Nothing Remained But Your Eyes (8/8)

 Título: Nada Restou Além Dos Seus Olhos

Resumo: No final de sua vida, Oliver Queen pede à mais poderosa feiticeira do universo que lhe conceda um desejo. Agora ele tem uma nova chance de viver o que perdeu uma vez.

Autora: tennysonslady

Classificação: NC-17

Nota da Autora: Um dos meus poetas favoritos é Neruda, e muitas das minhas histórias foram escritas ancoradas em versos dos poemas de Neruda. Cada parte desta história que eu quero contar é ancorada pelo Soneto XC dos Cem Sonetos de Amor.
Anteriores: 01 :: 02 :: 03 :: 04 :: 05 :: 06 :: 07



Epílogo

Seus olhos estavam cansados, seus dedos perto de sangrar. Pelas últimas semanas Chloe vinha freneticamente buscando pelo globo, exaurindo cada recurso a disposição da LuthorCorp. A venda tinha sido rápida, eficiente, e completamente secreta. Ela não conseguia acreditar que Lex tinha puxado o tapete bem debaixo dos seus pés.

E o bastardo teve a coragem de desaparecer da face da terra e deixá-la responsável pela fusão. 

"Maldito, maldito bastardo", Chloe murmurou. Ela estava se agarrando a raiva e ao pânico. Era a única maneira de se segurar com o mundo inteiro sobre seus ombros. Se ela estivesse furiosa o bastante com Lex, não cederia a pressão da mídia, não começaria a chorar às incessantes imagens na TV mostrando a superfície vazia do oceano onde diziam que o jatinho privado de Lex caíra.

Só Lex Luthor podia ser bastardo suficiente para de fato morrer depois de vender sua empresa para um estranho.

Chloe jamais deveria ter concordado com Lex e sua fantástica ideia de colocá-la num papel tão crítico dentro da empresa. Os membros da diretoria não deveriam ter concordado. Mas depois de seu papel na prisão de Lionel e o pesadelo que tudo virou, esse era o menor dos males. Agora este mesmo lugar a colocava numa posição que pedia que ela encarasse o novo comprador da LuthorCorp e ainda agisse como se fosse uma dádiva.

Embora, verdade seja dita, olhando o último relatório financeiro e os primeiros gráficos do primeiro trimestre, o homem era na verdade um salvador. O herói.

Mas isso não era desculpa para os covardes e preguiçosos da diretoria que se abstiveram da inspeção inicial e audição da equipe do novo dono.

"Srta. Sullivan, sua visita está aqui", veio o anúncio frio e profissional pelo telefone.

"Por favor. Dificilmente é uma visita", Chloe respondeu, sabendo que o homem não podia ouvir. Não doía ficar do lado bom de uma fusão, afinal. "Mande-o entrar."

Chloe se levantou. Ela fechou o laptop, fechando as notícias e vídeos sobre o desaparecimento de Lex. Não seria bom o novo diretor administrativo encontrá-la passando suas horas de trabalho de modo tão improdutivo.

Ele entrou na sala com inabalável confiança, vibrando com um sorriso fácil. Chloe sentiu a sala se mover devagar. Seus olhos se estreitaram para um foco específico, e a imagem dele preencheu sua visão. Ela ouviu o sangue em sua cabeça enquanto era bombeado levemente para sua sobrevivência. Chloe engoliu seco.

Uau.

Ele estendeu a mão. Ela se xingou por ter sido tão lenta em apertá-la. E então ela ergueu a mão e ele a segurou num aperto de mão caloroso. Chloe jurou que sua palma queimou e marcou a dele -- ela estava muito quente.

Ela disse a si mesma para ser profissional, ter uma conduta de negócios. Chloe assistira Lex em reuniões de negócios suficientes para saber o que dizer. 

Então ela abriu a boca e veio o cumprimento, "Uau." E ela estava resfolegante. Maldição.

Ao ouvir a palavra, o homem ergueu as sobrancelhas. "Eu devo dizer, que isso provavelmente resume minha reação inicial a empresa. Oliver Queen", ele se apresentou.

