I Hate You! or Why Chloe Doesn't Do Halloween (1/3)

Título: Eu Te Odeio! ou Porque Chloe Não Gosta do Halloween
Especial: Chlollieween

Resumo: Quando Oliver e o time são convidados para um super exclusiva festa de Halloween, jamais imaginariam como a noite iria terminar.

Autora: bella8876

Classificação: R

Linha de tempo: Oitava temporada

O telefone de Chloe bipou pela centésima vez sinalizando outra mensagem de texto e ela vasculhou sua bolsa. Ela sabia que na última vez o tinha jogado ali e sabia que teria que pegá-lo de novo, mas não queria ser uma daquelas pessoas que caminham pela rua com o telefone na mão digitando sem prestar atenção. Chloe nem se incomodou em olhar para a mensagem que recebeu, ao invés ela apertou o botão para responder e digitou uma resposta muito curta e doce, "Estou quase chegando, te ligo quando chegar lá. Pára de mandar mensagem, você não é uma garotinha de catorze anos." Ela nervosamente jogou o telefone de volta na bolsa e suspirou.

Ela voltou a atenção para a calçada a tempo de evitar uma colisão com uma gangue de crianças fantasiadas que passavam correndo por ela. Ela saiu do caminho enquanto eles corriam até a casa seguinte, gritando 'gostosuras ou travessuras' antes mesmo de apertarem a campainha. A pobre mulher que tinha que levar as crianças ofereceu a Chloe um dar de ombros enquanto corria atrás delas. "Desculpe."

"Tudo bem." Chloe sorriu, parando para balançar a cabeça ao ver uma criança vestida de Arqueiro Verde, então continuou a descer a rua. Ela subiu os degraus de seu prédio correndo e destrancou a porta. Ela checou a caixa postal, encontrou outro grupo de crianças fantasiadas nas escadas e continuou subindo até seu apartamento, sua Watchtower.

Ela tinha as chaves na mão e ia abrir a porta quando percebeu que em algum momento ela tinha parado de parar. Quando ela chegava ali, logo após a morte de Jimmy, ela parava toda vez que chegava em casa. Ela tinha que parar na porta e respirar fundo algumas vezes antes que pudesse pensar em colocar a chave na fechadura, muito menos entrar. Não mais, ela não fazia isso há algum tempo na verdade.

Chloe parou agora no entanto, não por respeito ou luto, mas por medo. Quando ela foi destrancar a porta, se tornou dolorosamente óbvio que alguém tinha aberto primeiro. A porta se abriu devagar quando ela aplicou um pouco de pressão. Alguém estava em seu apartamento. Ela soltou a bolsa no corredor perto da porta e abriu-a mais, silenciosamente. Um exame rápido na sala principal mostrou que não havia ninguém ali. Ela tirou os sapatos e os colocou suavemente no chão ao lado da bolsa e caminhou pelo lugar só com as meias.

Ela fechou a porta silenciosamente e seguiu deslizando pela parede. Ela se abaixou e pegou a barra de ferro que tinha levado para lá em sua terceira noite no apartamento, quando percebeu que estava vivendo sozinha na cidade grande malvada. Seus dedos se fecharam ao redor e ela se levantou. A casa estava tão silenciosa que por um segundo ela pensou que talvez quem tivesse entrado tivesse pego o que queria e ido embora, então ela ouviu um barulho no andar de cima.

Ela atravessou a sala, mantendo-se o mais perto da parede possível, permanecendo nas sombras. Ela subiu os degraus nas pontas dos pés, pulando o quinto e o décimo segundo porque eles rangiam. Ela ouviu outro barulho, aproximando-se ela podia dizer que vinha de seu quarto. Ela se recostou contra a parede ao lado da porta e respirou fundo, preparando-se e esperando até estar bem perto de seu invasor para perceber que deveria ter ligado para a polícia.

Houve outro barulho seguido por um 'merda' enquanto algo soava suspeitosamente como o pote de vidro que ela mantinha ao lado da cama para as joias, caindo no chão e se espatifando, então ela ficou irritada. Ela ouviu atentamente sons de passos, esperou até que estivessem perto da porta e então a abriu. Ela moveu a barra no ar e pôde ver, mesmo no escuro, que sua mira estava certa. Ela esperou pelo barulho satisfatório quando atingiu a lateral da cabeça do invasor.

