Resumo: Aparentemente, a única coisa que unia Chloe Sullivan e Oliver Queen era uma história. Mas por trás das portas fechadas era um relacionamento acidental que sem nenhuma intenção acabou mudando tudo.
Autora: serafina19
Classificação: NC-17
"Mas não importa com quantas mulheres você durma, Oliver, mais cedo ou mais tarde, você vai perceber... nem todo mundo pode ser comprado com dinheiro, sexo ou um sorriso."
Engolindo sua água, Oliver olhava para a parede em sua frente, tentando tirar essa frase de sua cabeça. Na noite anterior ele tinha deixado de lado a confusão e frustração pelo bem de seu companheiro Hal. E pela expressão da loira atravessando o corredor, tinha sido uma noite de sucesso. Mas apesar da tentação de revirar os olhos, ele acenou educadamente da cozinha e ouviu o leve grito antes dela continuar na direção do elevador.
Esta era a reação que ele costumava receber das mulheres, ou pelo menos, era uma delas. Ele também recebia um tapa no rosto, ou um olhar de indignação ou gritos agudos. Durante anos, Oliver ganhou experiência com cada reação, mas na noite anterior, Oliver mal dormiu porque Chloe Sullivan tinha entrado em sua pele.
Pra começar, ele sempre deduziu que a primeira vez deles juntos seria o ás em sua manga, mas Chloe tinha uma resposta pra isso também. Pois embora ela tenha ficado um pouco abalada com a menção, não deixou isso deter sua objetividade, deixando Oliver reviver aquela noite em sua cabeça ao invés de... o que levou a um banho muito gelado naquela manhã.
E agora sua garganta estava seca de novo.
Enchendo o copo novamente, Oliver bebeu quase imediatamente, sabendo que o líquido não estava ajudando porque não conseguia se lembrar da última mulher que o tinha feito se sentir deste jeito. Não era sobre o fato de que ela disse Não, não era sua profissão, sua aparência ou nada superficial. Era só... algo mais sobre ela que Oliver não conseguia pontuar. Mas ele tinha a intenção de descobrir o que era.
Virando-se, Oliver viu Hal parado perto da fruteira, jogando uma maçã para o alto. "Quer conversar?"
Oliver estreitou os olhos antes de perguntar. "Conversar sobre o quê?"
"Sobre o fato de que você perdeu ontem à noite." Hal respondeu antes de jogar a maçã para Oliver.
Depois de pegar o projétil, Oliver deu uma mordida. "Ontem a noite era sua." Ele então passou por Hal para começar seu treino matinal. "Não vi razão pra te superar nem nada. Nem toda noite tem que ser uma competição."
Hal deu um total de dois passos antes de parar no lugar. "O que leva à pessoa que realmente deu o fora."
Oliver previa aquela conversa desde a noite anterior, então ele reagiu calmamente, colocando a maçã na mesa e substituindo-a por um de seus pesos. "Se você está falando sobre Chloe Sullivan, ela não deu o fora, nós apenas conversamos. Fim da história."
Tom agitado e evitar contato visual era uma atitude interessante para Oliver, porque ele tinha que saber que Hal não acreditaria. Além do mais, desde quando ele apenas conversava com uma mulher? "Por favor não me diga que você está mais na dela do que parece agora. Porque sem ofensa, as chances de ela te conhecer de verdade... são pequenas."
Oliver revirou os olhos quase imediatamente. "Hal, é de mim que estamos falando. Mesmo que eu estivesse interessado, e eu não estou, quando eu tive dificuldade em um relacionamento?"
Ele tinha razão, já que os únicos relacionamentos que Hal tinha visto de Oliver desabaram completamente, talvez até de propósito. Mas enfim, a resposta não era fácil porque era muito mais caro ver Oliver desde que ele se mudara para Metrópolis.
Então Hal respondeu. "Eu não sei, era mais fácil te vigiar quando você estava na Califórnia." E embora ele entendesse a razão inicial para Oliver ter se mudado, "Você sabe, você não me explicou porque ainda está aqui."
"Eu expliquei", Oliver contrapôs. "O problema é que você não aceita minha resposta."
Sua expressão preocupada, Hal entrou na frente de seu amigo, não querendo que essa fosse sua verdadeira resposta. "Você não pode continuar se punindo pelo que aconteceu naquela escola." Quando ele não respondeu, soltou o peso e se afastou, deixou Hal sem opção a não ser acrescentar. "Você salvou aquele lugar e eu sei que você fez muita coisa boa nos bastidores. Se você não consegue se perdoar depois de tanto tempo, nunca vai conseguir."
Olhando para as próprias mãos, Oliver sabia que não havia sangue nelas, nem houve naquele dia, mas a lembrança era algo que ele não conseguia esquecer. "Talvez seja melhor."
"Ok, sério, o que aquela mulher te falou ontem à noite?"
Oliver deu risada, virando-se de lado para olhar para Hal. "Que eu sou um hipócrita."
Hal deu de ombros, sabendo que ele já tinha sido chamado de coisa pior. "Bem, isso não é tão-"
"E que eu tinha mais a oferecer ao mundo do que um sorriso."
"Espera", Hal disse rapidamente, testa franzida. "Isso é uma coisa boa."
"Sim... é sim", Oliver respondeu, e aí é que estava o problema, mas ele tinha toda intenção de desvendar isso.
"Eu realmente não vejo qual é o problema", Lois disse, seu telefone seguro contra o ouvido, com Chloe reclamando sobre como ela tinha cruzado uma linha proverbial ou algo assim.
Oh, como explicar isto, Chloe pensou enquanto se recostava contra a porta de seu apartamento. "Lois, você deu a ele meu endereço." Claro, podia ser muito pior, ele poderia ter aparecido, mas essa ideia ficaria pra sempre em sua mente.
"Ele está tentando te pagar", Lois racionalizou, sabendo que considerando a situação de Chloe, ela não deveria recusar dinheiro. "Mas ele disse que sua caixa postal não estava funcionando." Então ele apareceu no Planeta Diário, pedindo a Lois o endereço de Chloe. Não parecia nada demais, e mesmo que fosse, Sr. Queen era um homem fácil de se agradar, então Lois cedeu.
