Resumo: Aparentemente, a única coisa que unia Chloe Sullivan e Oliver Queen era uma história. Mas por trás das portas fechadas era um relacionamento acidental que sem nenhuma intenção acabou mudando tudo.
Autora: serafina19
Classificação: NC-17
Saindo do elevador, Chloe não pôde deixar de sorrir quando viu Oliver recostado contra a mesa, esperando por ela. Era um daqueles dias quando normalmente tudo que ela queria era uma bebida, mas em vez disso, ela tinha outra coisa em mente. E felizmente, ele estava mais do que disposto a ajudar, pegando-a em seus braços e beijando-a com força.
O arranjo deles tinha continuado tranquilamente nas últimas semanas. Poucas palavras eram trocadas, mas no fim, era o objetivo. Entrar, fazer o que era necessário, e sair. Quem eles eram, o que faziam, isso nunca importava, bem como as inseguranças que eram deixadas de lado, junto com suas roupas. E embora no papel não parecesse a decisão mais racional, Chloe decidiu continuar, permitindo-se desfrutar daquilo pelo que realmente era.
Porque cada vez era diferente. Era como se ele quisesse saber de que jeito conseguia a melhor reação e Chloe não se importava mais em esconder nada, porque uma das vantagens de estar com ele era que isso estava seriamente expandindo seu repertório sexual. No entanto, o que mais importava era que o resultado era sempre o mesmo e isso também se refletia fora do quarto. Lois tinha se afastado, Clark parou de fazer perguntas, já que reconheciam o alívio no rosto dela.
Era uma expressão que Oliver conhecia muito bem, a ponta de inocência no que estavam fazendo, a pequena parte dela que ela mostrava a ele, mas ele não podia deixar de se perguntar se ela estava mostrando tudo. Parecia um jogo, mas a diferença é que também causava algo nele, algo que ele não conseguia explicar completamente, não que tenha tentado explicar porque seu foco estava sempre em outra coisa. Ainda assim, quando aquela expressão se iluminava no rosto dela, ele não podia deixar de admirar, mesmo que fosse por um segundo. Algumas vezes, ele nem percebia o que estava fazendo porque a realidade voltava e o clima desaparecia.
Mas não havia disfarce na satisfação dos dois quando deitavam de costas no colchão e suas respirações pesadas ecoavam pelo quarto, nem um pouco em sincronia. Olhando para o teto, Chloe sabia que em alguns minutos iria embora. Ou pelo menos, até Oliver decidir quebrar o silêncio com palavras.
"Então, de verdade, por que você está fazendo isso?"
Chloe estreitou os olhos na direção dele. "Esta é sua definição de conversa de travesseiro?" Ela zombou enquanto se sentava na cama. "Além do mais, você concordou em não perguntar o motivo."
Vendo que ela estava prestes a sair, Oliver se moveu rapidamente, sua mão segurando o braço dela. "Vamos, nós dois sabemos que você só queria isto por uma noite."
Na maior parte das vezes, quando ela ia embora, Oliver lhe dava espaço, mas desta vez, ele queria saber a verdade. Ele segurava seu braço sem força para ela sair se quisesse, mas quando ele a sentiu parar, Oliver se aproximou e começou a correr beijos por seu pescoço. Chloe inclinou o pescoço para lhe dar melhor acesso, então ele sorriu antes de inclinar a boca na direção de seu ouvido. "Você não pode me culpar por ser curioso, considerando que nunca esperei que você aceitasse minha proposta."
Ela podia entender, mas o que ela não entendia era o fato de que Oliver queria a resposta para a pergunta. Além do mais, como no mundo ela podia se concentrar em uma resposta enquanto as mãos dele subiam por seu corpo, o polegar estalando seu mamilo quando estava muito perto? Respirando fundo, Chloe conseguiu dizer, "Bem, você ofereceu na hora certa. Necessidades e tudo mais."