Só que nunca fez contato. Ela viu a sombra do homem se virar e jogar as mãos pra cima, pegando a barra e girando, puxando Chloe na direção dele, prendendo a arma e seu braço direito entre as costas dela e o peito dele. Ela grunhiu, atacou a lateral dele com o cotovelo, se agachou sobre um joelho e jogou o ombro na direção do estômago dele, jogando o homem por sobre sua cabeça.

Ele caiu no chão, soltando a barra e Chloe aproveitou a vantagem. "Espera." Uma voz disse atrás dela e era familiar o suficiente para Chloe realmente esperar, congelando na posição em que estava, a barra erguida enquanto a luz era acesa.

"Jesus, Chloe." Oliver gemeu do chão em sua frente. "Que diabos?"

"Que diabos eu?" Chloe lentamente se endireitou e tirou o cabelo do rosto. "Que diabos você. Você invadiu minha casa." Ela se virou para ver AC, Bart e Victor no quarto.

"Não invadimos sua casa." Oliver olhou feio enquanto se levantava. "Eu usei a chave que você me deu."

"Então por que estão se escondendo no escuro?"

"Não estávamos nos escondendo no escuro." Ele esfregou a cabeça onde tinha batido no chão. "Ainda era dia quando chegamos, só não saímos para acender as luzes."

Ainda irritada com eles, ela olhou ainda mais feio. "Você está me mandando mensagens há uma hora." Chloe pontuou. "Você não pensou em me avisar que talvez estivesse em minha casa."

"Eu avisei." Oliver pegou o telefone do bolso. "Última mensagem que eu te mandei." Ele estendeu o telefone para ela ver.

Ela leu envergonhada lembrando que tinha ignorado esta mensagem em particular e suspirou. "Não surte, estamos no seu apartamento."

Ela passou por eles e adentrou o quarto. Ela se abaixou ao lado da cama e apontou para o vidro quebrado. "Este pote era da minha avó, tinha oitenta anos."

"Merda, sério?" Bart olhou pra ela horrorizado.

"Não." O rosto de Chloe se abriu em um sorriso. "Eu encontrei num brechó há alguns meses. Vai pegar a vassoura e a pá na cozinha, certo?" Bart assentiu e correu do quarto, retornando alguns segundos depois para juntar os cacos enquanto Chloe desabava exausta no colchão. "O que vocês estão fazendo aqui afinal?"

"Procurando sua fantasia." Oliver disse indo para o closet.

Chloe levantou a cabeça confusa. "Meu uniforme da Liga?" Ela se apoiou sobre os cotovelos. "Está lá embaixo, junto com os outros."

"Não, não seu..." Oliver parou. "Pode servir na verdade." Ele balançou a cabeça. "Não, deixa pra lá. Eu estou falando da sua fantasia de Halloween."

"Eu não tenho fantasia de Halloween." Chloe disse a ele. "Eu realmente não gosto do Halloween."

"Você não gosta do Halloween?" Victor sentou-se ao lado dela. "Como assim?"

"Assim: eu não gosto do Halloween." Chloe se sentou. "Eu não gosto de fantasias, eu não gosto de 'gostosuras ou travessuras'."

"Por favor, eu não faço 'gostosuras ou travessuras' há uns dois anos." Bart zombou. "Vamos a uma festa."

"Vocês podem ir a uma festa." Chloe disse. "O único lugar para onde eu vou é para o banheiro me trocar para meu pijama confortável e então para o sofá assistir filmes a noite toda. Eu posso ir até a cozinha e fazer pipoca, mas só isso."

"Besteira. Pra começar eu confisquei seu pijama, você usa aquele pijama há uns três meses direto e eu não tenho certeza se você o tem lavado." Oliver disse de dentro do closet. Chloe estreitou os olhos e correu para o banheiro. O gancho onde seu pijama ficava pendurado estava vazio. "E também você não tem nada aqui que eu possa transformar em fantasia." Ele apareceu segurando uma blusa branca e uma longa saia preta. "Bibliotecária?" Ele perguntou aos rapazes.

Bart deu um risinho e foi até Oliver. "Que tal", ele desabotoou os primeiros quatro botões da blusa e levantou a saia. "Bibliotecária sexy." Ele ofereceu.

"Querem sair do meu closet?" Ela pegou as roupas de Oliver e as pendurou de volta. "Devolva meu pijama e saia da minha casa por favor?"

