While You Were Gone (2/5)

Título: Enquanto Você Estava Fora
Autora: sarcastic_fina

Resumo: Com Clark e Lois longe, Chloe é deixada à própria sorte, mas há outra pessoa disposta a ajudá-la a recolher os pedaços, e no processo, ele também se cura.

Classificação: NC-17
Anterior: 01

No dia que marcou um ano do acontecido, ela foi surpreendida ao acordar e encontrá-lo dormindo. Ele estava meio descoberto, deitado de costas, usando uma calça de pijama, com uma mão sobre o estômago nu e o braço livre sobre o travesseiro dela, dedos ainda no cabelo dela.

Ela olhou para ele por um longo tempo, notando como o sono tirava o profissionalismo estoico que atormentava os belos traços que ele tinha. Ele tinha a boca relaxada, não havia mais tensão ou a marca do sorriso que ela ganhava em conversas amigáveis. O cabelo estava bagunçado, livre de produtos e caído sobre a testa.

"Fique olhando um pouco mais, e eu ficarei oficialmente aterrorizado."

Revirando os olhos, ela respondeu. "Eu não estava olhando... eu estava simplesmente chocada que você tenha dormido mais do que eu... Estava questionando se você estava só fingindo." Ela sorriu enquanto ele abria os olhos com preguiçosa diversão. "Nunca se sabe nos dias atuais..."

Ele sorriu, balançando a cabeça. "Ocasionalmente, eu durmo até depois das seis."

Ela ergueu as sobrancelhas para enfatizar. "Poderia ter me enganado."

Espreguiçando-se, ele deu de ombros. "Não tive muito tempo para isso."

Tendo acabado de voltar de uma missão de três semanas em Praga, ela não podia realmente culpá-lo por usar mais tempo para descansar. Mas os rapazes já estavam provavelmente em sua cobertura, perguntando-se onde ele estava. 

Como se estivesse lendo a mente dela, ele disse. "Eu disse a eles que ligaria quando estivesse pronto para todos nós fazermos o relatório."

"Então você estava planejando ficar em minha cama e dormir o tempo todo?" ela brincou.

Ele curvou a boca. "Se você pudesse escolher entre uma cama fria e vazia e uma com um belo herói, qual você escolheria?"

"Quão belo?"

Ele riu, virando-se de barriga, mas permanecendo relaxado como ela nunca vira. "Três semanas é muito tempo, Sidekick", ele murmurou, olhando pra ela por sobre seu travesseiro.

"Tenho que admitir que a cama ficou estranhamente vazia." De fato, ela passou muito tempo virando de um lado para o outro, tentando encontrar um local confortável. Ela não estava acostumada a não tê-lo ali, o braço sobre a cintura dele e o rosto enterrado em seu peito. E o pouco que conseguia dormir a fazia sentir-se exausta no dia seguinte.

Ele sorriu. "Você sentiu minha falta", decidiu convencido.

"Eu tive o cobertor todo pra mim, pra variar", ela respondeu facilmente. "Por que roubar se você não vai usar?" ela perguntou, apontando para a bagunça que ele havia feito.

Ele simplesmente continuou sorrindo. "Aposto que você não teve uma única boa noite de sono sem eu aqui", ele brincou.

"Eu dormi melhor que nunca. Esta cama é bem maior do que eu me lembrava e a tive toda para que eu pudesse me espalhar nela. Sem seu corpo gigante tomando todo o espaço. Eu fiquei praticamente numa ilha de conforto!"

"Negue o quanto quiser."

Revirando os olhos, ela se levantou da cama. "Enquanto você aproveita mais alguns minutos, vou fazer café."

"E quem eu vou abraçar?" ele perguntou, brincando.

"Seu ego sempre precisa de um carinho", ela respondeu, indo para a cozinha.

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Chegando juntos a mansão, eles encontraram o time já ali. Bart estava praticamente dentro da geladeira, metade do conteúdo espalhado no balcão, AC estava deitado no sofá ouvindo seu iPod, Victor estava no computador e Dinah andava de um lado para o outro, entediada.