Infelizmente, Lois não sabia que o terceiro cheque que Oliver tinha lhe mandado ainda estava intacto. Olhando ao redor do apartamento, Chloe pensou em contar a sua prima o que ela tinha causado, porque ele sabia muito bem que a caixa postal estava funcionando e o que ele mandou não caberia em uma. Era algo que ela não podia devolver facilmente, então isso o satisfaria no mínimo. Mas Lois jamais poderia descobrir sobre aquela entrega em particular porque seu modo 'relacionamento' voltaria com tudo. Então Chloe mordeu a língua, calculando quais vizinhos poderiam lhe ajudar.
"Bem, da próxima vez que Oliver Queen aparecer com um cheque... pegue pra você."
Parando de digitar, Lois recostou-se contra a cadeira, recapitulando os eventos em sua cabeça. "Vamos, prima, então ele tem seu endereço e te mandou um pagamento. Sério, o que eu estou perdendo nessa história?"
Tudo.
Só que era uma resposta que Chloe não admitiria em voz alta, então suspirou. "Não é nada Lois. Eu te vejo depois."
Desligando, Chloe suspirou novamente enquanto observava os vários tipos de flores que tomavam conta da mesa da cozinha e sua mesa de café. Era um exagero, mas ela supôs que ele soubesse disso. Oliver nem tentou esconder que fossem dele, não que Chloe conhecesse outra pessoa que lhe mandaria flores deste jeito. O nome dele não estava no cartão, mas a mensagem o entregava: Obrigado pelo artigo.
E veja, se ela tivesse recebido aquelas flores na semana anterior, diabos, três dias antes, ela teria engolido a frase. Mas duas noites atrás, ela tinha deixado lhe dado o fora, desejando que fosse o adeus definitivo. Infelizmente, ele não estava compreendendo o recado, então ela pegou o cartão, pronta pra lhe dar um sermão.
Mas enquanto discava o número, Chloe sentiu-se hesitar. Era exatamente isto que ele queria. Ele queria lhe deixar nervosa, a ponto de ligar pra ele. Todo esse tempo, eles vinham se correspondendo por e-mail, significando que ele não tinha seu número.
Bela tentativa, Oliver, ela pensou com um risinho, decidindo que era melhor deixar o assunto pra lá. Se ele aparecesse em seu apartamento, ela poderia lhe receber com uma ordem judicial para manter distância. Então ela jogou os cartões na mesa, só para ouvir uma batida na porta. Aproximando-se, Chloe ficou levemente hesitante em responder, pois até onde sabia, poderia haver uma serenata do outro lado da porta.
Felizmente, era só sua vizinha mais velha do apartamento ao lado, uma amante da natureza, então os olhos de Chloe se iluminaram, sabendo que ela facilmente aceitaria alguns dos buquês. "Sra. Yates, como vão as coisas?"
"Tudo bem."
"E Clarence, como ele está?"
Ela sorriu antes de responder. "Cinquenta anos de casamento e ele não consegue abaixar a tampa do vaso... mas eu ainda o amo." Estendendo a mão, Sra. Yates pegou a de Chloe antes de seu sorriso aumentar. "Mas eu só queria dar uma passadinha pra dizer... que estou feliz por você."
"Obrigada", Chloe respondeu, embora não soubesse exatamente porque.
"Aquele tal Jimmy tomou muito do seu tempo, docinho, e já era hora de encontrar alguém que te admira pelo que você é."
Chloe arregalou os olhos imediatamente. "Oh, está falando das flores? Elas são..."
"O andar inteiro está falando nisso. Sabe, um pouco de romance é bom pra você."
Não era o que Chloe precisava ou queria ouvir, nem de perto. "Não, sério, Sra. Yates, não estou num relacionamento."
"Claro que não está, docinho." Com um sorriso, Sra. Yates começou a voltar para seu apartamento e parou na frente de sua porta e olhou de volta para Chloe. "Oh, e não se preocupe em não fazer barulho quando ele estiver aqui. Sempre podemos desligar nossos aparelhos auditivos."
Quando a vizinha fechou a porta, Chloe fechou os olhos e respirou fundo. Ela ia matá-lo. Lenta, dolorosamente, e com certeza ia cortar seu órgão favorito no processo, mas ele estava morto.
A última coisa que ela queria era ser o assunto de seu prédio. Ela amava os vizinhos, mas também sabia como eles amavam fofocar. Claro, o assunto morreria, mas por causa daquilo, em todo lugar que ela olhava em seu apartamento, tudo que ela conseguia ver... era ele. Então ela mandou as consequências para o inferno e cedeu, ligando para o celular dele. Aquilo ia parar de uma vez por todas. Sem mais desculpas.
Ouvindo o barulho que significava que ele tinha atendido a ligação, Chloe não se deu ao trabalho de cumprimentá-lo. "Flores? Sério?"
Olhando para sua papelada, Oliver sorriu ao reconhecer a voz dela. "Chloe, oi."
A soberba era clara em sua resposta, mas Chloe não queria favorecê-lo ainda mais. "Você não pode estar tão faminto de atenção feminina que chega ao cúmulo de fingir que é um cavalheiro."
"Quem disse que estou fingindo?" ele disse inocentemente, sabendo que aquela ligação viria, então ele estava preparado para as acusações que ela lhe faria. "Você não aceita nada mais que eu tento te dar como compensação."
Era uma desculpa decente, mas Chloe conseguia ouvir a mentira em sua voz. "Você e eu sabemos que isto não é sobre o artigo, então chega dessa porcaria." Olhando para os buquês na mesa da cozinha, ela não pôde deixar de balançar a cabeça. "Da última vez que chequei, se você tem sucesso em seduzir uma mulher, você não se importa com a manhã seguinte. Ou os meses seguintes. Contanto que elas não lhes transmitam DSTs ou fiquem grávidas, você continua com seu jeito cafajeste."