A resposta era basicamente mentira, e esse era o benefício da situação, não a principal. No entanto, a verdadeira razão era algo que Chloe não conseguia explicar nem pra si mesma, já que Jimmy havia ficado para trás. "Mas por que se dar ao trabalho de oferecer se achou que eu ia recusar?"
Oliver queria dizer que fazer uma oferta como essa era normal pra ele, que só estava agindo como sempre, mas agora era diferente porque Chloe perceberia. Ela ligara pra jogar tudo que ele tinha feito em sua cara, e mesmo assim ela também ligou para algo que ele jamais imaginou que ela ligaria.
Seu potencial.
Talvez Oliver quisesse esmagar as esperanças dela, garantir que ela visse que ele não era melhor do que o vislumbre de esperança que ela milagrosamente viu. Mas quanto mais ele pensava naquilo, mais Oliver percebia que ele tinha uma resposta. Se era a certa, ele não sabia dizer.
"Algumas vezes você se cansa da rotina e quer algo mais seguro." Em outras palavras: necessidades, esforço... todas as palavras que ele tivesse que usar. Não que Oliver tivesse que pensar muito, mas ele tinha a suspeita de que podia viver sua vida de maneira mais eficaz.
Ele acrescentou. "Com você, eu sei o que esperar e sei que podemos terminar isso sem ninguém sair ferido." Ele sabia que Chloe era uma pessoa profissional, e sabia o que esperar, era só uma questão de tempo antes dela ir embora. "Há um distorcido senso de respeito, mas não há necessidade de nos tornarmos amigos, então se a pessoa certa aparecer..."
Chloe virou a cabeça enquanto a voz dele começava a falhar, percebendo que as mãos dele também tinham parado. Parecia que ele tinha se arrependido da última frase, como se ela devesse esquecer, mas Chloe com certeza não poderia esquecer. "Você quer se casar?"
Afastando os lençóis, Oliver evitou contato visual enquanto pegava a boxer, subindo-a por suas pernas. "Eu gostaria de saber como é ter uma família por mais do que dez anos na minha vida." Oliver sabia que ela provavelmente não queria saber de nada disso, de fato, ele duvidava que Chloe se importasse, mas a acusação doeu, e Oliver sentiu como se tivesse que justificar o que falou.
Sentindo uma pontada de culpa, Chloe sussurrou, "Touché." Enquanto fechava os olhos, Chloe não teve coragem de dizer a ele que quase sabia como ele se sentia. Verdade, ela sempre teve Lois, o General, mas sua família imediata trazia um senso similar de tragédia.
Percebendo o tom de derrota na voz dela, Oliver se virou pra ela mais uma vez, sentindo-a de ombros caídos. De alguma forma ele tinha atingido um nervo, e embora não fizesse ideia do que fosse, não ia fazer suposições. "E você?"
Chloe bufou. "Eu tentei esse caminho uma vez, mas... nunca vou encontrar alguém que entenda as decisões que eu tomo." Então foi a vez dela de desviar o olhar, girar o corpo para se sentar na beira da cama. "Além do mais, com meu trabalho, mal tenho tempo pra isso."
Por enquanto ao invés de prazos determinados, ela se dava prazos. Era esse senso que ela tinha para continuar trabalhando para ver o pagamento entrando em sua conta. Ela tinha conseguido alguns contatos valiosos antes, mas desde sua história sobre Oliver, as pessoas de fato queriam sua próxima história. Além desse arranjo, ela mal tinha tempo para respirar entre seguir uma pista ou outra.
Chloe não era uma tola, ela sabia que este momento não ia durar; coisas assim nunca duravam, mas ela estava feliz em poder pagar suas contas no prazo pra variar. No entanto, ela sabia que eventualmente precisaria de mais da vida do que trabalho e aquele arranjo. Por mais que a revigorasse, era algo que não combinava com ela. Provavelmente porque nunca se viu como alguém capaz de fazer algo assim. Mesmo que pra ele estivesse tudo bem.