"Não, não comecem sem a gente", ele disse, sobrancelha erguida.

Bart sorriu enquanto mordia um sanduíche de queijo. Ele atravessou a sala, aparecendo ao lado de Chloe e jogando um braço ao redor de sua cintura. "Como se fôssemos começar sem a presença da alma da Liga..."

Com um revirar de olhos, Chloe balançou a cabeça. "Eu agradeço, de verdade. Mas vamos salvar a história de amor para depois do trabalho, tudo bem?"

"Ouviram isso?" Bart exclamou animado. "Ela disse que me ama!"

"Se pudermos nos concentrar", Oliver interrompeu.

"Certo, certo, todo mundo pode se sentar. Eu quero um relatório completo e--" Ela ergueu uma mão enquanto Bart se projetava para a frente em seu assento, pronto para contar seu lado. "Vamos começar com Ciborgue", ela disse, balançando a cabeça. "O que você tem, Victor?"

Sorrindo convencidamente, ele se endireitou na cadeira para fazer seu relato.

Entediado e irrequieto, Bart esperou impacientemente sua vez, mas no processo focou sua atenção em Chloe. Normalmente, ele se contentava em simplesmente olhar pra ela, ouvindo-a murmurar e cantarolar enquanto tomava notas, mas seus olhos foram arrastados para a mão que estava no momento acariciando as costas dela distraidamente. Estreitando os olhos, Bart seguiu a mão braço acima até encontrar Oliver assentindo enquanto também ouvia atentamente o que Victor dizia, sua mão porém corria para cima e para baixo, massageando as costas de Chloe. Sua mente viajou, tentando descobrir em que momento os dois haviam começado a ser tão carinhosos e ficar tão confortáveis um com o outro.

As coisas tinham mudado desde o desaparecimento de Lois e Clark ter essencialmente abandonado todos os amigos, a Liga inclusive. Chloe se tornou mais essencial a Liga e com isso veio sua amizade com Oliver, o que parecia ter se construído fora da sede, diariamente, os dois apareciam com mais piadas internas e uma conexão que ninguém havia testemunhado. Mas lá estava, em uma óbvia perfeição. E de repente, a realidade deu um tapa em seu rosto. Parecia tão natural que não havia chamado a atenção de ninguém.

Nem Victor ou AC piscaram à demonstração de afeição entre os dois, mesmo Dinah que sempre era rápida em apontar as falhas em ter qualquer tipo de conexão ou parceria prestou atenção. Era um pouco doloroso para seu ego, Bart tinha que admitir, mas ele não estava tão triste como teria ficado antes. Ele franziu a testa; ele amava Chloe, ela era sua 'licious, mas na realidade, eles tinham mais uma amizade, e ela e Oliver pareciam... certos juntos. Mas estava cansado do drama, ele pensou, se mexendo em seu assento. Era sua vez de relembrar a todos seus feitos enquanto regalava Chloelicious com sua aventura em Praga. Se isso a fizesse sorrir, gargalhar ou ao menos revirar os olhos, missão cumprida. Ela e Oliver podiam ter algo sério acontecendo, mas Bart vivia para esses momentos onde toda a atenção dela estava voltada para ele.

"Certo, então tudo começou na loja de tacos na manhã de segunda", ele começou, sorrindo.

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"De. Jeito. Nenhum." Lois olhou ao redor, chocada. "Além da Imaginação demais pra mim, Smallville? Que diabos foi aquilo?"

Clark franziu a testa, mantendo a expressão neutra que ele havia cuidadosamente construído. "Eu não tenho tempo para explicar, então se pudermos..."

"Ha! Tá bom! Se você acha que vai se livrar dessa, está muito enganado!" ela exclamou, cruzando os braços e invadindo o espaço pessoal dele com teimosa intensidade. "Eu quero saber o que eu acabei de ver e não quero que falte nenhum detalhe." Ela inclinou o queixo ameaçadoramente enquanto o cutucava no peito. "Desembucha!"