"Nem sempre", Oliver esclareceu enquanto se levantava da mesa pra ir se certificar que a porta estivesse fechada. Quando o fez, ele atravessou a sala até a janela, olhando atentamente para o horizonte de Metrópolis. "Você já se perguntou porque nossos caminhos vivem se cruzando?"
Todo maldito dia.
Porque embora ele tivesse saído de seu caminho pra manter contato, nos últimos três meses, houve mais encontros acidentais do que ela queria admitir. Mas ela se agarrou a uma verdade que podia usar. "Eu tento pensar em você o mínimo possível."
Uma resposta segura, embora não fosse uma verdade, mas Oliver deixou pra lá. "Bem, eu ando pensando nisso... e percebi que esse é o tipo de situação ideal. Nós dois somos solteiros, não queremos um relacionamento, mas... ainda assim temos necessidades."
Chloe bufou, parece que ele não tinha levado suas palavras da outra noite com muita seriedade, não que isso a surpreendesse, mas ele não teria muito sucesso com essa oferta. "Odeio estourar sua bolha, mas eu procuro algo melhor que um bilionário playboy."
"Como o quê?"
Piscando, Chloe estendeu a mão para segurar as costas do sofá. Isso a pegou de surpresa. "Como é?"
Depois de uma risada seca, Oliver esclareceu. "O que você procura?"
"Sem ofensas", Chloe respondeu com uma risada também. "Mas você é... a penúltima pessoa que eu consideraria."
A boca de Oliver se abriu enquanto ele dava um passo para trás, divertindo-se um pouco com a resposta. "Bem, é bom saber que você gosta mais de mim do que de Lex."
"Isso não é um elogio."
"Na verdade é." Especialmente considerando a fonte, sabendo que ela julgava o caráter com justiça. "Não são muitas as pessoas que o vêem pelo que ele realmente é."
Demorou anos pra descobrir isso, mas essas eram as consequências de fazer amizade com o cara na escola e vê-lo se tornado o próprio pai. "Mesmo que seja verdade, é porque as pessoas são cegas pelo status e poder que ele tem na cidade. Normalmente, com um buquê de flores, as falhas de um cara podem ir janela afora."
"Você é realmente astuta."
"E eu sei que você é mais esperto do que isso", Chloe imediatamente atirou de volta, sentando-se no sofá, tentando colocar a conversa de volta aos trilhos. "O que faz você pensar que eu concordaria com essa oferta?"
Pra ela, era uma pergunta válida, mas como Oliver já tinha admitido, ele vinha pensando no assunto. Hal estava certo, Chloe jamais iria querer conversar com ele novamente, mas havia esta... coisa que parecia segui-los. E Oliver sabia que ela sentia também.
Então desse jeito, eles teriam o que queriam. Uma noite longe dos problemas do trabalho, mas sem laços. Havia também benefícios adicionais pra ela. "Isto evitaria que você perdesse tempo se vestindo em roupas que você não gosta e lidando com companhia desagradável. Pode também evitar que seus amigos se preocupem com sua falta de vida social."
"Porque você é tão melhor." Ele podia estar certo sobre Lois e Clark se preocuparem com ela, mas esta solução nem Lois aprovaria, apesar do que já tinham feito.
Mas Oliver apenas deu de ombros. "A decisão é sua."
Silêncio preencheu o ar por alguns segundos, as palavras dele sendo registradas enquanto Chloe percebia que ele estava fazendo a oferta, mas de jeito nenhum estava lhe forçando. Isso deixava uma importante pergunta a ser feita. "Por que eu?"
"Estou aceitando seu conselho... do meu jeito. E você também é adequada em certas áreas."
A respiração dela parou quando ouviu isso, incerta do que ele realmente queria dizer com aquilo. Ele tinha que saber que ela estava apenas lhe provocando no clube, isto era subestimar suas... habilidades. Então isso significava que ele estava fazendo o mesmo?
Se liga, Sullivan, você não se importa com o que ele pensa.
Acordando do infeliz transe, Chloe se recostou contra o sofá, relaxando sua posição. "Eu não sei, não é como se tivesse crescido pra ser a rapidinha de alguém."
"Eu também seria a sua", foi sua resposta confiante, algo que surpreendeu Chloe um pouco, já que ele parecia quase feliz com a ideia.
Mas isso não importava para Chloe, a ideia toda era terrível. "Bem, acho que vou ter que passar."
Bem, valeu a tentativa, ele pensou, mas pelo menos tinha passado a bola pra ela agora. "Você tem meu número se mudar de ideia." Com isso, ele desligou, deixando Chloe sentada no sofá, perguntando-se se aquela conversa tinha realmente acontecido.
Sentada na mesa de Lois, Chloe esperava pacientemente por sua prima, que ela pensou que estaria lá naquele momento. Claro, ela tinha chegado cinco minutos antes do horário combinado para saírem pra jantar, mas sua prima não lhe deu nenhuma indicação de que se atrasaria. Não que normalmente desse, mas nem Clark estava na redação, o que levou Chloe a contar os minutos que faltavam.
Um minuto depois, um rosto familiar entrou na sala, só que não o que ela queria encontrar ali. Mas bateu todas as teorias malucas se formando em sua cabeça, então Chloe se levantou da mesa e acenou pra ele. Sorrindo, ele se aproximou.
"Chloe, como vão as coisas?"
"Tudo bem, Jimmy", Chloe respondeu. "Você viu Lois?"
Jimmy assentiu antes de olhar por sobre o ombro. "Acabamos de terminar uma entrevista, mas ela deve voltar logo. Acho que ela está só-"
"Está pronto pra ir?" outra voz falou, uma mulher que arregalou os olhos ao ver Chloe parada ali. "Oi."
Chloe ficou perplexa ao olhar para a outra mulher. Sua presença não a surpreendeu, não, foi o anel em seu dedo. E não era um anel qualquer, mas exatamente o mesmo que ela tinha usado há não muito tempo atrás.