"Claro que você é Oliver Queen", ela disse apressada. Ela franziu a testa, completamente perdida. Ela tinha feito isto antes. Com pessoas que tinham muito mais dinheiro que Oliver Queen. "Desculpe. Eu sou Chloe Sullivan. E normalmente sou bem melhor que isso."

Mas seu mundo já havia parado quando ele sorriu.

Oliver balançou a cabeça enfaticamente. "Não precisa se desculpar. Eu sei do que você é capaz, Srta. Sullivan." Ela inclinou a cabeça para o lado, então se endireitou imaginando como deveria estar parecendo. Como uma adolescente apaixonada. "Eu fiz minha pesquisa antes de gastar bilhões, especialmente numa empresa tão mal administrada como a LuthorCorp."

"Tivemos um ano difícil", Chloe começou. Era uma fusão. Deveria haver uma limpeza.

"Em uma fusão, sempre há casualidades."

E ele ia demiti-la. Ele provavelmente foi até ela com este único propósito e seu Uau certamente não ajudou-o a mudar de ideia ou tomá-la como uma profissional capacitada. Seria justo. Ela ganhou o cargo logo depois da universidade e somente por causa da gratidão de Lex.

"Quanto tempo eu tenho?" ela perguntou.

"Temos até o fim da semana para preparar os papeis de demissão do resto da diretoria. Você não achou que eu fosse deixar você fazer sozinha, pensou?"

Chloe piscou.

"Eu vou fazer com você."

Demitir todos os outros. Claro. Mas ainda assim ela não podia evitar o arrepio que corria por sua espinha. Aquilo era exatamente o que ela não precisava. Normalmente ela não era assim. Ela trabalhou muito próxima a Lex durante tanto tempo, viu homens tão bonitos quanto Queen. Mas seu sangue não decidia de repente correr tão apressado em suas veias. Não até agora.

Ela umedeceu os lábios. "Você quer que eu fique?"

"Eu quero que você trabalhe para mim", ele disse claramente. E foi quando Chloe percebeu que ele ainda segurava sua mão. "Entenda -- Este será seu último emprego."

Chloe deu um sorriso. Ela tinha todas as defesas prontas e a fusão se mostrava completamente diferente do que ela havia esperado. Embora ela tivesse que admitir, por nunca ter visto Oliver Queen tão perto, o ambiente ao redor dele era inebriante.

"Eu não sou uma secretária, Sr. Queen."

"Você era a vice-presidente de Lex. Eu não te insultaria assim. Você trabalharia ao meu lado."

A proposta era anormal. Claro que alguém como Oliver Queen já tinha um braço direito. Era anormal, mas ainda assim, estranhamente familiar. Chloe ergueu as sobrancelhas. "Ser sua Sidekick?"

A isso, ele lhe deu um sorriso torto. E Chloe se perguntou se ele não percebia que ainda segurava sua mão, o que poderia certamente ir para o Livro dos Recordes. "Suas palavras, não minhas."

Ela meio que gostava da palavra.

"Obviamente, Sr. Queen, eu gostaria de conversar sobre os termos." Bem, ela tinha coragem. Todo mundo estava sendo demitido e ela queria discutir termos. Chloe ainda tinha certeza que se conseguisse irritá-lo e ele caísse, ele teria que fazer um acordo.

"Claro. Eu vi uma cafeteria aqui perto. Por que não vamos tomar um café e conversamos?"

Aquela cafeteria. Perto da Watchtower que Lex preparou para ela como esconderijo do pai dele. Ela ainda morava ali. Havia uma animação em saber que ele gostava de um lugar tão perto de casa. Imaginou como seria divertido tê-lo parado no centro da sala de sua Watchtower. Ela imaginou e pensou como isso era estranho. Ele não combinaria com o lugar.

"Uma reunião de negócios então."

Não um encontro. Ela não tinha encontros. E seria especialmente estranho pensar em um encontro com o próprio chefe.

"Só por curiosidade, de que tipo de termos estamos falando?"

"Eu quero ficar livre para trabalhar em outros projetos. Eu odiaria que minha vida inteira girasse em torno do trabalho e de você", ela pontuou. "Não posso ficar presa num prédio o tempo todo."

"Ligada ao mundo real. Parece justo", ele disse.