Especialmente num momento como aquele, com ele parado na frente dela, seu sutiã e calcinha na mão, entregando a ela. Seu corpo inteiro à mostra pra ele, mas ao invés, ele olhou em seus olhos com um tom de simpatia. Finalmente percebendo-a olhar pra ele, Oliver disse suavemente, "Você pode se surpreender."
Inclinando a cabeça, Chloe fechou o sutiã antes de se levantar, com cuidado para não tocar em Oliver no processo. "Bem, a vida tende a ser repleta de surpresas", ela respondeu, levantando a perna para vestir a calcinha. Infelizmente, seu equilíbrio era outra coisa, e ela não acreditou que sentiu uma perna balançar enquanto a outra estava levantada.
Não foi nada demais, mas mesmo assim ela sentiu a mão dele segurar seu braço para ajudá-la. Enquanto subia a calcinha pelas pernas, ela esperava uma piada para aliviar o clima... ou pelo menos alguma coisa assim. Mas ele permaneceu em silêncio, sua expressão séria enquanto a mão permanecia no lugar. Seus rostos não muito longe um do outro e Chloe pôde jurar que ela estava respirando com mais facilidade que antes. A respiração dele em seu rosto, ela sentiu os olhos piscarem algumas vezes, mas antes que pudesse levantar a cabeça, os dois ouviram o distinto som do celular vibrando do outro lado do quarto.
Balançando a cabeça, Oliver se afastou, levantando a mão antes de atravessar o quarto até seu telefone, deixando Chloe parada sozinha, um tremor inesperado correndo por seu corpo. "Eu... eu te ligo quando precisar", ela disse, completamente esperando que ele estivesse concentrado na ligação, então ela foi para a porta.
"Não vejo a hora", ele disse, e Chloe se perguntou se era pra ela, então ela se virou e viu o sorriso dele, o que ele sempre lhe dava, o que tinha uma pequena diferença do que ele usava em público. Então ela sorriu de volta antes de ir para a sala recolher suas roupas.
Esse tempo todo ela pensou que estava certa, que ele só estava se diminuindo. E talvez ela ainda pensasse, mas Chloe agora entendia porque ele fazia isso. Todo o estresse que ele carregava, as expectativas depositadas por ele mesmo ou por outras pessoas, esta era sua distração, um jeito de se libertar.
Isso era humano afinal, e confiança não era algo que vinha com facilidade num mundo que sempre queria alguma coisa dele. Então ele recorria ao físico, a imagem de playboy, ao mínimo. Mas algo dizia a Chloe que ele trocaria tudo que possuía por normalidade. Talvez uma chance de ver seus pais de novo, talvez só um senso de privacidade, mas era por causa dos pais que ele se agarrava a isso, disso Chloe tinha certeza. E se alguém compreendia o fato de se agarrar a última lembrança de seus pais... era ela.
Depois de checar seu reflexo em um espelho próximo, Chloe já ia sair, mas viu a pilha de arquivos que tinha caído no chão por causa de suas recentes atividades. Sentindo-se levemente culpada, ela os pegou, percebendo que os títulos eram todos de organizações sem fins lucrativos. Enquanto os colocava sobre a mesa, percebeu um ainda no chão, um que ela poderia ter deixado pra lá se não fosse um que ela reconhecesse. Ajoelhando-se, Chloe olhou para ter certeza, perguntando-se se havia uma outra razão para ele estar ali, mas sem conseguir pensar em nada.
"Você ainda está aqui."
Chloe levantou a cabeça, seus dedos se fechando com força contra o artigo de jornal em sua mão. "Eu... eu gostaria de ter uma boa explicação." Dando uma olhada para baixo, Chloe então o colocou na mesa. Não podia ser verdade, ainda assim de alguma maneira, era a única possibilidade. "Desculpe", ela disse antes de ir em direção ao elevador.
