Resumo: Aparentemente, a única coisa que unia Chloe Sullivan e Oliver Queen era uma história. Mas por trás das portas fechadas era um relacionamento acidental que sem nenhuma intenção acabou mudando tudo.
Autora: serafina19
Classificação: NC-17
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Em todos os anos que conhecia Chloe, ele nunca a viu daquele jeito.
Claro, fazia um tempo desde que Matt vira Chloe pessoalmente antes do baile da Queen Industries, mas a diferença era fácil de notar. Sucesso profissional sempre combinou com ela e ele estava feliz em vê-la sorrindo novamente. No entanto, Matt a conhecia bem o suficiente para saber que havia uma razão extra para aquela felicidade.
Havia uma parte dele que não gostava de perceber isso, a mesma parte que desejava que estivesse errado. Afinal, se havia algo em que Chloe era boa em esconder, era felicidade. Porém, apesar do tempo que tinha passado, Chloe ainda tinha o mesmo jeito dos dias de Universidade.
Seu status no relacionamento poderia não ser responsável por esse jeito, mas Matt sabia agora que desta vez era o caso. O sorriso dela estava um pouco mais brilhante, os ombros menos tensos, e pela primeira vez, Chloe parecia relaxada. Impressionante considerando que a última vez que ela tinha visto Matt pessoalmente foram meros dias antes de ficar noiva de Jimmy.
Matt sabia que não havia aceito bem as novidades e sua namorada merecia coisa melhor do que o cara que ele era na época. Depois do fim do noivado, ele queria dizer a Chloe o quanto sentia muito, mas sabia que suas intenções não eram exatamente puras. De certa forma, Matt sabia que tinha que deixar Chloe partir, que o tempo de se tornarem mais que amigos havia passado.
No entanto, aquele 'e se' era difícil de enterrar, especialmente com ela em sua frente agora, mas ele entendia seu lugar na vida de Chloe. Era algo que tinha entendido depois do relacionamento dela com Clark. Matt viu cada faceta da amizade dos dois, mas ela aprendeu a deixar Clark partir, e lentamente, ele estava aprendendo a fazer o mesmo.
Era melhor assim, e ele estava aproveitado o tempo que podiam passar juntos enquanto estava em Metrópolis, incluindo a visita para ver a Sra. Sullivan onde ela estava internada. Nunca deixava de maravilhar Matt o quanto Chloe cuidava de sua mãe, mas ele percebeu que elas precisavam de um momento sozinhas, então se levantou da cadeira.
"Sra. Sullivan", ele disse assim que Chloe parou de falar. "Foi maravilhoso vê-la novamente. Vou tentar não demorar muito para fazer a próxima visita." Ele apertou a mão dela e então deixou o quarto, dando um olhar a Chloe.
Ele foi até a janela, vendo o carro que tinha levado os dois até ali. De fato ele estava chocado em vê-la parar na frente do hotel com ele, mas feliz que ela o tenha deixado ajudar. Depois de um minuto, ele ouviu passos, então Matt se virou e disse. "Não era minha intenção apressá-la."
"Não, está tudo bem, venho visitá-la bastante ultimamente." Chloe sorriu enquanto acenava com a cabeça para o corredor. "Acho que ela nunca viu tanta gente antes."
"Quem mais tem vindo visitá-la?"
Chloe abriu a boca, lentamente percebendo o que tinha deixado escapar. "Eu, hum, ela conheceu Oliver semana passada."
"Oh", Matt respondeu, tentando conter a surpresa.
"Com a imprensa", ela disse rapidamente. "Eu achei que era hora de contar meu lado da história pra ela... e ele estava disposto."
Matt assentiu, mas ela viu que ele percebeu que era mentira. De jeito nenhum Chloe se dobraria à pressão da mídia quando se tratava de sua mãe. No entanto, não tinha direito de cobrar isso dela, especialmente considerando o assunto. O fato de que Oliver já estava visitando a mãe de Chloe dizia muita coisa, mas conhecendo Chloe, e o pouco que sabia do relacionamento dos dois, significava que a opção verdadeira era a mais tenebrosa.
Colocando as mãos nos bolsos, Matt deu um rápido sorriso antes de virar a cabeça para olhar adiante. "Bem, sua mãe parece ótima, Chloe."
Feliz com a mudança na conversa, Chloe deu de ombros. "Ela está aguentando firme, eu acho. A esta altura eu só estou agradecida que ela esteja bem." Sua mão vasculhou a bolsa, tentando encontrar o que estava procurando antes de chegarem à mesa da recepção. "Antes de irmos tomar o café, eu só preciso deixar um cheque, você se importa?"
"De jeito nenhum."
Chloe sorriu enquanto pegava o cheque, deixando-o na mesa quando chegou. "Ei, Nora, eu sei que estou alguns dias atrasada, mas as coisas andam uma loucura ultimamente."
"Nós entendemos, Chloe, não se preocupe." Nora digitou algo no teclado, abrindo o arquivo de Chloe, surpresa pelo que viu. "Exceto que você já pagou pelos próximos três meses."
De jeito nenhum aquilo era verdade, porque embora Chloe estivesse balanceando melhor os números ultimamente, ela não tinha tanto dinheiro assim. "Tem certeza?"
Virando o monitor para Chloe olhar, Nora apontou a data na tela. "Diz aqui que você pagou semana passada."
E então de repente, tudo fez sentido. Que diabos ele estava pensando? Ela não precisava do dinheiro dele, ela nunca quis seu dinheiro.
"Chloe", Matt chamou, colocando uma mão em seu ombro. "Está tudo bem?"