"Não." Oliver puxou alguma coisa de dentro de seu casaco. "Eu consegui um convite para cada um de nós para a mais exclusiva festa de Halloween do estado, possivelmente do país. Você vai." Chloe olhou para o convite nas mãos dele e arregalou os olhos. De alguma maneira, inexplicavelmente, além de toda a razão e compreensão, Oliver tinha conseguido cinco convites para a festa mais quente do ano, no Starlight Lounge. Pessoas vinham falando do lugar há meses. Um dia apareceu, mas ninguém conseguia entrar, só membros, super exclusivo, ridiculamente secreto. A coisa era que ninguém conhecia alguém que fosse membro, não havia nem rumores de um amigo do irmão de um amigo da prima da esposa de um membro, nem Oliver era membro.

Então um dia, convites começaram a aparecer nas portas dos ricos e famosos.  A lista parecia ter sido retirada da Forbes. O de Oliver tinha aparecido uma semana antes, mas era só pra ele, nem um acompanhante. De alguma maneira ele tinha conseguido mais quatro. Ainda assim, entre festejar com a nata da nata e seus próprios planos para a noite, ela preferia ficar em casa.

"Eu realmente não vou." Chloe balançou a cabeça. "Mas pontos pela persistência."

"Vamos, Chloe, não é só uma festa maravilhosa, e com certeza vai ser. Mas é uma festa a fantasia. Você se veste e finge ser outra pessoa durante a noite. Como você pode não achar isso divertido?" Bart perguntou.

"Eu me visto e finjo ser outra pessoa regularmente e então você não precisa usar esse argumento mais, eu não tenho quatro anos." Chloe disse. "Sério, pessoal, eu comprei pipoca com manteiga e uma garrafa de vinho, e Duro de Matar Um, Dois, Três e Quatro. Vocês fiquem à vontade para se divertir na tal festa vestidos como idiotas."

"Como é?" Bart olhou feio pra ela, saindo da sala e voltando um minuto depois ajustando os punhos de seu muito impressionante terno. "James Bond nunca parece um idiota."

Chloe assobiou e foi até ele, endireitando os ombros do terno e tirando a poeira imaginária. "Muito legal." Ela arrumou sua gravata. "Eu só me pergunto, você vai colocar uma identificação?"

"Pra que eu precisaria de identificação?" Bart perguntou.

"Não sei, será que as pessoas saberão que você é James Bond e não... eu não sei... um garçom?"

"Um garçom?" Bart zombou. "Ninguém vai me confundir com um garçom." Ele balançou a cabeça.

"Espera aí." Chloe pegou a fronha do travesseiro, dobrou duas vezes, ergueu o braço de Bart e jogou a fronha sobre ele. "Garçom." Ela sorriu, tirando a fronha. "James Bond." Victor tentou não gargalhar.

"É estranho na verdade." AC sorriu enquanto Chloe continuava.

"Garçom." Ela colocou a fronha de volta. "James Bond." Ela tirou novamente.

"Eu entendi." Bart olhou feio pra ela. "Vou tomar cuidado em ficar longe de qualquer fronha."

"Só estou brincando com você." Chloe jogou a fronha sobre o colchão. "Você está elegante." Ela assegurou, franzindo a testa, lambendo um dedo e limpando a sujeira de seu rosto.

"Por que você sempre faz isso?" Bart se afastou dela e Chloe deu risada porque ela sabia que se ele odiasse tanto, já estaria do outro lado do país.

"Porque eu sei que você odeia." Ela se virou e começou a remexer nas gavetas, tentando descobrir onde Oliver guardara seu pijama. Ele tinha que estar em algum lugar de seu apartamento, não era como se coubesse no bolso dele. "Metade das vezes nem tem nada no seu rosto."

"Vamos Chloe, o que vamos fazer na festa sem você para nos ajudar a tirar sarro do Bart?" Victor sorriu.

"Eu não sei, conversar com uma garota bonita, talvez conseguir um número de telefone." Chloe desistiu da cômoda e procurou no chão embaixo da cama.

"Chloe." AC falou.

"Eu não vou." Ela disparou quando se levantou, sua paciência encurtando. "E sério, Oliver, onde diabos está meu pijama?" O quarto de repente ficou muito silencioso e Chloe suspirou. "Desculpem."

"Pessoal." Oliver assentiu na direção da porta e eles saíram. Ele se sentou na cama e deu um tapinha no colchão. Chloe foi até lá e se sentou ao lado dele.

"Eu não queria ser grossa, é só que foi um longo dia." Ela esfregou a nuca.

"Tudo bem. Eu achei que você fosse querer sair de casa, é só isso. Você anda trabalhando muito e quando não está trabalhando, está ocupada e eles sentem sua falta." Ele olhou para ela. "Nós sentimos sua falta."