A curiosidade o venceu. Oliver foi até a mesa, olhando para o que a tinha segurado ali. Certamente não era o que ele esperava. Percebendo que ela estava prestes a entrar no elevador, ele falou. "Me pergunte."
Chloe parou no lugar. "O quê?"
Segurando o artigo para ela ver, Oliver deu de ombros. "O que está em sua mente... me pergunte."
Ela suspirou enquanto dava alguns passos de volta na direção dele. Parecia loucura que ela estivesse prestes a perguntar aquilo, mas não havia dúvida em sua mente de que ela queria saber. "Você é o doador anônimo que salvou a sede do grupo Rylan... não é?" Sorrindo, ela acrescentou. "Uma declaração não-oficial, claro." Afinal, esta não era uma história que ela queria contar, desta vez, era uma pergunta pessoal.
"E se eu fosse?" ele respondeu com um pouco de hesitação, não vendo razão para mentir pra ela quando ela tinha juntado as peças sozinha.
"Isso foi... há doze anos." Chloe pontuou, estreitando os olhos. "Muito antes de você vir para Metrópolis. Então eu me pergunto o porquê." Aquela era uma história que não chamava a atenção de ninguém, mas de alguma forma chamou a atenção de um bilionário do outro lado do país. Tinha que haver uma razão.
Mas embora Chloe nunca tenha percebido que seu comentário servia para os dois, Oliver percebeu imediatamente. Havia sido há doze anos, uma lembrança muito acurada que não se devia apenas a data do jornal. No entanto, algo dizia a Oliver que era uma história que ele nunca ouviria então ele colocou o artigo sobre a mesa antes de encontrar os olhos dela mais uma vez.
"Eu estive em Metrópolis mais vezes do que você pensa." Uma válida verdade, mas provavelmente só uma parcela da verdade, então ele esclareceu. "Talvez não em tempo integral, mas eu pesquisei a cidade, até comecei a ler o Planeta Diário anos atrás. Um dia, eu vi que Rylan estava fechando por falta de financiamento."
Era um simples anúncio lateral na página, descrevendo que Rylan ficava em Metrópolis. Um lugar para crianças órfãs, abandonadas, meio que uma casa, administrada por voluntários. Era um lugar louvável e na época, Oliver sentiu que tinha que fazer alguma coisa boa. "Pelo que eu li, era um dos poucos lugares que cuidava de crianças e mantinha suas esperanças vivas. É... um dos meus primeiros momentos de orgulho e sou um doador anônimo desde então."
Ouvindo isso, o coração de Chloe disparou contra o peito, e embora houvesse muito que ela quisesse dizer, mordeu a língua, eventualmente dizendo apenas, "Era... um lugar especial." Sabendo que ele perguntaria mais, Chloe acrescentou. "Eu na verdade escrevi um artigo sobre o dono no colégio, e me voluntariei durante a faculdade. Eu te garanto que você escolheu o lugar certo para começar."
Por enquanto isso teria que servir, já que Chloe se lembrou que deveria ir embora logo. Pegando sua bolsa, ela a colocou sobre o ombro. "Eu tenho que ir."
Oliver assentiu. "Tenha um bom dia, Chloe."
"Você... você também." Indo para o elevador, Chloe quase parou quando ouviu os passos dele. Ela deu uma olhada por sobre o ombro, mas entrou no elevador sem se dirigir a ele. Ela ouviu a grade se fechar, mas parou quando ela se virou.
Chloe ia perguntar se estava tudo bem, mas ele não lhe deu a chance de encontrar palavras enquanto a puxava na direção dele para terminar o momento interrompido no quarto. A mente de Chloe ficou em branco imediatamente, fazendo-a apenas responder ao beijo, mas desta vez, o beijo terminou antes de ser aprofundado. Com um risinho, Oliver se afastou mais uma vez e fechou o portão, observando uma surpresa Chloe antes de o elevador começar a descer.
