Resumo: Aparentemente, a única coisa que unia Chloe Sullivan e Oliver Queen era uma história. Mas por trás das portas fechadas era um relacionamento acidental que sem nenhuma intenção acabou mudando tudo.
Autora: serafina19
Classificação: NC-17
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Olhando para a frente, Chloe sabia que não era seu tipo usual de história. Porém, ela tentou todas as outras coisas, desde tirar um tempo para si mesma até se afundar no trabalho, e sempre parecia que havia alguma coisa errada. E mesmo estando ali há apenas alguns minutos, era o mais perto que estava chegando de reajustar sua vida.
Isso porque, primeiro, a história era simples. A abertura de um novo aquário em Metrópolis encontrou certo ceticismo, mas segundo a pesquisa de Chloe, era um projeto fabuloso, recebendo animais feridos e dando a eles uma segunda chance na vida. Era um aquário menor, tinha apenas algumas exibições e poucos funcionários, mas os dois sócios que abriram o aquário eram sozinhos uma boa história de capa.
Tess Hamilton era uma mulher que ressurgira das cinzas para se graduar como bióloga em Harvard aos dezessete anos, enquanto o outro, um cara que atendia por AC, era bem mais esperto do que parecia, de acordo com o que a sócia havia dito. Mesmo agora, prestes a começar a entrevista, eles se dedicavam ao trabalho, parados dentro do vidro, AC alimentando os golfinhos.
"Então, o que te atraiu na biologia marinha?" Chloe perguntou.
AC deu risada enquanto se levantava, enxugando a água das mãos na bermuda. "Eu sou fanático por água desde criança. A maior parte das pessoas me vê como um surfista, o que eu sei que é um título estranho no meio-oeste, mas eu sempre me senti em casa na água, ajudando os animais."
"Isso é verdade", Tess acrescentou. "Quando eu conheci AC, ele era um ativista na Costa Oeste."
Depois de um rápido sorriso para sua parceira, AC olhou novamente para Chloe. "Se você me dissesse ano passado que eu estaria trabalhando em um aquário agora, eu teria dado risada. Mas Tess me procurou, falou sobre todo o trabalho que podia ser feito para ajudar os animais." Ele deu de ombros. "Eu já estudava ciência animal na Universidade de Star City, então não era muito diferente. A mudança foi outra história, mas Tess me ajudou com a transição."
"Ele me dá muito crédito. Tínhamos algo em comum, um desejo de fazer do mundo um lugar melhor." Inclinando-se para acariciar um dos golfinhos, Tess sorriu. "Eu elogio meu marido por sua habilidade de controlar os níveis do estresse humano, mas eu acho que os animais são muito mais fáceis de lidar."
"Eu posso acreditar nisso." Chloe respondeu.
Virando a cabeça, Tess acenou para Chloe. "Vem cá. Deixe a caneta de lado por um minuto e conheça Ísis."
Chloe estava tentada a dizer não, mas havia algo sobre os dois que a fez atender o pedido. Enquanto se ajoelhava na frente do golfinho, os olhos de Chloe brilharam e suas interações com Ísis fizeram com que ela relaxasse para o resto da entrevista.
AC teve que sair um pouco mais cedo para um almoço, o que funcionou bem para Chloe, mas ela foi pega de surpresa pelo que Tess disse em resposta. "Mande um oi para Dinah, AC."
"Obrigado", ele disse, sorrindo para Chloe antes de estender a mão. "Foi um prazer conhecê-la, Chloe. Sinta-se a vontade para nos visitar quando quiser."
"Claro", Chloe disse lentamente enquanto apertava a mão, mas ela esperou a porta se fechar atrás de AC antes de perguntar. "Ele é..."
"Namorado da sensação do rádio, Dinah Lance." Tess respondeu, reconhecendo o olhar no rosto de Chloe. Era um que já tinha visto muitas vezes. "Eu certamente não entendo o que ele viu nela, mas eles têm uma ligação que fala alto quando estão juntos. Por isso ele gosta de ser chamado de AC, é meio que uma maneira de ter uma vida sem ser ao redor do nome dela." Depois de um suspiro, ela acrescentou. "Não é necessário falar, mas eu gostaria se--"
"Eu não sou uma colunista de fofocas." Chloe entendia muito bem como era viver sob a sombra de alguém e ela não via necessidade em evidenciar o fato. "A entrevista é puramente sobre o aquário e o trabalho que vocês estão fazendo."
Tess sorriu, feliz em ouvir aquilo, embora fosse inesperado baseado no que sabia sobre a personalidade de Chloe. "Você gosta de café, Srta. Sullivan?"
"Amo", Chloe respondeu, muito ciente de que fazia horas desde que tomara um e sentia que podia se beneficiar de um pouco de cafeína.
"Venha, vamos terminar em meu escritório."
Chloe acompanhou Tess pelo corredor até seu escritório. Não era mais largo do que um armário de vassouras, mas Tess não parecia se importar enquanto ligava a cafeteira.
"Eu tenho que admitir", Tess disse enquanto se abaixava para pegar uma xícara para Chloe. "Eu fiquei um pouco surpresa em saber que a estrela freelancer de Metrópolis queria escrever sobre o nosso projeto."
"Pra ser honesta, eu queria voltar às raízes e essa história pareceu perfeita." Sorrindo para Tess enquanto pegava a xícara, Chloe então inclinou a cabeça, de repente percebendo que conhecia Tess de outro lugar. "Isto vai parecer estranho, mas já nos conhecemos de algum lugar?"
Tess sorriu. "Não fomos apresentadas oficialmente, mas eu tomei o lugar de Rachel Allenmeyer no Rylan depois que ela faleceu ano passado."
Claro. Chloe viu Tess no Rylan, mas se xingou por ter esquecido a conexão mais recente. "Eu esqueci disso. Você deve tê-la conhecido muito bem."
"Rylan foi o primeiro lugar que eu pude chamar de casa e Rachel foi o mais perto que tive de uma figura materna, mas ela também era uma amiga querida." De fato, Rachel era uma das poucas pessoas que tinham apoiado Tess depois que ela fugiu dos abusos de um pai adotivo e uma apática mãe adotiva. "Eu guardei cada centavo para a faculdade, conseguindo bolsas, mas graças a Rachel, eu não penso no fato de que fui abandonada pelos meus pais e ferrada pelo sistema de adoção. Eu foco nas coisas boas, nas coisas que ela me ensinou."
Abaixando a cabeça, Chloe tomou um gole do café, compreendendo completamente de onde Tess vinha, mesmo que seu caso fosse menos dramático. "Acho que nunca vou me esquecer da noite em que ela sentou comigo no hospital, sem saber se eu me tornaria órfã ou não. Foi só uma noite, mas significou muito pra mim na época."
"Bem, ela falava sobre você, sobre como estava impressionada considerando sua situação." Recostando-se contra a lateral da mesa, Tess perguntou. "Como vai sua mãe?"
"Tão bem quanto é possível." Chloe suspirou, o olhar ainda para baixo. "Cada dia é um milagre a esta altura."
