseada na noite anterior, Chloe não achava que alguém pudesse fazer Oliver mudar de ideia, que ele era muito teimoso e sabia também que as únicas palavras que ele acreditaria seriam as suas próprias. Mas agora, ele estava prestes a entrar na Watchtower, levando Chloe a se perguntar... Por quê?

Deixando sua confusão de lado, Chloe percebeu que ele tinha saído dos elevadores, então ela se virou e esperou que ele abrisse as portas duplas. Ao vê-lo, Chloe se sentiu fazendo uma pausa, como se houvesse coisas que as câmeras não pudessem lhe dizer. Na superfície, o Oliver que ela estava vendo agora era diferente do da noite anterior. Ele tinha feito a barba, pego algumas roupas decentes, até sua postura estava um pouco melhor. Mas um olhar nos olhos dele dizia tudo, e Chloe sentiu a esperança lentamente ir embora.

"Como você subiu?" ela perguntou genuinamente, porque depois de todas as horas que gastou com segurança, Chloe sinceramente esperava que seu sistema não fosse tão falho.

Ainda segurando o telefone na mão, Oliver o estendeu para que Chloe pudesse vê-lo. "Você me mandou uma mensagem de voz com meu código de acesso." Quando ele entrou, quase teve que olhar tudo de novo, já que o lugar estava muito diferente do que vira alguns meses antes. "Eu gosto do que você fez com o lugar", ele disse, caminhando lentamente na direção do local onde o corpo de Jimmy estivera. Havia um pequeno tapete no lugar agora, não que culpasse Chloe por isso.

Enquanto isso, Chloe apenas observou enquanto ele caminhava confiante pela Watchtower, seus passos ecoando. Quando ele parou, não demorou muito para Chloe perceber onde Oliver estava parado. "Se você queria me dispensar, não havia necessidade de uma visita pessoal." Cruzando os braços enquanto Oliver se virava para olhar pra ela, ela deu de ombros. "Um e-mail seria suficiente."

A cabeça de Oliver permaneceu levemente abaixada quando ouviu as palavras. "Acho que você não recebeu minha mensagem."

Mas era bem o contrário, a verdade era que a mensagem a havia perseguido a noite toda. Quando ela viu o número dele no telefone, Chloe não conseguiu atender. Então ela deixou tocar, deixou ir para a caixa de mensagens. Isso deveria mostrar a ele o que ela tinha sentido todos aqueles meses, mas curiosamente ele venceu e ela ouviu a mensagem uma hora atrás.

Era doloroso ouvir a voz dele falhar, o peso quando os pés dele encontravam o chão ecoando na linha, sem falar nas palavras. Infelizmente, isso não era sobre um pedido de desculpas. "Eu sinto muito não muda o fato de que você deixou seus amigos, sua empresa. Diabos, você perdeu todo auto-respeito, mas nós dois sabemos que isso não importa mais pra você."

Vendo Oliver abrir a boca, Chloe ergueu a mão para impedi-lo. "E não é porque eu quero ver você desse jeito, porque eu não desejaria o que você está fazendo a si mesmo pra ninguém. Um ato não define quem você é e quando eu penso em uma palavra pra te descrever..." Ela imediatamente pausou, perguntando-se se o que estava prestes a dizer valeria à pena. Fechando os olhos, ela se permitiu continuar. "Assassino... não é. O problema é que você se vê assim."

Ela não se importava que Oliver não fizesse ideia de que ela sabia sobre sua tentativa de suicídio, mas a surpresa estava por todo o rosto dele enquanto abria a boca. Havia algo em sua reação que derrubou suas paredes, enquanto ela piscava profusamente, fazendo-a se virar para olhar pra qualquer coisa menos ele.

"Eu posso ligar alarmes, evacuar prédios, mas o que você fez..." Mordendo o lábio, Chloe sentiu a cabeça abaixar enquanto uma lágrima descia livremente. "Deus, Ollie, você tem que parar de se punir algum dia." Porque era mais do que Jimmy, era ter atirado em Clark, matado Lex... era seguro dizer que Oliver Queen teve anos melhores que este. No entanto, sua solução nunca foi algo que Chloe aprovasse.