______
OITO
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O arranjo deles tinha continuado tranquilamente nas últimas semanas. Poucas palavras eram trocadas, mas no fim, era o objetivo. Entrar, fazer o que era necessário, e sair. Quem eles eram, o que faziam, isso nunca importava, bem como as inseguranças que eram deixadas de lado, junto com suas roupas. E embora no papel não parecesse a decisão mais racional, Chloe decidiu continuar, permitindo-se desfrutar daquilo pelo que realmente era.
Porque cada vez era diferente. Era como se ele quisesse saber de que jeito conseguia a melhor reação e Chloe não se importava mais em esconder nada, porque uma das vantagens de estar com ele era que isso estava seriamente expandindo seu repertório sexual. No entanto, o que mais importava era que o resultado era sempre o mesmo e isso também se refletia fora do quarto. Lois tinha se afastado, Clark parou de fazer perguntas, já que reconheciam o alívio no rosto dela.
Era uma expressão que Oliver conhecia muito bem, a ponta de inocência no que estavam fazendo, a pequena parte dela que ela mostrava a ele, mas ele não podia deixar de se perguntar se ela estava mostrando tudo. Parecia um jogo, mas a diferença é que também causava algo nele, algo que ele não conseguia explicar completamente, não que tenha tentado explicar porque seu foco estava sempre em outra coisa. Ainda assim, quando aquela expressão se iluminava no rosto dela, ele não podia deixar de admirar, mesmo que fosse por um segundo. Algumas vezes, ele nem percebia o que estava fazendo porque a realidade voltava e o clima desaparecia.
Mas não havia disfarce na satisfação dos dois quando deitavam de costas no colchão e suas respirações pesadas ecoavam pelo quarto, nem um pouco em sincronia. Olhando para o teto, Chloe sabia que em alguns minutos iria embora. Ou pelo menos, até Oliver decidir quebrar o silêncio com palavras.
"Então, de verdade, por que você está fazendo isso?"
Chloe estreitou os olhos na direção dele. "Esta é sua definição de conversa de travesseiro?" Ela zombou enquanto se sentava na cama. "Além do mais, você concordou em não perguntar o motivo."
Vendo que ela estava prestes a sair, Oliver se moveu rapidamente, sua mão segurando o braço dela. "Vamos, nós dois sabemos que você só queria isto por uma noite."
Na maior parte das vezes, quando ela ia embora, Oliver lhe dava espaço, mas desta vez, ele queria saber a verdade. Ele segurava seu braço sem força para ela sair se quisesse, mas quando ele a sentiu parar, Oliver se aproximou e começou a correr beijos por seu pescoço. Chloe inclinou o pescoço para lhe dar melhor acesso, então ele sorriu antes de inclinar a boca na direção de seu ouvido. "Você não pode me culpar por ser curioso, considerando que nunca esperei que você aceitasse minha proposta."
Ela podia entender, mas o que ela não entendia era o fato de que Oliver queria a resposta para a pergunta. Além do mais, como no mundo ela podia se concentrar em uma resposta enquanto as mãos dele subiam por seu corpo, o polegar estalando seu mamilo quando estava muito perto? Respirando fundo, Chloe conseguiu dizer, "Bem, você ofereceu na hora certa. Necessidades e tudo mais."
A resposta era basicamente mentira, e esse era o benefício da situação, não a principal. No entanto, a verdadeira razão era algo que Chloe não conseguia explicar nem pra si mesma, já que Jimmy havia ficado para trás. "Mas por que se dar ao trabalho de oferecer se achou que eu ia recusar?"
Oliver queria dizer que fazer uma oferta como essa era normal pra ele, que só estava agindo como sempre, mas agora era diferente porque Chloe perceberia. Ela ligara pra jogar tudo que ele tinha feito em sua cara, e mesmo assim ela também ligou para algo que ele jamais imaginou que ela ligaria.