Sério?
Mordendo a língua para não perder o controle, Chloe respirou fundo. Como Jimmy podia fazer isso? Ele estava longe de ser impulsivo e normalmente era a pessoa mais atenciosa que conhecia, mas onze meses aparentemente havia sido tempo suficiente para tirar um anel de noivado do dedo de uma mulher e entregar a outra.
Jimmy sentiu sua frustração, de fato já esperava. Mas então, ele também esperava ter contado a ela primeiro. Virando-se para sua noiva, ele pediu calmamente. "Karen, você pode nos dar um minuto?"
Karen saiu sem mais uma palavra, sabendo que a conversa não seria fácil. Quando ela estava longe, Chloe balançou a cabeça antes de quebrar o silêncio. "Eu... não sabia que era tão sério."
Engolindo seco, Jimmy baixou a cabeça, quase envergonhado. Não era assim que ele queria que tivesse acontecido. "Está tudo bem, certo? Não é muito cedo?"
Doía a ela, mas Chloe encontrou um jeito de assentir. "Jimmy, chegamos a um acordo sobre nosso relacionamento. Tomamos a decisão certa e eu não vou te impedir se você encontrou alguém mas... eu certamente não vou ao casamento."
"Eu duvidava que você fosse querer ir." Olhando para Karen por sobre o ombro, ele sentiu uma pontada no estômago, mas sabia que Chloe estava mais calma do que gostaria. "Desculpe a pressa, mas eu tenho que ir. Só passei aqui pra deixar a câmera e pra-"
"Não vou te segurar", Chloe respondeu, não querendo continuar a conversa. "Parabéns, Jimmy, eu... espero que você encontre a felicidade desta vez."
"Obrigado, Chloe."
A parte triste é que ela tinha sido sincera em cada palavra. Ela desejava felicidade pra ele, mas quando ele se virou e olhou para a noiva, a sacarina no ar quase fez Chloe vomitar, e ela teve que se sentar. Àquela altura, ela não tinha ideia a quem pertencia a mesa em que estava, mas honestamente não estava nem aí. Tudo que conseguia pensar era na visão em sua frente, não importa o quanto quisesse desviar o olhar.
Ela deveria ter previsto; era assim que a vida funcionava. Um passo para a frente, oito passos para trás. Tomando o café mais rápido do que pretendia, Chloe voltou para a mesa de Lois para pegar o café que tinha trazido pra ela, tentada a jogar em seu laptop. Sua prima sabia, porque Jimmy estava longe de ser uma pessoa sutil especialmente quando estava feliz. Bem, pelo menos, era assim quando estava genuinamente feliz. De qualquer forma, Lois sempre parecia saber esse tipo de coisa, então ela...
Claro, aquele estúpido encontro duplo. Lois queria lhe dar alguém para suavizar o golpe. Ciente disso, Chloe tomou o segundo café, não querendo desperdiçá-lo, nem o dinheiro que gastou com ele. Infelizmente, ficar sentada ali não estava ajudando, já que podia ver algumas pessoas olhando pra ela na sala de redação, e jogou o café no lixo.
Quase um ano havia se passado, ainda assim o sentimento era o mesmo. Chloe normalmente não se importava que as pessoas falassem sobre ela, mas aquilo... trouxe lembranças que ela tentava enterrar e ela não conseguia ficar ali nem mais um segundo.
Pegando suas coisas, Chloe foi em direção a porta, mas quando estava prestes a abri-la, Lois entrou e percebeu a presença de sua prima. Parando no lugar, Lois deu um rápido olhar no telefone. "Eu juro que não estou atrasada desta vez."
"Cancelado, Lois." Chloe mordeu a língua enquanto continuava em direção a saída, passando por sua prima. "Não posso esta noite."
"Por que não?"
Balançando a cabeça, ela virou-se onde estava e encontrou os olhos de sua prima. "Porque você sabia sobre Jimmy e eu... não posso, não esta noite."
Lois deveria saber. Sempre que Chloe conseguia uma vitória ultimamente, algo acontecia para a entristecer. Lois desejava que ele tivesse contado a ela antes, mas aparentemente, as coisas não tinham seguido o plano. "Ele mesmo queria te contar."
Chloe bufou enquanto pressionava o botão do elevador. "A única vez que você deu ouvidos a ele."
Algo do qual Lois se arrependia a cada segundo que passava. A razão pra tê-lo ouvido foi porque Chloe parecia estar melhor e Lois deduziu que poderia dar a sua vida amorosa um tempo, especialmente depois do encontro fiasco do começo da semana. "Vamos, prima, não é como se você ainda o amasse. Não achei que você fosse se importar."
"Eu não me importo", Chloe confirmou, mas aquela não era a questão. Todo mundo disse que ela estava melhor sem ele, que ela merecia coisa melhor, ainda assim era ela quem estava na pior. Ela ainda estava tentando encontrar um rumo e tinha um calendário social do tamanho de um post-it, enquanto ele estava indubitavelmente feliz e arranjado profissionalmente.
Vendo a testa franzida de sua prima, Lois tentou animá-la segurando em seu ombro. "Vamos, eu vou instituir uma noite inteira das garotas hoje... e amanhã também."
"Não", Chloe respondeu enquanto tirava a mão de Lois para entrar no elevador. "Eu... tenho outro lugar para ir."
"Como? Tínhamos planos."
Pressionando o botão para fechar a porta, Chloe disse. "Surgiu uma coisa." Felizmente Lois a deixou ir, levando Chloe a pegar seu telefone da bolsa enquanto o elevador descia. Olhando seu histórico de ligações, havia um número em destaque e embora antes Chloe jamais tivesse intenção de ligar pra ele novamente, parecia que era o único remédio para o que ela estava sentindo naquele momento.