"Sim", Chloe mentiu, "tudo bem." Exceto que depois de respirar fundo, ela se afastou da mesa e praticamente correu até o carro, sem se preocupar com os passos que a seguiam.
Ela abriu a porta do carro, pronta para partir, mas ao fazer isso, outra mão fechou a porta. "Eu sei o que você está pensando", Matt disse, inclinando-se para ver seus olhos, "e tem-"
"Matt, isto é algo que você não entende", Chloe respondeu, não querendo ouvi-lo racionalizar, porque tinha a sensação que era só uma questão de tempo até ouvir outra desculpa. Ela não precisava ouvir. "Por favor... deixe que eu resolvo."
Dando um passo para trás, Matt deu de ombros, sabendo que não ia conseguir convencer Chloe do contrário. "Eu vou pegar um táxi para o hotel, mas... vai com calma." Porque Matt sabia o quanto demorou para convencer Chloe a aceitar dinheiro de alguém que vinha do dinheiro. Demorou anos para ela ficar confortável com ele, e mesmo quando ficou, foi necessário muito tempo de convencimento. O carro parado entre eles agora era a prova.
Ele a observou tentar sorrir, mas ela só conseguiu balançar a cabeça antes de entrar no carro. "Não desta vez, Matt." Entrando, Chloe colocou o cinto e ligou o motor. "Não desta vez."
Ela afastou o carro da vaga e saiu, nada surpresa em ver seu amigo ainda olhando pra ela. Matt queria ajudar, e ele provavelmente entendia mais do que qualquer outra pessoa, mas Chloe não podia explicar sua situação com Oliver.
Ela não podia explicar que tudo tinha começado com uma noite avulsa, que se tornou um arranjo de sexo casual e que saiu de controle e virou algo que Chloe nem sabia como definir. Em algum momento, Oliver passou a significar alguma coisa pra ela e era por isso que descobrir sobre o dinheiro doía mais do que deveria.
Não era a intenção dele, Chloe sabia, e sabia que suas intenções eram boas, mas ela não podia deixá-lo fazer mais isso. Esse tempo todo, Oliver nunca se atreveu a fazer algo assim e Chloe deduziu que era porque ele a compreendia. Algo estava errado, tinha que estar.
Claro, havia uma chance de talvez ela estar errada, mas Chloe sabia que eles estavam andando nessa corda bamba há algum tempo e Oliver tinha que saber que ele já tinha feito o suficiente. As recomendações, as calcinhas bonitas, as apresentações eram toleráveis e levemente compreensíveis depois que todo mundo tinha descoberto. Mas dinheiro só complicava as coisas, especialmente considerando o que este arranjo deveria ser. Não ajudava que houvesse uma pequena parte de Chloe que sentia que sua carreira se baseava no que ele lhe dava.
Estacionando o carro, Chloe ficou um pouco ali, sabendo que poderia desistir, mas sua curiosidade, sua necessidade de saber a verdade, sempre vencia. Mas a cada passo que dava depois de sair do carro, seus pés pareciam pesar uma tonelada, sabendo que estava reagindo exageradamente ao que deveria considerar uma bênção.
Agora dentro do elevador, os dedos de Chloe pairavam sobre os números para digitar o código, seu cérebro enevoado enquanto olhava para a câmera. Ela rezava para que ele não a estivesse vendo agora, já que a dor em seu rosto era aparente, tentando entender porque ele fez aquilo.
Dando um passo a frente, Chloe abaixou a cabeça e a apoiou contra a parede do elevador, seus dedos finalmente digitando o código. Seu peito apertado, sabendo que não o tinha visto desde aquele dia, já que a Queen Industries tomava sua vida com todos os novos projetos, então por baixo de toda a raiva estava a ansiedade em vê-lo.
Ela fechou os olhos enquanto visualizava todo o bem que ele havia trazido para sua vida. Oliver era um dos poucos que sempre a deixava decidir, e a deixava viver do jeito que ela queria. Ele nunca a julgava e nunca tinha pena dela, ele simplesmente... estava ali.
Você poderia deixar pra lá, ela pensou. Ele só está tentando te ajudar, então pelo menos uma vez na sua vida, deixe-o ajudar sem brigar.
Não era como se ele tivesse lhe comprado um carro ou uma mansão, eram só alguns pagamentos hospitalares, mas Chloe sabia que era uma cilada que ela deveria evitar. Por mais que duvidasse da mulher que era neste arranjo, isto era algo que ela tinha certeza. Roupas eram uma coisa porque Oliver era esperto, mas Chloe não era essa mulher, ela não era a pessoa que queria alguém lutando suas batalhas. Aceitar o primeiro cheque foi suficiente e por mais que Chloe quisesse fingir não ter descoberto, ela sabia que não poderia.
O elevador parou, levantando a cabeça Chloe fechou a mão ao redor do portão, abrindo-o lentamente.
Ela tinha dado apenas alguns passos quando o viu. "Chloe, ei", ele disse, seu sorriso a recebendo, como fazia sempre. Tentando encontrar palavras, Chloe abaixou a cabeça mais uma vez, não querendo arruinar o bom humor em que ele estava, mas não tinha como evitar agora. Para piorar ele tinha colocado as mãos em sua cintura. "Algo errado?"
Chloe engoliu seco. "Sim", ela sussurrou, afastando as mãos dele, tentando construir um espaço seguro. "Sim, tem." A varanda logo tomou sua visão, lembranças de seu aniversário voltando enquanto lágrimas começavam a se formar em seus olhos. "Sabe, eu realmente acreditei quando você disse que ia ao banheiro. Eu nunca pensei -" Sua voz parou abruptamente enquanto virava a cabeça para ele. "Eu achei que havia sido clara quando disse que não estava interessada em seu dinheiro... que eu não precisava de nenhuma ajuda financeira sua."
