20.5.16

The Longer You Run (13/29)

TítuloQuanto Mais Você Corre
Resumo: Aparentemente, a única coisa que unia Chloe Sullivan e Oliver Queen era uma história. Mas por trás das portas fechadas era um relacionamento acidental que sem nenhuma intenção acabou mudando tudo.
Autoraserafina19
Classificação: NC-17
Banneraradira
Anteriores01 :: 02 :: 03 :: 04 :: 05 :: 06 :: 07 :: 08 :: 09 :: 10 :: 11 :: 12




A manhã inteira foi meio que um borrão. Chloe explicou tudo, respondeu todas as perguntas compreensíveis de seu melhor amigo e prima, o olhar confuso enquanto questionavam suas escolhas. Chloe sabia mais do que os dois que aquela não era uma decisão que ela tomava normalmente, mas também sabia que era parte da razão de ter começado aquilo tudo.

Durante anos, ela tinha sido a pessoa que tinha um plano, uma pessoa que determinava os passos adiante. Durante o ano anterior, vários eventos espontâneos tinham sido difíceis, mas este não doía. Era pra ter sido uma diversão boba, um relacionamento físico e com hora para acabar, foi. Mas quanto mais Chloe pensava, mesmo sem que o público soubesse a verdade, as coisas entre ela e Oliver estavam mudando mais do que queria admitir.

Ela olhou para o telefone, que ficou no silencioso por toda a manhã, levando-a a assistir todas as ligações iluminarem a tela antes de irem para a caixa-postal. A única razão para o telefone estar ligado era porque pensou em ligar pra ele de novo, para perguntar se havia alguma coisa que ela pudesse fazer. Recostando-se contra a porta do quarto, Chloe olhou de volta para a maçaneta, sabendo que Clark e Lois estariam ainda preocupados sentados lá fora, mas por um tempo, ela só precisava de espaço.

Não era como se Chloe não entendesse a necessidade que eles sentiam de protegê-la, e estava agradecida por ter pessoas de confiança ao seu lado. O problema é que era sempre um pouco exagerado e ela tinha vozes suficientes em sua cabeça sem a contribuição deles.

"Chloe?"

"Eu estou bem, Clark", Chloe falou, guardando o telefone de volta no bolso, decidindo que não era hora de ligar para Oliver. Ele soava bastante ocupado quando ligou e deveria estar trabalhando em coisas mais importantes.

"Eu sei, é só que... sua vizinha está na porta e insiste em falar com você."

Estreitando os olhos, ela se virou e enquanto abria a porta, viu que seu amigo dizia a verdade. "Sra. Yates?"

Ela estreitou os olhos e disse. "Posso te pegar emprestada por um minuto? Acho que eu perdi meus óculos de novo."

Chloe revirou os olhos enquanto assentia. Depois de um rápido olhar na direção de Clark, disse, "Eu volto logo."

Enquanto saía com a Sra. Yates, Chloe sabia que era mais do que sobre os óculos. Afinal, ela não usava óculos. Mas sua vizinha sempre tinha um jeito estranho de saber o que se passava com Chloe, então talvez fosse uma boa desculpa para ficar longe de seu apartamento e de toda a história por alguns minutos.

Era um teoria estranha, mas uma que a Sra. Yates estava prestes a contradizer em segundos. "E por falar nisso, eu encontrei um cara lá embaixo enquanto entrava, ele até me ajudou com as compras." Quando abriu a porta, ela se afastou para Chloe ver quem esperava lá dentro. "Ele me disse que queria falar com você."

Chloe abriu a boca e por um momento não tinha certeza que estava mesmo vendo a pessoa certa. "Hal?"

"Ei", ele respondeu.

"Como você encontrou minha casa?" Claro, ela sabia que ele e Oliver eram próximos, mas havia limites... certo?

"Acho que você não tem olhado os sites de fofocas. Eu juro, as pessoas realmente não têm nada melhor pra fazer esta manhã." Baseado na expressão dela, Hal logo reconheceu que piada era a última coisa que Chloe queria ouvir, então foi direto ao assunto. "E é seguro dizer que não é a manhã que você tinha em mente."

"Nem de perto", Chloe admitiu, mais do que disposta em mudar o rumo da conversa. "Você não deveria estar voando ou algo assim?"