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SEIS
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Engolindo sua água, Oliver olhava para a parede em sua frente, tentando tirar essa frase de sua cabeça. Na noite anterior ele tinha deixado de lado a confusão e frustração pelo bem de seu companheiro Hal. E pela expressão da loira atravessando o corredor, tinha sido uma noite de sucesso. Mas apesar da tentação de revirar os olhos, ele acenou educadamente da cozinha e ouviu o leve grito antes dela continuar na direção do elevador.
Esta era a reação que ele costumava receber das mulheres, ou pelo menos, era uma delas. Ele também recebia um tapa no rosto, ou um olhar de indignação ou gritos agudos. Durante anos, Oliver ganhou experiência com cada reação, mas na noite anterior, Oliver mal dormiu porque Chloe Sullivan tinha entrado em sua pele.
Pra começar, ele sempre deduziu que a primeira vez deles juntos seria o ás em sua manga, mas Chloe tinha uma resposta pra isso também. Pois embora ela tenha ficado um pouco abalada com a menção, não deixou isso deter sua objetividade, deixando Oliver reviver aquela noite em sua cabeça ao invés de... o que levou a um banho muito gelado naquela manhã.
E agora sua garganta estava seca de novo.
Enchendo o copo novamente, Oliver bebeu quase imediatamente, sabendo que o líquido não estava ajudando porque não conseguia se lembrar da última mulher que o tinha feito se sentir deste jeito. Não era sobre o fato de que ela disse Não, não era sua profissão, sua aparência ou nada superficial. Era só... algo mais sobre ela que Oliver não conseguia pontuar. Mas ele tinha a intenção de descobrir o que era.
Virando-se, Oliver viu Hal parado perto da fruteira, jogando uma maçã para o alto. "Quer conversar?"
Oliver estreitou os olhos antes de perguntar. "Conversar sobre o quê?"
"Sobre o fato de que você perdeu ontem à noite." Hal respondeu antes de jogar a maçã para Oliver.
Depois de pegar o projétil, Oliver deu uma mordida. "Ontem a noite era sua." Ele então passou por Hal para começar seu treino matinal. "Não vi razão pra te superar nem nada. Nem toda noite tem que ser uma competição."
Hal deu um total de dois passos antes de parar no lugar. "O que leva à pessoa que realmente deu o fora."
Oliver previa aquela conversa desde a noite anterior, então ele reagiu calmamente, colocando a maçã na mesa e substituindo-a por um de seus pesos. "Se você está falando sobre Chloe Sullivan, ela não deu o fora, nós apenas conversamos. Fim da história."
Tom agitado e evitar contato visual era uma atitude interessante para Oliver, porque ele tinha que saber que Hal não acreditaria. Além do mais, desde quando ele apenas conversava com uma mulher? "Por favor não me diga que você está mais na dela do que parece agora. Porque sem ofensa, as chances de ela te conhecer de verdade... são pequenas."
Oliver revirou os olhos quase imediatamente. "Hal, é de mim que estamos falando. Mesmo que eu estivesse interessado, e eu não estou, quando eu tive dificuldade em um relacionamento?"
Ele tinha razão, já que os únicos relacionamentos que Hal tinha visto de Oliver desabaram completamente, talvez até de propósito. Mas enfim, a resposta não era fácil porque era muito mais caro ver Oliver desde que ele se mudara para Metrópolis.
Então Hal respondeu. "Eu não sei, era mais fácil te vigiar quando você estava na Califórnia." E embora ele entendesse a razão inicial para Oliver ter se mudado, "Você sabe, você não me explicou porque ainda está aqui."
"Eu expliquei", Oliver contrapôs. "O problema é que você não aceita minha resposta."
Sua expressão preocupada, Hal entrou na frente de seu amigo, não querendo que essa fosse sua verdadeira resposta. "Você não pode continuar se punindo pelo que aconteceu naquela escola." Quando ele não respondeu, soltou o peso e se afastou, deixou Hal sem opção a não ser acrescentar. "Você salvou aquele lugar e eu sei que você fez muita coisa boa nos bastidores. Se você não consegue se perdoar depois de tanto tempo, nunca vai conseguir."
Olhando para as próprias mãos, Oliver sabia que não havia sangue nelas, nem houve naquele dia, mas a lembrança era algo que ele não conseguia esquecer. "Talvez seja melhor."
"Ok, sério, o que aquela mulher te falou ontem à noite?"
Oliver deu risada, virando-se de lado para olhar para Hal. "Que eu sou um hipócrita."
Hal deu de ombros, sabendo que ele já tinha sido chamado de coisa pior. "Bem, isso não é tão-"
"E que eu tinha mais a oferecer ao mundo do que um sorriso."
"Espera", Hal disse rapidamente, testa franzida. "Isso é uma coisa boa."
"Sim... é sim", Oliver respondeu, e aí é que estava o problema, mas ele tinha toda intenção de desvendar isso.
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"Eu realmente não vejo qual é o problema", Lois disse, seu telefone seguro contra o ouvido, com Chloe reclamando sobre como ela tinha cruzado uma linha proverbial ou algo assim.
Oh, como explicar isto, Chloe pensou enquanto se recostava contra a porta de seu apartamento. "Lois, você deu a ele meu endereço." Claro, podia ser muito pior, ele poderia ter aparecido, mas essa ideia ficaria pra sempre em sua mente.
"Ele está tentando te pagar", Lois racionalizou, sabendo que considerando a situação de Chloe, ela não deveria recusar dinheiro. "Mas ele disse que sua caixa postal não estava funcionando." Então ele apareceu no Planeta Diário, pedindo a Lois o endereço de Chloe. Não parecia nada demais, e mesmo que fosse, Sr. Queen era um homem fácil de se agradar, então Lois cedeu.
Infelizmente, Lois não sabia que o terceiro cheque que Oliver tinha lhe mandado ainda estava intacto. Olhando ao redor do apartamento, Chloe pensou em contar a sua prima o que ela tinha causado, porque ele sabia muito bem que a caixa postal estava funcionando e o que ele mandou não caberia em uma. Era algo que ela não podia devolver facilmente, então isso o satisfaria no mínimo. Mas Lois jamais poderia descobrir sobre aquela entrega em particular porque seu modo 'relacionamento' voltaria com tudo. Então Chloe mordeu a língua, calculando quais vizinhos poderiam lhe ajudar.