"E eu odiaria se você começasse a listar conflitos de interesse."

"Então sem laços", ele disse lentamente.

"Não gosto de laços."

"Bem, eu sou o tipo de chefe que requer muito envolvimento. Mas podemos começar do jeito que você quer", ele disse magnanimamente. "Eu vou te fazer mudar de ideia."

"Acho que não." Chloe deu risada. Ela olhou para suas mãos ainda unidas, perguntando-se se deveria puxar a sua primeiro. Lex nunca teve esse tipo de problema com nenhum dos convidados que recebiam para as reuniões. "Eu estou ansiosa para trabalhar com você, Sr. Queen."

Ele sorriu para ela, e Chloe se perguntou se ele podia ver a adoração nos olhos dela. Ela se conhecia muito bem e o suficiente para saber que não conseguiria esconder seus pensamentos. Ele era o homem mais bonito que ela já tinha visto.

Lentamente, Chloe puxou sua mão. À ação, ele pareceu também sair do transe. Oliver se virou e caminhou em direção a porta. Ele estendeu a mão para a maçaneta, então se virou de volta para ela. Chloe olhou para ele com atenção.

Oliver tossiu contra seu punho, então disse, "Você me parece alguém que desfrutaria de um livro antigo que encontrei em uma das propriedades que adquiri há alguns anos."

Se ela ganhasse um dólar a cada vez que um homem dissesse isso para ela, ela teria um dólar.

"É um livro de mitologia egípcia."

"Por que você pensaria isso?"

Oliver assentiu de volta para ela, e Chloe olhou na direção que ele olhava. Ela usava um broche de escaravelho na blusa. Seu favorito. Ela o tocou. "Eu comprei na loja de um museu."

Oliver então voltou para perto dela. Chloe se recostou contra a mesa.

"Você sabia que eu fui a uma escavação há alguns anos?"

"Eu me lembro de ter visto", ela disse animada. Oliver Queen se sentou na cadeira em frente a mesa dela. "Eu visitei a exibição de Ísis e Osíris que você financiou." Ela teve uma crise alérgica logo depois de Lois dizer que estava partindo, e Lex a levou para casa imediatamente. Mas ela se lembrava do documentário da expedição de Oliver Queen. Era uma obra memorável.

"Você visitou? O que achou?" Ele se inclinou para a frente, e ficou tão perto dela novamente que ela sentiu as ondas de calor emanando do corpo dele.

Chloe ficou vermelha. Ela desejava que ele não notasse, porque não havia uma razão válida para estar tão vermelha. "Achei bem romântica", ela admitiu. "Você me fez acreditar no amor eterno." A declaração foi tão forte que ela precisou acrescentar. "Sendo este o objetivo da exibição significa que você foi bem sucedido."

"Bem, esta era a intenção", ele disse, sua voz um sussurro suave meio rouco que a fez imaginar um céu negro e um universo de beijos.

Estava ficando tarde e sua assistente precisava ir para casa. Ela assinaria o contrato com Queen afinal. "Boa noite, Ollie."

Ele piscou. Ela se perguntou de onde o apelido viera. Possivelmente dos tabloides. Desejou que ele não ficasse ofendido. Em vez disso, ele pareceu tão confuso quanto ela. Mas ele balançou a cabeça e sorriu. "Boa noite, Chloe."

Oliver se levantou e suspirou. Ela deu um passo à frente no mesmo momento. Eles roçaram um no outro e Chloe olhou para cima. Encontrou-o parado muito perto.

E os olhos dele. Castanhos e profundos. Tão profundos que ela imaginou uma vida inteira e mais uma escondida dentro deles.

As mãos quentes dele descansaram em seus quadris. Gentilmente, ele correu o nariz contra o dela. Chloe partiu os lábios e suspirou quando sentiu a boca dele roçar a sua.

Aqueles eram os mesmos olhos castanhos que mantinham o olhar dela quando ela o aceitou dentro de seu corpo apenas uma semana depois, os mesmos olhos castanhos que ela veria quando sonhou naquela noite.