Hal assentiu. "Eu não tenho muito tempo, mas queria te dar isso." Por fora, não parecia muito, só um simples pedaço de papel amarelo, mas Hal sabia que se eles sobrevivessem, Chloe precisaria do conteúdo daquela página. "É uma técnica de desvio. Leva ao subsolo da garagem e está fora do alcance dos fotógrafos. Oliver está no telefone a manhã toda, então eu vim te trazer isso."

Chloe queria agradecê-lo pelo gesto, já que não era algo que Hal precisava fazer, especialmente considerando o quão pouco eles se conheciam, mas ela também deduziu que o nível de confiança entre os dois amigos era profundo. "Como ele está?"

"Quando o vi pela última vez, ele estava ocupado tentando conter a tempestade." Hal tentou sorrir, mas não havia razão em acobertar os fatos. Se havia algo que ele sabia sobre Chloe, era que ela compartilhava o mesmo desejo de Oliver pela verdade. "Eu acho que ele gostaria de saber como você está."

A ênfase não passou despercebida por Chloe, embora houvesse tantas coisas que estivesse se questionando, coisas que deveria estar perguntando a ele, mas não era tão simples. A esta altura com ele parecia simples. "Bem, não é como se eu pudesse sair agora."

"Eu sei. Eu tive sorte que sua vizinha estivesse chegando, senão não teria conseguido entrar no prédio." Pegando o boné, ele o arrumou sobre a cabeça. "Se alguém perguntar, eu sou o sobrinho dela."

"Era o mínimo que eu podia fazer", Sra. Yates disse, quebrando o silêncio. "Eu trouxe mais do que precisava do supermercado. Mais café?"

"Infelizmente não, mas obrigado." Assentindo para as duas, Hal foi para a porta. "Chloe, meu número também está aí. Se precisar de alguém mais pra conversar... se eu não estiver trabalhando, estarei disponível quando precisar."

"Obrigada", ela disse verdadeiramente, porque honestamente podia precisar conversar com alguém que entendesse a situação. Claro, Oliver seria uma grande fonte, mas Hal era alguém em quem poderia se apoiar.

Vendo-o perto da porta, Chloe desabou na cadeira enquanto sua atenção se voltava para o papel em sua mão. Mas ela não teve tempo de se concentrar nisso, pois uma peruca grisalha e um par de óculos antigos pousaram na mesa da cozinha em sua frente.

"O que é isto?"

Com um sorriso, Sra. Yates respondeu. "Está escrito por todo seu rosto, querida, você quer vê-lo. Este é um disfarce para sair sem se preocupar com os estúpidos que estão lá fora. E também esta é a chave do meu marido."

Pegando a peruca, Chloe viu a chave na mesa. "Sra. Yates, eu..."

"Sr. Jordan não é a única pessoa que já me ajudou com as compras. Além do mais, quando foi a última vez que você o viu dirigindo aquele carro?"

Levantando-se, Chloe abraçou a vizinha. "Obrigada", foi a única coisa que falou antes de pegar tudo e voltar para seu apartamento, sabendo que era a única chance que tinha de sair sem ser percebida.

Depois de abrir a porta, Chloe foi direto para sua bolsa e chaves, nem parando para olhar para sua companhia. "Eu estou saindo."

"Você enlouqueceu, Chloe?" Clark perguntou, fazendo-a parar antes de deixar o apartamento.

"Eu tenho que vê-lo, isto... isto muda tudo e precisamos estar na mesma página. E essa conversa não pode acontecer pelo telefone."

~0~

Abrindo a grade do elevador, Chloe suspirou enquanto entrava na sala. "Eu odeio os paparazzi", murmurou enquanto olhava para a bolsa. Antes ela podia entrar pela porta da frente, agora tinha todo um novo trajeto pra conseguir.

Houve um pouco de confusão na garagem, mas acabou ajudando o fato de que Chloe estava com uma peruca e óculos. Depois de tirar tudo, o atendente lhe deu um sorriso e a deixou entrar. O código do elevador funcionou como um sonho e agora ela estava parada no meio da entrada, sentindo-se um pouco diferente do que de manhã.