Oliver observou em silêncio, pensando no que Chloe sabia sobre aquela noite, já que não havia como observá-la. No entanto, enquanto Chloe se aproximava dos vitrais e olhava o horizonte, de repente tudo se tornou claro.

"Clark." Ele lembrou que Clark mencionou que ela tinha acompanhado tudo com o comunicador, então foi só uma questão de tempo antes de ela saber a palavra na tela que brilhou diante de seus olhos pelo que pareceu uma vida inteira.

Ela deu um curto aceno de cabeça enquanto mantinha o olhar. "Eu quase não acreditei quando ele me procurou por sua causa." Não estava desdenhando de Oliver, mas Chloe precisava de seu melhor amigo e ele praticamente desaparecia quase todas as noites. Isso, e na última vez que checou, Clark estava mais do que disposto a deixar Oliver pra trás logo após Doomsday, então a mudança de opinião pareceu um pouco repentina.

Mas no final, era basicamente sua própria amargura aparecendo, porque mesmo depois que Clark voltou das sombras, ele não passava mais do que cinco minutos com ela ultimamente. "Ele precisava de alguém que fizesse uma interferência, é quando as pessoas me ligam."

"Chloe-"

"Você não sente muito", Chloe respondeu, jogando os braços para o ar em frustração. "Então chega desse papo... por favor."

"Ok, então..." Oliver olhou ao redor, mais do que disposto a mudar a conversa. "Quando foi a última vez que você deixou este lugar?"

Chloe estreitou os olhos. "O que isso quer dizer?"

"O fato de que você fez isso tudo em poucos meses, sozinha, é impressionante, mas..." Tão impressionante que fez Oliver se perguntar o que mais ela havia feito. Claro, Chloe era habilidosa na área, mas mobiliar completamente o lugar, criar um software, sem mencionar a extensa base de dados... deixou Oliver um pouco preocupado. A razão pra ele ter ido até lá era porque sentia que deveria se desculpar com ela mais uma vez e queria ver o que ela fazia com seus dias. Mas não era isso que ele esperava ver. Com ninguém pra ajudar, não o surpreendeu que Chloe mergulhasse no trabalho, mas considerando o último local em que a vira, era fácil perceber. "Você está se punindo tanto quanto eu."

"Talvez", Chloe respondeu. Tinha sido seu erro, um que ela poderia ter facilmente evitado, mas não, ela tentou encontrar um jeito de resolver tudo sozinha, só pra perceber que tinha feito tudo errado.

"Mas vamos encarar, Oliver, minha versão fragmentada do feliz para sempre teve um cano atravessado no corpo dele. Ele morreu me protegendo." Chloe deu de ombros enquanto retornava ao computador, feliz que não estivesse olhando pra ele enquanto mordia a parte interna do lábio pra segurar as lágrimas. "Mas ei, pelo menos eu tentei, certo?"

Por um tempo, houve um silêncio no ar, o que lhe deu tempo pra se recompor, já que a última coisa que queria era que Oliver a visse assim... de novo. Enquanto os segundos passavam, Chloe desejava que fosse o suficiente para Oliver perceber que era hora de ele fazer o que fazia de melhor ultimamente. Só que ele não fez, e o que ele fez ao invés pegou Chloe completamente de surpresa.

Ela não ouviu os passos se aproximando, então Chloe não fazia ideia do quão perto ele estava até sentir a mão em seu ombro. Sentindo a respiração acelerar em consequência, Chloe olhou para o lado, vendo que ele estava parado tão perto que se desse mais um passo, suas costas e o peito dele iriam colidir. E embora Oliver não tivesse problema com a proximidade, era o mais perto que Chloe esteve de alguém em meses.