Ele abriu a boca para responder algumas vezes, mas ela podia ver que ele estava um pouco surpreso com a reação dela, algo pelo qual ela não podia culpá-lo. Eventualmente, Oliver finalmente encontrou suas palavras. "Isso significa muito pra você." Ou pelo menos o suficiente para usar o dinheiro dele pela primeira vez, então ao invés de comprar alguma coisa, Oliver tentou algo que ela não pudesse recusar. "Chloe, eu só queria fazer algo para mostrar o quanto sou agradecido a você."
Por que seria a primeira coisa a sair de sua boca, mas ela paralisou quando percebeu as malas perto do elevador. "O que está acontecendo?"
Ela fez a pergunta, mas quando as palavras finalmente saíram de sua boca, já tinha a resposta em sua cabeça. Inicialmente, ela desejava que fossem de Hal, mas eram muito mais luxuosas do que a bolsa com que ele viajava e Oliver viajava com uma maleta. Isso só deixava uma conclusão possível.
"Eu vou para Star City, e... eu não sei quando volto." Ele observou a mão dela ir até o rosto, mas Chloe controlou qualquer reação. Fechando os olhos, Oliver respirou tremulamente, sabendo que não era assim que queria contar a ela. No entanto, ele sabia que não importa como ela descobrisse, provavelmente não doeria menos. "Eu evitei a viagem até agora, mas tem algumas coisas que não consigo resolver por teleconferência."
Pelo menos isso respondia a pergunta não feita, mas tudo que Chloe conseguiu fazer foi morder o lábio em resposta. Ela sempre soube que este dia ia chegar, mas não era para parecer um soco no estômago. Seu peito não deveria estar tão pesado. "Isto... nós... terminou, não é?"
Ele queria dizer não, mas os dois sabiam que não era verdade. "Tem que terminar." Não era justo com ela, nem com ele continuar esse arranjo durante o momento mais cheio de sua carreira profissional. Sua data de partida havia sido adiada o máximo possível porque ele tinha que resolver as coisas com ela, e ele não podia mais perder o foco. Além do mais, eles tinham começado aquilo sabendo que haveria uma data de vencimento, então não havia necessidade de se enganarem e achar que este dia nunca ia chegar.
Isso era o que Oliver dizia a si mesmo, tentando se fazer compreender porque aquilo tinha que acontecer, mas havia uma centena de outras razões... só que ele ainda não estava pronto para aceitar.
Chloe assentiu, esquecendo a raiva anterior, mesmo a razão por baixo de tudo já que sabia que tinha que ir embora. "Ok."
"Mas talvez ainda possamos ser amigos", ela ouviu Oliver dizer, resultando em Chloe se virando mais uma vez. "Você sabe, telefonemas e e-mails... talvez possamos visitar um ao outro de vez em quando."
Não era muito, mas ele sabia que era melhor do que perder tudo de uma vez. A distância ia ser difícil, mas ele queria ter certeza que a distância pessoal entre eles também diminuísse.
"Eu... acho que é uma boa ideia." Ela expirou, quase aliviada, e a próxima coisa que sabia era que seus pés estavam se movendo. Estendendo os braços, ela os passou ao redor das costas dele, descansando a cabeça em seu peito, feliz que ele tenha respondido ao abraço. Fechando os olhos com força, sentindo as lágrimas, Chloe fez o melhor que pôde para segurá-las. "Eu... vou sentir sua falta."
Oliver deu risada enquanto corria a mão pelo cabelo dela. "Isto não é um adeus, você sabe."
Chloe não tinha tanta certeza enquanto se afastava, querendo nada mais do que manter as emoções sob controle. Ela foi até o elevador, deu uma olhada ao redor antes de seus dedos segurarem o portão. Ela queria correr, mas ao invés, apenas abaixou a cabeça.
Ele ficou parado no lugar, observando-a. Não era o que ele queria fazer, mas tinha que fazer. Virando-se, Oliver voltou para sua mesa, sabendo que tinha uma duro caminho a sua frente. Ele esperou ouvir o portão abrir, ouvi-la indo embora, mas o que ouviu foi sua voz.
"Você tem permissão para ser maravilhoso, você sabe."
Oliver olhou pra cima, encarando os familiares olhos verdes. Ele estalou a língua na bochecha, o que pareceu ser resposta suficiente para ela.
Afastando-se do portão, Chloe caminhou com confiança até a mesa. "Seus pais foram maravilhosos, ninguém discute isso. A Queen Industries é uma empresa incrível para se trabalhar, eu vi isso em um dia. O legado deles, a reputação da sua empresa, não vão embora."
"Chloe..."
"Um dia, você tem que parar de dar tiro no pé e deixar o resto do mundo ver o que eu vejo." Estendendo as mãos sobre a mesa, ela apertou as dele, mas sem desviar o olhar. "Porque você merece seu próprio legado, Oliver... e todo mundo merece te ver pelo que você realmente é."
Assim que ela parou de falar, Oliver olhou para suas mãos, as palavras dela ecoando em seus ouvidos. "Obrigado", ele sussurrou, mal confiando em sua voz enquanto Chloe tornava o encontro mais difícil do que ele poderia ter imaginado.
Ela suspirou quando também olhou para baixo. "É para isso que os amigos existem, certo?" Mesmo agora, mesmo eles admitindo o que eram, a palavra fazia Chloe ter enjoo. "Apenas me prometa que não vai voltar ao velhos hábitos."