Havia coisas que tinham que discutir frente a frente, já que não era o que desejavam quando começaram o arranjo. Os dois sabiam que contar a verdade aos tabloides estava fora de questão, mas eles tinham que dar algo a eles, já que tinham concordado com o termo 'amigos'.

Esse pequeno termo a assustava mais do que queria admitir, embora, não fosse nada como ter que explicar tudo a Lois e Clark. Envolver outras pessoas nunca deveria ter acontecido. Hal não representava nenhum perigo, mas agora o mundo sabia e Chloe não tinha certeza de como se sentia. Porém ela foi rápida em enterrar esse sentimento quando Oliver apareceu, sorrindo quando a percebeu parada ali.

"Chloe? O que você está fazendo aqui? Você seguiu o-"

"Segui as instruções de Hal, com uma pequena ajuda da minha vizinha", Chloe respondeu, a lista de direções na mão. Parecia estúpido e um pouco redundante, mas Oliver tinha encontrado um jeito de tirar os tabloides de seu caminho. Mas isso não impediu Chloe de dizer, "Eu não acredito que deu certo."

"Provavelmente não vai funcionar tão bem da próxima vez. Eu tenho cinco maneiras diferentes de chegar e sair do prédio e mudo sempre." Entregando um arquivo a Chloe, Oliver acrescentou. "Contrário ao que o público pensa, eu realmente não gosto de fotos."

Ele a ouviu dar risada enquanto olhava para os arquivos, ou melhor, para as rotas de como chegar ali no futuro. Era provavelmente um exagero, mas estava claro que ela não era a única que não queria perder o que tinham por causa do conhecimento público.

Estendendo a mão, Oliver colocou o cabelo dela atrás da orelha, escondendo um senso de confusão por trás da felicidade que sentia no peito. Ela não tinha se afastado, pelo contrário, tinha ido até ele, mas ele não podia entender a razão. "Então... alguma chance de eu ainda ser uma faceta da sua vida que faz sentido?"

"Sim." Chloe deu de ombros, deixando a pasta de lado. "Isso não muda o fato de que eu ainda estou bem com este arranjo... contanto que você também esteja."

Oliver jogou um braço ao redor das costas dela, puxando-a mais perto para que o ombro dela descansasse contra seu peito. "Eu não iria querer de outro jeito." Era uma frase de múltiplos significados, eles ali com os respectivos telefones desligados enquanto desfrutavam o momento de solidão, um momento de compreensível silêncio. O tempo todo, Oliver olhou pra ela, sabendo que havia uma centena de coisas que queria falar e perguntas que queria fazer, mas tinha medo das respostas.

Foi por isso que disse apenas, "Pelo menos não estamos em Star City, lá eles são muito piores. Embora, como você deve saber, a maior parte da imprensa ruim pode ser comprada pelo preço certo." Esta era uma vez em que ele estava disposto a pagar para as manchetes ficarem longe deles. Diabos, estava a ponto de esmagar as câmeras no chão se fosse necessário. Mas agora que aquilo tinha acontecido, Oliver estava pelo menos agradecido pelo fato de que Chloe estava lidando melhor do que ele esperava.

Claro, havia uma certa quantidade de pânico que Chloe estava enterrando, já que sabia que este era só o primeiro dia. Provavelmente o pior, mas não ficariam livres logo e essa não era a vida que ela queria. Então havia também o fato de que Oliver estava certo, ela não queria rótulos quando começaram isso.

Mas ela tinha que dar a ele este crédito, já que ele a surpreendeu mais do que ela queria. "Por isso que você escolheu Metrópolis? Por que achou que a pressão da imprensa seria menor?"

"Se fosse esse o caso, eu teria saído de lá anos atrás." Passando por ela, sua expressão mudou enquanto a verdade surgia em seus lábios. "Eu vim pra cá pra limpar minha consciência."

Chloe o observou se aproximar da varanda, olhar no horizonte. "Ah qual é... como se você tivesse sido pego fazendo algo pior do que uma multa ou posse de drogas." Quando o silêncio dele continuou, Chloe se aproximou. "Ollie?"

Virando a cabeça por sobre o ombro, ele admitiu. "Eu fiz muita coisa estúpida quando era jovem."