Seu potencial.
Talvez Oliver quisesse esmagar as esperanças dela, garantir que ela visse que ele não era melhor do que o vislumbre de esperança que ela milagrosamente viu. Mas quanto mais ele pensava naquilo, mais Oliver percebia que ele tinha uma resposta. Se era a certa, ele não sabia dizer.
"Algumas vezes você se cansa da rotina e quer algo mais seguro." Em outras palavras: necessidades, esforço... todas as palavras que ele tivesse que usar. Não que Oliver tivesse que pensar muito, mas ele tinha a suspeita de que podia viver sua vida de maneira mais eficaz.
Ele acrescentou. "Com você, eu sei o que esperar e sei que podemos terminar isso sem ninguém sair ferido." Ele sabia que Chloe era uma pessoa profissional, e sabia o que esperar, era só uma questão de tempo antes dela ir embora. "Há um distorcido senso de respeito, mas não há necessidade de nos tornarmos amigos, então se a pessoa certa aparecer..."
Chloe virou a cabeça enquanto a voz dele começava a falhar, percebendo que as mãos dele também tinham parado. Parecia que ele tinha se arrependido da última frase, como se ela devesse esquecer, mas Chloe com certeza não poderia esquecer. "Você quer se casar?"
Afastando os lençóis, Oliver evitou contato visual enquanto pegava a boxer, subindo-a por suas pernas. "Eu gostaria de saber como é ter uma família por mais do que dez anos na minha vida." Oliver sabia que ela provavelmente não queria saber de nada disso, de fato, ele duvidava que Chloe se importasse, mas a acusação doeu, e Oliver sentiu como se tivesse que justificar o que falou.
Sentindo uma pontada de culpa, Chloe sussurrou, "Touché." Enquanto fechava os olhos, Chloe não teve coragem de dizer a ele que quase sabia como ele se sentia. Verdade, ela sempre teve Lois, o General, mas sua família imediata trazia um senso similar de tragédia.
Percebendo o tom de derrota na voz dela, Oliver se virou pra ela mais uma vez, sentindo-a de ombros caídos. De alguma forma ele tinha atingido um nervo, e embora não fizesse ideia do que fosse, não ia fazer suposições. "E você?"
Chloe bufou. "Eu tentei esse caminho uma vez, mas... nunca vou encontrar alguém que entenda as decisões que eu tomo." Então foi a vez dela de desviar o olhar, girar o corpo para se sentar na beira da cama. "Além do mais, com meu trabalho, mal tenho tempo pra isso."
Por enquanto ao invés de prazos determinados, ela se dava prazos. Era esse senso que ela tinha para continuar trabalhando para ver o pagamento entrando em sua conta. Ela tinha conseguido alguns contatos valiosos antes, mas desde sua história sobre Oliver, as pessoas de fato queriam sua próxima história. Além desse arranjo, ela mal tinha tempo para respirar entre seguir uma pista ou outra.
Chloe não era uma tola, ela sabia que este momento não ia durar; coisas assim nunca duravam, mas ela estava feliz em poder pagar suas contas no prazo pra variar. No entanto, ela sabia que eventualmente precisaria de mais da vida do que trabalho e aquele arranjo. Por mais que a revigorasse, era algo que não combinava com ela. Provavelmente porque nunca se viu como alguém capaz de fazer algo assim. Mesmo que pra ele estivesse tudo bem.
Especialmente num momento como aquele, com ele parado na frente dela, seu sutiã e calcinha na mão, entregando a ela. Seu corpo inteiro à mostra pra ele, mas ao invés, ele olhou em seus olhos com um tom de simpatia. Finalmente percebendo-a olhar pra ele, Oliver disse suavemente, "Você pode se surpreender."