Virando as mãos dele para segurar as dela, Oliver disse, "Eu prometo." Ele tinha aprendido muita coisa enquanto esteve com ela, mas algo que tinha percebido era que cuidar significava mais do que ele imaginava. Mostrar que se importava com si mesmo só melhorava sua credibilidade, o legado do qual Chloe falou.
Ela sorriu pra ele, feliz em ouvir a confiança em sua voz, mas afastou a mão, suas paredes subindo. "Bem... Eu tenho que ir." Depois de um rápido aceno de cabeça, Chloe acrescentou. "Boa viagem", antes de entrar no elevador com menos hesitação desta vez enquanto abria o portão e o fechava, o olhar para a parede.
Oliver se recostou contra a cadeira, sabendo que não conseguiria voltar a trabalhar se quisesse. De fato, demorou só alguns segundos para se levantar e ir até as malas. Não era sempre que Oliver se considerava um covarde, mas neste caso, a cama servia. Ele sabia que tinha marcado o dia seguinte para ir embora há quase duas semanas, mas nunca teve coragem de contar a ela.
Não havia nem um plano para contar a ela, já que Oliver tinha quase considerado fugir da verdade, algo que não seria justo com ela, mas doeria menos do que ver aquela expressão em seu rosto. Talvez ele pudesse ter mudado isso se tivesse sido completamente honesto com ela, mas Oliver não podia, mesmo que outra pessoa fosse discordar.
"Há quanto tempo você está parado aí?" ele perguntou, virando a cabeça para encontrar o olhar de Hal. Seu amigo tinha vindo lhe ajudar com a mudança, mas Hal estava surpreso que Chloe não soubesse sobre a partida de Oliver. Novamente, ele se permitiu ser apenas um espectador, mas ver Oliver depois que Chloe foi embora trouxe a certeza que Hal não podia mais agir assim.
"Tempo suficiente para não entender como você a deixou ir embora", ele finalmente respondeu dando alguns passos dentro da sala. Oliver caminhou de volta até sua mesa, olhando para uma das pilhas de papel que havia ali. "Eu não entendo, cara... ela é tudo que você sempre quis."
"Eu sei." Não era a coisa mais fácil para Oliver dizer, mas não tinha como negar. Ele reconhecia a surpresa no rosto de Hal, mas não ia durar muito assim que ele continuasse. "Mas ela merece coisa melhor desta vida." Arrumando alguns papeis, ele fechou a pasta.
"Você não acha que essa decisão deveria ser dela?"
Oliver deu de ombros. "Não importa o quanto eu queira ser egoísta... terminar tudo é o único jeito pra ela não nos ver como mais do que somos."
Ele tinha dito as palavras, mas Hal podia ver facilmente que não era esse o problema. "Você está errado. Há outras maneiras de se fazer isso", ele pontuou, sem entender como seu amigo estava evitando o assunto. "Uma dessa maneiras... é contar a ela a verdade."
"Eu sei que isso não faz sentido, mas este é o único jeito." Oliver bufou enquanto ia até onde Chloe estava parada antes, olhando para a varanda, sabendo que não era só ela com lembranças daquela noite. Havia algo verdadeiramente incrível nela, já que depois daquela noite, Oliver teve um senso de esperança de que poderiam continuar o que tinham.
No entanto, conforme o relacionamento deles foi ficando mais complicado, ele percebeu que ficar ali não era tão fácil e perguntar se ela sentia mais não ia trazer os resultados a longo prazo que ele queria. "Eu sei como eu me sinto hoje, eu sei como eu me sinto antes da tempestade realmente começar. Com tudo na minha vida, com a carreira dela recomeçando, as coisas podem mudar, eu posso voltar ao velhos hábitos." Oliver fechou os olhos, sua garganta parecia se fechar a cada palavra que dizia. "Hal, eu odeio dizer isto, porque eu quero pedir pra ela ir comigo, mas se eu estragar tudo..."
Depois de respirar fundo, Oliver abriu os olhos, a visão na frente dele ainda mais difícil de suportar, não que qualquer outro lugar para onde olhasse fosse melhor, pois parecia haver uma lembrança de Chloe em todo lugar. Outra razão pela qual Oliver sabia que era melhor ir embora enquanto tinha coragem.
"Se", Hal disse, reconhecendo que Oliver estava lutando para terminar a frase. "Não quando." Pois ele via como Oliver tinha mudado, as diferenças em tudo que ele fazia.
Mas isso não era suficiente para Oliver. Mesmo que nunca tenha sentido nada tão forte por uma mulher antes, ele tinha chegado a este ponto com outras mulheres antes. Nunca terminava bem, nunca terminava num lugar onde Oliver estava orgulhoso de si mesmo e ele não aguentaria acrescentar Chloe a esta lista. "Eu nunca me perdoaria se a magoasse ou a impedisse de viver algo melhor."
"E se você estiver fazendo isso do mesmo jeito?" Observando Oliver finalmente olhar na direção dele, Hal deu de ombros. "E se isso não tiver volta e ela seguir em frente?" Por mais que Oliver quisesse Chloe como amiga, Hal podia ver que ele sabia que não era suficiente.
"Vai doer menos agora do que depois", Oliver respondeu, sabendo que a ideia de serem apenas amigos era uma loucura, mas ele estava disposto a tentar. "Se Chloe encontrar felicidade com outra pessoa, então que seja."
A última frase deixou um gosto amargo em sua boca, mas Oliver não falou mais nada antes de passar por seu amigo, não querendo mais discutir. Ele tinha um avião para pegar no dia seguinte e já tinha ido longe demais tentando salvar o que já estava perdido.