Ele suspirou. Como diabos ia se safar?

Eles ficaram em silêncio, numa batalha de força, pessoas passando sem olhar pra eles, alheias às figuras que estavam paradas no meio da calçada. Muita coisa havia mudado em um ano, evidentemente. Sim, ainda era a mesma Metrópolis de quando ele partira, mas havia novos prédios e rostos. A data no jornal perto dele o fez estreitar os olhos.

09 de setembro de 2010

Certo, mesmo que conseguisse explicar o que ela havia visto e se lembrar do futuro, ele não podia explicar como um ano inteiro havia se passado... Não sem explicar muitas verdades que ele não desejava compartilhar com ela. Ou pelo menos ele não deveria querer e mesmo assim... Apesar de seu treinamento, seu auto convencimento, ele não podia deixar de olhar para ela com as mesmas esperanças e arrependimentos do passado. Um ano inteiro passado trabalhando duro havia se tornado o que o destino desejava dele e simultaneamente lutando para trazê-la de volta para o presente. E ali estava ela, em toda sua fúria e curiosidade, esperando por muitas respostas.

Ele clareou a garganta, desejando que seu treinamento tivesse lhe ensinado como mentir para alguém que podia enxergar uma mentira a três planetas de distância.

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Com a reunião terminada e o time se despedido, Oliver ficou arrumando a bagunça deixada pelo encontro. Chloe carregou um saco de lixo para a sala, juntando caixas de pizza e latas vazias. "Você viu o Bart tomando um Red Bull?" ela perguntou, pensativa. "Achei que tivéssemos colocado isso na lista de coisas que ele não pode chegar perto."

Oliver bufou. "É o mesmo que colocar corrida na lista."

Balançando a cabeça, ela entrou na cozinha, com o saco de lixo na mão. "Como você conseguiu sobreviver em Praga sem mim?"

"Gostaria de dizer que foi tranquilo", ele respondeu, a boca curvando-se em diversão. "Mas você fez muita falta, Sidekick." Pegando o saco de lixo dela, ele o amarrou e o depositou ao lado da lata de reciclagem. "O que será preciso para convencê-la a viajar o mundo ao meu lado?"

Um arrepio correu pela espinha dela, mas ignorou como havia feito no passado. "Não pense que pode me comprar, Queen. Este seria seu primeiro erro."

"Não..." Ele sorriu. "Tudo bem, eu vou ter que descobrir suas fraquezas então."

Ela apertou os olhos em diversão. "Supondo que eu tenha alguma."

Ele colocou as mãos nos quadris dela como se fosse algo natural e a puxou mais perto; ela segurou os braços dele como se seu corpo estivesse acostumado ao movimento. "Café com amêndoas..."

Ela sibilou, encantada.

"Creme extra..."

Ela mordeu os lábios, olhos fechando.

"Todas as manhãs, cortesia do serviço de quarto, onde quer que estejamos..."

"Perto." Ela suspirou, olhando para ele pensativa. "Mas... Eu mesma posso comprar todas as manhãs e manter contato com vocês via satélite."

Ele inclinou a cabeça para o lado. "Verdade... Mas assim você vai passar semanas do seu lado daquela cama enorme e vazia..." Ele franziu a testa como se fosse algum tipo de tortura.

Ela bufou. "Você está pensando em mim ou em você? Porque eu acho que se alguém está sentindo falta de alguém, é você de mim."

Apertando a lateral do corpo dela, ele assentiu levemente. "Hm. Bem... Eu poderia estar pensando em nós dois. Se ao menos você admitisse que também sente falta de mim."

Ela abriu as palmas sobre o peito dele, os dedos correndo distraidamente pela gravata. "E se concordarmos que sentimos falta um do outro, e então?"

Ele ergueu as sobrancelhas. "Então cuidamos para que isso não se repita no futuro."

Ela apertou os lábios. "O que é um código para você conseguir o que quer e me levar para a estrada... não é?"

Ele olhou para ela em dúvida. "Isso seria muito ruim?"