"Bem, da próxima vez que Oliver Queen aparecer com um cheque... pegue pra você."
Parando de digitar, Lois recostou-se contra a cadeira, recapitulando os eventos em sua cabeça. "Vamos, prima, então ele tem seu endereço e te mandou um pagamento. Sério, o que eu estou perdendo nessa história?"
Tudo.
Só que era uma resposta que Chloe não admitiria em voz alta, então suspirou. "Não é nada Lois. Eu te vejo depois."
Desligando, Chloe suspirou novamente enquanto observava os vários tipos de flores que tomavam conta da mesa da cozinha e sua mesa de café. Era um exagero, mas ela supôs que ele soubesse disso. Oliver nem tentou esconder que fossem dele, não que Chloe conhecesse outra pessoa que lhe mandaria flores deste jeito. O nome dele não estava no cartão, mas a mensagem o entregava: Obrigado pelo artigo.
E veja, se ela tivesse recebido aquelas flores na semana anterior, diabos, três dias antes, ela teria engolido a frase. Mas duas noites atrás, ela tinha deixado lhe dado o fora, desejando que fosse o adeus definitivo. Infelizmente, ele não estava compreendendo o recado, então ela pegou o cartão, pronta pra lhe dar um sermão.
Mas enquanto discava o número, Chloe sentiu-se hesitar. Era exatamente isto que ele queria. Ele queria lhe deixar nervosa, a ponto de ligar pra ele. Todo esse tempo, eles vinham se correspondendo por e-mail, significando que ele não tinha seu número.
Bela tentativa, Oliver, ela pensou com um risinho, decidindo que era melhor deixar o assunto pra lá. Se ele aparecesse em seu apartamento, ela poderia lhe receber com uma ordem judicial para manter distância. Então ela jogou os cartões na mesa, só para ouvir uma batida na porta. Aproximando-se, Chloe ficou levemente hesitante em responder, pois até onde sabia, poderia haver uma serenata do outro lado da porta.
Felizmente, era só sua vizinha mais velha do apartamento ao lado, uma amante da natureza, então os olhos de Chloe se iluminaram, sabendo que ela facilmente aceitaria alguns dos buquês. "Sra. Yates, como vão as coisas?"
"Tudo bem."
"E Clarence, como ele está?"
Ela sorriu antes de responder. "Cinquenta anos de casamento e ele não consegue abaixar a tampa do vaso... mas eu ainda o amo." Estendendo a mão, Sra. Yates pegou a de Chloe antes de seu sorriso aumentar. "Mas eu só queria dar uma passadinha pra dizer... que estou feliz por você."
"Obrigada", Chloe respondeu, embora não soubesse exatamente porque.
"Aquele tal Jimmy tomou muito do seu tempo, docinho, e já era hora de encontrar alguém que te admira pelo que você é."
Chloe arregalou os olhos imediatamente. "Oh, está falando das flores? Elas são..."
"O andar inteiro está falando nisso. Sabe, um pouco de romance é bom pra você."
Não era o que Chloe precisava ou queria ouvir, nem de perto. "Não, sério, Sra. Yates, não estou num relacionamento."
"Claro que não está, docinho." Com um sorriso, Sra. Yates começou a voltar para seu apartamento e parou na frente de sua porta e olhou de volta para Chloe. "Oh, e não se preocupe em não fazer barulho quando ele estiver aqui. Sempre podemos desligar nossos aparelhos auditivos."
Quando a vizinha fechou a porta, Chloe fechou os olhos e respirou fundo. Ela ia matá-lo. Lenta, dolorosamente, e com certeza ia cortar seu órgão favorito no processo, mas ele estava morto.
A última coisa que ela queria era ser o assunto de seu prédio. Ela amava os vizinhos, mas também sabia como eles amavam fofocar. Claro, o assunto morreria, mas por causa daquilo, em todo lugar que ela olhava em seu apartamento, tudo que ela conseguia ver... era ele. Então ela mandou as consequências para o inferno e cedeu, ligando para o celular dele. Aquilo ia parar de uma vez por todas. Sem mais desculpas.
Ouvindo o barulho que significava que ele tinha atendido a ligação, Chloe não se deu ao trabalho de cumprimentá-lo. "Flores? Sério?"
Olhando para sua papelada, Oliver sorriu ao reconhecer a voz dela. "Chloe, oi."
A soberba era clara em sua resposta, mas Chloe não queria favorecê-lo ainda mais. "Você não pode estar tão faminto de atenção feminina que chega ao cúmulo de fingir que é um cavalheiro."
"Quem disse que estou fingindo?" ele disse inocentemente, sabendo que aquela ligação viria, então ele estava preparado para as acusações que ela lhe faria. "Você não aceita nada mais que eu tento te dar como compensação."
Era uma desculpa decente, mas Chloe conseguia ouvir a mentira em sua voz. "Você e eu sabemos que isto não é sobre o artigo, então chega dessa porcaria." Olhando para os buquês na mesa da cozinha, ela não pôde deixar de balançar a cabeça. "Da última vez que chequei, se você tem sucesso em seduzir uma mulher, você não se importa com a manhã seguinte. Ou os meses seguintes. Contanto que elas não lhes transmitam DSTs ou fiquem grávidas, você continua com seu jeito cafajeste."
"Nem sempre", Oliver esclareceu enquanto se levantava da mesa pra ir se certificar que a porta estivesse fechada. Quando o fez, ele atravessou a sala até a janela, olhando atentamente para o horizonte de Metrópolis. "Você já se perguntou porque nossos caminhos vivem se cruzando?"
Todo maldito dia.
Porque embora ele tivesse saído de seu caminho pra manter contato, nos últimos três meses, houve mais encontros acidentais do que ela queria admitir. Mas ela se agarrou a uma verdade que podia usar. "Eu tento pensar em você o mínimo possível."