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VINTE
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Claro, fazia um tempo desde que Matt vira Chloe pessoalmente antes do baile da Queen Industries, mas a diferença era fácil de notar. Sucesso profissional sempre combinou com ela e ele estava feliz em vê-la sorrindo novamente. No entanto, Matt a conhecia bem o suficiente para saber que havia uma razão extra para aquela felicidade.
Havia uma parte dele que não gostava de perceber isso, a mesma parte que desejava que estivesse errado. Afinal, se havia algo em que Chloe era boa em esconder, era felicidade. Porém, apesar do tempo que tinha passado, Chloe ainda tinha o mesmo jeito dos dias de Universidade.
Seu status no relacionamento poderia não ser responsável por esse jeito, mas Matt sabia agora que desta vez era o caso. O sorriso dela estava um pouco mais brilhante, os ombros menos tensos, e pela primeira vez, Chloe parecia relaxada. Impressionante considerando que a última vez que ela tinha visto Matt pessoalmente foram meros dias antes de ficar noiva de Jimmy.
Matt sabia que não havia aceito bem as novidades e sua namorada merecia coisa melhor do que o cara que ele era na época. Depois do fim do noivado, ele queria dizer a Chloe o quanto sentia muito, mas sabia que suas intenções não eram exatamente puras. De certa forma, Matt sabia que tinha que deixar Chloe partir, que o tempo de se tornarem mais que amigos havia passado.
No entanto, aquele 'e se' era difícil de enterrar, especialmente com ela em sua frente agora, mas ele entendia seu lugar na vida de Chloe. Era algo que tinha entendido depois do relacionamento dela com Clark. Matt viu cada faceta da amizade dos dois, mas ela aprendeu a deixar Clark partir, e lentamente, ele estava aprendendo a fazer o mesmo.
Era melhor assim, e ele estava aproveitado o tempo que podiam passar juntos enquanto estava em Metrópolis, incluindo a visita para ver a Sra. Sullivan onde ela estava internada. Nunca deixava de maravilhar Matt o quanto Chloe cuidava de sua mãe, mas ele percebeu que elas precisavam de um momento sozinhas, então se levantou da cadeira.
"Sra. Sullivan", ele disse assim que Chloe parou de falar. "Foi maravilhoso vê-la novamente. Vou tentar não demorar muito para fazer a próxima visita." Ele apertou a mão dela e então deixou o quarto, dando um olhar a Chloe.
Ele foi até a janela, vendo o carro que tinha levado os dois até ali. De fato ele estava chocado em vê-la parar na frente do hotel com ele, mas feliz que ela o tenha deixado ajudar. Depois de um minuto, ele ouviu passos, então Matt se virou e disse. "Não era minha intenção apressá-la."
"Não, está tudo bem, venho visitá-la bastante ultimamente." Chloe sorriu enquanto acenava com a cabeça para o corredor. "Acho que ela nunca viu tanta gente antes."
"Quem mais tem vindo visitá-la?"
Chloe abriu a boca, lentamente percebendo o que tinha deixado escapar. "Eu, hum, ela conheceu Oliver semana passada."
"Oh", Matt respondeu, tentando conter a surpresa.
"Com a imprensa", ela disse rapidamente. "Eu achei que era hora de contar meu lado da história pra ela... e ele estava disposto."
Matt assentiu, mas ela viu que ele percebeu que era mentira. De jeito nenhum Chloe se dobraria à pressão da mídia quando se tratava de sua mãe. No entanto, não tinha direito de cobrar isso dela, especialmente considerando o assunto. O fato de que Oliver já estava visitando a mãe de Chloe dizia muita coisa, mas conhecendo Chloe, e o pouco que sabia do relacionamento dos dois, significava que a opção verdadeira era a mais tenebrosa.
Colocando as mãos nos bolsos, Matt deu um rápido sorriso antes de virar a cabeça para olhar adiante. "Bem, sua mãe parece ótima, Chloe."
Feliz com a mudança na conversa, Chloe deu de ombros. "Ela está aguentando firme, eu acho. A esta altura eu só estou agradecida que ela esteja bem." Sua mão vasculhou a bolsa, tentando encontrar o que estava procurando antes de chegarem à mesa da recepção. "Antes de irmos tomar o café, eu só preciso deixar um cheque, você se importa?"
"De jeito nenhum."
Chloe sorriu enquanto pegava o cheque, deixando-o na mesa quando chegou. "Ei, Nora, eu sei que estou alguns dias atrasada, mas as coisas andam uma loucura ultimamente."
"Nós entendemos, Chloe, não se preocupe." Nora digitou algo no teclado, abrindo o arquivo de Chloe, surpresa pelo que viu. "Exceto que você já pagou pelos próximos três meses."
De jeito nenhum aquilo era verdade, porque embora Chloe estivesse balanceando melhor os números ultimamente, ela não tinha tanto dinheiro assim. "Tem certeza?"
Virando o monitor para Chloe olhar, Nora apontou a data na tela. "Diz aqui que você pagou semana passada."
E então de repente, tudo fez sentido. Que diabos ele estava pensando? Ela não precisava do dinheiro dele, ela nunca quis seu dinheiro.
"Chloe", Matt chamou, colocando uma mão em seu ombro. "Está tudo bem?"
"Sim", Chloe mentiu, "tudo bem." Exceto que depois de respirar fundo, ela se afastou da mesa e praticamente correu até o carro, sem se preocupar com os passos que a seguiam.
Ela abriu a porta do carro, pronta para partir, mas ao fazer isso, outra mão fechou a porta. "Eu sei o que você está pensando", Matt disse, inclinando-se para ver seus olhos, "e tem-"
"Matt, isto é algo que você não entende", Chloe respondeu, não querendo ouvi-lo racionalizar, porque tinha a sensação que era só uma questão de tempo até ouvir outra desculpa. Ela não precisava ouvir. "Por favor... deixe que eu resolvo."