"Eu sei, é só que não ando com vontade de sair." Chloe explicou.

"É..." Ele respirou fundo. "É por causa do Jimmy? Porque ninguém espera que você siga em frente, que comece a namorar alguém ou nada assim... só sair, se divertir com os amigos."

"Não." Chloe sorriu. "Não é por causa do Jimmy, sério."

"Então o que é?" Oliver perguntou a ela.

"É..." Chloe parou. O que ela podia dizer? De jeito nenhum ela ia contar a verdade. Ela não podia dizer, 'Oh, Oliver, eu não estou saindo, mas não é por causa da lembrança do meu ex-marido morto. Na verdade, é porque eu percebi recentemente que estou caidinha por você e eu acho que talvez sempre tenha estado apaixonada por você e eu não faço ideia de como agir perto de você quando o assunto não é de trabalho'. Ela não podia dizer, 'Eu me escondo nesta casa porque não consigo respirar quando você está por perto e ultimamente você está sempre por perto'. Ela sempre foi muito boa em esconder as coisas no passado, Deus, fazia seis meses; de jeito nenhum ela ia contar agora. "Eu só realmente quero assistir Bruce Willis detonando." Chloe sorriu.

"Ok, certo." Oliver se levantou. "Você não quer me contar, não precisa me contar." Ele pegou um dos convites do bolso e colocou sobre o criado-mudo. "Se você mudar de ideia, eu ainda tenho a fantasia de Lois de alguns anos atrás na Torre do Relógio."

"Obrigada." Chloe sorriu pra ele. Ele assentiu e saiu do quarto, descendo as escadas. Ela deitou-se no colchão e gemeu, então pulou e correu atrás dele. "Espera." Ela chamou e desceu as escadas dois degraus de cada vez e quando chegou ao último percebeu que estava só de meia e elas não ofereciam muito equilíbrio no piso de madeira, então ela deslizou.

Oliver estendeu a mão rapidamente e segurou sua cintura, impedindo-a de cair. Chloe olhou pra ele resfolegando pelo inesperado exercício e a proximidade de Oliver e ele sorriu. "Cuidado." Ele sussurrou. Chloe ficou vermelha e se soltou dos braços dele. "Você precisa de alguma coisa?" Ele perguntou divertindo-se.

"Certo." Ela gaguejou. "Meu pijama?" Ele continuou olhando pra ela. "Eu o lavo."

"Embaixo do colchão." Ele piscou e saiu pela porta.

**********

Chloe encontrou seu pijama embaixo do colchão, trocou de roupa, preparou a pipoca e colocou Duro de Matar 2. Por alguma razão ela sempre assistia o segundo primeiro. Ela abriu o computador, olhou para o programa que Bart gostava de chamar de 'Big Brother' e se serviu de uma taça de vinho. Ela olhou para os cinco pontos brilhantes e algo dentro dela instantaneamente se sentiu melhor. Ela sabia que eles estavam indo a uma festa, sabia que não estavam numa missão e que não tinha nenhuma razão lógica para temer pela segurança deles, mas ainda assim ela manteve o programa ligado.

Ela inicialmente o criou para monitorar Oliver há algum tempo. Depois de Bart ter sido capturado por Lex. Todo mundo ganhou um chip, atrás da orelha, sob a pele. Era estranho a princípio e coçou por uns três dias e Chloe ainda sentia de vez em quando, mas depois sumiu. Ela mal usava o programa antes, somente em situações de emergência. Com a viagem de Lois para três meses no futuro, Clark indo embora e Jimmy morrendo, ela se encontrou começando a checar periodicamente e durante o dia e agora era uma coisa sempre constante à noite. Aqueles pontos piscando pareciam ser sua própria vida algumas vezes.

Ela voltou a atenção para a TV enquanto Bruce Willis discutia sua aversão à tecnologia. "Até onde eu sei, o progresso mesmo foi a pizza congelada." Chloe sorriu, envolvendo-se no filme tão profundamente que não percebeu quando um dos cinco pontos piscou bem rápido e então desapareceu completamente.

Duas horas depois ela estava parada perto do aparelho de DVD segurando uma cópia de Duro de Matar 1 numa mão e o 4 na outra, debatendo se deveria começar do começo ou ir para o final. Ela olhou para o último filme e suspirou. Claro que algumas pessoas diziam que era o pior de todos os filmes, pelo amor-de-Deus, em certo ponto Bruce Willis estava pendurado na asa de um jatinho no meio de Washington, mas Chloe realmente gostava da cena de luta. "Dane-se." Ela disse, jogando o primeiro filme sobre a mesa, terminando mais uma taça de vinho e dando vida ao filme em seu aparelho.