Uma resposta segura, embora não fosse uma verdade, mas Oliver deixou pra lá. "Bem, eu ando pensando nisso... e percebi que esse é o tipo de situação ideal. Nós dois somos solteiros, não queremos um relacionamento, mas... ainda assim temos necessidades."
Chloe bufou, parece que ele não tinha levado suas palavras da outra noite com muita seriedade, não que isso a surpreendesse, mas ele não teria muito sucesso com essa oferta. "Odeio estourar sua bolha, mas eu procuro algo melhor que um bilionário playboy."
"Como o quê?"
Piscando, Chloe estendeu a mão para segurar as costas do sofá. Isso a pegou de surpresa. "Como é?"
Depois de uma risada seca, Oliver esclareceu. "O que você procura?"
"Sem ofensas", Chloe respondeu com uma risada também. "Mas você é... a penúltima pessoa que eu consideraria."
A boca de Oliver se abriu enquanto ele dava um passo para trás, divertindo-se um pouco com a resposta. "Bem, é bom saber que você gosta mais de mim do que de Lex."
"Isso não é um elogio."
"Na verdade é." Especialmente considerando a fonte, sabendo que ela julgava o caráter com justiça. "Não são muitas as pessoas que o vêem pelo que ele realmente é."
Demorou anos pra descobrir isso, mas essas eram as consequências de fazer amizade com o cara na escola e vê-lo se tornado o próprio pai. "Mesmo que seja verdade, é porque as pessoas são cegas pelo status e poder que ele tem na cidade. Normalmente, com um buquê de flores, as falhas de um cara podem ir janela afora."
"Você é realmente astuta."
"E eu sei que você é mais esperto do que isso", Chloe imediatamente atirou de volta, sentando-se no sofá, tentando colocar a conversa de volta aos trilhos. "O que faz você pensar que eu concordaria com essa oferta?"
Pra ela, era uma pergunta válida, mas como Oliver já tinha admitido, ele vinha pensando no assunto. Hal estava certo, Chloe jamais iria querer conversar com ele novamente, mas havia esta... coisa que parecia segui-los. E Oliver sabia que ela sentia também.
Então desse jeito, eles teriam o que queriam. Uma noite longe dos problemas do trabalho, mas sem laços. Havia também benefícios adicionais pra ela. "Isto evitaria que você perdesse tempo se vestindo em roupas que você não gosta e lidando com companhia desagradável. Pode também evitar que seus amigos se preocupem com sua falta de vida social."
"Porque você é tão melhor." Ele podia estar certo sobre Lois e Clark se preocuparem com ela, mas esta solução nem Lois aprovaria, apesar do que já tinham feito.
Mas Oliver apenas deu de ombros. "A decisão é sua."
Silêncio preencheu o ar por alguns segundos, as palavras dele sendo registradas enquanto Chloe percebia que ele estava fazendo a oferta, mas de jeito nenhum estava lhe forçando. Isso deixava uma importante pergunta a ser feita. "Por que eu?"
"Estou aceitando seu conselho... do meu jeito. E você também é adequada em certas áreas."
A respiração dela parou quando ouviu isso, incerta do que ele realmente queria dizer com aquilo. Ele tinha que saber que ela estava apenas lhe provocando no clube, isto era subestimar suas... habilidades. Então isso significava que ele estava fazendo o mesmo?
Se liga, Sullivan, você não se importa com o que ele pensa.
Acordando do infeliz transe, Chloe se recostou contra o sofá, relaxando sua posição. "Eu não sei, não é como se tivesse crescido pra ser a rapidinha de alguém."
"Eu também seria a sua", foi sua resposta confiante, algo que surpreendeu Chloe um pouco, já que ele parecia quase feliz com a ideia.
Mas isso não importava para Chloe, a ideia toda era terrível. "Bem, acho que vou ter que passar."
Bem, valeu a tentativa, ele pensou, mas pelo menos tinha passado a bola pra ela agora. "Você tem meu número se mudar de ideia." Com isso, ele desligou, deixando Chloe sentada no sofá, perguntando-se se aquela conversa tinha realmente acontecido.
~0~
Sentada na mesa de Lois, Chloe esperava pacientemente por sua prima, que ela pensou que estaria lá naquele momento. Claro, ela tinha chegado cinco minutos antes do horário combinado para saírem pra jantar, mas sua prima não lhe deu nenhuma indicação de que se atrasaria. Não que normalmente desse, mas nem Clark estava na redação, o que levou Chloe a contar os minutos que faltavam.
Um minuto depois, um rosto familiar entrou na sala, só que não o que ela queria encontrar ali. Mas bateu todas as teorias malucas se formando em sua cabeça, então Chloe se levantou da mesa e acenou pra ele. Sorrindo, ele se aproximou.
"Chloe, como vão as coisas?"
"Tudo bem, Jimmy", Chloe respondeu. "Você viu Lois?"
Jimmy assentiu antes de olhar por sobre o ombro. "Acabamos de terminar uma entrevista, mas ela deve voltar logo. Acho que ela está só-"
"Está pronto pra ir?" outra voz falou, uma mulher que arregalou os olhos ao ver Chloe parada ali. "Oi."
Chloe ficou perplexa ao olhar para a outra mulher. Sua presença não a surpreendeu, não, foi o anel em seu dedo. E não era um anel qualquer, mas exatamente o mesmo que ela tinha usado há não muito tempo atrás.
Sério?
Mordendo a língua para não perder o controle, Chloe respirou fundo. Como Jimmy podia fazer isso? Ele estava longe de ser impulsivo e normalmente era a pessoa mais atenciosa que conhecia, mas onze meses aparentemente havia sido tempo suficiente para tirar um anel de noivado do dedo de uma mulher e entregar a outra.
Jimmy sentiu sua frustração, de fato já esperava. Mas então, ele também esperava ter contado a ela primeiro. Virando-se para sua noiva, ele pediu calmamente. "Karen, você pode nos dar um minuto?"