Dando um passo para trás, Matt deu de ombros, sabendo que não ia conseguir convencer Chloe do contrário. "Eu vou pegar um táxi para o hotel, mas... vai com calma." Porque Matt sabia o quanto demorou para convencer Chloe a aceitar dinheiro de alguém que vinha do dinheiro. Demorou anos para ela ficar confortável com ele, e mesmo quando ficou, foi necessário muito tempo de convencimento. O carro parado entre eles agora era a prova.
Ele a observou tentar sorrir, mas ela só conseguiu balançar a cabeça antes de entrar no carro. "Não desta vez, Matt." Entrando, Chloe colocou o cinto e ligou o motor. "Não desta vez."
Ela afastou o carro da vaga e saiu, nada surpresa em ver seu amigo ainda olhando pra ela. Matt queria ajudar, e ele provavelmente entendia mais do que qualquer outra pessoa, mas Chloe não podia explicar sua situação com Oliver.
Ela não podia explicar que tudo tinha começado com uma noite avulsa, que se tornou um arranjo de sexo casual e que saiu de controle e virou algo que Chloe nem sabia como definir. Em algum momento, Oliver passou a significar alguma coisa pra ela e era por isso que descobrir sobre o dinheiro doía mais do que deveria.
Não era a intenção dele, Chloe sabia, e sabia que suas intenções eram boas, mas ela não podia deixá-lo fazer mais isso. Esse tempo todo, Oliver nunca se atreveu a fazer algo assim e Chloe deduziu que era porque ele a compreendia. Algo estava errado, tinha que estar.
Claro, havia uma chance de talvez ela estar errada, mas Chloe sabia que eles estavam andando nessa corda bamba há algum tempo e Oliver tinha que saber que ele já tinha feito o suficiente. As recomendações, as calcinhas bonitas, as apresentações eram toleráveis e levemente compreensíveis depois que todo mundo tinha descoberto. Mas dinheiro só complicava as coisas, especialmente considerando o que este arranjo deveria ser. Não ajudava que houvesse uma pequena parte de Chloe que sentia que sua carreira se baseava no que ele lhe dava.
Estacionando o carro, Chloe ficou um pouco ali, sabendo que poderia desistir, mas sua curiosidade, sua necessidade de saber a verdade, sempre vencia. Mas a cada passo que dava depois de sair do carro, seus pés pareciam pesar uma tonelada, sabendo que estava reagindo exageradamente ao que deveria considerar uma bênção.
Agora dentro do elevador, os dedos de Chloe pairavam sobre os números para digitar o código, seu cérebro enevoado enquanto olhava para a câmera. Ela rezava para que ele não a estivesse vendo agora, já que a dor em seu rosto era aparente, tentando entender porque ele fez aquilo.
Dando um passo a frente, Chloe abaixou a cabeça e a apoiou contra a parede do elevador, seus dedos finalmente digitando o código. Seu peito apertado, sabendo que não o tinha visto desde aquele dia, já que a Queen Industries tomava sua vida com todos os novos projetos, então por baixo de toda a raiva estava a ansiedade em vê-lo.
Ela fechou os olhos enquanto visualizava todo o bem que ele havia trazido para sua vida. Oliver era um dos poucos que sempre a deixava decidir, e a deixava viver do jeito que ela queria. Ele nunca a julgava e nunca tinha pena dela, ele simplesmente... estava ali.
Você poderia deixar pra lá, ela pensou. Ele só está tentando te ajudar, então pelo menos uma vez na sua vida, deixe-o ajudar sem brigar.
Não era como se ele tivesse lhe comprado um carro ou uma mansão, eram só alguns pagamentos hospitalares, mas Chloe sabia que era uma cilada que ela deveria evitar. Por mais que duvidasse da mulher que era neste arranjo, isto era algo que ela tinha certeza. Roupas eram uma coisa porque Oliver era esperto, mas Chloe não era essa mulher, ela não era a pessoa que queria alguém lutando suas batalhas. Aceitar o primeiro cheque foi suficiente e por mais que Chloe quisesse fingir não ter descoberto, ela sabia que não poderia.
O elevador parou, levantando a cabeça Chloe fechou a mão ao redor do portão, abrindo-o lentamente.
Ela tinha dado apenas alguns passos quando o viu. "Chloe, ei", ele disse, seu sorriso a recebendo, como fazia sempre. Tentando encontrar palavras, Chloe abaixou a cabeça mais uma vez, não querendo arruinar o bom humor em que ele estava, mas não tinha como evitar agora. Para piorar ele tinha colocado as mãos em sua cintura. "Algo errado?"
Chloe engoliu seco. "Sim", ela sussurrou, afastando as mãos dele, tentando construir um espaço seguro. "Sim, tem." A varanda logo tomou sua visão, lembranças de seu aniversário voltando enquanto lágrimas começavam a se formar em seus olhos. "Sabe, eu realmente acreditei quando você disse que ia ao banheiro. Eu nunca pensei -" Sua voz parou abruptamente enquanto virava a cabeça para ele. "Eu achei que havia sido clara quando disse que não estava interessada em seu dinheiro... que eu não precisava de nenhuma ajuda financeira sua."
Ele abriu a boca para responder algumas vezes, mas ela podia ver que ele estava um pouco surpreso com a reação dela, algo pelo qual ela não podia culpá-lo. Eventualmente, Oliver finalmente encontrou suas palavras. "Isso significa muito pra você." Ou pelo menos o suficiente para usar o dinheiro dele pela primeira vez, então ao invés de comprar alguma coisa, Oliver tentou algo que ela não pudesse recusar. "Chloe, eu só queria fazer algo para mostrar o quanto sou agradecido a você."