"É preciso ser uma pessoa muito forte para suportar depois de tantos anos."
Chloe engoliu seco, revivendo todo esse tempo em sua mente. Era difícil, mas havia sempre alguém que passava por algo pior. "Eu não sei, não é como ter que fugir do sistema de adoção."
"Por isso eu nunca vou esquecer os dias em que ela me falava para olhar ao redor e ser feliz." A última vez foi no dia em que seu pai biológico tinha entrado em contato e oferecido a ela tudo que uma pessoa poderia pedir, mas graças a Rachel, ela recusou.
Ele ficou desapontado e então a deixou em paz, mas lhe deu dinheiro suficiente para eventualmente comprar o prédio para o aquário. Não compensava o que seu pai tinha feito e ela não gostava de ter pego o dinheiro, mas Tess nunca se arrependeu da decisão. "Acredite ou não, eu poderia estar no seu lugar, mas eu percebi que tinha tudo que eu precisava."
Um grande marido, uma situação financeira estável na época, e mais, Tess não era alguém que queria dinheiro ou fama. E ainda mais importante, ela não queria mudar por causa dele. "Não me entenda mal, mudanças podem ser boas, mas você não quer perder o que mais ama na vida. Porque no fim, escolhemos a felicidade que temos. Então se não está quebrado, não tente consertar, certo?"
"É um lembrete de onde viemos, do que começamos. E isso nos torna agradecidos pelo que temos, relembrando-nos de agarrar o que realmente importa, porque você nunca sabe quando vai perder."
A respiração de Chloe ficou presa na garganta com a similaridade, fazendo-a engolir seco. "Desculpe por isso."
"Você está bem?"
Assentindo enquanto tomava outro gole do café, ela respondeu, "Sim, estou bem." Ela estendeu a xícara quando terminou. "Obrigada pelo café e pelo seu tempo, Sra. Hamilton, eu entrarei em contato."
Tess pegou a xícara e deu a Chloe um rápido sorriso. "Foi um prazer, Srta. Sullivan."
Retornando o sorriso antes de deixar o escritório, Chloe podia sentir a cabeça girando enquanto deixava o aquário. Por uma hora, talvez duas, ela repensou sua vida. Mas não importa o quanto tentasse, Chloe não parecia conseguir tirá-lo de sua memória.
Não me entenda mal, mudanças podem ser boas, mas você não quer perder o que mais ama na vida.
Era isso que ela estava fazendo? Ela estava...
Não.
Isso, ele... era o que era. Não importa o quanto tenha mudado entre eles, ela estava em casa, e ele também. Era hora de voltar à realidade, porque Chloe estava convencida de que Oliver não ia voltar.
Parado ali, ouvindo-o responder as perguntas, a confiança exalando de sua voz, Lois podia ver tudo que Chloe tinha lhe falado. Ele escondia bem, mas se os últimos meses tinham lhe ensinado alguma coisa, era que o mundo realmente não conhecia Oliver Queen.
Mesmo em algo simples como anunciar seu novo projeto nesta conferência. O jeito que ele falava sobre os Laboratórios S.T.A.R, ele focava na oferta de novos empregos e crescimento da economia local, provendo um serviço, não a mesma porcaria empresarial que ela tinha ouvido da Queen Industries no passado. Parte dela estava tentada a gravar a entrevista, dar a Chloe um sermão sobre o que ela estava perdendo, mas isso só quando Lois voltasse para o Kansas. Por enquanto, ela tinha outra pessoa para questionar e era mais fácil conversar com ele agora.
Claro, não sem um pouco de esforço, já que ela teve que encontrar um buraco na segurança assim que ele agradeceu a imprensa e se retirou. Atravessando a multidão, Lois fez sua súplica usual aos guardas, eventualmente enxergando um buraco não muito longe de onde estava. No entanto, antes que tivesse a chance de testá-lo, ela ouviu uma voz familiar.
"Deixe-a passar."
Oliver não ficou surpreso em vê-la ali, no momento em que incluiu o Planeta Diário, ele soube que Lois seria a pessoa a fazer a viagem. Quando Oliver a viu na multidão, percebeu que queria passar logo pela conversa, para ter um senso de controle. "Entra", ele disse, apontando para o carro, enquanto pensava como lidar com o que precisava ser dito no caminho.
Lois concordou e quando ele perguntou, ela lhe deu o endereço de seu hotel, o carro saindo em seguida. "Então... você tem feito bastante coisa nos últimos meses", ela disse, quebrando o silêncio. "Se eu não fosse esperta, eu diria que minha prima te deu muita sorte."
Revirando os olhos, ele apertou o volante. "Não foi bem assim", ele disse entredentes.
Era a reação que Lois estava esperando, desejando de fato. "Eu sei." Ela não era cega, ela os viu interagindo naquele evento, o rosto de sua prima no dia seguinte. Não importa atrás de que rótulo se escondessem, não era surpresa o que as manchetes diziam sobre eles. "Você vê... não é?" ela perguntou, sabendo que ele via. Todo esse tempo, ela queria puni-lo por partir, mas ele estava muito ferido.
Ele sabia que era melhor não negar. "Seu ponto?"
"Eu preciso ter um?" Lois perguntou, confusa que ele não tenha feito a conta sozinho. "Por que você não a convidou também?"
"Eu convidei." Oliver apertou os lábios enquanto olhava para a frente. "Sem resposta."
Isso não era bom, mas não era surpreendente. Depois de um suspiro, Lois olhou na direção de Oliver. "Olha, esta é provavelmente uma situação única pra você, mas com base em experiências pessoais, algumas vezes é melhor ir atrás. Acredite, vale à pena."
"Se Clark não tivesse ido atrás de você... você teria ido atrás dele?"
Lois olhou de volta, não esperando o comentário sobre sua vida amorosa. "E se fui quem correu atrás?"
"A pergunta indica que não foi esse o caso." Havia também a personalidade de Lois e Clark. Baseado na pouca interação que teve com eles, Oliver tinha um senso de como o relacionamento deles funcionava. "Alguma coisa me diz que você e eu temos mais em comum do que você pensa, Srta. Lane, porque eu acredito que nós dois temos dificuldade em deixar as pessoas se aproximarem. Quando acontece, normalmente é por acidente. Mesmo que lutemos pelo que importa pra gente, também somos o tipo que evita conflito e complicação."
Ela inclinou a cabeça enquanto digeria as palavras, mas isso não ia impedi-la de pressionar. "Isso deveria ser algum tipo de explicação? Porque a ideia de que você veio pra cá porque tem medo de compromisso não é exatamente encorajadora."
"Eu achei que soaria melhor do que é complicado."
Ela percebeu o humor no tom dele, mas Lois não estava brincando. "Nem de perto." Vendo o sorriso de Oliver sumir, Lois suspirou. "O que fez você parar de ler os sinais e acabar com o arranjo?"