Karen saiu sem mais uma palavra, sabendo que a conversa não seria fácil. Quando ela estava longe, Chloe balançou a cabeça antes de quebrar o silêncio. "Eu... não sabia que era tão sério."
Engolindo seco, Jimmy baixou a cabeça, quase envergonhado. Não era assim que ele queria que tivesse acontecido. "Está tudo bem, certo? Não é muito cedo?"
Doía a ela, mas Chloe encontrou um jeito de assentir. "Jimmy, chegamos a um acordo sobre nosso relacionamento. Tomamos a decisão certa e eu não vou te impedir se você encontrou alguém mas... eu certamente não vou ao casamento."
"Eu duvidava que você fosse querer ir." Olhando para Karen por sobre o ombro, ele sentiu uma pontada no estômago, mas sabia que Chloe estava mais calma do que gostaria. "Desculpe a pressa, mas eu tenho que ir. Só passei aqui pra deixar a câmera e pra-"
"Não vou te segurar", Chloe respondeu, não querendo continuar a conversa. "Parabéns, Jimmy, eu... espero que você encontre a felicidade desta vez."
"Obrigado, Chloe."
A parte triste é que ela tinha sido sincera em cada palavra. Ela desejava felicidade pra ele, mas quando ele se virou e olhou para a noiva, a sacarina no ar quase fez Chloe vomitar, e ela teve que se sentar. Àquela altura, ela não tinha ideia a quem pertencia a mesa em que estava, mas honestamente não estava nem aí. Tudo que conseguia pensar era na visão em sua frente, não importa o quanto quisesse desviar o olhar.
Ela deveria ter previsto; era assim que a vida funcionava. Um passo para a frente, oito passos para trás. Tomando o café mais rápido do que pretendia, Chloe voltou para a mesa de Lois para pegar o café que tinha trazido pra ela, tentada a jogar em seu laptop. Sua prima sabia, porque Jimmy estava longe de ser uma pessoa sutil especialmente quando estava feliz. Bem, pelo menos, era assim quando estava genuinamente feliz. De qualquer forma, Lois sempre parecia saber esse tipo de coisa, então ela...
Claro, aquele estúpido encontro duplo. Lois queria lhe dar alguém para suavizar o golpe. Ciente disso, Chloe tomou o segundo café, não querendo desperdiçá-lo, nem o dinheiro que gastou com ele. Infelizmente, ficar sentada ali não estava ajudando, já que podia ver algumas pessoas olhando pra ela na sala de redação, e jogou o café no lixo.
Quase um ano havia se passado, ainda assim o sentimento era o mesmo. Chloe normalmente não se importava que as pessoas falassem sobre ela, mas aquilo... trouxe lembranças que ela tentava enterrar e ela não conseguia ficar ali nem mais um segundo.
Pegando suas coisas, Chloe foi em direção a porta, mas quando estava prestes a abri-la, Lois entrou e percebeu a presença de sua prima. Parando no lugar, Lois deu um rápido olhar no telefone. "Eu juro que não estou atrasada desta vez."
"Cancelado, Lois." Chloe mordeu a língua enquanto continuava em direção a saída, passando por sua prima. "Não posso esta noite."
"Por que não?"
Balançando a cabeça, ela virou-se onde estava e encontrou os olhos de sua prima. "Porque você sabia sobre Jimmy e eu... não posso, não esta noite."
Lois deveria saber. Sempre que Chloe conseguia uma vitória ultimamente, algo acontecia para a entristecer. Lois desejava que ele tivesse contado a ela antes, mas aparentemente, as coisas não tinham seguido o plano. "Ele mesmo queria te contar."
Chloe bufou enquanto pressionava o botão do elevador. "A única vez que você deu ouvidos a ele."
Algo do qual Lois se arrependia a cada segundo que passava. A razão pra tê-lo ouvido foi porque Chloe parecia estar melhor e Lois deduziu que poderia dar a sua vida amorosa um tempo, especialmente depois do encontro fiasco do começo da semana. "Vamos, prima, não é como se você ainda o amasse. Não achei que você fosse se importar."
"Eu não me importo", Chloe confirmou, mas aquela não era a questão. Todo mundo disse que ela estava melhor sem ele, que ela merecia coisa melhor, ainda assim era ela quem estava na pior. Ela ainda estava tentando encontrar um rumo e tinha um calendário social do tamanho de um post-it, enquanto ele estava indubitavelmente feliz e arranjado profissionalmente.
Vendo a testa franzida de sua prima, Lois tentou animá-la segurando em seu ombro. "Vamos, eu vou instituir uma noite inteira das garotas hoje... e amanhã também."
"Não", Chloe respondeu enquanto tirava a mão de Lois para entrar no elevador. "Eu... tenho outro lugar para ir."
"Como? Tínhamos planos."
Pressionando o botão para fechar a porta, Chloe disse. "Surgiu uma coisa." Felizmente Lois a deixou ir, levando Chloe a pegar seu telefone da bolsa enquanto o elevador descia. Olhando seu histórico de ligações, havia um número em destaque e embora antes Chloe jamais tivesse intenção de ligar pra ele novamente, parecia que era o único remédio para o que ela estava sentindo naquele momento.
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SEIS
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Qual é a do Jimmy? Ele traiu a Chloe? Foi isso mesmo que a deixou assim, tão pra baixo? E Oliver parece carregar culpa nos ombros, o que houve na escola?
ResponderExcluirAmbos parecem tão quebrados, tadicos...
GIL
Nossa, o Jimmy é irritante sempre não é mesmo? Um idiota absoluto. Um babaca... Sim, os dois trazem uma dura bagagem e no decorrer da história saberemos mais...
ExcluirCoitada da Chloe, parece que não consegue sair do lugar... É o Jimmy, a Lois, tem sempre alguém (ou alguma coisa) impedindo-a de largar o passado e seguir pro futuro...
ResponderExcluirSempre alguém a segurando no lugar não é? Mas acho que agora ela vai dar um passo rumo a mudança...
ExcluirMorri com a sra. Yates kkkk
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