Ela falaria sobre aqueles olhos quando estivesse em pé num vestido branco, escondida parcialmente do mundo sob um véu artesanal. Quando ela prometeu a ele a eternidade, ela pediria em retorno a eternidade para olhar dentro daqueles olhos.

No auge da dor, quando seu corpo se rasgou e espasmou anos depois durante o nascimento de uma criança, quando o mundo sumiu, nada permaneceu além dos olhos dele.

E década após década, beijos e beijos depois, Chloe se sentaria ao lado dele rodeados pelos filhos e segurando a mão dele junto aos seus lábios. "Você é tão bonito quanto no dia em que entrou em minha vida", ela disse a ele. O cabelo dourado tinha ficado cinza. Ela brincava com os fios com seus dedos trêmulos. A pele suave do rosto dele se curvou e enrugou. "Você foi minha vida."

"Você também", ele disse a ela, e naqueles momentos finais ele estava em êxtase.

Os olhos dele eram calorosos e castanhos, memoráveis e Chloe os gravou em sua mente. "Te vejo em breve", ela sussurrou em seu ouvido. E então, ela sorriu para ele porque seu rosto seria a última coisa que ele veria. Chloe pressionou os lábios nos dele e esperou até a respiração dele diminuir. Seu peito parar.

A morte é a pedra em que nosso esquecimento fica mais forte.
Eu te amo. Eu beijo a felicidade em teus lábios. 
Vamos recolher gravetos para a fogueira. Vamos acender uma fogueira nas montanhas.

E o mundo havia girado quando ela conheceu o amor de sua vida, o coração que era ensurdecedor e constante, parou. As cores diminuíram ao redor dela. Chloe viveu num mundo silencioso desde este dia. Foi alguns anos depois que uma adorável jovem entrou na casa, com o comprido cabelo preto e um sorriso cativante.

"Eu vim buscar o livro do meu pai", ela disse.

Chloe assentiu na direção do antigo livro egípcio que ela folheava regularmente desde o dia em que Oliver a presenteou com ele.

A jovem pegou o livro e se virou para partir. Ela parou, olhou de volta para Chloe, então disse, "Isto não tem preço. E eu gostaria de te dar alguma coisa em retorno. Imagine que não existam regras, nem leis, e que você pudesse pedir qualquer coisa. O que você iria querer, Sra. Queen?"

"Eu já tive tudo. Não seria justo pedir mais."

Chloe descansou a cabeça contra o assento e fechou os olhos. Quando ela o fez, em vez da escuridão, foram os olhos de Oliver que ela viu. A jovem deixou o local tão discretamente quanto entrou. Chloe respirou lenta e elaboradamente até sentir a brisa confortavelmente fria tocar sua pele, entrando pela janela aberta.

Chloe abriu os olhos. E lá estava ele, parado na varanda, lindo, esguio e jovem, vestindo a jaqueta verde que ela tanto adorava. Ela se levantou do assento com toda a leveza que conseguia se lembrar.

Oliver estendeu os braços para ela. Sem hesitação, Chloe entrou naquele círculo forte e ele a abraçou com junto a ele. O Arqueiro Verde disparou a flecha no céu escuro, prendendo-a em algum lugar que ela não podia ver e Chloe se perguntou se a flecha atingira uma estrela. Chloe passou os braços ao redor do pescoço dele e o puxou para um beijo.

"Você demorou, herói."

Ele sorriu. Chloe tirou os óculos dos olhos dele. "Acredite, professora. Eu estava ansioso e impaciente durante todo o tempo de espera." Ele capturou os lábios dela num beijo profundo.

"Estou pronta quando você estiver", ela disse.

"Então segure com força."

"Eu nunca vou soltar", ela respondeu.

E envolvida pelo braço forte, Chloe voou da varanda pelo céu. Ela olhou brevemente na direção de casa que tinha compartilhado com Oliver, viu seus filhos crescidos se juntarem ao redor do corpo deixado ali. Eles eram fortes, eram seus filhos. Eles eram Chloe Sullivan e Oliver Queen, combinações de todas as vidas que tiveram juntos e agora se lembravam. Com um desejo carinhoso para todos eles, Chloe se voltou para seu herói.

Eles estavam voltando para casa.

________________________________________________________________________________