Ela olhou para o computador, por puro hábito, e quase não percebeu, mas então olhou de novo, viu somente um ponto, e sua taça de vinho caiu no chão, espatifando. Ela pegou o laptop e começou a digitar freneticamente. Lá estava seu ponto, piscando brilhantemente, bem onde deveria estar, mas o de Oliver, Bart, AC e Victor tinham desaparecido, simplesmente desaparecido. "Filho da puta." Ela gemeu pegando o telefone e ligando para AC. Ela não recebeu nenhuma resposta e foi para o de Bart que atendeu no quinto toque.

"Puta merda, meu telefone funciona aqui?" Ele disse parecendo sem fôlego.

"Funciona aonde?" Chloe perguntou. "Você sumiu da tela, onde diabos você está?"

"Nós viemos para a festa e-" Houve um barulho alto de explosão e Chloe ouviu barulho de correria e então a voz de Bart, parecendo distante. "Isso não foi legal, eu estava no telefone." Ele protestou e então a linha ficou muda.

Chloe tentou Victor e Oliver e nenhum dos dois respondeu. Enquanto as explosões que tinha achado muito legal mais cedo sumiam atrás dela e Bruce Willis fazia coisas que Oliver não podia nem sonhar (mas secretamente queria tentar), tudo no que ela conseguia pensar era nas explosões que ouviu pelo telefone de Bart e o fato de que perdera contato com todos eles.

Ela não sabia o que fazer, estava de repente paralisada de medo, olhando para a tela, para o lugar onde aquelas luzes deveriam estar, mas não estavam. Ela começou a hiperventilar, suas mãos estavam tremendo e ela não sabia o que fazer, ela não conseguia pensar em nada a não ser no fato de que eles tinham sumido.

AC tinha sumido, Bart tinha sumido, Victor tinha sumido, Oliver tinha..." Oh, Deus." Chloe cobriu a boca com a mão e correu para o banheiro.

Ela se ajoelhou no chão frio, arfando e olhando para o vaso desejando não vomitar. Isto era o que ela fazia, este era seu trabalho, ela passava a maior parte de seus dias fazendo coisas assim. Quando surgia uma situação, ela estudava todas as informações disponíveis, determinava o melhor curso de ação e então salvava o dia... bem, normalmente ela se sentava atrás do computador e explicava a todo mundo em campo como salvar o dia, mas o princípio era o mesmo.

Só que desta vez ela não estava preocupada com pessoas desconhecidas ou informações impessoais. Este era seu time, sua família e eles estavam desaparecidos e a única coisa em que ela conseguia se concentrar era em como a água de seu vaso era ridiculamente azul. Ela não conseguia se lembrar de mudar o produto de limpeza, mas sabia que os rapazes iam e vinham constantemente, havia mais de 2000 usos e ela estava impressionada com o produto. Ela jurou elogiar o produto na internet, então ela se perguntou se haveria um quadro de mensagens onde pudesse ir e elogiar um produto para limpar vasos sanitários e então começou a dar risada.

Seus amigos estavam desaparecidos, possivelmente mortos e ela estava pensando em produtos para limpar vasos sanitários. Ela instantaneamente parou de rir, vomitou a pipoca e o vinho que tinha tomado e então se levantou antes que pudesse filosofar sobre a nova cor da água do vaso. Ela jogou água no rosto, enxaguou a boca e então foi trabalhar.

Ela começou a ver o histórico do programa. Os sinais vitais deles não tinham ficado vermelhos, então ela pelo menos podia ter relativa certeza que não tinham caído mortos. Um diagnóstico dos chips mostrou que ainda estavam funcionando. Eles não tinham desaparecido ao mesmo tempo; Bart foi o primeiro, então Oliver, AC e finalmente Victor. Ela checou o último local de onde o sinal tinha vindo e todos eles estavam no mesmo lugar; o Starlight Lounge.

"Como eu não previ isto? Eu sabia que esta noite terminaria comigo numa estúpida fantasia. Eu vou culpar Oliver depois de eu salvar seu traseiro." Ela gemeu pegando uma bolsa vazia e indo para o escritório pegar seus acessórios. Ela girou o livro de Shakespeare na prateleira e um painel escondido apareceu.