Por que seria a primeira coisa a sair de sua boca, mas ela paralisou quando percebeu as malas perto do elevador. "O que está acontecendo?"
Ela fez a pergunta, mas quando as palavras finalmente saíram de sua boca, já tinha a resposta em sua cabeça. Inicialmente, ela desejava que fossem de Hal, mas eram muito mais luxuosas do que a bolsa com que ele viajava e Oliver viajava com uma maleta. Isso só deixava uma conclusão possível.
"Eu vou para Star City, e... eu não sei quando volto." Ele observou a mão dela ir até o rosto, mas Chloe controlou qualquer reação. Fechando os olhos, Oliver respirou tremulamente, sabendo que não era assim que queria contar a ela. No entanto, ele sabia que não importa como ela descobrisse, provavelmente não doeria menos. "Eu evitei a viagem até agora, mas tem algumas coisas que não consigo resolver por teleconferência."
Pelo menos isso respondia a pergunta não feita, mas tudo que Chloe conseguiu fazer foi morder o lábio em resposta. Ela sempre soube que este dia ia chegar, mas não era para parecer um soco no estômago. Seu peito não deveria estar tão pesado. "Isto... nós... terminou, não é?"
Ele queria dizer não, mas os dois sabiam que não era verdade. "Tem que terminar." Não era justo com ela, nem com ele continuar esse arranjo durante o momento mais cheio de sua carreira profissional. Sua data de partida havia sido adiada o máximo possível porque ele tinha que resolver as coisas com ela, e ele não podia mais perder o foco. Além do mais, eles tinham começado aquilo sabendo que haveria uma data de vencimento, então não havia necessidade de se enganarem e achar que este dia nunca ia chegar.
Isso era o que Oliver dizia a si mesmo, tentando se fazer compreender porque aquilo tinha que acontecer, mas havia uma centena de outras razões... só que ele ainda não estava pronto para aceitar.
Chloe assentiu, esquecendo a raiva anterior, mesmo a razão por baixo de tudo já que sabia que tinha que ir embora. "Ok."
"Mas talvez ainda possamos ser amigos", ela ouviu Oliver dizer, resultando em Chloe se virando mais uma vez. "Você sabe, telefonemas e e-mails... talvez possamos visitar um ao outro de vez em quando."
Não era muito, mas ele sabia que era melhor do que perder tudo de uma vez. A distância ia ser difícil, mas ele queria ter certeza que a distância pessoal entre eles também diminuísse.
"Eu... acho que é uma boa ideia." Ela expirou, quase aliviada, e a próxima coisa que sabia era que seus pés estavam se movendo. Estendendo os braços, ela os passou ao redor das costas dele, descansando a cabeça em seu peito, feliz que ele tenha respondido ao abraço. Fechando os olhos com força, sentindo as lágrimas, Chloe fez o melhor que pôde para segurá-las. "Eu... vou sentir sua falta."
Oliver deu risada enquanto corria a mão pelo cabelo dela. "Isto não é um adeus, você sabe."
Chloe não tinha tanta certeza enquanto se afastava, querendo nada mais do que manter as emoções sob controle. Ela foi até o elevador, deu uma olhada ao redor antes de seus dedos segurarem o portão. Ela queria correr, mas ao invés, apenas abaixou a cabeça.
Ele ficou parado no lugar, observando-a. Não era o que ele queria fazer, mas tinha que fazer. Virando-se, Oliver voltou para sua mesa, sabendo que tinha uma duro caminho a sua frente. Ele esperou ouvir o portão abrir, ouvi-la indo embora, mas o que ouviu foi sua voz.
"Você tem permissão para ser maravilhoso, você sabe."
Oliver olhou pra cima, encarando os familiares olhos verdes. Ele estalou a língua na bochecha, o que pareceu ser resposta suficiente para ela.
Afastando-se do portão, Chloe caminhou com confiança até a mesa. "Seus pais foram maravilhosos, ninguém discute isso. A Queen Industries é uma empresa incrível para se trabalhar, eu vi isso em um dia. O legado deles, a reputação da sua empresa, não vão embora."
"Chloe..."
"Um dia, você tem que parar de dar tiro no pé e deixar o resto do mundo ver o que eu vejo." Estendendo as mãos sobre a mesa, ela apertou as dele, mas sem desviar o olhar. "Porque você merece seu próprio legado, Oliver... e todo mundo merece te ver pelo que você realmente é."
Assim que ela parou de falar, Oliver olhou para suas mãos, as palavras dela ecoando em seus ouvidos. "Obrigado", ele sussurrou, mal confiando em sua voz enquanto Chloe tornava o encontro mais difícil do que ele poderia ter imaginado.
Ela suspirou quando também olhou para baixo. "É para isso que os amigos existem, certo?" Mesmo agora, mesmo eles admitindo o que eram, a palavra fazia Chloe ter enjoo. "Apenas me prometa que não vai voltar ao velhos hábitos."
Virando as mãos dele para segurar as dela, Oliver disse, "Eu prometo." Ele tinha aprendido muita coisa enquanto esteve com ela, mas algo que tinha percebido era que cuidar significava mais do que ele imaginava. Mostrar que se importava com si mesmo só melhorava sua credibilidade, o legado do qual Chloe falou.