"Eu meio que terminei tudo", Oliver pontuou, sabendo que isso não agradaria Lois, mas a verdade era tudo que ele tinha. "Olha, aquele arranjo... era o único jeito pra ela me conhecer, mas redefinir nosso relacionamento não foi tão fácil quanto parecia. Mas eu não me arrependo de ter terminado, eu tinha que terminar."
"Só por curiosidade... você tinha a intenção de realmente conhecê-la?"
"Eu não sei", Oliver respondeu, não vendo a possibilidade de uma resposta que pudesse satisfazer Lois. Não seria uma mentira, e a última coisa que ela queria ouvir, mas sim não era muito melhor. Ela ia questionar suas táticas, ou algo assim, e infelizmente, Oliver não conseguiria encontrar palavras para explicar seus motivos.
Porque quando se tratava de Chloe Sullivan, ele nunca realmente soube porque fez as coisas que fez, ele só queria fazer. Ele queria conhecê-la porque sua mente não o deixava esquecê-la, mesmo a quilômetros de distância e sabendo que havia uma chance de ela esquecer tudo que tinham passado.
"Mas você sente falta dela." Ouvindo-o dar risada, Lois estreitou os olhos. "O quê?"
Virando a cabeça para olhar pra ela, Oliver foi rápido em responder. "Você pergunta como se já soubesse todas as respostas, então eu não sei o que exatamente você quer de mim."
"O que você disse tem uma quantidade decente de mérito, mas você esqueceu uma pessoa que não deixa as pessoas se aproximarem." Quando se tratava de relacionamentos, Chloe era provavelmente pior que ela, e era por isso que Lois estava trabalhando duro para garantir que todo o progresso que ela tinha feito não fosse à toa. "Eu só quero saber que você não vai desistir tão fácil. Talvez você seja mais corajoso que eu e dê o primeiro passo."
Oliver balançou a cabeça, porque até onde sabia, ele já tinha dado o primeiro passo. Não convencional, sim, mas as coisas tinham mudado. Havia muitas outras facetas de suas vidas que eles tinham que resolver para pode encontrar paz, e ele não podia pedir mais a ela até que tivesse certeza. Afinal, ela era uma pessoa que ele não queria magoar, uma mulher que ele não queria trair ou ferir.
Mas Chloe era excelente em manter segredo. Oliver sabia que ele significava algo pra ela, mas não podia adivinhar se ela nunca dissesse. Ele mandou algumas mensagem, ligou umas duas vezes, mas suas tentativas permaneceram sem resposta ou ganharam uma resposta minimalista.
Então quando ele viu o hotel aparecendo, Oliver disse, "Eu nunca deixei de ler os sinais, você sabe." Ao ver a expressão surpresa no rosto dela, ele deu de ombros e olhou para a frente mais uma vez. "Lois, ela tem que querer também. Talvez um dia, mas não agora."
Lois sorriu, pois era uma resposta com a qual podia trabalhar. "Certo." Sem dizer mais nada, ela desceu do carro, sabendo que tinha um voo para pegar aquela noite.
Parando na porta de sua prima, Lois suspirou. Ela tinha a chave para entrar, mas este não era um dia como os outros. Lois tinha perdido a conta de quantas noites de garotas tiveram, as frustrações com os homens enquanto se afogavam em vodca ou uísque, dependendo da noite.
Todos esses anos, Chloe tinha escolhido homens que não a mereciam ou relacionamentos para os quais não estava pronta, o que normalmente significava que não duravam muito. Quanto mais Lois pensava, essa... coisa que Chloe tinha com Oliver durou mais do que a maior parte de todos os seus relacionamentos e agora era como se estivessem brincando de amarelar. Uma vez que chegaram ao abismo, os dois de repente pararam, decidindo dar um passo atrás. Fazendo isso, eles se recusavam a cair, e assim, evitavam a dor que qualquer relacionamento real poderia causar.
Mas diferente de carros numa estrada, sentimentos residuais persistiam. Lois tinha visto isso em Chloe nas semanas que se passavam, mas hoje, ela viu no rosto de Oliver também. Ela tinha prometido a Chloe que não ia se meter, mas sua prima estava tornando impossível que ela cumprisse essa promessa, então ela abriu a porta, surpresa por não vê-la trabalhando no computador, o que acontecia sempre desde a partida de Oliver.
"Chloe?" ela chamou, ouvindo apenas um barulho vindo da cozinha enquanto tirava os sapatos.
"Estou aqui", Chloe gritou da cozinha, aparecendo alguns segundos depois com uma toalha na mão. "Desculpe, estou terminando de lavar a louça, só um segundo."
"Não precisa ter pressa, meu voo chegou mais cedo."
Chloe assentiu enquanto voltava para a tarefa. Quando ela ouviu Lois entrar na cozinha, perguntou. "Como foi na Califórnia?"
"Bom." Lois mordeu a parte interna do lábio ao perceber o tom de arrependimento nos olhos de sua prima, mas este não era o momento de forçar nada, ainda. "Quer dizer, não posso reclamar do assento na primeira classe e uma suíte de hotel para cobrir um artigo de primeira página." Ouvindo Chloe dar risada, Lois sorriu em resposta. "Eu posso reclamar sobre os idiotas inexperientes que claramente nunca estiveram em uma coletiva antes, mas todos têm que começar de algum lugar."
Olhando pra cima, Chloe virou a cabeça para olhar pra ela. "Lembra dos seus primeiros dias como repórter de tabloide?"
Lois revirou os olhos. "Não me lembre." Depois de respirar, Lois se lembrou de quantos representantes de tabloides estavam na coletiva, quanta coisa ruim tinham dito sobre Chloe. Eles foram bem espertos em falar baixinho quando reconheceram Lois.
Afinal, Chloe não era a única que tinha uma imagem pública, já que Clark e Lois tinham experimentado uma estranha aparição em tabloides também. Tinha sido em benefício profissional, mas aquelas histórias também mandavam uma mensagem que Lois não hesitaria em cobrar dos idiotas. Desta vez, além de olhar feio, Lois permaneceu profissional, agradecida pela vida que tinha deixado para trás. "Estou tão feliz por não ter ficado em tabloide porque eles nunca contam a história verdadeira, não é?"
O duplo sentido não passou despercebido por Chloe, seus olhos se fechando. "Fala logo Lois."
Lois fingiu ignorância, recostando-se contra a parede, ainda não querendo entrar no assunto. "Oliver estava bonito."
Chloe deu risada enquanto ia até sua, há muito abandonada, xícara de café, tomando um gole apesar da temperatura. "Eu duvido que você o veria num dia de cabelo ruim. Especialmente considerando o que uma coletiva significa para a empresa."
"Ele perguntou de você."
Chloe engoliu em seco, percebendo que de alguma maneira Oliver e Lois tiveram a chance de conversar, o que não era a melhor notícia para ela. Abandonando novamente a xícara, Chloe bufou. "Não, ele não perguntou... você falou em mim."
Depois de assentir sutilmente, Lois decidiu seguir em outra direção. "Você abriu mão de uma grande história por que, exatamente?"