Inclinando a cabeça, Chloe fechou o sutiã antes de se levantar, com cuidado para não tocar em Oliver no processo. "Bem, a vida tende a ser repleta de surpresas", ela respondeu, levantando a perna para vestir a calcinha. Infelizmente, seu equilíbrio era outra coisa, e ela não acreditou que sentiu uma perna balançar enquanto a outra estava levantada.
Não foi nada demais, mas mesmo assim ela sentiu a mão dele segurar seu braço para ajudá-la. Enquanto subia a calcinha pelas pernas, ela esperava uma piada para aliviar o clima... ou pelo menos alguma coisa assim. Mas ele permaneceu em silêncio, sua expressão séria enquanto a mão permanecia no lugar. Seus rostos não muito longe um do outro e Chloe pôde jurar que ela estava respirando com mais facilidade que antes. A respiração dele em seu rosto, ela sentiu os olhos piscarem algumas vezes, mas antes que pudesse levantar a cabeça, os dois ouviram o distinto som do celular vibrando do outro lado do quarto.
Balançando a cabeça, Oliver se afastou, levantando a mão antes de atravessar o quarto até seu telefone, deixando Chloe parada sozinha, um tremor inesperado correndo por seu corpo. "Eu... eu te ligo quando precisar", ela disse, completamente esperando que ele estivesse concentrado na ligação, então ela foi para a porta.
"Não vejo a hora", ele disse, e Chloe se perguntou se era pra ela, então ela se virou e viu o sorriso dele, o que ele sempre lhe dava, o que tinha uma pequena diferença do que ele usava em público. Então ela sorriu de volta antes de ir para a sala recolher suas roupas.
Esse tempo todo ela pensou que estava certa, que ele só estava se diminuindo. E talvez ela ainda pensasse, mas Chloe agora entendia porque ele fazia isso. Todo o estresse que ele carregava, as expectativas depositadas por ele mesmo ou por outras pessoas, esta era sua distração, um jeito de se libertar.
Isso era humano afinal, e confiança não era algo que vinha com facilidade num mundo que sempre queria alguma coisa dele. Então ele recorria ao físico, a imagem de playboy, ao mínimo. Mas algo dizia a Chloe que ele trocaria tudo que possuía por normalidade. Talvez uma chance de ver seus pais de novo, talvez só um senso de privacidade, mas era por causa dos pais que ele se agarrava a isso, disso Chloe tinha certeza. E se alguém compreendia o fato de se agarrar a última lembrança de seus pais... era ela.
Depois de checar seu reflexo em um espelho próximo, Chloe já ia sair, mas viu a pilha de arquivos que tinha caído no chão por causa de suas recentes atividades. Sentindo-se levemente culpada, ela os pegou, percebendo que os títulos eram todos de organizações sem fins lucrativos. Enquanto os colocava sobre a mesa, percebeu um ainda no chão, um que ela poderia ter deixado pra lá se não fosse um que ela reconhecesse. Ajoelhando-se, Chloe olhou para ter certeza, perguntando-se se havia uma outra razão para ele estar ali, mas sem conseguir pensar em nada.
"Você ainda está aqui."
Chloe levantou a cabeça, seus dedos se fechando com força contra o artigo de jornal em sua mão. "Eu... eu gostaria de ter uma boa explicação." Dando uma olhada para baixo, Chloe então o colocou na mesa. Não podia ser verdade, ainda assim de alguma maneira, era a única possibilidade. "Desculpe", ela disse antes de ir em direção ao elevador.
A curiosidade o venceu. Oliver foi até a mesa, olhando para o que a tinha segurado ali. Certamente não era o que ele esperava. Percebendo que ela estava prestes a entrar no elevador, ele falou. "Me pergunte."
Chloe parou no lugar. "O quê?"
Segurando o artigo para ela ver, Oliver deu de ombros. "O que está em sua mente... me pergunte."