Ficando na ponta dos pés, Chloe segurou o rosto dele. "Eu sei que você acha que me deve alguma coisa depois de ontem, diabos depois desta manhã. Mas você realmente não deve." Ela se inclinou e o beijou. "Muita coisa aconteceu hoje, então... vamos deixar o resto pra lá."

Verdade, ela tinha ido lá pra conversar, mas no momento em que o viu, todas as suas perguntas tinham desaparecido. Então com aquelas palavras, Oliver se virou antes de descer a cabeça e beijá-la de volta.

~0~

Talvez Hal estivesse certo, talvez ele estivesse dando muita abertura pra ela. Este não era seu estilo normal, braços ao redor de alguém, não querendo soltá-la. Isso também parecia muito com abraço, mas Oliver não ia admitir de jeito nenhum. Ajudava que sua mente estivesse em outro lugar enquanto observava Chloe dormir ao seu lado.

Ele visualizou a expressão no rosto dela quando ela disse que ele não lhe devia nada, mas mesmo que ela pensasse assim, havia algo sobre Chloe que fazia Oliver querer contar a ela porque realmente veio para Metrópolis. No mínimo, ele não queria que ela ouvisse a história por outra pessoa.

Tudo girava em torno de um nome que ainda o assustava até hoje, o ato que o fez mudar. Duncan Allenmeyer era um bom garoto, alguém que trabalhava duro, alguém que queria fazer a coisa certa, então por que ele estava enterrado? Oliver perdeu a conta de quantas vezes se perguntou isso, mas desde aquele momento, ele se sentiu como um impostor na escola, com uma casa que não era um lar.

Ele não era tolo, sabia que tudo tinha sido um acidente, mas mesmo não tendo sido Oliver a puxar o gatilho, ele sentiu como se tivesse provido a munição. Era um simples teste de matemática e Oliver e seus amigos tinham roubado as respostas, e ainda assim tudo saiu de controle.

Não era segredo que Oliver e Lex Luthor não se davam bem e tudo se virou contra eles. Lex era o melhor amigo de Duncan, mas Lex queria usar o que descobriram para chantagear ao invés de entregar Oliver e seus amigos. Oliver poderia ter sido expulso naquele dia, mas ao invés, Lex traiu seu único amigo, levando a uma infeliz briga entre os antigos amigos. Isso já foi horrível o suficiente de assistir, mas nada se comparava ao que aconteceu depois que Ducan começou a ir de costas na direção da estrada. Ele estava emocionalmente abalado, mas ia dizer a verdade, não importava o que acontecesse. No entanto, um veículo garantiu seu permanente silêncio.

Os Luthors tentaram acobertar, tentaram suavizar as coisas aos olhos do público, mas não tinha como amenizar o que tinha acontecido. Durante semanas, Oliver não conseguiu dormir, mal conseguiu comer. O mundo tinha perdido o brilho, e mesmo Oliver estando longe de ser inocente, sentiu como se tivesse perdido a inocência mais uma vez. Um dia, ele percebeu que ficar sentado não ia mudar o jeito que se sentia, então pensou sobre o que podia fazer sobre Duncan, incluindo quem ele tinha deixado pra trás, mais especificamente sua mãe Rachel, que vivia em Metrópolis.

Vendo a situação do lugar que ela cuidava, Oliver fez o que pôde para ajudá-la e fez uma grande doação. Salvar Rylan era algo em que podia acreditar, mas ele tinha que fazer anonimamente. Ele não queria glória, não merecia glória, era só para tornar a dor suportável. O ato não limpou sua consciência, mas parecia certo e era um passo, um que ele não ia ignorar.

Mesmo quando Rachel descobriu que o dinheiro havia vindo dele e ela foi até Oliver, querendo aliviá-lo de sua dor, ele ainda insistiu. Ao que ela disse um simples obrigada e com isso a doação valeu cada centavo. Tinha sido a primeira vez que alguém tinha lhe dito obrigada de verdade em anos. Normalmente, vinha com uma segunda intenção ou uma ironia, mas havia verdade em Rachel Allenmeyer e ela nunca revelou quem salvou sua casa.