"Sem querer ofender, mas é uma história que todo mundo tem. Uma que não vai fazer muita diferença, especialmente para uma freelancer." Não era completamente verdade, já que Oliver tinha falado sobre os Laboratórios S.T.A.R várias vezes com ela, os detalhes sobre a iniciativa e porque era tão essencial conseguir a conta com a Schullman.
Depois disso, eles tendiam a lembrar de outros detalhes daquela noite e se distraíam, mas Chloe sabia que era uma boa iniciativa e que Lois ia escrever um grande artigo. Era a vez dela desta vez, já que Chloe teve a última.
Porém, Lois não via da mesma maneira. "Isso pode ser verdade, mas você nem tentou." De onde Lois observava, era fácil perceber que Chloe estava com medo de vê-lo novamente.
"Lois, por favor, pare", Chloe disse, a mão apertando o prato que lavava sob a água.
"Então pára de dizer que não se importa com ele."
Chloe fechou os olhos com força, agradecida que sua prima não estivesse de frente pra ela naquele momento. "Não é só uma decisão pessoal, Lois." Continuando a lavar o prato, Chloe continuou. "Eu não fui para a Califórnia por várias razões, uma delas sendo o fato de que não quero ter uma carreira baseada apenas nas conexões que eu já tenho. Elas me ajudaram a chegar até aqui, mas eu precisava de algo pra me relembrar porque entrei para o jornalismo."
Depois de alguns segundos de silêncio, Chloe percebeu que não estava mais concentrada na louça, então ela soltou o prato e enxugou as mãos. "Sim, eu sei que a história sobre o aquário está um pouco fora do meu território, mas foi onde eu comecei e o trabalho que eles estão fazendo é realmente especial."
"Ok, mas você poderia ter feito essa entrevista qualquer outro dia." Parando num lugar onde Chloe era forçada a olhar pra ela, Lois garantiu que ela ouvisse o que tinha a dizer em seguida. "Oliver disse que ligou pra você. Se as razões profissionais fossem as mais importantes... você teria retornado pelo menos uma das ligações que ele fez nas últimas semanas. Encare, Chloe, você sabe que está evitando ele."
Ela queria provar que Lois estava errada, mas Chloe sabia que seria inútil, especialmente agora. Por isso ela respondeu apenas, "E?" Isso pegou Lois de surpresa, então Chloe conseguiu passar por ela, mas ela parou, deduzindo que devia a verdade a sua prima. "Por mais que eu tenha gostado dele na minha vida, eu estava fazendo favores, não estava com os pés no chão. Não estou dizendo que me perdi, mas de certa forma, Oliver me ajudou a sair da bagunça. É hora de eu fazer o resto do trabalho."
"Quem disse que você tem que fazer isso sozinha?"
"Ninguém, e da última vez que eu chequei, eu tenho você e Clark." Chloe sorriu enquanto olhava para Lois, desejando que sua prima engolisse sua expressão, mas Lois não engoliu. Chloe suspirou. "Foi melhor assim... para nós dois."
Era tudo besteira na mente de Lois, mas ela não ia falar isso para sua prima. "Você sabe que vocês dois não eram exatamente amigos, certo?"
Chloe assentiu. "Eu não vou ficar aqui e dizer que não havia alguma coisa, porque não é esse o problema." Por mais estranho que parecesse, tanto Oliver quanto ela sabiam qual era o problema, o que fazia com tudo doesse ainda mais. "Eu não vou deixar minha mãe e ele esperou anos pelo momento de voltar para Star City. Eu não podia pedir pra ele sacrificar tudo por mim, especialmente quando eu não posso posso ser a pessoa a fazer isso por ele."
Na visão de Chloe, se ela dissesse a ele como se sentia e eles fossem juntos para Star City, Chloe sempre olharia para o outro lado e provavelmente se ressentiria. Se ele ficasse, ela se ressentiria por ser egoísta. De qualquer jeito, ela sabia disso considerando as atuais circunstâncias. "Não importa onde estivéssemos, não teria durado."
Chloe parou depois disso, mas Lois ouviu desculpas suficientes das duas partes. Foi por isso que ela foi até sua prima e segurou seus ombros, tentada a chacoalhá-la. "Talvez não, mas é errado dizer que eu preferia ver você cometendo esse erro?" Tentando sorrir, Lois acrescentou. "Vai lá e comete esse erro, mas pelo menos no meio tempo, você estará com alguém que te entende."
Lois esperou alguma reação negativa e Chloe não a desapontou quando revirou os olhos. "Eu não acredito nisso. Eu fiquei com Jimmy por dois anos e você o odiava, ainda assim, em menos de seis meses, você é a fã número um de Oliver Queen."
Dando um passo trás, Chloe não desviou o olhar de Lois, então a prima mais velha cruzou os braços e disse, "Como isso se compara a sua reação aos relacionamentos de Clark?"
Lois tinha visto várias reações à saga Clark e Lana, desde o apoio a exasperação. Lois nunca apoiou o relacionamento de Chloe e Jimmy, mas Chloe foi a maior torcedora de Clark e Lois, mesmo na noite em que oficialmente ficaram juntos, embora tenha sido num momento terrível.
"Você é minha prima", Chloe respondeu, sem ver o paralelo da mesma maneira que Lois. "Clark conhecia você anos antes de eu perceber o quanto vocês combinavam."
"Exceto que você sempre me dizia que sabia pela maneira que eu olhava para ele." Lois suspirou enquanto dava um passo a frente. "Eu gostaria de poder te mostrar como você olha para Oliver."
Chloe bufou, balançando a cabeça enquanto seus olhos mostravam a verdade. "Acredite, eu sei muito bem."
"Então..." Lois respondeu, olhos arregalando. "Você também sabe."
Piscando à última frase, Chloe tentou esconder a surpresa. Virando-se na direção da pia, Chloe fechou os dedos no balcão, tentando encontrar as palavras certas. "Eu sei que nos encontramos num momento difícil, eu sei que estamos agradecidos pela fé que um tem no outro. Mas é hora de cada um se recompor sozinho. Se nos levar de volta ao mesmo lugar, então tudo bem."
Levantando a cabeça lentamente, Chloe acrescentou. "Porém, eu não vou sentar e esperar por ele, nem vou me apoiar no que ele me deu. Não é quem eu sou e não é a mulher que ele queria manter na vida dele."
"Eu nunca disse que-"
"Eu sei que não, Lois." Chloe riu baixinho. "Mas Oliver fez bem em terminar tudo e eu fiz bem em ficar aqui."
"É errado eu achar que vocês pensam demais? Que talvez vocês sejam espertos demais para seu próprio bem?"
Chloe deu risada, alto dessa vez. "Não, não é. Eu não esperaria menos de você e eu sabia no momento em que estraguei tudo que você me diria para tirar a bunda da cadeira e lutar." Olhando pra ela, Chloe sorriu verdadeiramente. "Fé, prima... é tudo que eu peço por enquanto."