Quando ela finalmente arriscou olhar pra ele, Oliver viu a surpresa em seus olhos, sem mencionar que a sentiu pular ao toque. Não era sua intenção assustá-la, mas embora ela tivesse terminado com ele, Oliver não podia ir embora.

"Chloe", ele disse suavemente. "O que aconteceu aquele dia, é a imagem que você precisa tirar da cabeça."

Novamente, ela mordeu o lábio inferior, como se pela primeira vez tivesse visto o Oliver do qual se lembrava. Quase se sentiu lisonjeada que ele tivesse levado suas palavras da noite anterior à sério. Então novamente, o fato de que ele deu ouvidos a tudo, era encorajador. Mas não demorou para Chloe se lembrar de outra coisa, fazendo-a fechar os olhos com força e afastar a mão dele. "Isso é rico vindo de você."

Ela deu largos passos pra longe dele, mas se virou pra olhar pra ele, sem medo do fato de as lágrimas estarem correndo livremente. "Mas eu mordo a isca... por qual imagem eu devo substituir? Clark indo embora? Lois decidindo que o Blur era mais importante do que eu? Ou que tal você indo embora no cemitério ou jogando fora sua vida no Ace of Clubs?"

Parando a uma distância confortável, Chloe olhou para o chão onde ele estava antes. "Pelo menos a morte de Jimmy me lembra que existe um mundo a ser salvo... e minha parte nisso tudo." Não era muito no que se agarrar, mas não havia alternativas melhores. "Se você não tem nenhum interesse em melhorar as coisas para o seu lado, eu não estou disposta a provar que você é melhor do que isso." Ela deu de ombros novamente, encontrando o olhar de Oliver. "Eu já disse o que tinha pra dizer."

"E eu estou aqui", ele disse, percebendo que apesar de as palavras que ela disse estarem se repetindo em sua cabeça, havia uma frase em particular que ele vinha evitando. "Se você se lembra de ontem à noite, você disse -"

"Eu sei o que eu disse", Chloe respondeu, mas nunca esperou que ele fizesse algo em relação a isso. Mesmo agora, com ele parado bem em sua frente, ela não conseguia acreditar completamente em suas intenções. "Só que você está aqui por pena e não porque acredita de verdade."

Oliver não esperava que ela acreditasse nele,  mas quanto mais tempo ele ficava parado ali, mais percebia que queria lutar por isso. Todas as farras, atitudes, não tinham ajudado nada nem ninguém. O tempo todo, ele só pensou que estivesse se punindo, mas se continuasse assim, os resultados seriam ainda mais catastróficos.

O time podia perder toda esperança em ser reunido, fazendo-os voltar a antigos hábitos, e a onda de crimes continuaria a crescer nas cidades que antes ajudavam. Claro, Clark estava de volta, o que era promissor, mas ele não podia salvar o mundo inteiro sozinho.

E então havia a empresa que seus pais construíram, e mesmo que tecnicamente não fosse dele, era sua responsabilidade administrá-la, criar seu próprio legado.

E quanto mais pensava nisso, não queria ser lembrado como o cara que causou a falência da empresa, afetando a vida de milhares de pessoas, dos acionistas aos funcionários. Ele não queria ser a pessoa que continuava a ignorar os problemas dos amigos, não depois de tudo que tinham feito por ele. No fim, Oliver não acreditava que merecesse a felicidade, mas pessoas dependiam dele, pessoas precisavam que ele fosse melhor, e se pudesse olhar ao redor... fazer outras pessoas felizes... então talvez pudesse viver com si mesmo novamente.

Então Oliver quebrou o silêncio. "Você não sabe disso." Afinal, nem ele sabia de sua verdadeira intenção ao ir até lá até alguns minutos antes. Baseado na expressão que ela lhe deu enquanto continuava a trabalhar, ela não acreditava nele, mas de alguma forma, Chloe tinha, sozinha, trazido o homem que estava procurando de volta à vida.

Só que Chloe não viu essa conquista, com suas costas viradas pra ele. "Nenhuma palavra durante meses, então você me vê por cinco minutos e de repente está aqui. Se não é pena, o que é?"