E não importa o quanto ela tivesse protestado há apenas algumas horas, ele queria contar tudo a Chloe, já que tinha a sensação que Rachel tinha um lugar especial no coração dela. Mas ele apenas correu delicadamente os dedos por suas costas, não querendo acordá-la.

Havia algo no jeito que ela dormia, no jeito que ela finalmente soltava os ombros durante o sono e de fato descansava. Calma combinava com ela mais do que ele poderia imaginar. Mas talvez fosse também o fato de que ela lhe passava essa sensação deitada ali ao lado dele, enquanto a distância metafórica entre eles tinha diminuído consideravelmente junto com a física.

Parecia inimaginável antes que eles pudessem se tornar tão próximos, mas agora era aparente que ela fazia alguma coisa que Oliver nunca esperava. Ela o deixava nervoso. Não era uma emoção com a qual ele era familiar, mas talvez fizesse um tempo desde que tinha se encontrado nessa particular circunstância. Claro, havia outra razão, o exato problema desta situação, ele gostava dela. Muito. Ele gostava de seu jeito, sua determinação e força de caráter, o brilho e diversão em seus olhos quando ela se permitia estar feliz. Ele gostava do quão honestos podiam ser um com o outro.

Mas tudo isso significava problema. Pois mesmo que houvesse uma chance de ela estar também começando a gostar dele, de jeito nenhum ela deixaria que eles se tornassem mais do que o que eram. A esta altura, era um milagre que ela estivesse ali, mas Oliver não ia questionar. Ele sabia que era só uma questão de tempo antes dela ir embora, então ia aproveitar o momento enquanto durasse.

Era verdade que Chloe compartilhava com ele daquele momento, mesmo silenciosamente deitada a seu lado, seus olhos confortavelmente fechados. Ela podia senti-lo olhando pra ela, provavelmente pensando nas mesmas coisas que ela, como algo que parecia um tabu há alguns meses agora parecia tão natural. Era estranho admitir, mas ela se sentia... segura ali. Não que se sentisse ameaçada por forças externas, mas era só que ali era um lugar seguro. Ela podia se soltar, relaxar um pouco e nem sempre estar no controle das coisas. Claro, ela não perdia completamente o controle, mas era bom se libertar por algumas horas.

Mesmo o jeito confortante com que ele a abraçava, a natureza gentil de sua palma e dedos na pele de suas costas era suficiente para lhe causar uma reação. Mas ela segurou um suspiro, junto com todas as outras emoções que ameaçavam se mostrar. O suspiro provavelmente teria sido o único, mas com Chloe, relaxar não era um luxo que podia ter.

Era por isso que ela não podia ignorar o jeito que precisava se controlar. Eles estavam próximos demais para seu gosto, algo que ele também tinha que estar sentindo. Ele tinha lhe dado uma chance de ir embora na noite anterior, mas mesmo que ela tivesse aproveitado, não era fácil ir embora agora. A pior parte é que ela não tinha certeza se era uma coisa boa ou ruim.

Finalmente, houve um senso de raiva, dele, de si mesma. Pensando em tudo, era difícil saber quando as coisas tinham mudado, quando o arranjo foi além do que precisavam.

Não era só sexo, não era só companheirismo. Não, o que demorou até agora para ela perceber é que há semanas não era só sobre o corpo dele, ela apenas o queria. Ele nunca lhe pediu para ser menos do que era, na verdade, ele tinha mais crença nela do que ela própria. Mas quando a situação estava difícil, ele estava ali para ouvir, até mesmo levantar seu espírito, não importa o que ela precisasse. Ele até aprendeu a fazer café pra ela, e ele não tinha sido ruim nisso.

Mas com quem ele era, aquela capa de tabloide significava que uma contagem regressiva tinha começado. Foi uma loucura, e ele tinha lhe dado a oportunidade de cair fora, de voltar para sua vida normal. E ela aproveitaria a chance, sabendo que não seriam mais do que eram agora.

Oliver já tinha admitido pra ela que Metrópolis era um lar temporário. Podia ser um de longo tempo, mas era só uma questão de tempo antes que ele partisse. E ele não pediria pra ela ir com ele, porque mesmo que as coisas tivessem mudado, ele a conhecia o suficiente para saber que ela não aceitaria. No mínimo, Chloe não deixaria sua mãe pra trás, mas Lois e Clark também eram importantes. Então haveria sempre alguma distância entre eles, já que ela não podia pedir pra ele ficar. Star City era a casa dele, onde os remanescentes que ele tinha de seus pais estavam. De jeito nenhum Chloe seria egoísta o suficiente para afastá-lo disso.