Não era muito, mas ver sua prima sorrir trouxe um brilho para o rosto de Lois. "Ok, mas no momento em que eu te ver sofrendo, eu vou comprar uma passagem na primeira classe pra você ir vê-lo."
"Feito", Chloe disse com um aceno.
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VINTE E UM
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Isso porque, primeiro, a história era simples. A abertura de um novo aquário em Metrópolis encontrou certo ceticismo, mas segundo a pesquisa de Chloe, era um projeto fabuloso, recebendo animais feridos e dando a eles uma segunda chance na vida. Era um aquário menor, tinha apenas algumas exibições e poucos funcionários, mas os dois sócios que abriram o aquário eram sozinhos uma boa história de capa.
Tess Hamilton era uma mulher que ressurgira das cinzas para se graduar como bióloga em Harvard aos dezessete anos, enquanto o outro, um cara que atendia por AC, era bem mais esperto do que parecia, de acordo com o que a sócia havia dito. Mesmo agora, prestes a começar a entrevista, eles se dedicavam ao trabalho, parados dentro do vidro, AC alimentando os golfinhos.
"Então, o que te atraiu na biologia marinha?" Chloe perguntou.
AC deu risada enquanto se levantava, enxugando a água das mãos na bermuda. "Eu sou fanático por água desde criança. A maior parte das pessoas me vê como um surfista, o que eu sei que é um título estranho no meio-oeste, mas eu sempre me senti em casa na água, ajudando os animais."
"Isso é verdade", Tess acrescentou. "Quando eu conheci AC, ele era um ativista na Costa Oeste."
Depois de um rápido sorriso para sua parceira, AC olhou novamente para Chloe. "Se você me dissesse ano passado que eu estaria trabalhando em um aquário agora, eu teria dado risada. Mas Tess me procurou, falou sobre todo o trabalho que podia ser feito para ajudar os animais." Ele deu de ombros. "Eu já estudava ciência animal na Universidade de Star City, então não era muito diferente. A mudança foi outra história, mas Tess me ajudou com a transição."
"Ele me dá muito crédito. Tínhamos algo em comum, um desejo de fazer do mundo um lugar melhor." Inclinando-se para acariciar um dos golfinhos, Tess sorriu. "Eu elogio meu marido por sua habilidade de controlar os níveis do estresse humano, mas eu acho que os animais são muito mais fáceis de lidar."
"Eu posso acreditar nisso." Chloe respondeu.
Virando a cabeça, Tess acenou para Chloe. "Vem cá. Deixe a caneta de lado por um minuto e conheça Ísis."
Chloe estava tentada a dizer não, mas havia algo sobre os dois que a fez atender o pedido. Enquanto se ajoelhava na frente do golfinho, os olhos de Chloe brilharam e suas interações com Ísis fizeram com que ela relaxasse para o resto da entrevista.
AC teve que sair um pouco mais cedo para um almoço, o que funcionou bem para Chloe, mas ela foi pega de surpresa pelo que Tess disse em resposta. "Mande um oi para Dinah, AC."
"Obrigado", ele disse, sorrindo para Chloe antes de estender a mão. "Foi um prazer conhecê-la, Chloe. Sinta-se a vontade para nos visitar quando quiser."
"Claro", Chloe disse lentamente enquanto apertava a mão, mas ela esperou a porta se fechar atrás de AC antes de perguntar. "Ele é..."
"Namorado da sensação do rádio, Dinah Lance." Tess respondeu, reconhecendo o olhar no rosto de Chloe. Era um que já tinha visto muitas vezes. "Eu certamente não entendo o que ele viu nela, mas eles têm uma ligação que fala alto quando estão juntos. Por isso ele gosta de ser chamado de AC, é meio que uma maneira de ter uma vida sem ser ao redor do nome dela." Depois de um suspiro, ela acrescentou. "Não é necessário falar, mas eu gostaria se--"
"Eu não sou uma colunista de fofocas." Chloe entendia muito bem como era viver sob a sombra de alguém e ela não via necessidade em evidenciar o fato. "A entrevista é puramente sobre o aquário e o trabalho que vocês estão fazendo."
Tess sorriu, feliz em ouvir aquilo, embora fosse inesperado baseado no que sabia sobre a personalidade de Chloe. "Você gosta de café, Srta. Sullivan?"
"Amo", Chloe respondeu, muito ciente de que fazia horas desde que tomara um e sentia que podia se beneficiar de um pouco de cafeína.
"Venha, vamos terminar em meu escritório."
Chloe acompanhou Tess pelo corredor até seu escritório. Não era mais largo do que um armário de vassouras, mas Tess não parecia se importar enquanto ligava a cafeteira.
"Eu tenho que admitir", Tess disse enquanto se abaixava para pegar uma xícara para Chloe. "Eu fiquei um pouco surpresa em saber que a estrela freelancer de Metrópolis queria escrever sobre o nosso projeto."
"Pra ser honesta, eu queria voltar às raízes e essa história pareceu perfeita." Sorrindo para Tess enquanto pegava a xícara, Chloe então inclinou a cabeça, de repente percebendo que conhecia Tess de outro lugar. "Isto vai parecer estranho, mas já nos conhecemos de algum lugar?"
Tess sorriu. "Não fomos apresentadas oficialmente, mas eu tomei o lugar de Rachel Allenmeyer no Rylan depois que ela faleceu ano passado."
Claro. Chloe viu Tess no Rylan, mas se xingou por ter esquecido a conexão mais recente. "Eu esqueci disso. Você deve tê-la conhecido muito bem."
"Rylan foi o primeiro lugar que eu pude chamar de casa e Rachel foi o mais perto que tive de uma figura materna, mas ela também era uma amiga querida." De fato, Rachel era uma das poucas pessoas que tinham apoiado Tess depois que ela fugiu dos abusos de um pai adotivo e uma apática mãe adotiva. "Eu guardei cada centavo para a faculdade, conseguindo bolsas, mas graças a Rachel, eu não penso no fato de que fui abandonada pelos meus pais e ferrada pelo sistema de adoção. Eu foco nas coisas boas, nas coisas que ela me ensinou."
Abaixando a cabeça, Chloe tomou um gole do café, compreendendo completamente de onde Tess vinha, mesmo que seu caso fosse menos dramático. "Acho que nunca vou me esquecer da noite em que ela sentou comigo no hospital, sem saber se eu me tornaria órfã ou não. Foi só uma noite, mas significou muito pra mim na época."
"Bem, ela falava sobre você, sobre como estava impressionada considerando sua situação." Recostando-se contra a lateral da mesa, Tess perguntou. "Como vai sua mãe?"
"Tão bem quanto é possível." Chloe suspirou, o olhar ainda para baixo. "Cada dia é um milagre a esta altura."
"É preciso ser uma pessoa muito forte para suportar depois de tantos anos."
Chloe engoliu seco, revivendo todo esse tempo em sua mente. Era difícil, mas havia sempre alguém que passava por algo pior. "Eu não sei, não é como ter que fugir do sistema de adoção."