"Não... Mas eu meio que gosto de ouvir você implorar", ela provocou, sorrindo.

Rindo, ele a puxou alguns centímetros mais perto. "Por favor, oh, por favor, venha comigo... conosco da próxima vez."

Ela ficou surpresa por um momento com o tom sincero do pedido nos olhos dele e perdeu o poder da fala. Haviam sido três longas semanas, ela disse a si mesma, o que era a única razão para ela querer passar os braços ao redor dele e ficar ali o resto do dia. Não havia outra explicação para os desejos que assombravam sua mente. Quando as mãos dele deslizaram por suas costas, dedos tocando sua pele enquanto esperava impacientemente, ela respirou fundo e se arrancou de seus pensamentos. "Eu definitivamente vou pensar no assunto."

Ele deu um meio sorriso. "Certo, enrole o quanto quiser, mas eu vou te convencer."

Aquele arrepio persistente subiu pelas costas dela mais uma vez e para esconder, ela apertou os ombros dele. "Que tal como forma de me encorajar você me levar para jantar?"

"Onde você quiser", ele concordou.

Com isso, ela se assegurou que estavam na mesma página. Bons e próximos amigos, saindo apenas para celebrar a volta dele. Ainda assim, ela não pôde esquecer a pulga atrás da orelha quando deixaram o prédio e começaram a caminhar em direção ao restaurante italiano favorito dos dois, de mãos dadas.

...

Lois piscou, sem fala.

"Eu sei que não é o que você quer ouvir..." Clark disse incerto.

"Não é o que eu quero ouvir?" Ela franziu a testa. "Você acabou de me contar a história mais ridícula que já ouvi... E olha que eu trabalho no Inquisitor!"

Dando de ombros, ele sentiu o rosto ficar vermelho. "Olha, Lois... Eu sei que é difícil, mas eu preciso que você não vá a fundo nessa história."

"Você está maluco?" Ela arregalou os olhos. "Você bateu a cabeça enquanto voltava para o mundo real?" Ela estendeu a mão, sem hesitar, dando um tapa no rosto dele.

Olhando feio, ele deu um passo atrás. "Isso era necessário?"

"Uh, você estava ouvindo? Você acabou de falar um monte de baboseiras sobre coma e sonhos realísticos. Se alguém aqui precisa de um médico, é você!" Balançando a cabeça, ela girou e começou a se afastar dele. "Quer saber do que mais? Eu não preciso de nenhuma explicação sua. Acho que posso somar dois e dois sozinha. Quando você sentir vontade de se juntar a mim no presente, me procure no apartamento de Chloe, ok?"

"No pres-Chloe?" Ele parou, expressão preocupada. "Lois, você não pode simplesmente aparecer no apartamento da Chloe!"

"O que? Por que?" Ela falou por sobre o ombro. "Caso você tenha perdido a memória, minha prima não me vê há, deixa eu ver, um ano! E acredite, temos muito o que conversar!"

Correndo para alcançá-la, ele a segurou pelo ombro e a girou de frente pra ele. "Escuta... As coisas... mudaram desde..." Ele parou, incerto de como falar.

"Desde que eu fui para o futuro um ano atrás? Ah, sim, eu imaginei." Revirando os olhos, ela se afastou e continuou seu caminho pela calçada. "Não se preocupe comigo, Smallville, sou esperta por nós dois."

Suspirando, Clark balançou a cabeça e em vez de continuar discutindo apenas a seguiu. Ele não sabia o que esperar e nem aonde ir. Não tinha notícias de Chloe há um ano, quando escolheu seguir seu destino e terminar a amizade com ela. A dor em seu peito era um lembrete de seu velho eu, mas ele se lembrou que não era mais aquela pessoa, ele tinha que ser melhor. Mesmo que não tivesse a menor ideia de como fazer isso.

"Rápido, eu quero ver como e com quem Chloe anda..." Lois gritou de volta pra ele.

Com a testa franzida, Clark podia apenas desejar que as coisas não explodissem em sua cara como acontecia normalmente.

_____
TRÊS

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