Não demorou muito para Oliver encontrar uma resposta. "Preocupação, remorso... talvez até uma pequena esperança de redenção."

"Bem, faça a nós dois um favor e não se sinta obrigado em relação a mim nem nada." Na verdade doía que Chloe falasse com ele desse jeito, mas depois de tudo que tinha acontecido, ela sentia como se não houvesse outra opção. "Sabemos que isso vai passar e eu prefiro não experimentar esse desapontamento de novo."

De fato, Chloe sabia que não conseguiria experimentar aquela perda novamente. Ela não conseguia perdoá-lo imediatamente e dizer que estava tudo bem, porque era tudo que ele estava procurando. E isso não ajudaria ninguém, porque Oliver poderia simplesmente ir embora de novo. Havia uma pequena voz em sua cabeça lhe dizendo pra deixá-lo saber, embora a dor estivesse fresca e o desapontamento grande, mas ela não conseguia fazê-lo.

No entanto, enquanto estava parada ali refletindo, Oliver olhava pra ela curiosamente, se perguntando de onde vinha tanta personalidade. Na noite anterior, ela disse pra ele voltar, mas agora, sua teimosia tinha atingido o ponto máximo. Sua expressão endurecendo, Oliver percebeu que os dois podiam fazer esse jogo.

"Você quer que eu vá embora", ele disse, observando a respiração de Chloe parar enquanto a frase era finalizada, mas ela não fez nada para desmenti-lo. Ela permaneceu parada onde estava, continuando a digitar, antes de finalmente quebrar o silêncio.

"Você pode fazer o que quiser, a vida é sua."

Isso fez Oliver reagir quase instantaneamente. "Olha pra mim", Oliver disse, estendendo a mão para pegar seu braço e fazê-la se virar pra ele. Essa ação fez Chloe ficar presa entre ele e o computador, com os braços dele impedindo-a de sair, então não havia muitas opções pra onde olhar, o que para Oliver estava bom, já que ele queria que ela ouvisse cada palavra do que ele ia dizer.

"Acredite em mim, Chloe, eu entendo que nenhum pedido de desculpas vai compensar o que eu fiz pra você, mas a ideia de que te decepcionamos... dói em todos nós." Suspirando ao vê-la assentir levemente, Oliver continuou. "Agora, você me disse pra vir aqui, eu estou aqui. Se acha que minhas ações são verdadeiras ou por pura piedade... é problema seu. Mas eu não vou embora."

Quando ele a agarrou, Chloe sentiu o ar deixar seus pulmões e as palavras dele não ajudaram. Ela queria acreditar, mas não conseguia ter esperanças ainda. "Eu... eu tranquei seu equipamento."

Oliver deu uma única risada e então deu de ombros, como se isso não fosse impedi-lo. "Eu tenho um arco reserva na Torre do Relógio."

Apesar da pequena distância entre eles, Chloe ergueu os braços cuidadosamente, tentando não tocar Oliver no processo, e os cruzou contra o peito. "O que te faz pensar que vou deixar você voltar pra cá?"

"Eu podeira te atrapalhar, encontrar um jeito de derrubar a base de dados, mas isso não seria muito produtivo." Ele podia ver nos olhos dela, atrás da dor, da raiva, havia a mesma determinação que ela costumava ter contra tantas outras pessoas. Exceto que desta vez era pra Oliver provar o quanto isso importava pra ele, o time, o que eles faziam. "Vai levar um tempo pra reconquistar sua confiança... eu entendo. Mas eu estou aqui agora e não vou embora. Não mais."

Com isso, Oliver ergueu os braços da mesa do computador e deu alguns passos pra trás antes de ir para a porta. Ele sabia que tinha muito trabalho a fazer, mas pela primeira vez em algum tempo, sentiu um sorriso surgir.

E enquanto a porta era fechada, Chloe podia apenas ficar olhando para a porta abandonada, sozinha na Watchtower, se perguntando o que acabara de acontecer.

_____
TRÊS

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