Ela sorriu pra ele, feliz em ouvir a confiança em sua voz, mas afastou a mão, suas paredes subindo. "Bem... Eu tenho que ir." Depois de um rápido aceno de cabeça, Chloe acrescentou. "Boa viagem", antes de entrar no elevador com menos hesitação desta vez enquanto abria o portão e o fechava, o olhar para a parede.
Oliver se recostou contra a cadeira, sabendo que não conseguiria voltar a trabalhar se quisesse. De fato, demorou só alguns segundos para se levantar e ir até as malas. Não era sempre que Oliver se considerava um covarde, mas neste caso, a cama servia. Ele sabia que tinha marcado o dia seguinte para ir embora há quase duas semanas, mas nunca teve coragem de contar a ela.
Não havia nem um plano para contar a ela, já que Oliver tinha quase considerado fugir da verdade, algo que não seria justo com ela, mas doeria menos do que ver aquela expressão em seu rosto. Talvez ele pudesse ter mudado isso se tivesse sido completamente honesto com ela, mas Oliver não podia, mesmo que outra pessoa fosse discordar.
"Há quanto tempo você está parado aí?" ele perguntou, virando a cabeça para encontrar o olhar de Hal. Seu amigo tinha vindo lhe ajudar com a mudança, mas Hal estava surpreso que Chloe não soubesse sobre a partida de Oliver. Novamente, ele se permitiu ser apenas um espectador, mas ver Oliver depois que Chloe foi embora trouxe a certeza que Hal não podia mais agir assim.
"Tempo suficiente para não entender como você a deixou ir embora", ele finalmente respondeu dando alguns passos dentro da sala. Oliver caminhou de volta até sua mesa, olhando para uma das pilhas de papel que havia ali. "Eu não entendo, cara... ela é tudo que você sempre quis."
"Eu sei." Não era a coisa mais fácil para Oliver dizer, mas não tinha como negar. Ele reconhecia a surpresa no rosto de Hal, mas não ia durar muito assim que ele continuasse. "Mas ela merece coisa melhor desta vida." Arrumando alguns papeis, ele fechou a pasta.
"Você não acha que essa decisão deveria ser dela?"
Oliver deu de ombros. "Não importa o quanto eu queira ser egoísta... terminar tudo é o único jeito pra ela não nos ver como mais do que somos."
Ele tinha dito as palavras, mas Hal podia ver facilmente que não era esse o problema. "Você está errado. Há outras maneiras de se fazer isso", ele pontuou, sem entender como seu amigo estava evitando o assunto. "Uma dessa maneiras... é contar a ela a verdade."
"Eu sei que isso não faz sentido, mas este é o único jeito." Oliver bufou enquanto ia até onde Chloe estava parada antes, olhando para a varanda, sabendo que não era só ela com lembranças daquela noite. Havia algo verdadeiramente incrível nela, já que depois daquela noite, Oliver teve um senso de esperança de que poderiam continuar o que tinham.
No entanto, conforme o relacionamento deles foi ficando mais complicado, ele percebeu que ficar ali não era tão fácil e perguntar se ela sentia mais não ia trazer os resultados a longo prazo que ele queria. "Eu sei como eu me sinto hoje, eu sei como eu me sinto antes da tempestade realmente começar. Com tudo na minha vida, com a carreira dela recomeçando, as coisas podem mudar, eu posso voltar ao velhos hábitos." Oliver fechou os olhos, sua garganta parecia se fechar a cada palavra que dizia. "Hal, eu odeio dizer isto, porque eu quero pedir pra ela ir comigo, mas se eu estragar tudo..."
Depois de respirar fundo, Oliver abriu os olhos, a visão na frente dele ainda mais difícil de suportar, não que qualquer outro lugar para onde olhasse fosse melhor, pois parecia haver uma lembrança de Chloe em todo lugar. Outra razão pela qual Oliver sabia que era melhor ir embora enquanto tinha coragem.
"Se", Hal disse, reconhecendo que Oliver estava lutando para terminar a frase. "Não quando." Pois ele via como Oliver tinha mudado, as diferenças em tudo que ele fazia.
Mas isso não era suficiente para Oliver. Mesmo que nunca tenha sentido nada tão forte por uma mulher antes, ele tinha chegado a este ponto com outras mulheres antes. Nunca terminava bem, nunca terminava num lugar onde Oliver estava orgulhoso de si mesmo e ele não aguentaria acrescentar Chloe a esta lista. "Eu nunca me perdoaria se a magoasse ou a impedisse de viver algo melhor."
"E se você estiver fazendo isso do mesmo jeito?" Observando Oliver finalmente olhar na direção dele, Hal deu de ombros. "E se isso não tiver volta e ela seguir em frente?" Por mais que Oliver quisesse Chloe como amiga, Hal podia ver que ele sabia que não era suficiente.
"Vai doer menos agora do que depois", Oliver respondeu, sabendo que a ideia de serem apenas amigos era uma loucura, mas ele estava disposto a tentar. "Se Chloe encontrar felicidade com outra pessoa, então que seja."
A última frase deixou um gosto amargo em sua boca, mas Oliver não falou mais nada antes de passar por seu amigo, não querendo mais discutir. Ele tinha um avião para pegar no dia seguinte e já tinha ido longe demais tentando salvar o que já estava perdido.
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VINTE
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Todo o capítulo tem uma palavra-chave: SE... que palavrinha de gosto amargo. Seja por não poder encerrar algo que poderia ter sido, porque não se pode finalizar o que nunca teve começo, sempre vai ficar o amargo "e se"... ou por não conseguir iniciar algo lindo e único por medo do amargo "e se" eu estragar...
ResponderExcluirTriste, mas amei este capítulo, muito reflexivo!
GIL
Nossa, GIL, que belas palavras! Só posso assinar embaixo! :D
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