"Por isso eu nunca vou esquecer os dias em que ela me falava para olhar ao redor e ser feliz." A última vez foi no dia em que seu pai biológico tinha entrado em contato e oferecido a ela tudo que uma pessoa poderia pedir, mas graças a Rachel, ela recusou.
Ele ficou desapontado e então a deixou em paz, mas lhe deu dinheiro suficiente para eventualmente comprar o prédio para o aquário. Não compensava o que seu pai tinha feito e ela não gostava de ter pego o dinheiro, mas Tess nunca se arrependeu da decisão. "Acredite ou não, eu poderia estar no seu lugar, mas eu percebi que tinha tudo que eu precisava."
Um grande marido, uma situação financeira estável na época, e mais, Tess não era alguém que queria dinheiro ou fama. E ainda mais importante, ela não queria mudar por causa dele. "Não me entenda mal, mudanças podem ser boas, mas você não quer perder o que mais ama na vida. Porque no fim, escolhemos a felicidade que temos. Então se não está quebrado, não tente consertar, certo?"
"É um lembrete de onde viemos, do que começamos. E isso nos torna agradecidos pelo que temos, relembrando-nos de agarrar o que realmente importa, porque você nunca sabe quando vai perder."
A respiração de Chloe ficou presa na garganta com a similaridade, fazendo-a engolir seco. "Desculpe por isso."
"Você está bem?"
Assentindo enquanto tomava outro gole do café, ela respondeu, "Sim, estou bem." Ela estendeu a xícara quando terminou. "Obrigada pelo café e pelo seu tempo, Sra. Hamilton, eu entrarei em contato."
Tess pegou a xícara e deu a Chloe um rápido sorriso. "Foi um prazer, Srta. Sullivan."
Retornando o sorriso antes de deixar o escritório, Chloe podia sentir a cabeça girando enquanto deixava o aquário. Por uma hora, talvez duas, ela repensou sua vida. Mas não importa o quanto tentasse, Chloe não parecia conseguir tirá-lo de sua memória.
Não me entenda mal, mudanças podem ser boas, mas você não quer perder o que mais ama na vida.
Era isso que ela estava fazendo? Ela estava...
Não.
Isso, ele... era o que era. Não importa o quanto tenha mudado entre eles, ela estava em casa, e ele também. Era hora de voltar à realidade, porque Chloe estava convencida de que Oliver não ia voltar.
~0~
Parado ali, ouvindo-o responder as perguntas, a confiança exalando de sua voz, Lois podia ver tudo que Chloe tinha lhe falado. Ele escondia bem, mas se os últimos meses tinham lhe ensinado alguma coisa, era que o mundo realmente não conhecia Oliver Queen.
Mesmo em algo simples como anunciar seu novo projeto nesta conferência. O jeito que ele falava sobre os Laboratórios S.T.A.R, ele focava na oferta de novos empregos e crescimento da economia local, provendo um serviço, não a mesma porcaria empresarial que ela tinha ouvido da Queen Industries no passado. Parte dela estava tentada a gravar a entrevista, dar a Chloe um sermão sobre o que ela estava perdendo, mas isso só quando Lois voltasse para o Kansas. Por enquanto, ela tinha outra pessoa para questionar e era mais fácil conversar com ele agora.
Claro, não sem um pouco de esforço, já que ela teve que encontrar um buraco na segurança assim que ele agradeceu a imprensa e se retirou. Atravessando a multidão, Lois fez sua súplica usual aos guardas, eventualmente enxergando um buraco não muito longe de onde estava. No entanto, antes que tivesse a chance de testá-lo, ela ouviu uma voz familiar.
"Deixe-a passar."
Oliver não ficou surpreso em vê-la ali, no momento em que incluiu o Planeta Diário, ele soube que Lois seria a pessoa a fazer a viagem. Quando Oliver a viu na multidão, percebeu que queria passar logo pela conversa, para ter um senso de controle. "Entra", ele disse, apontando para o carro, enquanto pensava como lidar com o que precisava ser dito no caminho.
Lois concordou e quando ele perguntou, ela lhe deu o endereço de seu hotel, o carro saindo em seguida. "Então... você tem feito bastante coisa nos últimos meses", ela disse, quebrando o silêncio. "Se eu não fosse esperta, eu diria que minha prima te deu muita sorte."
Revirando os olhos, ele apertou o volante. "Não foi bem assim", ele disse entredentes.
Era a reação que Lois estava esperando, desejando de fato. "Eu sei." Ela não era cega, ela os viu interagindo naquele evento, o rosto de sua prima no dia seguinte. Não importa atrás de que rótulo se escondessem, não era surpresa o que as manchetes diziam sobre eles. "Você vê... não é?" ela perguntou, sabendo que ele via. Todo esse tempo, ela queria puni-lo por partir, mas ele estava muito ferido.
Ele sabia que era melhor não negar. "Seu ponto?"
"Eu preciso ter um?" Lois perguntou, confusa que ele não tenha feito a conta sozinho. "Por que você não a convidou também?"
"Eu convidei." Oliver apertou os lábios enquanto olhava para a frente. "Sem resposta."
Isso não era bom, mas não era surpreendente. Depois de um suspiro, Lois olhou na direção de Oliver. "Olha, esta é provavelmente uma situação única pra você, mas com base em experiências pessoais, algumas vezes é melhor ir atrás. Acredite, vale à pena."
"Se Clark não tivesse ido atrás de você... você teria ido atrás dele?"
Lois olhou de volta, não esperando o comentário sobre sua vida amorosa. "E se fui quem correu atrás?"
"A pergunta indica que não foi esse o caso." Havia também a personalidade de Lois e Clark. Baseado na pouca interação que teve com eles, Oliver tinha um senso de como o relacionamento deles funcionava. "Alguma coisa me diz que você e eu temos mais em comum do que você pensa, Srta. Lane, porque eu acredito que nós dois temos dificuldade em deixar as pessoas se aproximarem. Quando acontece, normalmente é por acidente. Mesmo que lutemos pelo que importa pra gente, também somos o tipo que evita conflito e complicação."
Ela inclinou a cabeça enquanto digeria as palavras, mas isso não ia impedi-la de pressionar. "Isso deveria ser algum tipo de explicação? Porque a ideia de que você veio pra cá porque tem medo de compromisso não é exatamente encorajadora."
"Eu achei que soaria melhor do que é complicado."
Ela percebeu o humor no tom dele, mas Lois não estava brincando. "Nem de perto." Vendo o sorriso de Oliver sumir, Lois suspirou. "O que fez você parar de ler os sinais e acabar com o arranjo?"
"Eu meio que terminei tudo", Oliver pontuou, sabendo que isso não agradaria Lois, mas a verdade era tudo que ele tinha. "Olha, aquele arranjo... era o único jeito pra ela me conhecer, mas redefinir nosso relacionamento não foi tão fácil quanto parecia. Mas eu não me arrependo de ter terminado, eu tinha que terminar."
"Só por curiosidade... você tinha a intenção de realmente conhecê-la?"