Claro, a admissão ajudou muito pouco para aliviar o nó em seu estômago enquanto ela sentia os dedos dele brincando em seu cabelo. Então ela levantou a cabeça, decidindo que não havia razão em fingir que ainda estava dormindo.

"Oi", ela sussurrou, não confiando em sua voz ou suas emoções para dizer mais.

"Oi", ele disse de volta, deixando as preocupações de lado enquanto ela ainda estava ali. Mesmo que as coisas estivessem mudando, ela não tinha saído de sua vida ainda. "Dormiu bem?"

"Dormi. Não graças a você, é claro." Vendo-o sorrir, Chloe olhou o quarto, vendo o pedaço de horizonte pela janela. Engolindo em seco, sabia que ele deveria ter percebido, mas achou melhor esconder o que estava sentindo. Em um mês, depois do baile, todas as apostas estariam terminadas, e talvez o arranjo que tinham também.

Oliver virou a cabeça para olhar pela janela e quando não viu nada de diferente, olhou de volta pra ela. "O quê?"

Fechando os olhos, Chloe pegou a mão dele, entrelaçando seus dedos enquanto descia o olhar. "O que está te segurando em Metrópolis? Não sente falta de Star City?"

"Eu sinto", Oliver respondeu depois de um minuto. Ele seria um tolo se não admitisse que sentia falta de sua cidade natal, mas ultimamente, esse vazio parecia estar diminuindo. "Eu... eu quero voltar quando eu sentir que posso andar na cidade e sentir como se pertencesse ali. Aquela é a cidade dos meus pais, o lugar onde eles criaram raízes... eu ainda não sinto como se estivesse no mesmo nível."

Isso explicava a expressão perdida nos olhos dele, a expressão que Chloe viu no dia que praticamente correu da Torre do Relógio. Era provavelmente por isso que suas palavras tinham doído tanto pra ele, e ela não fazia ideia do quanto ele se criticava, do quanto ele se punia esses anos todos.

"Todos erramos, isso não significa que nossos passados nos definem completamente." Com isso, Chloe estava tentada a revirar os olhos, sabendo que era quem soava hipócrita agora.

"Acho que você tem razão."

Vendo o jeito que a boca dele se curvou, Chloe se sentiu bem melhor, mas assim que olhou a hora, soube que tinha que encarar a realidade mais uma vez. Depois de um beijo rápido, ela saiu da cama, sabendo que queria ficar, mas mesmo com seus sentimentos mudando, não podia deixá-lo perceber.

Só que Oliver estava muito concentrado assistindo-a se vestir, tomando os detalhes de como o corpo dela se movia, mesmo nesse tipo de ação. Eventualmente, ele disse, "Chloe, eu..."

"Sim?"

Mais uma vez, ele queria contar a ela, já que a última coisa que ela disse antes de se afastar dele lhe deu uma abertura, mas ela já estava na porta e ele tinha a sensação que contar a ela a verdade a afastaria de uma vez. Então ele mudou o assunto. "Eu sei que você estava tentando evitar, mas... feliz aniversário atrasado."

Pra dizer o mínimo, havia algo confortante no fato de que ela escolheu passar o aniversário com ele, mesmo que tudo que quisesse fosse um lugar para dormir. No entanto, assim que ela saiu, Oliver não pôde deixar de imaginar se havia alguma chance de ele ser mais do que uma válvula de escape pra ela.

_________
CATORZE

_____________________________________________________________________________

2 comentários:

  1. Aaah, Oliver!! *-*

    Sempre sabendo o que quer e aceitando seus sentimentos... a Chloe por outro lado... morro de medo quando a Chloe começa a pensar, porque enquanto o Oliver reconhece e aceita que há algo mais forte que apenas físico, já Chloe compreende porém corre para o mais longe possível, ela auto se sabota... aiai!!

    GIL

    ResponderExcluir

Google Analytics Alternative