Ela amava sua sala Watchtower super secreta. Foi a primeira reforma que ela fez no lugar e gostava de cada detalhe secreto e do painel escondido que tinha criado. Ela acendeu as luzes e abriu um gabinete, observando os acessórios em sua frente. "Ok, não faço ideia de onde estou indo ou o que vou fazer, então o que devo levar?" Havia um gancho, um machado, diferentes facas e punhais, uma maça, diferentes tipos de bestas, um arpão, estrelas ninjas, algumas armas e um disparador de granadas. Chloe grunhiu e mordeu o lábio. "O.Q.J.M.F.? O que John McClane faria?"

John McClane com certeza pegaria as armas, mas Chloe não era realmente uma adepta. Ela pegou as estrelas, o machado, jogou alguns punhais e bestas. Ela pegou o arpão, mas pensou melhor, era pesado. O mesmo para o disparador de granadas. Ela pegou algumas outras coisas e alguma tecnologia portátil e então virou-se e olhou para o gabinete, pegando o gancho.

**********

Ela saiu do táxi e olhou para o prédio do Starlight Lounge, garantindo que sua bolsa estivesse escondida sob o manto e que tivesse o convite na mão. Ela subiu os degraus e mostrou o convite ao porteiro que assentiu enquanto a porta era aberta pra ela. Ela tentou não se sentir mal na fantasia, mas não podia evitar. Normalmente quando ela estava fingindo ser outra pessoa, pelo menos ela tinha uma máscara; pelo menos ela tinha um propósito, agora ela só se sentia como uma criança de cinco anos pedindo doces.

Ela esperou atrás de um casal que parecia estar vestido de Tarzan e Jane enquanto seus convites eram checados por uma mulher. A mulher que atendia na mesa os fez escrever algo em um pergaminho antes que eles pudessem entrar. Chloe foi até a mesa e esperou a mulher jogar o pergaminho dentro de um pote de cristal ornamentado.

Ela sorriu e entregou o convite. "É uma festa muito silenciosa." Chloe franziu a testa enquanto a mulher inspecionava seu convite. Nem os oficiais do aeroporto Internacional de Metrópolis tinham passado tanto tempo examinando seu passaporte da última vez que deixou o país, e ele era de fato uma falsificação.

"Chaves na cesta." A mulher estendeu uma cesta de vime.

"Isso não é aquela coisa de suingue, é?" Chloe perguntou hesitante.

"Oh não, docinho." A mulher sorriu pra ela. "É só bebidas e diversão.'

Chloe assentiu e jogou as chaves na cesta. "Agora eu só preciso do seu nome e que fantasia você está usando." A mulher deslizou um pequeno pedaço de pergaminho e uma caneta de pena na direção de Chloe que a pegou hesitantemente. "É para os prêmios." A mulher explicou.

"Claro." Chloe pegou a pena e escreveu quem era e do que estava fantasiada e devolveu.

"Oh, Donzela Marion." Ela sorriu. "Tivemos um Robin Hood mais cedo. Talvez vocês se encontrem." Ela sorriu docemente.

Claro, Oliver se vestiria como Robin Hood pelo milionésimo Halloween seguido. "Talvez."

Chloe sorriu e foi em direção as cortinas. Assim que o tecido foi partido, a mulher jogou o pergaminho no pote e Chloe passou pela porta.

Esperando uma festa selvagem, a festa do século aparentemente, imagine a surpresa de Chloe quando ela se encontrou sozinha num quarto muito pequeno e quieto. Ela olhou ao redor mais atentamente, cada fibra de seu ser gritando que havia alguma coisa errada. O chão era feito de tacos de madeira. Parecia suave no entanto, apenas gasto pelos anos de uso. Os móveis eram simples, uma mesa de madeira com um banco, também de madeira. Eles pareciam feitos à mão. No canto mais distante havia uma pequena cama com um muito fino colchão em cima.

"Que diabos?" Chloe abriu o manto, tirou a bolsa do ombro e a jogou no chão antes de ir até a janela e olhar para fora. Ela imediatamente se afastou, respirando fundo e então olhando de novo  apenas para se encontrar diante de uma movimentada vila.

Uma mulher sorriu enquanto carregava uma cesta com lençóis pela rua. Havia pessoas conversando em todo lugar, nenhum carro ou bicicleta a vista, mas havia cavalos, muitos e muitos cavalos. Todo mundo vestido em roupas similares a dela. Ela olhou para baixo, segurando a saia e apenas olhou. Este não era o vestido que tinha escolhido para a festa. Era mais pesado, menos decorado, o tecido mais quente e a cor desbotada das muitas lavagens e uso.