Ela suspirou enquanto dava alguns passos de volta na direção dele. Parecia loucura que ela estivesse prestes a perguntar aquilo, mas não havia dúvida em sua mente de que ela queria saber. "Você é o doador anônimo que salvou a sede do grupo Rylan... não é?" Sorrindo, ela acrescentou. "Uma declaração não-oficial, claro." Afinal, esta não era uma história que ela queria contar, desta vez, era uma pergunta pessoal.
"E se eu fosse?" ele respondeu com um pouco de hesitação, não vendo razão para mentir pra ela quando ela tinha juntado as peças sozinha.
"Isso foi... há doze anos." Chloe pontuou, estreitando os olhos. "Muito antes de você vir para Metrópolis. Então eu me pergunto o porquê." Aquela era uma história que não chamava a atenção de ninguém, mas de alguma forma chamou a atenção de um bilionário do outro lado do país. Tinha que haver uma razão.
Mas embora Chloe nunca tenha percebido que seu comentário servia para os dois, Oliver percebeu imediatamente. Havia sido há doze anos, uma lembrança muito acurada que não se devia apenas a data do jornal. No entanto, algo dizia a Oliver que era uma história que ele nunca ouviria então ele colocou o artigo sobre a mesa antes de encontrar os olhos dela mais uma vez.
"Eu estive em Metrópolis mais vezes do que você pensa." Uma válida verdade, mas provavelmente só uma parcela da verdade, então ele esclareceu. "Talvez não em tempo integral, mas eu pesquisei a cidade, até comecei a ler o Planeta Diário anos atrás. Um dia, eu vi que Rylan estava fechando por falta de financiamento."
Era um simples anúncio lateral na página, descrevendo que Rylan ficava em Metrópolis. Um lugar para crianças órfãs, abandonadas, meio que uma casa, administrada por voluntários. Era um lugar louvável e na época, Oliver sentiu que tinha que fazer alguma coisa boa. "Pelo que eu li, era um dos poucos lugares que cuidava de crianças e mantinha suas esperanças vivas. É... um dos meus primeiros momentos de orgulho e sou um doador anônimo desde então."
Ouvindo isso, o coração de Chloe disparou contra o peito, e embora houvesse muito que ela quisesse dizer, mordeu a língua, eventualmente dizendo apenas, "Era... um lugar especial." Sabendo que ele perguntaria mais, Chloe acrescentou. "Eu na verdade escrevi um artigo sobre o dono no colégio, e me voluntariei durante a faculdade. Eu te garanto que você escolheu o lugar certo para começar."
Por enquanto isso teria que servir, já que Chloe se lembrou que deveria ir embora logo. Pegando sua bolsa, ela a colocou sobre o ombro. "Eu tenho que ir."
Oliver assentiu. "Tenha um bom dia, Chloe."
"Você... você também." Indo para o elevador, Chloe quase parou quando ouviu os passos dele. Ela deu uma olhada por sobre o ombro, mas entrou no elevador sem se dirigir a ele. Ela ouviu a grade se fechar, mas parou quando ela se virou.
Chloe ia perguntar se estava tudo bem, mas ele não lhe deu a chance de encontrar palavras enquanto a puxava na direção dele para terminar o momento interrompido no quarto. A mente de Chloe ficou em branco imediatamente, fazendo-a apenas responder ao beijo, mas desta vez, o beijo terminou antes de ser aprofundado. Com um risinho, Oliver se afastou mais uma vez e fechou o portão, observando uma surpresa Chloe antes de o elevador começar a descer.
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OITO
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Eita, 2 capítulos!! \o/
ResponderExcluirVou correndo ler!
GIL
Então a proposta do Oliver foi uma auto-sabotagem, uma tentativa dele de fazer a Chloe ver que ele não tinha potencial? Ah, Ollie!!
ExcluirCada vez mais curiosa...
GIL
Já estou ficando naquele misto de ansiedade e felicidade! Huahuahua
ResponderExcluirHistória novaaaaaaaaaa!!! \o/
ResponderExcluirVou voltar pra ler tudo.