"Eu não sei", Oliver respondeu, não vendo a possibilidade de uma resposta que pudesse satisfazer Lois. Não seria uma mentira, e a última coisa que ela queria ouvir, mas sim não era muito melhor. Ela ia questionar suas táticas, ou algo assim, e infelizmente, Oliver não conseguiria encontrar palavras para explicar seus motivos.
Porque quando se tratava de Chloe Sullivan, ele nunca realmente soube porque fez as coisas que fez, ele só queria fazer. Ele queria conhecê-la porque sua mente não o deixava esquecê-la, mesmo a quilômetros de distância e sabendo que havia uma chance de ela esquecer tudo que tinham passado.
"Mas você sente falta dela." Ouvindo-o dar risada, Lois estreitou os olhos. "O quê?"
Virando a cabeça para olhar pra ela, Oliver foi rápido em responder. "Você pergunta como se já soubesse todas as respostas, então eu não sei o que exatamente você quer de mim."
"O que você disse tem uma quantidade decente de mérito, mas você esqueceu uma pessoa que não deixa as pessoas se aproximarem." Quando se tratava de relacionamentos, Chloe era provavelmente pior que ela, e era por isso que Lois estava trabalhando duro para garantir que todo o progresso que ela tinha feito não fosse à toa. "Eu só quero saber que você não vai desistir tão fácil. Talvez você seja mais corajoso que eu e dê o primeiro passo."
Oliver balançou a cabeça, porque até onde sabia, ele já tinha dado o primeiro passo. Não convencional, sim, mas as coisas tinham mudado. Havia muitas outras facetas de suas vidas que eles tinham que resolver para pode encontrar paz, e ele não podia pedir mais a ela até que tivesse certeza. Afinal, ela era uma pessoa que ele não queria magoar, uma mulher que ele não queria trair ou ferir.
Mas Chloe era excelente em manter segredo. Oliver sabia que ele significava algo pra ela, mas não podia adivinhar se ela nunca dissesse. Ele mandou algumas mensagem, ligou umas duas vezes, mas suas tentativas permaneceram sem resposta ou ganharam uma resposta minimalista.
Então quando ele viu o hotel aparecendo, Oliver disse, "Eu nunca deixei de ler os sinais, você sabe." Ao ver a expressão surpresa no rosto dela, ele deu de ombros e olhou para a frente mais uma vez. "Lois, ela tem que querer também. Talvez um dia, mas não agora."
Lois sorriu, pois era uma resposta com a qual podia trabalhar. "Certo." Sem dizer mais nada, ela desceu do carro, sabendo que tinha um voo para pegar aquela noite.
~0~
Parando na porta de sua prima, Lois suspirou. Ela tinha a chave para entrar, mas este não era um dia como os outros. Lois tinha perdido a conta de quantas noites de garotas tiveram, as frustrações com os homens enquanto se afogavam em vodca ou uísque, dependendo da noite.
Todos esses anos, Chloe tinha escolhido homens que não a mereciam ou relacionamentos para os quais não estava pronta, o que normalmente significava que não duravam muito. Quanto mais Lois pensava, essa... coisa que Chloe tinha com Oliver durou mais do que a maior parte de todos os seus relacionamentos e agora era como se estivessem brincando de amarelar. Uma vez que chegaram ao abismo, os dois de repente pararam, decidindo dar um passo atrás. Fazendo isso, eles se recusavam a cair, e assim, evitavam a dor que qualquer relacionamento real poderia causar.
Mas diferente de carros numa estrada, sentimentos residuais persistiam. Lois tinha visto isso em Chloe nas semanas que se passavam, mas hoje, ela viu no rosto de Oliver também. Ela tinha prometido a Chloe que não ia se meter, mas sua prima estava tornando impossível que ela cumprisse essa promessa, então ela abriu a porta, surpresa por não vê-la trabalhando no computador, o que acontecia sempre desde a partida de Oliver.
"Chloe?" ela chamou, ouvindo apenas um barulho vindo da cozinha enquanto tirava os sapatos.
"Estou aqui", Chloe gritou da cozinha, aparecendo alguns segundos depois com uma toalha na mão. "Desculpe, estou terminando de lavar a louça, só um segundo."
"Não precisa ter pressa, meu voo chegou mais cedo."
Chloe assentiu enquanto voltava para a tarefa. Quando ela ouviu Lois entrar na cozinha, perguntou. "Como foi na Califórnia?"
"Bom." Lois mordeu a parte interna do lábio ao perceber o tom de arrependimento nos olhos de sua prima, mas este não era o momento de forçar nada, ainda. "Quer dizer, não posso reclamar do assento na primeira classe e uma suíte de hotel para cobrir um artigo de primeira página." Ouvindo Chloe dar risada, Lois sorriu em resposta. "Eu posso reclamar sobre os idiotas inexperientes que claramente nunca estiveram em uma coletiva antes, mas todos têm que começar de algum lugar."
Olhando pra cima, Chloe virou a cabeça para olhar pra ela. "Lembra dos seus primeiros dias como repórter de tabloide?"
Lois revirou os olhos. "Não me lembre." Depois de respirar, Lois se lembrou de quantos representantes de tabloides estavam na coletiva, quanta coisa ruim tinham dito sobre Chloe. Eles foram bem espertos em falar baixinho quando reconheceram Lois.
Afinal, Chloe não era a única que tinha uma imagem pública, já que Clark e Lois tinham experimentado uma estranha aparição em tabloides também. Tinha sido em benefício profissional, mas aquelas histórias também mandavam uma mensagem que Lois não hesitaria em cobrar dos idiotas. Desta vez, além de olhar feio, Lois permaneceu profissional, agradecida pela vida que tinha deixado para trás. "Estou tão feliz por não ter ficado em tabloide porque eles nunca contam a história verdadeira, não é?"
O duplo sentido não passou despercebido por Chloe, seus olhos se fechando. "Fala logo Lois."
Lois fingiu ignorância, recostando-se contra a parede, ainda não querendo entrar no assunto. "Oliver estava bonito."
Chloe deu risada enquanto ia até sua, há muito abandonada, xícara de café, tomando um gole apesar da temperatura. "Eu duvido que você o veria num dia de cabelo ruim. Especialmente considerando o que uma coletiva significa para a empresa."
"Ele perguntou de você."
Chloe engoliu em seco, percebendo que de alguma maneira Oliver e Lois tiveram a chance de conversar, o que não era a melhor notícia para ela. Abandonando novamente a xícara, Chloe bufou. "Não, ele não perguntou... você falou em mim."
Depois de assentir sutilmente, Lois decidiu seguir em outra direção. "Você abriu mão de uma grande história por que, exatamente?"
"Sem querer ofender, mas é uma história que todo mundo tem. Uma que não vai fazer muita diferença, especialmente para uma freelancer." Não era completamente verdade, já que Oliver tinha falado sobre os Laboratórios S.T.A.R várias vezes com ela, os detalhes sobre a iniciativa e porque era tão essencial conseguir a conta com a Schullman.