"Que diabos?" Chloe olhou ao redor da casa e respirou fundo, tentando descobrir o que estava acontecendo.

"Marion!" Alguém gritou de fora da casa e Chloe ignorou, inspecionando o quarto em busca de alguma coisa, algo que lhe desse uma pista. "Marion!" A voz era mais insistente e Chloe olhou pela janela curiosa e viu um homem parado na frente de sua casa com um bando de homens em armadura parados atrás dele. "Marion, se você não sair, eu vou entrar."

Ela observou o homem assentir para os guardas e eles avançaram na direção de onde ela estava. Assustada e confusa Chloe se afastou no momento em que a porta foi aberta e os homens invadiram a casa, correram escada acima e entraram em seu quarto. "O que vocês estão fazendo?" Chloe perguntou a eles, chutando a bolsa para escondê-la sob a cama.

"Sinto muito por isso, senhorita." Um dos homens disse antes de outros dois a pegarem a força.

"Tirem as mãos de mim." Chloe lutou para se soltar, mas eles eram muito fortes enquanto a arrastavam do quarto, desciam as escadas, e pelo lado de fora, jogando-a no chão. Ela levantou a cabeça e viu o homem que vinha gritando, olhando feio pra ela com muito ódio. "O que você pensa que está fazendo?" Chloe tentou se levantar, mas mãos em seus ombros a empurraram de volta para o chão.

"Você está presa."

"Eu estou o quê?" Chloe bufou.

"Por ajudar e acobertar um conhecido inimigo da coroa." O homem continuou.

"Olha, deve estar havendo algum tipo de engano." Chloe tentou racionalizar com ele.

"Eu vi você." Ele gritou. Chloe fechou a boca, quem quer que este cara fosse, quem quer que ele pensasse que Chloe fosse, ele estava puto. Ele se abaixou até estar no mesmo nível dela. "Onde está Robin Hood?"

"Robin Hood?" Chloe resistiu ao desejo de dar risada, porque ela tinha certeza que isso não pegaria bem.

"Onde ele está?"

"Na Floresta de Sherwood eu acho." Ela tentou e falhou em esconder o risinho.

"Nós sabemos disso. Em que lugar da floresta?" O homem cuspiu em seu rosto. "Onde é o acampamento dele?"

"Você está falando sério?" Chloe perguntou atônita.

"Claro que estou falando sério." Ele segurou seu queixo e a forçou a olhar pra ele. "Há quanto tempo você está mentindo pra mim?"

Chloe não sabia o que responder a isso porque não sabia se estava mentindo, e se estivesse, por quanto tempo, então ela disse a única coisa que imaginou que pudesse fazer alguma diferença. "Eu sinto muito." Ela ofereceu ao homem.

"Eu também." Ele se levantou e se afastou dela, colocando as mãos atrás das costas e virando-se como se ela não estivesse ali. "Levem-na para as masmorras."

"Senhor Guy." Um dos guardas deu um passo à frente.

"Leve-a para a masmorra." Ele gritou e então se virou e foi em outra direção.

"A masmorra? Quando ele diz masmorra ele quer dizer..." Chloe olhou para os guardas que a levantavam e a arrastavam.

**********

Quando as barras de ferro se fecharam no rosto de Chloe, ela assentiu. "Certo, então ele estava falando de masmorras de verdade." Ela olhou ao redor das paredes de pedra, o espaço escuro e úmido e então suspirou, deslizando pela parede até o chão. Um rato atravessou o chão no canto e Chloe olhou pensativa. "Acho que não estamos mais no Kansas."

Ela foi servida com água e um pedaço de pão velho, mas ninguém lhe dizia nada, como quanto tempo ela ficaria ali, porque estava sendo presa. Ninguém ofereceu a ela um advogado ou um telefonema, mas era realmente esperar muito. Em algum momento ela deve ter adormecido porque ela acordou violentamente quando alguém bateu alguma coisa contra as barras. Ela se levantou e olhou para a escuridão. "Marion." O homem não era muito mais alto que ela, careca, e com um sorriso sinistro no rosto. Chloe o odiou instantaneamente.

Ela tinha pelo menos conseguido fazer a conexão com o que estava acontecendo ali, as pessoas pensavam que ela era Marion. Chloe deduziu, baseada na pergunta sobre o paredeiro de Robin Hood, as roupas, e o fato de que mais cedo naquela noite ela tinha vestido a fantasia da mulher e agora estava sendo confundida com Donzela Marion, a Donzela Marion.