Depois disso, eles tendiam a lembrar de outros detalhes daquela noite e se distraíam, mas Chloe sabia que era uma boa iniciativa e que Lois ia escrever um grande artigo. Era a vez dela desta vez, já que Chloe teve a última.
Porém, Lois não via da mesma maneira. "Isso pode ser verdade, mas você nem tentou." De onde Lois observava, era fácil perceber que Chloe estava com medo de vê-lo novamente.
"Lois, por favor, pare", Chloe disse, a mão apertando o prato que lavava sob a água.
"Então pára de dizer que não se importa com ele."
Chloe fechou os olhos com força, agradecida que sua prima não estivesse de frente pra ela naquele momento. "Não é só uma decisão pessoal, Lois." Continuando a lavar o prato, Chloe continuou. "Eu não fui para a Califórnia por várias razões, uma delas sendo o fato de que não quero ter uma carreira baseada apenas nas conexões que eu já tenho. Elas me ajudaram a chegar até aqui, mas eu precisava de algo pra me relembrar porque entrei para o jornalismo."
Depois de alguns segundos de silêncio, Chloe percebeu que não estava mais concentrada na louça, então ela soltou o prato e enxugou as mãos. "Sim, eu sei que a história sobre o aquário está um pouco fora do meu território, mas foi onde eu comecei e o trabalho que eles estão fazendo é realmente especial."
"Ok, mas você poderia ter feito essa entrevista qualquer outro dia." Parando num lugar onde Chloe era forçada a olhar pra ela, Lois garantiu que ela ouvisse o que tinha a dizer em seguida. "Oliver disse que ligou pra você. Se as razões profissionais fossem as mais importantes... você teria retornado pelo menos uma das ligações que ele fez nas últimas semanas. Encare, Chloe, você sabe que está evitando ele."
Ela queria provar que Lois estava errada, mas Chloe sabia que seria inútil, especialmente agora. Por isso ela respondeu apenas, "E?" Isso pegou Lois de surpresa, então Chloe conseguiu passar por ela, mas ela parou, deduzindo que devia a verdade a sua prima. "Por mais que eu tenha gostado dele na minha vida, eu estava fazendo favores, não estava com os pés no chão. Não estou dizendo que me perdi, mas de certa forma, Oliver me ajudou a sair da bagunça. É hora de eu fazer o resto do trabalho."
"Quem disse que você tem que fazer isso sozinha?"
"Ninguém, e da última vez que eu chequei, eu tenho você e Clark." Chloe sorriu enquanto olhava para Lois, desejando que sua prima engolisse sua expressão, mas Lois não engoliu. Chloe suspirou. "Foi melhor assim... para nós dois."
Era tudo besteira na mente de Lois, mas ela não ia falar isso para sua prima. "Você sabe que vocês dois não eram exatamente amigos, certo?"
Chloe assentiu. "Eu não vou ficar aqui e dizer que não havia alguma coisa, porque não é esse o problema." Por mais estranho que parecesse, tanto Oliver quanto ela sabiam qual era o problema, o que fazia com tudo doesse ainda mais. "Eu não vou deixar minha mãe e ele esperou anos pelo momento de voltar para Star City. Eu não podia pedir pra ele sacrificar tudo por mim, especialmente quando eu não posso posso ser a pessoa a fazer isso por ele."
Na visão de Chloe, se ela dissesse a ele como se sentia e eles fossem juntos para Star City, Chloe sempre olharia para o outro lado e provavelmente se ressentiria. Se ele ficasse, ela se ressentiria por ser egoísta. De qualquer jeito, ela sabia disso considerando as atuais circunstâncias. "Não importa onde estivéssemos, não teria durado."
Chloe parou depois disso, mas Lois ouviu desculpas suficientes das duas partes. Foi por isso que ela foi até sua prima e segurou seus ombros, tentada a chacoalhá-la. "Talvez não, mas é errado dizer que eu preferia ver você cometendo esse erro?" Tentando sorrir, Lois acrescentou. "Vai lá e comete esse erro, mas pelo menos no meio tempo, você estará com alguém que te entende."
Lois esperou alguma reação negativa e Chloe não a desapontou quando revirou os olhos. "Eu não acredito nisso. Eu fiquei com Jimmy por dois anos e você o odiava, ainda assim, em menos de seis meses, você é a fã número um de Oliver Queen."
Dando um passo trás, Chloe não desviou o olhar de Lois, então a prima mais velha cruzou os braços e disse, "Como isso se compara a sua reação aos relacionamentos de Clark?"
Lois tinha visto várias reações à saga Clark e Lana, desde o apoio a exasperação. Lois nunca apoiou o relacionamento de Chloe e Jimmy, mas Chloe foi a maior torcedora de Clark e Lois, mesmo na noite em que oficialmente ficaram juntos, embora tenha sido num momento terrível.
"Você é minha prima", Chloe respondeu, sem ver o paralelo da mesma maneira que Lois. "Clark conhecia você anos antes de eu perceber o quanto vocês combinavam."
"Exceto que você sempre me dizia que sabia pela maneira que eu olhava para ele." Lois suspirou enquanto dava um passo a frente. "Eu gostaria de poder te mostrar como você olha para Oliver."
Chloe bufou, balançando a cabeça enquanto seus olhos mostravam a verdade. "Acredite, eu sei muito bem."
"Então..." Lois respondeu, olhos arregalando. "Você também sabe."
Piscando à última frase, Chloe tentou esconder a surpresa. Virando-se na direção da pia, Chloe fechou os dedos no balcão, tentando encontrar as palavras certas. "Eu sei que nos encontramos num momento difícil, eu sei que estamos agradecidos pela fé que um tem no outro. Mas é hora de cada um se recompor sozinho. Se nos levar de volta ao mesmo lugar, então tudo bem."
Levantando a cabeça lentamente, Chloe acrescentou. "Porém, eu não vou sentar e esperar por ele, nem vou me apoiar no que ele me deu. Não é quem eu sou e não é a mulher que ele queria manter na vida dele."
"Eu nunca disse que-"
"Eu sei que não, Lois." Chloe riu baixinho. "Mas Oliver fez bem em terminar tudo e eu fiz bem em ficar aqui."
"É errado eu achar que vocês pensam demais? Que talvez vocês sejam espertos demais para seu próprio bem?"
Chloe deu risada, alto dessa vez. "Não, não é. Eu não esperaria menos de você e eu sabia no momento em que estraguei tudo que você me diria para tirar a bunda da cadeira e lutar." Olhando pra ela, Chloe sorriu verdadeiramente. "Fé, prima... é tudo que eu peço por enquanto."
Não era muito, mas ver sua prima sorrir trouxe um brilho para o rosto de Lois. "Ok, mas no momento em que eu te ver sofrendo, eu vou comprar uma passagem na primeira classe pra você ir vê-lo."
"Feito", Chloe disse com um aceno.
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VINTE E UM
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Eita povo teimoso!! rs
ResponderExcluirGIL
É isso aí Lois
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