Baseada em todos esses fatos e a sensação de repulsa que sentia com a presença do homem em sua frente, ela arriscou. "Xerife." Ela aproximou-se das barras e o homem assentiu pra ela.

"Onde está Robin Hood?" Ele perguntou, aquele sorriso nojento ainda no rosto.

"Provavelmente onde você o deixou." Chloe brincou.

"Onde está Robin Hood?" O sorriso dele nunca desaparecendo.

"Você tentou a geladeira? Não me pergunte porque mas quando não consigo encontrar minhas chaves, elas estão sempre na geladeira." Chloe sorriu, divertindo-se.

"Onde está Robin Hood?" Ele perguntou de novo, seu sorriso sumindo um pouco.

"Ele foi ver o mago." Chloe fez uma cara e encostou nas barras.

"Onde está Robin Hood?!" O Xerife gritou desta vez e Chloe se afastou um pouco.

"Eu não sei." Ela gritou de volta.

O Xerife assentiu ao guarda que abriu a cela e puxou Chloe. "Talvez um pouco de ar puro refresque sua memória."

"Eu duvido, mas se você acha que pode ajudar." Chloe sorriu docemente pra ele enquanto era arrastada para fora.

**********

Chloe tentou mover o pescoço, desejando encontrar uma posição mais confortável. Ela já tinha uma dor por ter adormecido sobre a pedra e agora isto. "Então eles realmente puniam as pessoas." Seu pescoço e pulsos estavam doendo de estarem presos na engenhoca de madeira, suas costas não estavam melhores por estar inclinada há tanto tempo, suas pernas ameaçavam ceder e ela estava morrendo de vontade de ir ao banheiro.

"Não se preocupe, senhorita." Uma mulher passou, seu rosto coberto pelo capuz de uma capa, mas de onde estava Chloe conseguiu ver um sorriso em seu rosto. "Eu tenho a sensação que você não ficará presa aqui por muito tempo."

Chloe se mexeu confusa enquanto a mulher se apressava em seu curso e um rosto familiar surgia do castelo.

"Então, sua memória voltou afinal?" O Xerife perguntou, Guy, que ela assumia ser Guy de Gisborn atrás dele estoicamente.

"Na verdade sim." Chloe soprou o cabelo do rosto. "Eu nem sempre deixo minhas chaves na geladeira, algumas vezes eu deixo na pia do banheiro."

"Talvez uma surra traga alguma coisa à sua mente."

"Eu garanto que você se engana." Chloe olhou para o homem.

"Uma surra?" Guy olhou de Chloe para o Xerife.

"Você tem um problema com isso?" O Xerife perguntou. "Um problema com a punição de uma traidora? Uma traidora que está acobertando Robin Hood bem debaixo de nossos narizes pelos últimos dois anos?"

"Não, meu Senhor." O rosto de Guy endureceu.

"Dez." O Xerife assentiu para outro guarda que deu um passo à frente e puxou um chicote do cinto.

"Isso não vai acabar bem." Chloe ofereceu enquanto um guarda tirou Chloe da engenhoca e ela massageou os pulsos.

"Tenha fé, minha Senhora." O guarda disse enquanto a levava para o poste.

"Certo, porque ter fé nunca terminou com a pessoa sendo morta." Chloe disse sarcasticamente e para sua surpresa o guarda sorriu e piscou pra ela.

Chloe franziu a testa enquanto ele amarrava seus pulsos sem muita força ao poste, ele piscou de novo e se afastou. Alguma coisa muito peculiar estava acontecendo. Ela fez uma careta quando ouviu o som do chicote atrás dela. "Última chance, minha querida." O Xerife estava de repente em seu ouvido e a respiração dele em seu pescoço fez Chloe tremer de repulsa. "Onde está Robin Hood?"

Chloe virou um pouco a cabeça para o homem. "Eu deduzo que no mesmo lugar onde sua alma está se escondendo."

"Você está... engraçadinha de repente." O Xerife disse e Chloe sorriu. "Isso não foi um elogio." Ele olhou feio e se afastou. "Comece." O Xerife disse. "Eu volto depois da chicotada número cinco."

"Mal posso esperar." Chloe disse nervosamente. Suas costas ficaram tensas esperando o golpe. Ela podia sentir a respiração atrás dela e então ouviu um barulho. Ela virou a cabeça para o lado e viu a ponta do chicote presa no poste por uma flecha. Seu coração pulou na garganta e ela se virou para o outro lado no momento em que o Xerife gritou.

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DOIS

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